O que esperar do início da caminhada do vôlei para Tóquio 2020?
João Batista Junior
06/01/2017 06h00
Sem Olimpíada, Mundial nem Copa do Mundo, este primeiro ano do ciclo olímpico das seleções de vôlei varia entre um período de experiências e um longo espreguiçar. As seleções brasileiras estarão em atividade, disputarão troféus, mas, longe de qualquer imediatismo, trata-se de um ano em que é preciso enxergar os resultados com cautela: vitórias devem ser comemoradas sem ares premonitórios e derrotas, vistas como parte de um processo que só termina em 2020, em Tóquio.
Nesse contexto, custa nada lembrar que, em 2013, primeiro ano rumo à Rio 2016, a Rússia atropelou o Brasil na decisão da Liga Mundial, conquistou o campeonato europeu masculino e o feminino, mas, já no ano seguinte, com péssimas campanhas nos mundiais, sinalizava que não deveriam esperar muito dela nas Olimpíadas – o que se confirmou.
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Por outro lado, também vale frisar que foi a partir do título da Liga Mundial 2001 que o time masculino do Brasil, que passava a ser dirigido pelo técnico Bernardinho, começou a ser moldado para chegar a Atenas 2004 e conquistar a medalha de ouro.
Uma novidade (boa, por sinal) é que a Copa dos Campeões será disputada em setembro, não mais no fim do ano. A mudança de datas faz com que o torneio não tire jogadores dos clubes no meio de competições nacionais.
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LIGA MUNDIAL
Disputada entre os dias 02/6 e 02/7, o torneio terá o mesmo formato que teve em 2016: espalhadas por três divisões, as seleções (em número de 36) disputarão minitorneios quadrangulares durante três finais de semana (dois, no caso da terceira divisão) e classificarão os melhores colocados para disputar a fase final de cada segmento.
Campeão pela última vez do torneio em 2010, o Brasil, que ainda não sabe se terá Bernardinho no comando da equipe, tentará o decacampeonato.
Será interessante observar seleções com a França, que não vai contar com o oposto Antonin Rouzier, que anunciou aposentadoria da seleção um mês após o fiasco no Rio, assim como a Sérvia, que não jogou a Olimpíada, mas é atual campeã do torneio, a Argentina, de ótima performance nos Jogos, e times de tradição, como Rússia e Polônia, que contarão com novos treinadores.
GRAND PRIX
Assim como a Liga Mundial, o Grand Prix também tem três divisões. Estarão na peleja 32 seleções – 12 nas duas primeiras divisões e oito na terceira. O torneio começa no dia 07/7 e termina em 06/8. Atual campeã olímpica, a China vai receber a fase decisiva da primeira divisão – justo a China, que deu de ombros para as finais das duas últimas edições do torneio.
Vencedora de três dos últimos quatro Grand Prix, o time comandado pelo técnico José Roberto Guimarães tentará conquistar o torneio pela 12ª vez. Tudo indica, porém, que será uma seleção brasileira das mais remodeladas, porque, além da elevada média de idade do último time olímpico, Sheilla e Fabiana já anunciaram que não querem mais jogar pela equipe e Thaisa, em entrevista depois da Rio 2016, não deixou claro se aceitará ou recusará uma convocação.
A Rússia estará de técnico novo, assim como a Turquia, que contratou o italiano Giovanni Guidetti, e a Holanda, que perdeu seu treinador para a seleção turca.
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COPA DOS CAMPEÕES
Entre os dias 5 e 10 de setembro, em Tóquio e Nagoya, Japão, China, Brasil, Rússia, EUA e Coreia do Sul disputam a Copa dos Campeões feminina. Já entre 12 e 17 do mesmo mês, Nagoya e Osaka recebem as seleções de Japão, Irã, Brasil, França, EUA e Itália para a versão masculina do torneio.
Em comparação com 2013, quando o Brasil venceu as duas competições, chinesas e sul-coreanas estão no lugar de tailandesas e dominicanas, enquanto, entre os homens, saíram os russos, entraram os franceses.
Numa analogia com o futebol, a Copa dos Campeões é a versão voleibolística da Copa das Confederações, já que a intenção era reunir os vencedores dos torneios continentais. Contudo, além de os países da Oceania serem filiados da Federação Asiática de Vôlei, a África geralmente fica sem representante, o que abre espaço para um time convidado – sul-coreanas e italianos este ano.
Disputado desde 1993, o torneio tem como maior vencedor o Brasil: foram quatro títulos verde e amarelo no masculino e dois no feminino.
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CAMPEONATO EUROPEU
Mesmo com os torneios FIVB, a maioria das seleções europeias deverá encarar a competição continental como a mais importante do ano. O campeonato masculino será disputado na Polônia, entre 25/8 e 03/9, e começa com um jogo entre o time da casa e a Sérvia no Estádio Nacional de Varsóvia. Já o feminino, entre 20/9 e 1º/10, terá dois países sede, Azerbaijão e Geórgia.
Em 2015, a Rússia bateu a Holanda na final do torneio feminino, enquanto, no masculino, a França venceu a surpreendente Eslovênia, que havia tirado Polônia e Itália do caminho.
Os Campeonatos Sul-Americanos ainda não têm definição de data e local no site da Confederação Sul-Americana de Vôlei.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.