Planos de Guedes causam apreensão nos times de vôlei do Sesc e Sesi
Carolina Canossa
19/12/2018 12h15
Enquanto o Sesi-SP foi vice-campeão da última Superliga masculina, o Sesc-RJ parou nas semifinais (Foto: Luciano Belford/Divulgação)
As declarações de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro, de que é preciso "meter a faca" no Sistema S tiveram consequências imediatas no vôlei. Isso porque, caso o corte de 30% a 50% da verba seja efetivado, nada menos que quatro dos mais importantes times da Superliga estarão ameaçados: Sesc-RJ feminino e masculino, Sesi Bauru feminino e Sesi-SP masculino.
Com orçamentos que, somados, rondam a casa do R$ 20 milhões por temporada, as equipes reúnem jogadores de destaque nacional e internacional, caso do oposto Wallace, a russa Tatiana Kosheleva, do líbero Murilo e da italiana Valentina Diouf, entre outros. Tanto no caso do Sesi quanto do Sesc, o objetivo de se arcar com os altos custos do vôlei profissional é não só divulgar a marca, mas também servir como exemplo para as futuras gerações, trabalhadas nos próprios times.
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Oficialmente, Sesi e Sesc preferiram não se posicionar sobre o assunto, assim como jogadores dos quatro times – a alegação geral é de que ainda não há informações concretas sobre o que, de fato, vai acontecer a partir de janeiro. Além disso, qualquer grande mudança na maneira no financiamento do sistema S depende de aprovação do Congresso nacional, o que pode fazer com que a definição sobre o assunto ainda demore algumas semanas.
Ainda assim, o Saída de Rede apurou que o clima entre dirigentes e jogadores nos quatro times é de preocupação. "Cenário difícil numa época difícil. Mas tem muito a ser discutido ainda", declarou uma fonte ouvida pelo blog.
A situação menos complicada é a do time feminino do Sesc-RJ, que tem no Sesc um patrocinador e não um financiador. Com CNPJ próprio para disputar a Superliga, a equipe dependeria "apenas" de um novo apoiador para seguir em atividade caso o corte no sistema S seja drástico demais. Movimentações neste sentido, aliás, já estão sendo feitas por prevenção.
A russa Kosheleva, do Sesc, é uma das atrações internacionais desta Superliga (Foto: Divulgação/Sesc RJ)
Apesar de também contar com um CNPJ próprio, o Sesi Bauru teria um pouco mais de dificuldades por, hoje, também ter todos seus funcionários diretamente ligados ao Sesi, incluindo registro em carteira. O mesmo acontece com o time masculino do Sesi-SP. Atualmente, apenas 15% da verba da entidade vai para o esporte, sendo outros 80% para educação e 5% para a cultura.
Formado por federações patronais que recebem repasses públicos oriundos do desconto do salários dos trabalhadores (de 0,2% a 2,5% dependendo da área de atuação), o sistema S contou com uma verba de R$ 17 bilhões em 2018. Paulo Guedes, por sua vez, ainda não detalhou como pretende efetuar os cortes, mas o fato de esporte ter importância reduzida no novo governo – a menos de 15 dias da posse sequer se sabe o status que o assunto terá na gestão Bolsonaro –, é mais um mau indício para o vôlei.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.