Destaque da Superliga, Bruna revela frustração por não ter sido convocada
Carolina Canossa
11/05/2018 06h00
Bruna Honório ficou no top 3 de maiores pontuadoras da Superliga mesmo jogando menos que as principais rivais, já que o Pinheiros caiu nas quartas (Foto: Divulgação/Pinheiros)
Em meio a campeãs olímpicas e jogadoras de renome no exterior, uma "baixinha" de 1,81 m figurou entre os destaques da recém-encerrada Superliga feminina de vôlei. Aos 28 anos, a oposta Bruna Honório foi a terceira maior pontuadora da competição, com 412 pontos, atrás apenas de Tandara, do Vôlei Nestlé (626), e Fernanda Garay, do Dentil/Praia Clube (428). Detalhe: o Pinheiros, clube que ela defendia, parou ainda nas quartas de final.
O ótimo desempenho fez Bruna se tornar uma das jogadoras mais valorizadas do mercado. Ela acabou fechando com o Camponesa/Minas, que necessitava de uma jogadora com potencial para o lugar de americana Destinee Hooker.
Apesar do sucesso, o chamado para a seleção brasileira feminina não aconteceu, frustrando a atleta.
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"É meio complicado porque venho de algumas temporadas achando que vou ser convocada e não sou. Não tenho expectativas, mas fico meio que na ansiedade, tipo "não é possível que esse ano não me chamem"", admitiu a oposta, em entrevista ao Saída de Rede.
A esperança continua viva, mas, ao mesmo tempo, Bruna garante que é possível sentir-se realizada profissionalmente sem vestir a camisa amarela. "Eu nunca precisei da seleção para chegar aonde cheguei, para ter o destaque que tenho hoje. Então, se quer me chamar bem, se não quiser bem também. Todo mundo fica falando que fui injustiçada, mas Deus sabe que eu coloco tudo na mão Dele", comentou.
Prestes a iniciar uma nova fase de sua carreira, agora com a expectativa de ser protagonista em um time cotado para ganhar títulos, a atacante está otimista com a nova casa, onde atuará ao lado de atletas do porte de Natália e Carol Gattaz. "Construí meu jeito de jogo nos últimos anos e acho que vai ser uma ótima temporada. Não vou nem falar que vou substituir a Hooker, que é sensacional. Eu tenho que fazer muito mais que ela porque sou mais baixa, mas sou mais experiente agora e estou bem confiante de ir pra lá", destacou.
Por experiente, entenda-se a rodagem que Bruna adquiriu nas últimas três temporadas. Jogadora do Rexona (hoje Sesc RJ) entre 2012 e 2015, ela não conseguiu se firmar na premiada equipe carioca. Fez então um movimento corajoso ao fechar um contrato com um time menor, o Vôlei Bauru, na intenção de ter mais tempo de quadra e, assim, mostrar seu talento.
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Deu certo. "Não é que eu não explodi no Rexona, eu já tinha tudo dentro de mim, mas pra começar a fazer precisa da experiência e de confiar em você. Senão, você fica com um pouco de medo. E, quando você sai daquela visão de "todas são boas", vai para um time um pouco abaixo e se destaca, fica mais confiante e coloca tudo o que aprendeu em prática", destacou a atleta. Ela exemplificou através da inversão 5-1, oportunidade que mais ganhou no Rio: "Eles te dão a oportunidade, mas se você erra aquela única bola, pode ter certeza que vai sair. Quando joga sempre, você erra uma bola, mas depois acerta outra e fica tranquila".
Cansada de ficar no banco no Rio, Bruna deixou o clube em busca de mais tempo em quadra (Foto: Divulgação/Unilever)
Ter recebido uma proposta de Bauru, próximo a Agudos, sua terra-natal foi um fator motivacional extra. "Estar em um projeto grande e não ser a protagonista te deixa com uma sensação de "nossa, queria tanto fazer". Então, quando decidi sair do Rexona, falei "vou ser feliz porque agora vou jogar mesmo, não tem porque ficar aqui, eu sou boa". E, depois de 12 anos, ainda voltei para minha casa, com apoio da minha família, do meu marido, com meus amigos… Havia muito mais para acrescentar do que medo de estar em uma outra estrutura", afirmou.
Fã da ex-levantadora Fofão, outra "baixinha", Bruna tem na ponta da língua o que precisa fazer para continuar se destacando, especialmente no Mundial de clubes do fim do ano, quando estará frente a frente com algumas das melhores jogadoras do planeta.
"Eu sou baixa, então tenho que ter muita cabeça, de que não vai ser só com a força, dando pra baixo num bloqueio muito alto. Senão, é certeza que a bola vai voltar. É preciso ser inteligente e saber que não vou conseguir atacar por cima do bloqueio. Se eu for pra cima delas, terei problemas, mas, se eu usar a cabeça, me darei bem", analisou.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.