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Enquanto Minas coloca hegemonia do Rexona em xeque, Tandara sepulta Praia

João Batista Junior

08/04/2017 06h00

Tandara brilhou nas semifinais contra o Praia (fotos: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

O Vôlei Nestlé oscilou na fase classificatória da Superliga feminina de Vôlei: o time perdeu cinco jogos e só conseguiu garantir a segunda posição da tabela – tradução: a vantagem do fator casa nos mata-matas – na última rodada. No entanto, a equipe cresceu nos playoffs, passou pelo Fluminense sem conceder nenhum set, nas quartas, e superou o Dentil/Praia Clube, nas semifinais, sem perder nenhuma partida. Agora, pode assistir de camarote à definição de seu adversário na decisão do campeonato nacional.

É claro que, nos três duelos semifinais contra o Praia, o Vôlei Nestlé contou com atuações sólidas da central Bia – a melhor meio de rede da competição – e teve na oposta sérvia Ana Bjelica uma pontuadora consistente, que assinalou 14 pontos em cada um dos dois jogos em casa e 13 no jogo 2, em Uberlândia. Mas seria injusto não intitular Tandara como a protagonista do sexteto e da série.

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Na vitória por 3 sets a 1 dessa sexta-feira (25-18, 23-25, 26-24, 25-11), em Osasco, Tandara foi, pela terceira vez nos três confrontos do playoff, a maior anotadora em quadra. Com os 27 pontos que assinalou na partida, ela chegou à marca de 74 acertos na série, o que lhe rendeu a ótima média de 6,72 pontos por set e aproveitamento de 47% no ataque. São números que coroam o ótimo campeonato que a atacante tem feito e que deixam o torcedor osasquense com esperança de reconquistar um título que não levanta há cinco anos.

Do outro lado da rede, é preciso dizer que, no jogo em que foram eliminadas, as atuais vice-campeãs da Superliga lutaram com as armas como puderam, mas foram assombradas por dois fantasmas que as perseguiram pela temporada toda: as lesões e a instabilidade emocional.

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Voltando de uma contusão no pé, a central Fabiana entrou em quadra a partir do segundo set e não saiu mais. Fez o que pôde, mas era nítido que não estava no ideal da forma física – marcou quatro pontos, um no ataque e três de bloqueio. A oposta reserva Malu, de acordo a reportagem do SporTV, deixou a área de jogo logo após o primeiro set no que parecia ser uma crise alérgica. A líbero Tássia chegou a passar mal durante a partida, reclamando de queda de pressão. A oposta Ramirez, antes do início de uma das parciais, precisou de socorro do fisioterapeuta.

Claudinha observa ponto adversário: nada deu certo contra Osasco (João Pires/Fotojump)

Em suma: mais uma vez, o Dentil/Praia Clube não pôde extrair o melhor de seu elenco devido à parte física.

Quando o time de Uberlândia conseguiu aproveitar-se de erros do Vôlei Nestlé e venceu uma parcial, suas chances de reação, no entanto, pararam na dura derrota sofrida no terceiro set, quando teve vantagem de 24-22. O revés cobriu de desânimo uma equipe já combalida. O quarto set, contra um adversário cabisbaixo e exaurido, virou mero protocolo para Osasco.

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Na final, o Vôlei Nestlé enfrenta quem vencer, ou melhor, quem sobreviver ao embate entre Camponesa/Minas e Rexona-Sesc.

A acirrada disputa entre mineiras e cariocas, que só terminará na semana que vem, seja na terça-feira, no jogo 4, em Belo Horizonte, seja no hipotético jogo 5, sexta-feira, no Rio, traz uma questão para Osasco: é bom descansar duas semanas para uma final em partida única, que será dia 23 deste mês, ou faz mal chegar a uma decisão com menos ritmo de jogo do que a equipe rival?

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Minas comemora: vaga na final está a uma vitória de distância (Alexandre Loureiro/Inovafoto/CBV)

VIRADA DO MINAS
Eis que "de repente, não mais que de repente", o Rexona-Sesc, de apenas uma derrota na fase de classificação e de vitória fora de casa na abertura das semifinais, se vê a um passo de cair para o Camponesa/Minas nos playoffs. Se as atuais campeãs pareciam fadadas ao quinto triunfo consecutivo pela campanha até aqui, sua supremacia tem sido vigorosamente contestada pelas minastenistas nesta série.

A vitória das visitantes no jogo 3, no Rio, por 3 sets a 2 (25-21, 13-25, 21-25, 25-23, 15-8) ajuda a explicar por que o time de Belo Horizonte virou o placar do confronto para 2 a 1.

Destinee Hooker, que já disse, em entrevista ao blog, ter voltado para o vôlei brasileiro para ser campeã, é a mão pesada do sexteto, e por isso não espanta que tenha anotado 20 pontos e tenha sido a maior pontuadora da partida. Contudo, a matemática revela que a virada na série passou por uma mudança de postura e estratégia na distribuição da levantadora Naiane.

Já falamos a respeito disso no comentário sobre a segunda rodada das semifinais: tanto nas duas partidas contra o Genter Bauru, pelas quartas, quanto na derrota sofrida na primeira partida desta série, em Minas, a armadora acionou a oposta em mais de 40% dos levantamentos. Por outro lado, no jogo seguinte, o índice caiu para 33% e, nesse último, para 30%.

Com a maior participação das demais atacantes (a ponta Rosamaria, por exemplo, voltou a definir bolas importantes no ataque, assim como a central Carol Gattaz), o jogo do Minas tem fluído mais e o bloqueio carioca, pontuado menos. Se, no 3 a 0 do jogo 1, o Rexona-Sesc alcançou a média de 4,33 pontos por set nesse quesito, esse número caiu 3,5 na partida da terça-feira e 2,0 no duelo da sexta-feira.

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Rosamaria enfrenta bloqueio de Monique e Juciely (Alexandre Loureiro/Inovafoto/CBV)

Outros dois fatores importantes para a virada das quartas colocadas na fase classificatória foram o serviço e o passe. Percebendo que tanto Naiane quanto Roberta, levantadora do Rexona-Sesc, precisariam ter o passe na mão, as duas equipes forçaram bastante no saque, e a marcha do placar no terceiro jogo foi reflexo disso.

Vendo que o Minas sacava melhor na primeira etapa e criava problemas para o passe de sua equipe, Bernardinho tirou a ponteira Anne Buijs e pôs Drussyla para compor a linha de recepção junto com Gabi e Fabi. Quando o Rexona melhorou no saque, as visitantes optaram por proteger Rosamaria no passe, mas deixaram um latifúndio para a líbero Léia tomar conta, e nisso as anfitriãs assumiram a dianteira no marcador.

A situação mudou novamente quando a recepção carioca caiu de rendimento e, mais uma vez, ficou nítida a carência do time de atacante de força. Nisso, o Camponesa/Minas, com boa relação bloqueio e defesa e tendo Hooker e Rosamaria para pontuar no contra-ataque, definiu a partida e deixou o Rexona-Sesc na inusitada situação de precisar vencer o próximo compromisso a qualquer custo para levar a série ao jogo desempate.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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