Bernardinho busca consistência em “temporada de resgate” do Sesc-RJ
Carolina Canossa
31/08/2019 06h00
Bernardinho dá instruções à levantadora Fabíola, recém-chegada ao time, durante treino do Sesc (Fotos: Marcio Rodrigues/ACE)
A inegável história de sucesso do Sesc-RJ no voleibol brasileiro foi marcada por um tropeço na última temporada. Pela primeira vez em 22 anos, o projeto, que começou com sede no Paraná e se mudou para o Rio de Janeiro em 2004, não chegou pelo menos à semifinal da Superliga feminina. Mas o que Bernardinho pretende fazer para este ser apenas um capítulo isolado na história do time, que acumula 15 títulos nacionais, sendo 12 Superligas e três Copas Brasil?
Em entrevista exclusiva ao Saída de Rede, o técnico falou sobre os planos para a temporada que está começando agora, além de avaliar o que deu errado nos últimos meses. Para ele, a lesão de Drussyla foi fundamental para que o sistema de jogo não funcionasse da maneira esperada, acarretando uma falta de consistência que se revelou fatal.
"Ano passado algumas jogadoras ficaram muito sob pressão. Tivemos a lesão da Drussyla, que seria uma referência no passe, o primeiro ano da Gabiru efetivamente como líbero e substituindo a Fabi, a maior de todos os tempos na posição, o que é uma herança pesada, e a Kosheleva, que sofria bastante nesse fundamento, como ponteira. Então, tivemos que sacrificar a Monique nessa função", analisou Bernardinho. "O time ficou menos técnico e sofreu com a consistência, fazendo ótimas partidas e outras muito abaixo", complementou.
É justamente em busca desta consistência que o elenco para a temporada 2019/2020 foi fechado. Jogadoras que estavam há anos na equipe, caso da levantadora Roberta e da oposta Monique, foram jogar em rivais, enquanto chegaram nomes como a líbero Natinha e da ponteira Amanda, importantes na composição da linha de passe. Ofensivamente, o grande reforço é Tandara, principal atacante brasileira no atual ciclo olímpico. "É uma estrutura diferente que na temporada passada. Temos que buscar esta consistência, pois o que aconteceu foi muito em função de um sistema que acabou não funcionando", destacou.
Exigente com si próprio, o próprio técnico tem trabalhado intensamente para que os erros de 2018/2019 não se repitam e o time consiga voltar ao pódio na principal competição do país.
"Obviamente um resultado longe da sua meta te faz questionar muito mais, buscar novas formas de fazer e evoluir sempre. Algumas das mudanças foram nossas e outras foram decisões das próprias atletas. Nossa única intenção foi montar um grupo consistente, um time que suporte a pressão que é jogar no Rio de Janeiro saindo da situação adversa que foi a temporada passada. Sabemos que isso é muito difícil, muitas equipes investiram em times igualmente fortes, mas espero que, como nos últimos dois anos, as lesões não condicionem o nosso caminho. Será uma temporada de resgate", analisou.
Sobre Tandara, Bernardinho destacou sua admiração pela jogadora e ressaltou a motivação da atleta, que estava no voleibol chinês. "É uma jogadora que a gente admirava à distancia e tivemos a chance de trazer no passado, mas acabou não se concretizando. Ela vem de uma lesão séria no tornozelo e foi muito clara: o sonho dela é poder chegar bem na Olimpíada. É motivo de muito orgulho uma jogadora desse nível dizer que nosso trabalho vai ajudá-la nesse processo. A expectativa é a melhor possível e a primeira questão é colocá-la fisicamente bem. Agora é retomar o ritmo de treinamento, o que ela já está fazendo, e a regularidade de voltar a jogar", afirmou.
A estreia oficial do Sesc-RJ na próxima temporada de clubes será no Campeonato Carioca, em 25 de outubro. Pouco depois, em 11 de novembro, a equipe faz sua primeira partida na Superliga.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.