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Dupla sensação sai na frente por vaga olímpica do vôlei de praia brasileiro

Carolina Canossa

29/04/2019 06h00

Ana Patrícia e Rebecca são treinadas por Reis Castro, técnico que também trabalhou com Juliana e Larissa (Fotos: Divulgação/FIVB)

Quem acompanha o vôlei de praia brasileiro já reparou nelas: discretas e sem a mesma badalação das principais duplas do país, Ana Patrícia e Rebecca vêm acumulando bons resultados ao longo dos últimos meses tanto no Brasil como no exterior. O último deles ocorreu neste fim de semana, quando as duas venceram a etapa de Xiamen (China) do Circuito Mundial, largando na frente na corrida olímpica que definirá as duas duplas brasileiras na Olimpíada de Tóquio.

Treinadas por Reis Castro, que na década passada também esteve por trás de Juliana e Larissa, heptacampeãs do Circuito Mundial,  Ana Patrícia e Rebecca fizeram campanha impressionante na China, não perdendo um set sequer nas sete partidas que disputaram. A vitória na decisão foi sobre a dupla tcheca Hermannova e Slukova com parciais de 25-23 e 26-24.

A medalha de ouro na etapa quatro estrelas do Circuito Mundial rendeu às brasileiras 800 pontos na disputa olímpica, além de ser a consolidação da boa fase da parceria, que já havia vencido em janeiro a etapa de Haia do Circuito Mundial e que, na temporada 2018/2019, faturou três das sete etapas do Circuito Brasileiro.

"Este título é muito especial para nós, porque é um ano muito importante pelos Jogos Olímpicos que estão por vir. Estamos muito contentes, gostamos de jogar na China, é um lugar especial para minha carreira, sempre consigo bons resultados aqui", afirmou Ana Patrícia, de 21 anos, que foi campeã dos Jogos Olímpicos da Juventude e Campeã Mundial Sub-21 em Nanquim.

Reis Castro, por sua vez, preferiu manter um discurso de cautela ao falar sobre as possibilidades futuras de suas comandadas.

"O que estamos vivendo hoje é construído em nossa, casa, em nosso centro de treinamento lá em Fortaleza (CE). O trabalho é muito forte, elas, assim como toda a comissão técnica, estão se dedicando bastante. Aqui no Circuito Mundial nós apenas colocamos em prática o que fazemos lá nos treinamentos, pensando ponto a ponto, sem ficar projetando o futuro, tentando conquistar nosso espaço. A questão da corrida olímpica não está passando pela nossa cabeça. Elas são um time jovem, com muita coisa para aprender e evoluir. Temos que ter humildade de saber que ainda estamos buscando nosso lugar", destacou.

DEMAIS BRASILEIRAS TÊM PARTICIPAÇÃO APAGADA EM XIAMEN

A conquista de Ana Patrícia e Rebecca foi uma exceção em uma semana de resultados apagados entre as principais duplas brasileiras de vôlei de praia. Depois das campeãs, o melhor resultado obtido por uma parceria verde-amarela foi o quinto lugar de Taiana/Talita, que rendeu a elas 480 pontos na corrida olímpica.

Atuais campeãs do Circuito Mundial, Ágatha e Duda ficaram em oitavo lugar (400 pontos); já Carol Solberg/Maria Elisa anotou 320 pontos com a 17ª posição; eliminadas ainda na fase de grupos, Fernanda Berti/Bárbara ficou em 25° lugar, anotando 240.

Evandro/Bruno Schmidt é uma das três duplas líderes da corrida olímpica brasileira no masculino

HOMENS TAMBÉM VÃO MAL

O desempenho masculino do Brasil em Xiamen também ficou aquém do esperado: assim como já havia ocorrido na etapa de Doha – a primeira que contou pontos na corrida olímpica nacional para homens -, nenhuma parceria do país foi além das oitavas de final, equivalente à nona colocação.

Foi justamente essa a posição obtida por Alison e Álvaro Filho, que estrearam como dupla na China depois de se separarem respectivamente de André Stein e Ricardo. Aliás, Stein, que agora joga com George, também ficou em nono, o que rendeu 400 pontos para cada dupla.

Decorrida a segunda etapa, a liderança da corrida olímpica brasileira no vôlei de praia agora está com com Pedro Solberg/Vitor Felipe: 17º colocados na Ásia, eles somam 720 pontos, contra 640 pontos de Evandro/Bruno (17º colocados na China), Guto/Saymon (25º colocados).

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Na corrida olímpica do Brasil apenas os eventos de quatro e cinco estrelas do Circuito Mundial, além do Campeonato Mundial, são contabilizados para o ranking, cada um com peso correspondente, até fevereiro de 2020. Além disso, os times terão uma média dos 10 melhores resultados obtidos, podendo descartar as piores participações no tour. Só valem os pontos obtidos juntos, como dupla – a próxima etapa a contabilizar pontos ocorre de 15 a 19 de maio, em Itapema (SC).

A corrida olímpica interna das duplas brasileiras acontece em paralelo à disputa da vaga do país, que segue as regras da Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Cada nação pode ser representada por, no máximo, duas duplas em cada naipe.

Confira como está a corrida olímpica brasileira para o vôlei de praia em Tóquio 2020:

FEMININO

1º lugar – 800 pontos – Ana Patrícia/Rebecca
2º lugar – 480 pontos – Talita/Taiana
3º lugar – 400 pontos – Ágatha/Duda
4º lugar  – 320 pontos – Carol Solberg/Maria Elisa
5º lugar – 240 pontos – Fernanda Berti/Bárbara Seixas

MASCULINO

1º lugar – 720 pontos – Pedro Solberg/Vitor Felipe
2º lugar – 640 pontos – Evandro/Bruno Schmidt eGuto/Saymon
4º lugar – 400 pontos – Alison/Álvaro Filho e André Stein/George
6º lugar – 320 pontos – Alison/André Stein*
7º lugar – 240 pontos – Ricardo/Álvaro Filho*

*Essas duplas não atuam mais juntas

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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