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Sobe e desce do vôlei feminino 2017 tem prêmios de Zhu e gigantes em crise

João Batista Junior

28/12/2017 06h00

Ting Zhu segura a taça de campeão europeu do VakifBank: time e jogadora premiados (foto: CEV)

Fim de ano é sempre um momento propício a retrospectivas, avaliações e algum saudosismo. Dentro desse paradigma, dá para dizer que o VakifBank e sua grande estrela, a ponta Ting Zhu, têm motivos de sobra para guardar o 2017 com carinho na parede da memória, assim como a meio de rede Adenízia, do Scandicci e da seleção brasileira. O mesmo não se diz, no entanto, de algumas equipes europeias do primeiro escalão do vôlei.

No Brasil, o Sesc-RJ teve um 2017 de altos e baixos, mas possui motivos para avaliá-lo positivamente, enquanto o Vôlei Nestlé não encontrou muitas razões para comemorar neste ano.

Veja o sobe e desce do vôlei feminino 2017:

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SOBE
VakifBank
Campeão europeu e mundial, o VakifBank dominou a modalidade em 2017. Com a pesada concorrência caseira do Fenerbahçe e do Eczacibasi VitrA, o time – que também conquistou a Copa da Turquia no último dia 24 – só não teve um ano perfeito porque caiu nas semifinais da liga turca passada, depois de liderar folgadamente todo o campeonato.

Com um elenco que tem nomes como a central sérvia Milena Rasic, a oposta holandesa Lonneke Slöetjes e a levantadora turca Naz Aydemir, a craque do time é a maior jogadora de vôlei das últimas temporadas, a ponta Ting Zhu.

Ting Zhu
Falando em Ting Zhu, dá para dizer que, mais uma vez, o ano foi dela. Com 23 anos completados em novembro passado, a atacante chinesa, além de conduzir sua seleção ao título da Copa dos Campeões e o VakifBank ao topo do mundo, ainda aumentou sua coleção de prêmios individuais.

Rotina: Zhu foi escolhida MVP da Copa dos Campeões: (foto: FIVB)

Zhu foi eleita a melhor jogadora da Liga dos Campeões 2016/2017, do Mundial de Clubes deste ano e da Copa dos Campeões. Nada mal para quem já tinha no currículo os prêmios de MVP da Copa do Mundo 2015 e das Olimpíadas de 2016.

Adenizia
Além do bom desempenho que teve com a seleção brasileira este ano, a central Adenizia vive, no Savino Del Bene Scandicci, da Itália, o auge de sua carreira.

Com 31 anos de idade, a atacante de meio de rede foi a maior bloqueadora da liga italiana 2016/2017 e segue a mesma trilha na atual temporada: após 12 rodadas, tem 52 pontos anotados de bloqueio no campeonato nacional, 15 a mais que a segunda colocada nesse quesito. Sua equipe está no terceiro lugar do campeonato, com dez vitórias em 12 jogos.

Dentil/Praia Clube
Depois de duas temporadas entre os grandes da Superliga (vice-campeão em 2015/2016, semifinalista em 2016/2017), o Dentil/Praia Clube parece firme no caminho para um inédito título nacional desta vez.

Praia, de Claudinha e Fê Garay, lidera Superliga (foto: Divulgação/Praia Clube)

Mesclando jogadoras remanescentes de outras empreitadas, como a levantadora Claudinha e as centrais Walewska e Fabiana, com atletas recém-contratadas, como a oposta norte-americana Nicole Fawcett, a líbero Suelen e as pontas Amanda e Fernanda Garay, o time de Uberlândia dominou amplamente o primeiro turno da Superliga, com 11 vitórias em 11 jogos e apenas dois sets perdidos. Ninguém, no vôlei nacional, termina o ano mais em alta do que o Praia.

Sesc-Rio
Se levássemos em conta só a temporada atual, quando tem convivido com lesões e oscilações, o time de vôlei feminino do Rio não constaria do "sobe" nessa nossa avaliação – talvez ficasse, simplesmente, fora de qualquer lista. Contudo, a equipe aparece aqui porque, embora a parceria de décadas com a Unilever tenha terminado, sua despedida foi em grande estilo.

Além de conquistar a Superliga pela 12ª vez, com uma vitória no tie break sobre o arquirrival Vôlei Nestlé, o então Rexona-Sesc obteve o vice-campeonato mundial em Kobe, no Japão. As cariocas caíram para o VaifBank na disputa do ouro, mas não sem antes superarem equipes do quilate do Dínamo Moscou, na primeira fase, e do Volero Zürich, nas semifinais.

