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Renovação na seleção feminina exige paciência do time e da torcida

João Batista Junior

19/07/2017 06h00

Seleção brasileira tem oscilado no Grand Prix (fotos: FIVB)

Roberta, Naiane, Monique, Bia, Suelen, Gabi Souza, Rosamaria, Amanda, Drussyla… Neste ano de abertura do ciclo olímpico para Tóquio 2020, jogadoras novatas ou, ao menos, que nunca tiveram a oportunidade de defender o Brasil numa competição de grande relevo (Olimpíadas, Campeonato Mundial e Copa do Mundo) têm sido postas à prova na seleção. Dada a idade elevada do elenco na Rio 2016, a busca por novos nomes para recolocar o time no pódio olímpico era previsível e necessária, e é por isso que o torcedor tem de ser paciente.

Com três campeãs olímpicas no plantel – Natália, Adenizia e Tandara –, a busca do técnico José Roberto Guimarães por renovação tem tido avanços e percalços. O time conquistou um título no tradicional Torneio de Montreux e obteve uma vitória convincente contra a Sérvia, mas também experimentou bruscas oscilações, como na dura vitória por 3 a 2 sobre a Turquia e nas derrotas contra Tailândia e Japão no último fim de semana.

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A inconstância da equipe e a atual sétima posição no Grand Prix, colocação que a deixaria fora da fase final do torneio, têm alimentado críticas e feito a torcida desconfiar do talento de jogadoras que costumam ser decisivas em seus clubes.

Esse imediatismo – mal que assola o esporte brasileiro desde os primórdios e que despreza solenemente o custoso caminho que leva às vitórias – não condiz com um trabalho cujo objetivo não pode estar, meramente, na conquista de um GP (título que o Brasil já levantou 11 vezes).

Projetar o futuro a médio ou longo prazo da seleção brasileira com base no voleibol que tem jogado de maio para cá é especulação gratuita: ganhar o Grand Prix não é indicativo de vitória no mundial do ano que vem nem nas olimpíadas de 2020, e uma eventual ausência nas finais do torneio não sinaliza uma geração perdida – é tempo, agora, de renovar e observar.

Mundial de 2002: renovação forçada da seleção

Mudanças radicais
Desde que a seleção brasileira feminina subiu ao primeiro escalão no vôlei internacional, graças ao título do GP 1994, ao vice-campeonato mundial naquele ano e ao bronze em Atlanta 1996, este não é o primeiro grande período de renovação no time nacional, o que ocorreu entre 2001 e 2002.

Quando o técnico Bernardinho deixou o comando da equipe e foi para a seleção masculina, Marco Aurélio Motta assumiu a direção de um time que vinha de um terceiro lugar em Sydney 2000.

Depois de um desentendimento entre o técnico e algumas das medalhistas olímpicas, houve drásticas modificações no elenco, e o Brasil disputou o Grand Prix de 2001 sem algumas de suas principais estrelas. Com a sequência de maus resultados e a deterioração no relacionamento entre atletas e comissão técnica, a equipe que foi ao Mundial da Alemanha 2002 não tinha Fofão, Virna, Leila, Elisângela, Érika, Walewska, Ricarda, Raquel.

Em meio às brigas e a uma renovação forçada, o time caiu para a China nas quartas de final e teve de se contentar com a sétima posição no campeonato. A equipe, que tinha Karin, então com 29 anos incompletos, como atleta mais experiente, contava com com Marcelle, Luciana Adorno, Marina Daloca, Arlene, Fabiana Berto, e também com cinco futuras campeãs olímpicas – Sheilla, Paula, Valeskinha, Sassá e Fabi. (Alguém teria sido poupada de críticas, se, naquele tempo, houvesse sites de redes sociais com o alcance do Facebook ou do Twitter?)

Marco Aurélio Motta saiu em 2003, veio Zé Roberto, as veteranas voltaram para jogar a Copa do Mundo de 2003 e Atenas 2004. A partir de 2005, o processo de renovação entrou em marcha novamente: além das remanescentes do mundial da Alemanha, Mari, Fabiana, Paula e Jaqueline ganharam espaço e a seleção conquistou o ouro em Pequim com apenas uma titular com mais de 30 anos de idade – a levantadora Fofão.

É óbvio que não há razão para crer que a simples entrada de novas jogadoras garanta sucesso à seleção feminina. O êxito é fruto de um longo processo.

Insisto: otimista ou catastrófica, qualquer projeção sobre o futuro do time que tenha por base os resultados obtidos este ano é precipitada. A renovação é necessária e exige paciência.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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