Má organização e falta de estrutura fazem Superliga passar vergonha
Carolina Canossa
01/12/2018 13h08
A expectativa era positiva: completando 25 edições na temporada 2018/2019, a Superliga de vôlei tem uma série de comemorações e homenagens programadas ao longo da competição, no intuito de celebrar grandes atletas e momentos históricos da principal competição do voleibol brasileiro de clubes.
Mas, infelizmente o que se vê até agora é um retrato do descaso e da falta de estrutura do esporte no Brasil. Menos de 40 dias depois do início da competição, nada menos do que cinco partidas tiveram problemas que colocam em xeque a capacidade de organização dos dirigentes da modalidade.
O mais recente caso aconteceu na noite desta sexta (30), quando a partida entre Hinode Barueri e Vôlei Osasco-Audax foi suspensa após a realização do primeiro set devido às goteiras e quedas de energia no ginásio José Correa, em Barueri (SP). Uma semana atrás, Vôlei Um Itapetininga e EMS Taubaté Funvic sequer entraram em quadra por conta de goteiras no ginásio Ayrton Senna, em Itapetininga (SP) – ambos os times jogarão em 19 de dezembro (se a chuva deixar?).
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A má vedação dos tetos em dias chuvosos, aliás, parecem ser o grande calcanhar-de-Aquiles deste início de Superliga. No sábado passado (24), mesmo dia em que a partida em Itapetininga foi adiada, o jogo entre Sesi Vôlei Bauru e Minas Tênis Clube teve diversas interrupções para que a quadra fosse enxugada, problema decorrente justamente das goteiras no ginásio Panela de Pressão, em Bauru (SP). Não bastasse a vergonha em si, tal situação expôs as jogadoras e um desnecessário risco de lesões. Imagine o tamanho do problema se uma jogadora importante como Carol Gattaz, Gabi ou Natália escorrega e se machuca às vésperas do embarque da equipe de Belo Horizonte para o Mundial feminino de clubes. Quem arcaria com as consequências?
No jogo entre Osasco e Sesi Bauru, uniformes de cores semelhantes causaram estranhamento em quem acompanhava a partida (Foto: João Neto / Fotojump)
Quer mais? Na partida em que recebeu o Curitiba Vôlei em seu ginásio em Uberlândia (MG), em 20 de novembro, o atual campeão Dentil/Praia Clube jogou com um piso fora dos padrões exigidos pelo regulamento, que prevê um modelo sintético, tipo taraflex ou similar, minimizando o impacto dos saltos no corpo dos atletas.
No mesmo dia, Osasco e Bauru duelavam no ginásio José Liberatti, em Osasco (SP), com uniformes muito parecidos, consequência de um engano da delegação do time do interior paulista, que não trouxe seu uniforme 2 para o jogo. Até pela dinâmica do jogo, em que jogadoras de times adversários não se misturam, a realização da partida foi possível, mas a sensação de estranheza era comum a qualquer um que tentasse acompanhar o jogo. Mais um ponto negativo para um esporte que ano a ano luta para manter e atrair patrocinadores.
Além da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei), clubes e federações estaduais possuem sua parcela de culpa em meio a tantos problemas, assim como o poder público, incapaz de proporcionar uma manutenção decente para as praças esportivas. O amadorismo vigora por todos os lados, estragando aquela que deveria ser uma temporada de festa. E ela, assim como as chuvas, está só começando…
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.