Treino: o remédio de Zé Roberto para a redenção do Brasil na Olimpíada
Carolina Canossa
22/10/2019 06h00
Zé Roberto entrou para o Hall da Fama do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nesta segunda (21) (Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)
Prestes a encerrar aquele que, em suas próprias palavras, foi o "ciclo olímpico mais difícil de todos", o técnico José Roberto Guimarães tem total consciência de que a seleção brasileira feminina de vôlei não é favorita ao ouro na Olimpíada de Tóquio. Mas, ao mesmo tempo em que coloca China, Sérvia e Estados Unidos em um patamar superior no atual equilíbrio de forças da modalidade, não desiste do sonho de faturar o quarto título olímpico da carreira em sua despedida do time nacional. Para ele, o segredo desta difícil caminhada é simples: treino, treino e treino, algo que pouco pôde fazer ao longo dos últimos três anos.
"(Desde a Rio 2016) Nós nunca conseguimos montar o time que achávamos ideal. Sempre uma ou outra jogadora estava lesionada e ficávamos correndo na subida. Mas sabemos que, se conseguirmos juntar na Olimpíada todas essas jogadoras com tempo adequado para trabalhar, jogamos de igual pra igual com qualquer time do mundo", avisou o treinador na festa de lançamento da Superliga 2019/2020, na qual foi homenageado com a entrada para o Hall da Fama do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ao lado de Bernardinho.
De fato, o ciclo olímpico da seleção feminina tem sido marcado por uma série de altos e baixos: se por um lado faturou o extinto Grand Prix de 2017 e ficou com a prata na Liga das Nações 2019, por outro sequer passou da segunda fase do Campeonato Mundial e não subiu ao pódio da recém-encerrada Copa do Mundo. Adversários que antes eram batidos com relativa tranquilidade, como Alemanha, Polônia e República Dominicana passaram a dar trabalho e até vencer o Brasil, que ao mesmo tempo também conseguiu equilibrar partidas contra chinesas e americanas, mostrando que pode surpreender favoritos num torneio de "tiro curto" como os Jogos Olímpicos. "Tudo pode acontecer", destacou Zé Roberto.
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Em busca da melhor formação e entrosamento para a seleção feminina em Tóquio, o técnico passou uma "lição de casa" para as atletas selecionáveis, com metas a serem cumpridas em aspectos físicos. A Liga das Nações 2020 também será importante neste processo, com Zé indicando que pretende usar as primeiras rodadas do torneio para fechar o grupo que irá ao Japão e deixando o restante da competição com um time B, de forma que as principais atletas foquem totalmente na preparação para a Olimpíada.
"Elas já vão chegar preparadas dos clubes, pois não vamos ter muto tempo pra dar de folga (antes do início da temporada de seleções). Serão duas fases da Liga das Nações no Brasil e, depois, vamos ver o que iremos fazer. O ideal seria treinar e preparar fisicamente essas jogadoras para chegar na Olimpíada na melhor condição possível. Se pensarmos só em Liga das Nações, não vamos treinar e esse é o meu receio", explicou.
Em relação ao provável grupo do Brasil na primeira fase de Tóquio 2020, Zé Roberto voltou a repetir o discurso de Olimpíadas anteriores: quanto mais difícil, melhor: "Assim, ou você passa ou você sucumbe e fica para trás. Se você disser logo a que veio, pode ter um cruzamento adequado e ir pra semifinal, final…".
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.