Bauru inicia sequência contra os favoritos: Tifanny vai fazer a diferença?
Carolina Canossa
26/01/2018 06h00
Em meio à calorosa discussão sobre a legitimidade de Tifanny Abreu jogar no voleibol feminino, um detalhe foi pouco comentado até o momento: as boas pontuações da oposta transexual do Vôlei Bauru foram obtidas contra times do meio e da parte debaixo da tabela. Contra as equipes mais fortes da Superliga e já devidamente estudada pelas comissões técnicas rivais, ela conseguirá manter o mesmo nível de atuação?
A resposta a esta pergunta começa a ser respondida nesta sexta-feira (26) às 20 horas, quando o Vôlei Bauru encara, fora de casa, o Camponesa/Minas. Terceiro colocado na classificação geral, o time de Belo Horizonte é dos candidatos ao pódio no torneio e soma, até o momento, 11 vitórias em 16 jogos. Na sequência, o time do interior paulista terá duelos difíceis contra Dentil/Praia Clube (líder) no dia 30, Vôlei Nestlé (quarto colocado e campeão da Copa Brasil) no dia 2 e Sesc-RJ (segundo colocado e atual campeão da Superliga) no dia 7. Já em 16 de fevereiro o desafio é contra o Hinode Barueri, que, a despeito da sexta colocação no momento, é comandado pelo técnico tricampeão olímpico José Roberto Guimarães e conta com bons nomes no elenco, caso de Jaqueline, Kasia Skowronska, Carli Lloyd e Thaisa – esta última está em fase final de recuperação de uma lesão no joelho e sequer estreou na competição.
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Serão ótimas oportunidades para analisar se Tifanny é apenas uma boa atleta ou realmente leva vantagem por ter construído seu corpo quando ainda era homem. Ainda que nenhuma conclusão definitiva ocorra após estes duelos – nem a ciência a terá em tão pouco tempo, como pode ser visto nesta excelente reportagem publicada pelo UOL Esporte -, daqui a um mês teremos ganhado elementos importantes que contribuirão para um debate sério acerca do assunto.
Por fim, estamos também diante da chance de comparar Tifanny diretamente com algumas das jogadoras fisicamente mais fortes que atuam no voleibol brasileiro, caso de Tandara (Vôlei Nestlé) e Destinee Hooker (Camponesa/Minas). Depois de tanta polêmica baseada em achismos, será um alívio adicionar fatos objetivos a um tema tão delicado e novo no mundo do esporte.
Em tempo: em reunião realizada na última quarta-feira (24), a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) discutiu o assunto e, por ora, manteve a liberação a atletas trans – o tema, porém, ainda será alvo de estudos por parte da entidade. O COI (Comitê Olímpico Internacional) também deve atualizar sua resolução ainda este ano, possivelmente após a Olimpíada de Inverno, em fevereiro.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.