Sidão confessa: "Pensei que não iria conseguir mais jogar vôlei"
Carolina Canossa
18/05/2016 06h00
Presença constante na seleção brasileira desde 2006, Sidão só tem a agradecer ao técnico Bernardinho. É que, mesmo tendo jogado muito pouco na última temporada de clubes devido a uma cirurgia no ombro direito, o central ganhou uma chance de integrar o time nacional na última convocação, o que manteve vivo o sonho de disputar a Olimpíada do Rio de Janeiro.
Na busca por uma vaga na equipe que tentará a medalha de ouro, Sidão terá a forte concorrência de Lucão, Éder, Isac e Maurício Souza. Estar na lista final, porém, não será um desafio tão grande quanto o enfrentado nos últimos meses, com a recuperação daquele que define como o pior problema físico de sua carreira.
"Muitas coisas ruins passavam pela minha cabeça nesse período e uma delas era não conseguir mais jogar vôlei. Já vi outros jogadores passarem por cirurgia de ombro e não conseguirem voltar tão bem", confessou o jogador, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede. À época, até atividades banais do dia a dia se tornaram um tormento para ele. "Eu tinha dificuldades para dormir, tomar banho, comer, fazer praticamente tudo. O ombro ficava engessado, e qualquer movimento que eu fizesse, sentia uma dor forte. Foi tudo muito complicado", contou.
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Sidão decidiu "entrar na faca" em novembro do ano passado, depois de tentar um tratamento conservador sem sucesso. Questionado se está arrependido de ter esperado tanto para fazer a cirurgia, o que colocou o sua participação olímpica em risco, ele garantiu que não.
"Consultei quatro médicos antes de tomar essa decisão e um deles, especialista em ombro, falou que a principio não deveria operar, que deveria fazer o tratamento conservador para ver como eu ia ficar. Fiz, então, o conservador e depois de três meses tratando, fazendo tudo que os médicos pediram, voltei a treinar. Comecei bem, sem dor, mas na terceira semana já passei a sentir a mesma dor, começou a inflamar o mesmo local e um mês depois não conseguia mais levantar o braço do mesmo jeito. Ali, eu sabia que não tinha mais jeito, que ia ter que operar mesmo. Tive medo, claro, senti receio, mas era a solução. Não tinha outro jeito. E, graças a Deus, deu tudo certo", explicou.
Apoio importante de Bernardinho e Dani Lins
Todo o tratamento de Sidão foi acompanhado de perto por Bernardinho. Até por isso, o meio de rede diz que não ficou com receio de ser esquecido na convocação do ano olímpico. "Sempre tive um diálogo muito bom com ele, que é um paizão para mim. O Bernardo sempre acreditou que ia dar certo. O fato dele ter essa confiança em mim, de ter me passado essa tranquilidade e de ter falado tudo que me disse, me acalmou bem. No nosso vocabulário, nunca houve a palavra desistir", comentou.
Outro apoio importante também veio do mundo do vôlei, mas de uma maneira diferente. Estamos falando da esposa de Sidão, Dani Lins, que também é levantadora da seleção feminina.
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"A Dani me ajudou demais nesse tempo, assim como a minha mãe, que foi para São Paulo ficar comigo quase o tempo todo. Eu precisava de ajuda. Tudo era complicado, e eu tinha que ter um cuidado dobrado para fazer praticamente tudo", contou.
O fato de Dani ser jogadora também foi importante. "Ela entendia tudo que eu estava passando e os receios que eu sentia. E a Dani sempre me colocou para cima, depositando confiança em mim, me passando alegria e tranquilidade, e isso facilitou um pouco em todo esse processo de recuperação", destacou.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.