Segunda fase do Campeonato Mundial exigirá mais da seleção brasileira
Carolina Canossa
05/10/2018 06h00
Por Janaina Faustino
A segunda fase do Campeonato Mundial promete ser um pouco mais complicada do que a etapa inicial para a seleção brasileira feminina de vôlei. Classificada em quarto lugar na chave E, a equipe enfrentará, a partir do próximo domingo (7), a Alemanha, o México, a Holanda e o anfitrião Japão na cidade de Nagoya. Como já explicado aqui, de acordo com o regulamento, as seleções carregam os resultados obtidos na etapa anterior. Além disso, somente os três primeiros colocados de um grupo de oito times se classificarão para a terceira fase, o que significa afirmar que qualquer deslize poderá ser fatal para a continuidade do Brasil na competição.
Desta maneira, o Saída de Rede resolveu fazer uma análise destes adversários, imaginando aquilo que a seleção verde-amarela poderá encontrar pela frente nesta segunda fase do torneio:
Alemanha
Fazendo uma boa campanha na etapa preliminar sob a liderança do jovem técnico Felix Koslowski (ex-assistente do prestigiado treinador italiano Giovanni Guidetti, que atualmente comanda a equipe turca), a inexperiente seleção alemã está em sua 7ª participação em Mundiais desde a reunificação. Terminou a Liga das Nações na 13ª colocação, chegando a derrotar o Brasil por 3 sets a 1, em Barueri, na estreia da competição. Entre os destaques, a boa líbero Lenka Dürr, a promissora oposta Louisa Lippmann (5ª maior pontuadora e 3ª melhor sacadora do Mundial) e a ponteira e capitã Maren Fromm – estas últimas são as principais armas ofensivas do time. Jogando como franco-atiradoras, as alemãs costumam pressionar bastante o passe adversário com um saque agressivo, o que não deverá ser problema se o Brasil conseguir manter a consistência na linha de recepção, minando, deste modo, a confiança das rivais neste fundamento e na virada de bola.
México
Em sua 8ª participação em Mundiais, a seleção mexicana, liderada pelo técnico cubano naturalizado mexicano Ricardo Naranjo, aparece como o adversário menos expressivo para o time brasileiro nesta segunda fase. Apesar disso, a equipe tem jogadoras que se destacam nas estatísticas da competição, entre elas, a ponteira Samantha Bricio, que lidera como a melhor sacadora e também aparece como uma das maiores pontuadoras; e a capitã e oposta Andrea Rangel, que figura entre as dez que mais fizeram pontos no Mundial. O saque brasileiro pode se aproveitar da instável linha de passe rival, que costuma sofrer bastante na recepção de saques forçados (em cada uma das partidas contra o Japão e a Holanda, a seleção mexicana tomou 13 pontos no fundamento).
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Holanda
O confronto contra a seleção holandesa promete ser o mais equilibrado para o Brasil nesta etapa. Quarto lugar na Rio2016, vice-campeã do último Campeonato Europeu e 5ª colocada na recente Liga das Nações, a Holanda participa da competição pela 14ª vez. Comandada pelo norte-americano Jamie Morrison, a equipe fez uma ótima campanha até aqui, avançando à segunda fase em primeiro lugar no grupo A. O time dos Países Baixos conta com algumas jogadoras importantes já conhecidas do público brasileiro ou que se destacam em grandes clubes europeus. Dentre elas, as ponteiras Celeste Plak, Maret Balkestein-Grothues e Anne Buijs (ex-Sesc RJ), a oposta Lonneke Slöetjes, a central Yvon Belien e a levantadora Laura Dijkema. Assim como José Roberto Guimarães, o técnico norte-americano também sofreu com contusões, tendo baixas relevantes no time para o torneio: a talentosa central Robin De Kruijf, que desfalcou o Conegliano em toda a temporada e não pôde se juntar às companheiras neste Mundial porque se recupera de uma cirurgia no joelho; e a jovem ponteira Nika Daalderop, que fez boa temporada no ano passado, mas não integra o grupo por problemas na tíbia. Certamente, um dos grandes trunfos que o Brasil pode utilizar no duelo contra a Holanda é o saque. A seleção não possui uma boa linha de recepção e costuma sofrer bastante na execução do passe, principalmente com as ponteiras Plak e Buijs que, apesar de terem muitas dificuldades neste fundamento, costumam compensar a deficiência com a potência de ataque. Por isso, também será fundamental que o bloqueio brasileiro funcione bem na partida, anulando a virada de bola adversária ou amortecendo bolas para a construção dos contra-ataques. Além das ponteiras, não se pode deixar de mencionar o poder de definição da oposta Slöetjes, que já aparece nas estatísticas como a 4ª melhor atacante do Mundial.
Japão
Em sua 16ª participação em Mundiais, a tradicional equipe nipônica se sagrou campeã do Campeonato Asiático, no ano passado, e terminou a Liga das Nações em 10º lugar. Jogando em casa e contando com o apoio dos apaixonados fãs japoneses, a seleção, comandada pela técnica Kumi Nakada, chega bem à segunda fase da competição depois de ter obtido um bom desempenho na primeira etapa (4 vitórias em 5 jogos). Longe de ser considerado um dos favoritos ao pódio, o Japão busca recuperar o prestígio e os títulos alcançados em outros tempos. Com as transformações ocorridas na modalidade, sobretudo físicas, a equipe asiática acabou ficando para trás por causa da baixa estatura de suas jogadoras. Este é, sem dúvida, um grande obstáculo à competitividade do time em nível internacional. Contudo, o Japão pode ser também um rival capaz de causar problemas à seleção brasileira, atuando com seu clássico estilo de jogo veloz, com muitas defesas e extrema habilidade. Entre os destaques, as ponteiras Ai Kurogo, Sarina Kogo, e a oposta Miyu Nagaoka, maiores pontuadoras da seleção até este momento. Certamente, será um adversário que vai exigir do Brasil imposição do ritmo na partida, alto nível de concentração, paciência na virada de bola e muito volume de jogo.
Confira abaixo os dias e horários destes jogos do Brasil:
Domingo (7)
1h25 – Brasil x Alemanha
Segunda (8)
1h25 – Brasil x México
Quarta (10)
1h25 – Brasil x Holanda
Quinta (11)
7h20 – Brasil x Japão
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.