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Minas faz história e Praia Clube esbarra na força da nova geração turca

Janaína Faustino

08/12/2018 12h29

Concentrado, o time do Minas "espantou" as oscilações recorrentes nas outras partidas, soube ser regular e fez um jogo histórico (Fotos: Divulgação/FIVB)

A final da 12a edição do Campeonato Mundial de Clubes de vôlei feminino está definida: o Minas Tênis Clube enfrentará neste domingo (9) o poderoso VakifBank, atual campeão da competição. Atuando em Shaoxing (China), o a tradicional equipe de Belo Horizonte bateu a pujante equipe do Eczacıbası Vitra por 3 sets a 2 (25-22, 24-26, 13-25, 25-23 e 12-15) em uma semifinal espetacular. Já o Dentil Praia Clube caiu diante do time de Giovanni Guidetti por 3 sets a 1, com parciais de 25-21, 25-21, 22-25 e 25-18. A final será às 10h.

O fato é que uma partida histórica abriu as semifinais do Campeonato Mundial de Clubes feminino. Com uma atuação de gala da levantadora Macris, o Minas Tênis Clube, que vinha sofrendo com atuações irregulares e oscilações constantes, derrotou o poderoso e até então favorito Eczacıbası Vitra, da Turquia, conquistando a vaga na final da competição.

Seguindo a mesma toada das partidas anteriores, o Minas começou o jogo buscando se equiparar ao forte time europeu, não permitindo que a equipe deslanchasse no placar. O atual campeão da Supercopa turca, contudo, implementou uma estratégia de saque bastante acelerado, sobretudo com a oposta Boskovic, que quebrou a recepção do time de Belo Horizonte. A linha de passe mineira, contando com as ponteiras Gabi e Natália, e a líbero Leia, apresentou alguns problemas em momentos decisivos do set, impedindo a melhor distribuição das bolas de Macris. Além disso, as brasileiras também encontraram dificuldades na virada de bola e desperdiçaram contra-ataques fundamentais nesta parcial.

No segundo set, o desenvolvimento da partida indicava que o time turco venceria novamente com certa tranquilidade. Apesar de equilibrado, o jogo permanecia mais à feição das turcas, que não perdiam as oportunidades na virada de bola e nos contra-ataques com o estrelado trio de ataque formado por Boskovic, Kim e Larson. Entretanto, tudo mudou na reta final da parcial. Mais concentrado e determinado, o representante brasileiro mudou definitivamente os rumos do confronto ao reverter, de forma espetacular, o placar adverso de 24 a 19 para as europeias. Em uma fantástica passagem da armadora Macris pelo saque, as brasileiras quebraram a recepção rival e impuseram um padrão de bloqueio que intimidou e neutralizou as ações ofensivas da oposta sérvia Boskovic. A ponteira Natália, que vinha fazendo um Mundial abaixo daquilo que pode, começou a jogar e, com isso, o time mineiro venceu com autoridade a parcial. Esta reação foi determinante para a continuidade do duelo.

Abaladas emocionalmente e com menos confiança, as turcas apenas assistiram a tradicional equipe de Belo Horizonte ter uma atuação de gala na terceira parcial. Jogando o melhor set de toda a temporada, as comandadas de Lavarini fizeram tudo funcionar muito bem: saque, bloqueio, defesa, ataque e contra-ataque. A ponteira Natália, contratada para elevar o nível do Minas nesta temporada ao lado de Gabi, voltou a ser decisiva, dividindo com a sua companheira na entrada de rede o protagonismo nas ações ofensivas. Vale destacar, ainda, a atuação da meio-de-rede Mayany, que substituiu muito bem Mara Leão, virando bolas importantes e se sobressaindo também no bloqueio. Com enorme volume de jogo e um sistema defensivo impecável, o time brasileiro chegou a abrir 20 a 9 nesta parcial. As adversárias não conseguiram jogar e o técnico Marco Aurélio chegou a retirar Boskovic e Kim do confronto, já que as atacantes, pressionadas e hesitantes, não estavam se saindo bem na virada de bola.

