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O que leva uma campeã olímpica à 2ª divisão da China? Fê Garay explica

Carolina Canossa

30/09/2016 06h00

Fê Garay queria permanecer no Dínamo Moscou, mas time perdeu patrocínio (Foto: Divulgação/FIVB)

São Caetano, Minas, Pinheiros, NEC (Japão), Araçatuba, Osasco, Fenerbahce (Turquia), Dínamo Krasnodar (Rússia) e Dínamo Moscou (Rússia): o histórico de clubes já defendidos pela ponteira Fernanda Garay não deixa dúvidas sobre o quão prestigiada a ponteira gaúcha é no mercado do vôlei. Diante disso, não deixou de ser surpreendente quando ela anunciou, em setembro, que jogará no Guangdong Evergrande, da segunda divisão da liga chinesa, na próxima temporada.

Aos 30 anos e em excelente forma física e técnica – campeã olímpica em 2012, ela foi titular da seleção brasileira na última Olimpíada -, não haveria um espaço para ela em um campeonato de maior prestígio? Teria a crise econômica impedido a volta de Fernanda a um clube brasileiro? A atacante não teme ser prejudicada por atuar em um campeonato com um nível de jogo mais baixo? Fomos atrás das respostas junto à própria jogadora, que concedeu uma entrevista exclusiva ao Saída de Rede.

Discurso de Zé Roberto contraria necessidade de renovação

"As coisas foram tomando um caminho que eu não previ", contou Fê Garay, referindo-se ao fato de o Dínamo Moscou ter desistido de uma renovação que estava encaminhada devido à perda do patrocínio. Nesse momento, já focada na disputa da Olimpíada, ela preferiu então deixar para resolver o futuro apenas depois de servir a seleção brasileira, o que a fez desperdiçar a chance de fechar com qualquer outro clube de peso. "As pessoas leigas podem se assustar com a notícia, mas eu assumi esse risco. Muita coisa eu já tinha perdido quando optei por ficar em Moscou, como o timing de fechar com um time do Brasil", explicou.

A decisão de adiar a definição do próximo clube também teve uma outra motivação: descansar. Como a temporada na China só começa em novembro, a ponteira está aproveitando as semanas pós-Rio 2016 para ficar com a família. "Estou curtindo esse momento, pois vinha de temporadas em que jogava direto. Praticamente emendei meu time na Rússia com a seleção. Queria aproveitar para fazer coisas da minha vida pessoal", contou a atleta, que, em janeiro, ao término da curta temporada chinesa, estará livre no mercado novamente. "Nada impede que eu não possa me encaixar em um outro desafio a partir daí", lembrou.

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Questionada sobre os riscos de fechar com um time de segunda divisão em um país distante e fechado, Garay conta que ficou mais segura após sua empresária, a ex-jogadora Ana Flávia, falar com agentes de atletas estrangeiras que já atuaram por lá, caso da ítala-argentina Carolina Costagrande, que defendeu o Guangdong Evergrande entre 2011 e 2013. "Estou muito tranquila, é uma equipe que tem um projeto de volta ao topo. O mais importante é o desafio. Se a gente conversasse há pouco mais de um ano, eu estava uma pilha de nervos, pois não pude permanecer no Dínamo Krasnodar (que também teve problemas financeiros) e minha preocupação em estar um time forte antes da Olimpíada era enorme. Graças a Deus, consegui me encaixar no Campeonato Russo, que é de altíssimo nível. Agora, como estamos fechando um ciclo, me proporcionei um período mais tranquilo", explicou.

Enquanto não embarca para a China, jogadora curte a família (Foto: Arquivo pessoal)

Brasil

Fernanda também fez questão de deixar claro que o ranking da Superliga não é culpado por ela não jogar no Brasil desde 2013 – criado na temporada 1992/1993, a lista divide os atletas da competição classificando-os de um a sete pontos, de acordo com a performance apresentada por eles na temporada anterior. Atualmente, cada time só pode ter dois atletas "sete", o nível máximo, e o total do elenco não pode ultrapassar os 43 pontos

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"Acho que o ranking poderia ser feito de outra forma, mas é uma ideia válida. Só que fui pra fora por opção minha, pois eu gosto de ter essa troca de experiências e acho que isso é algo que agrega ao meu voleibol. Já tive a possibilidade de voltar, mas acredito que não era o momento", comentou. Nem mesmo o casamento que deve acontecer no ano que vem é capaz de fazer Garay cravar uma volta em breve à Superliga. "Gosto de fazer planos, mas nas últimas temporadas a coisa saiu tanto do meu controle que eu prefiro esperar. A gente só sabe que vai casar, mas o futuro a Deus pertence", desconversou.

Sobre sua permanência na seleção, Garay também preferiu não estabelecer uma posição. "Não decidi e nem preciso tomar essa decisão agora", explicou a atleta, que sequer ainda se preocupou com os fatores que vai levar em conta na hora de dizer sim ou não a uma futura convocação. "Ainda tem toda a temporada e nem sei quais são os planos do Zé Roberto (técnico da seleção feminina)", explicou.

Para não perder a forma e nem o ritmo de jogo, até novembro Garay treinará na estrutura do Vôlei Nestlé, em Osasco.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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