Apática em quadra, seleção masculina perde o bronze para a equipe polonesa
Janaína Faustino
14/07/2019 18h36
Apática, a seleção masculina perdeu a medalha de bronze para a Polônia neste domingo (Fotos: Divulgação/FIVB)
Neste domingo (15), a seleção masculina de vôlei voltou à quadra da Credit Union 1 Arena, em Chicago (EUA), buscando se despedir da Liga das Nações de forma diferente. Na temporada passada, quando ainda sofria com a carência de peças na entrada de rede, o time não subiu ao pódio do torneio, perdendo o bronze para a equipe norte-americana, justamente o adversário que venceu o Brasil chegando à final do torneio nesta edição.
Infelizmente, contudo, a história se repetiu e o septeto brasileiro saiu da competição sem nenhuma medalha ao perder novamente para o time B/C da Polônia em sets diretos (parciais de 25-17, 25-23 e 25-21). Assim, o Brasil terminou o campeonato na quarta colocação – o título ficou com a Rússia, que repetiu o título do ano passado, ao bater os Estados Unidos na decisão por 3 sets a 1, parciais de 25-23, 20-25, 25-21 e 25-20. Volkov foi o maior pontuador da equipe vencedora, com 17 pontos, três a menos que o Taylor Sander, ex-Sada Cruzeiro.
Logo no primeiro set, a impressão inicial foi de que apenas a jovem seleção polonesa havia chegado para o jogo. Mesmo sem o técnico Vital Heynen no banco de reservas, a equipe europeia, valente e brigadora, dominou amplamente a parcial.
Aparentando nervosismo e apatia, os comandados de Renan sofreram de novo na recepção do saque chapado e também tiveram grande dificuldade na virada de bola. Além disso, os campeões olímpicos não conseguiram fazer a leitura adequada da distribuição do armador polonês, marcando apenas 1 ponto de bloqueio (os europeus, por outro lado, anotaram 5 somente neste set).
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Com alguns bons lampejos, a seleção voltou mais combativa para a segunda etapa. Procurando ajustar a linha de passe, Renan escalou Maurício Borges no lugar de Lucarelli, que teve uma atuação apagada no set inicial. Mas a Polônia conseguiu abrir uma vantagem no placar (18 a 12) se valendo mais uma vez do saque balanceado. O oposto Wallace, novamente muito mal em quadra, acabou substituído por Alan, assim como Douglas Souza que entrou bem na partida no lugar de Leal.
Com esta nova composição, o time reverteu a vantagem, empatando a parcial em 22 a 22. Entretanto, a partir de um levantamento mal executado de Bruno para o oposto Alan a equipe do Leste Europeu chegou ao match point e conseguiu abrir 2 a 0 no confronto com um bloqueio que não teve cobertura da defesa brasileira.
Em apuros na terceira parcial, a seleção equilibrou mais o cotejo com o crescimento na virada de bola do oposto Alan e do ponta Douglas Souza. Vale destacar que os poloneses também colaboraram, cometendo erros além da conta no saque e no ataque. No entanto, o "fantasma" da recepção voltou a assombrar a seleção na reta final do set.
O bloqueio europeu também funcionou bem – ao total, foram 14 pontos neste fundamento contra somente 4 dos brasileiros. E assim, atuando de forma mais solta e aguerrida, a Polônia superou o Brasil, garantindo o bronze na Liga das Nações.
Mais do que a conquista da medalha de bronze, era fundamental que a equipe de Renan Dal Zotto fizesse uma apresentação mais convincente, o que não ocorreu. Apática em quadra em função da dura derrota diante dos EUA, os brasileiros foram completamente dominados pela jovem equipe polonesa.
O maior pontuador do jogo foi o talentoso ponteiro Bartosz Bednorz com 21 acertos. Entre os brasileiros, quem mais se destacou foi o oposto Alan, responsável por 8 bolas no chão.
Depois de realizar a melhor campanha na etapa classificatória, somando uma derrota em 15 jogos, a seleção teve um desempenho decepcionante e preocupante na fase decisiva, pois foi nesta etapa que o time escancarou uma deficiência que já vinha apresentando desde o início do campeonato: a recepção.
Por isso, estreou com derrota para o mesmo time B/C da Polônia, venceu sem convencer o perigoso selecionado iraniano e depois acabou superado de virada pelos EUA na semi. A assustadora fragilidade da linha de passe brasileira e a marcante ineficiência no bloqueio deixam alguns pontos de interrogação em relação à própria preparação para o Pré-Olímpico, competição que dará uma vaga ao campeão de cada grupo na Olimpíada do ano que vem. O técnico Renan Dal Zotto certamente terá muito trabalho para ajustar a equipe, que precisará estar pronta para a disputa do torneio já em agosto.
*Atualizado às 22h11
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
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O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.