Renovada, seleção feminina encerra 2017 deixando torcedores otimistas
Carolina Canossa
11/09/2017 04h00
Meio de julho e a seleção brasileira feminina de vôlei estava em maus lençóis: com três derrotas em seis jogos, incluindo diante de antigos "fregueses" como Tailândia e Japão, o time corria sério risco de sequer se classificar para a fase final do Grand Prix. Problemas de passe e virada de bola ineficiente deixavam a perspectiva pessimista. Um fracasso nos três jogos programados para Cuiabá significaria a pior posição desde a oitava colocação no torneio em 2003 e seria um duro golpe na renovação promovida pelo técnico José Roberto Guimarães.
Corta o filme. Nem dois meses depois, a seleção brasileira encerra seus compromissos na temporada 2017 em alta. Basta olhar os números: com três títulos e uma prata em quatro campeonatos disputados, o Brasil foi o time mais regular do início ciclo olímpico. Ainda há muito a melhorar, como o baixo rendimento diante de adversários asiáticos prova, mas a sensação de dever cumprido é evidente.
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Este é o saldo deixado por uma equipe que desde o primeiro momento pisou em quadra sob olhares desconfiados. Seja por aposentadorias, lesões ou pedidos de dispensa, a seleção brasileira não pôde contar com suas principais atletas e precisou ser renovada. Por renovação, aliás, entenda-se dar chance para jogadoras pouco aproveitadas no ciclo olímpico anterior. É importante deixar isso claro, pois muita gente confunde renovar com convocar jogadoras jovens, abaixo de 23 anos. Não necessariamente. Se temos uma Tandara bem aos 28 ou Bia merecendo uma nova chance com 25, por que não aproveitá-las? Apesar de muitas estarem longe de ser juvenis, todas as jogadoras chamadas este ano possuem idade suficiente para estarem no Mundial 2018 e até mesmo em Tóquio 2020.
Consideremos ainda que, no ano que vem, jogadoras como Dani Lins, Fabíola, Fernanda Garay, Jaqueline, Juciely, Léia e Thaisa devem lutar para recuperar seus respectivos espaços no time nacional. Isso significa que o Brasil chegará forte em busca do ponto mais alto do pódio, o do Mundial, grande buraco em sua dourada galeria de títulos. Se vai conseguir é outra história, mas o início do caminho foi muito bem percorrido.
Com isso em perspectiva, preparamos uma análise posição a posição do que a seleção fez em quadra ao longo desta temporada:
Levantadoras
Titular na maior parte do tempo, Roberta larga como favorita na briga pelo posto de reserva de Dani Lins – suas rivais este ano, Macris e Naiane, sequer tiveram oportunidades reais de mostrarem seu trabalho. A armadora do Sesc-RJ, porém, teve dificuldades em jogar com o passe na mão e não mostrou rendimento suficiente para ameaçar Dani, caso esta retorne da gravidez em boa forma e adquira ritmo de jogo para o Mundial. Roberta ainda precisa se preocupar com a experiente Fabíola, que estará muito mais em evidência agora que trocou o Volero Zurich pelo Vôlei Nestlé.
Opostas
Ao término da Olimpíada do Rio, uma das grandes duvidas relacionadas ao Brasil é sobre quem poderia substituir Sheilla na saída de rede. Pois essa resposta apareceu antes do que muita gente imaginava: possivelmente vivendo o melhor momento de sua carreira, Tandara foi o grande destaque da seleção em 2017. Segura, com golpes variados e sua usual potência, a jogadora destroçou adversários e mostrou voleibol para se manter como uma das estrelas da equipe nos próximos anos. Fica apenas a dúvida para sua reserva, uma posição ainda aberta.
Ponteiras
Jogadora com mais experiência no time que jogou em 2017, Natália ganhou novas responsabilidades da comissão técnica: além de ser a nova capitã, passou a ter uma função mais de preparação que ofensiva em quadra. Ainda oscila além do esperado, mas mostrou sua importância em momentos críticos do Grand Prix, algo que deve ser considerado. Na disputa particular com Drussyla, Rosamaria se saiu melhor, mas ambas ainda estão atrás de Gabi, que só foi aproveitada na Copa dos Campeões, depois de estar recuperada de uma lesão no tendão patelar. Amanda, por sua vez, esteve muito bem no saque, mas não correspondeu em nível suficiente quando foi mantida em quadra.
Centrais
Coadjuvante até então, Adenízia parece disposta a ser uma das líderes desta nova fase. Bia e Carol também foram bem, especialmente no bloqueio, mas nenhuma conseguiu responder bem ao estilo rápido e cheio de exploradas das asiáticas. Todas poderiam também ter ido melhor no ataque, mas possuem a "desculpa" que Roberta pouco as acionou devido aos constantes problemas de passe. Senti falta de uma maior oportunidade a Mara.
Líberos
É ponto crítico da seleção no momento, já que tanto Suelen como a improvisada Gabi apresentaram problemas no passe e na defesa. O caminho está aberto para Léia, que pediu dispensa por problemas pessoais. Se Camila Brait reconsiderar sua decisão de não jogar mais pela seleção, também entra na briga.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.