DESCE
Vôlei Nestlé
Vice-campeão da última Superliga, o time do Osasco, apesar de todo o investimento que tem no voleibol, tem tido uma temporada bem oscilante no nacional. O tamanho do problema da equipe pode ser medido na tabela de classificação do campeonato.

Vôlei Nestlé vê líderes a distância na Superliga (foto: João Pires/Fotojump)

Como reflexo do voleibol inconsistente que vem apresentando, o time está a longínquos 11 pontos do Praia na classificação e a seis do Sesc-RJ, segundo colocado. Além disso, as osasquenses, terceiras na classificação, não venceram nenhuma das cinco melhores equipes da tabela.

Camponesa/Minas
Depois da boa campanha na temporada passada, quando esteve a ponto de eliminar o Rexona-Sesc nas semifinais, esperava-se que o Camponesa/Minas lutasse pela ponta da tabela nesta Superliga. Mas não é o que tem ocorrido.

Sem contar com a qualidade do passe de Jaqueline, que foi para o Hinode Barueri, e dependente das cortadas de Destinee Hooker – que demorou para entrar em ação e não tem repetido as boas atuações passadas –, o time sofreu derrotas para as equipes da parte de cima da tabela, como Praia e Sesc, e também para esquadras do pelotão intermediário, como Pinheiros e São Cristóvão Saúde/São Caetano – que venceu as mineiras na ida e na volta.

Dínamo Krasnodar
Bicampeão da Copa CEV – o segundo torneio interclubes mais importante da Europa – em 2016, o Dínamo Krasndar, nos últimos anos, tem convivido com problemas financeiros. O time, que chegou a ter Fernanda Garay e Tatiana Kosheleva no elenco há algumas temporadas, perdeu muitas jogadoras importantes e neste ano, está descendo mais um degrau.

Ao fim de dez rodadas da liga russa, o sexteto de Krasnodar não venceu nenhuma partida, somou apenas dois pontos e amarga a lanterna da competição. O curioso é que, há algumas semanas, a ponteira Liubov Sokolova, de 40 anos, deu uma pausa na aposentadoria e voltou à ativa para defender a equipe, mas isso ainda não foi o bastante para melhorar a situação da equipe no nacional.

Volero Zürich
Acostumado a nadar de braçada no campeonato nacional e a figurar entre as grandes no cenário europeu, o Volero Zürich tem tido uma temporada bem modesta. Com a queda no aporte financeiro, a equipe perdeu titulares como Akinradewo, Rykhliuk, Rabadzhieva, Mammadova e Zvikovic, e, como esperado, sentiu o baque.

Volero Zürich tem tido derrotas na liga suíça (foto: CEV)

Depois de quase seis anos sem saber o que era perder na liga suíça, o Volero já sofreu três reveses na atual temporada e ocupa, ainda assim, a vice-liderança. Na estreia da Liga dos Campeões, uma derrota para o modesto Alba Blaj (Romênia) por 3 a 1 indica um ano difícil para as suíças no torneio. Além disso, o ex-oposto Anderson, campeão olímpico de 2004, começou a temporada como técnico, mas deixou o comando da equipe uma semana antes da estreia na Champions – foi substituído pelo holandês Avital Selinger.

Casalmaggiore e Bergamo
O Pomì Casalmaggiore venceu a liga italiana em 2015 e a Champions League em 2016. Já o Foppapedretti Bergamo, mais tradicional, é sete vezes campeão continental, oito vezes campeão italiano e ganhou, ano passado, a Coppa Itália. Mas, na atual temporada, a situação da dupla é de amargar.

Entre 12 equipes, o Casalmaggiore, de Lo Bianco, Brayelin Martinez, Sarah Pavan, Martina Guiggi aparece na décima posição, com duas vitórias e dez pontos em 12 jogos, e o Bergamo, de Myriam Sylla, Sanja Malagurski, no penúltimo lugar – um triunfo a mais e um ponto a menos que o Pomì.

Não bastasse a campanha vexatória, a direção do Casalmaggiore teve também uma atitude que vai totalmente na contramão do profissionalismo: o presidente do clube, Massimo Boselli, anunciou, no último dia 17, que os salários das jogadoras estavam suspensos até que o desempenho em quadra fosse satisfatório.

(Há alguns meses, fizemos uma avaliação do ano das seleções. Clique aqui para ver.)

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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