O representante turco, contudo, voltou mais concentrado na quarta parcial, equilibrando a partida com as brasileiras que, após abrirem no início do set uma pequena margem no placar em mais uma passagem da levantadora Macris, não conseguiram sustentar a vantagem. Erros bobos de recepção e ataque escoaram a vantagem de 20 a 16, propiciando o empate e a virada através do contra-ataque rival. Assim, na reta final do set, a levantadora reserva Dilik começou a acionar a sul-coreana ponteira Kim na entrada de rede, e ela conseguiu empatar o confronto para o Eczacıbası. No set decisivo, a equipe mineira soube comandar o placar, defendendo bolas fundamentais e se impôs diante das experimentadas jogadoras do time turco, que não conseguiu se recuperar.

Assim, além da levantadora Macris, que teve um brilhante desempenho, vale o destaque para a extraordinária participação de Natália, que saiu do confronto como a maior pontuadora, com 31 pontos, seguida por Gabi, que colocou 19 bolas no chão. Pelo lado rival, a maior anotadora foi a sérvia Boskovic, com 27 acertos.

Buscando afirmação internacional, Minas e Praia estreiam no Mundial

Praia Clube não conseguiu resistir ao poderio de ataque do atual campeão mundial

Pelo grupo B, apesar de ter cedido mais pontos em erros ao rival no primeiro set, o atual campeão mundial não deu muitas chances ao time do Praia Clube. Pressionando bastante a recepção da equipe de Uberlândia, principalmente com o saque acelerado da central Rasic, a equipe turca quebrou a linha de passe brasileira, dificultando muito a distribuição das bolas da levantadora Lloyd. Sem o passe nas mãos, o jogo das campeãs da Superliga ficou lento e previsível, facilitando a marcação e o bloqueio, que quando não marcava pontos diretos, conseguia amortecer bem as bolas. Isso gerava contra-ataques que frequentemente eram decididos pela ponteira chinesa Ting Zhu (que anotou 20 pontos no jogo) e pela oposta holandesa Slöetjes, que tiveram excelente atuação.

Na segunda parcial, a talentosa levantadora Ozbay continuou tendo um desempenho eficiente, variando bem as jogadas pelo meio, com as centrais Rasic e Gunes, e pelas extremidades na entrada e na saída de rede. Para se ter uma ideia da disparidade, o representante europeu chegou a abrir uma vantagem de 8 a 2 no set, impondo dificuldades à virada de bola e aos contra-ataques mineiros. A partir da metade da parcial, entretanto, as comandadas de Paulo Coco começaram a incomodar as europeias no bloqueio e na recepção, com uma estratégia de saque forçado. Além disso, passaram a tocar mais nas bolas, dando volume e consistência ao jogo mineiro. Contudo, sem contar com a importante bola rápida pelo meio (a central Fabiana, tão decisiva, fez apenas 4 pontos de ataque em todo o confronto, anotando 6 ao total), as brasileiras mantiveram um padrão de jogo marcado, voltado para as pontas.

Se valendo da instabilidade do passe e dos erros adversários (foram 24 ao total contra apenas 9 das mineiras), o time do Triângulo Mineiro voltou mais concentrado e abriu 12 a 6 na terceira parcial. Algumas falhas na recepção da equipe verde-amarela acabaram equilibrando o set, mas as jogadoras mantiveram a vantagem e venceram a parcial principalmente através do bloqueio, fundamento que rendeu 14 pontos (somente a central Carol teve 7 acertos).

Na continuidade do duelo, o equilíbrio deu a tônica do quarto set, com o Praia comandando o placar por uma pequena margem de 4 pontos. Destaque para a ponteira Fernanda Garay, que fez 18 pontos em todo o jogo, com um desempenho bastante seguro na parcial. Tudo sugeria que a equipe de Paulo Coco conseguiria levar a partida para o tie-break. No entanto, os erros na recepção, principalmente com a ponteira Rosamaria e a líbero Suellen, e a entrada da oposta Ebrar Karakurt, substituindo a holandesa Slöetjes, minaram a confiança da equipe mineira. A jovem oposta de apenas 18 anos mudou completamente a partida com o seu saque viagem e o ataque potente, freando a reação brasileira. A linha de passe mineira falhou ao receber seu saque, entregando seguidas bolas de graça para o time adversário. Karakurt saiu do confronto com 10 pontos, sendo 8 de ataque e 2 aces.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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