Quem brilhou na Superliga feminina? Confira a seleção do Saída de Rede
Carolina Canossa
24/04/2018 06h00
Tandara fez quase 200 pontos a mais que a segunda maior pontuadora (Foto: Guilherme Cirino/Saída de Rede)
Se há algo de que o torcedor de vôlei não pode reclamar da temporada 2017/2018 da Superliga feminina de vôlei, é de tédio: nos quatro torneios disputados na temporada (Superliga, Sul-americano, Copa Brasil e Supercopa), houve quatro campeões diferentes. Em algum momento, torcedores de Dentil/Praia Clube, Camponesa/Minas, Vôlei Nestlé e Sesc RJ viram suas equipes levantarem a taça. Com tabus caindo e hegemonias sendo destroçadas, o que não faltou foi emoção em quadra.
O torneio mais longo e mais badalado, a Superliga, recompensou um Praia que finalmente viu seu investimento se traduzir em uma medalha de ouro. Mas, como mostra a seleção do campeonato feita pelo Saída de Rede, subir ao ponto mais alto do pódio não foi fácil: das sete atletas escolhidas, somente uma, Fernanda Garay, e o técnico Paulo Coco defenderam a equipe de Uberlândia. Como prova do equilíbrio, integrantes de cinco agremiações estão na lista, sem contar as menções honrosas que contemplam atletas do Vôlei Bauru e do Pinheiros.
Dante, André e Fabi: o adeus de três grandes jogadores que engrandeceram o Brasil
Confira abaixo aquelas que, na nossa visão, se destacaram em cada uma das posições ao longo da Superliga, formando a equipe ideal do campeonato:
Oposta e MVP: Tandara (Vôlei Nestlé)
É estranho que o título de melhor jogadora de uma competição seja dado para alguém que sequer esteve na final, mas na Superliga 17/18 não há como tirar esse posto de Tandara. Vivendo uma fase magnífica na carreira, a atacante alcançou incríveis 626 pontos, quase 200 acima da segunda colocada, Fernanda Garay, que chegou aos 428 disputando duas partidas a mais. Pontuando acima dos 20 pontos em quase todas as partidas, ela foi a grande líder de um Vôlei Nestlé que esteve muito perto de eliminar o campeão Praia na semifinal
Levantadora: Carli Lloyd (Hinode/Barueri)
Recuperando-se de uma lesão no ombro, a americana chegou ao Brasil graças à boa percepção de mercado de José Roberto Guimarães. Estreou apenas no fim de janeiro, com o returno já em andamento, mas deu outra cara para a equipe de Barueri com seu estilo rápido e ousado. Nem precisou jogar muito (o time da Grande São Paulo foi eliminado nas quartas pelo vizinho Osasco), mas suas atuações foram suficientes para ela se destacar e despertar o interesse do Praia para a próxima temporada
Ponteiras: Fernanda Garay (Dentil/Praia Clube) e Mari Paraíba (Vôlei Nestlé)
Repatriada pelo time mineiro depois de quatro temporadas no exterior, Fernanda Garay provou semana após semana que é a principal ponteira brasileira em atividade. Apesar de não ter brilhado no passe, compensou no ataque e se agigantou na grande final, sendo um dos destaques dos quatro sets vencidos sobre o Sesc no Sabiazinho. Mari Paraíba, por sua vez, teve uma Superliga mais discreta, mas em uma edição onde as ponteiras em geral ficaram devendo, é preciso ressaltar sua importância na espinha dorsal de Osasco, segurando a linha de recepção tendo ao lado de uma jovem insegura como Angela Leyva. Eventualmente, até virava algumas bolas no ataque
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Centrais: Carol Gattaz (Camponesa/Minas) e Mayhara (Sesc-RJ)
Aos 36 anos, a central do clube de Belo Horizonte viveu um dos melhores momentos de sua carreira, especialmente no ataque. Mais madura, ainda foi peça importante em um elenco que chegou a conquistar um título continental e, consequentemente, garantiu vaga no Mundial de clubes, no fim do ano. Uma pena que uma tendinite patelar no joelho esquerdo a impediu de estar em seu melhor nas semifinais contra o Sesc. Já Mayhara aproveitou muito bem a chance de ser treinada por Bernardinho e apareceu no top 5 tanto das estatísticas de melhor bloqueio quanto de atacante mais eficiente.
Líbero: Fabi (Sesc-RJ)
Na última temporada de sua brilhante carreira – fato que só tornou público minutos antes da segunda partida da final, Fabi manteve o alto nível ao qual estamos acostumados e foi peça-chave para o Sesc chegar longe em uma temporada tumultuada, com investimento abaixo dos rivais e lesões que afetaram algumas de suas principais jogadoras. Como bônus, ainda brilhou nos dois jogos da final, dando volume de jogo diante de um rival que tinha um verdadeiro arsenal ofensivo à disposição
Técnico: Paulo Coco (Dentil/Praia)
Honrou a responsabilidade de ter um elenco milionário em mãos e, depois de um excelente primeiro turno, conseguiu gerenciar o time em momentos difíceis, como as derrotas na decisão da Copa Brasil e no primeiro jogo da decisão da Superliga. O jogo de domingo, aliás, foi a cereja no bolo do trabalho deste competente treinador, pois o Praia atuou em alto nível e de forma agressiva contra o adversário disciplinado taticamente e que costuma errar pouco. Ganhar quatro sets seguidos do Sesc-RJ não é para qualquer um…
Menções honrosas (por ordem alfabética): Bia (Vôlei Nestlé – segundo ano seguido que atua em alto nível, especialmente no bloqueio), Bruna Honório (Pinheiros – com 412 pontos, foi mais eficiente que muita atleta consagrada), Claudinha (tantas vezes criticada, foi peça-chave para o Praia Clube se sagrar campeão), Fabiana (Praia – mostrou que ainda joga em alto nível), Nicole Fawcett (Praia – oscilou nos playoffs, mas voltou a jogar bem no fim da série semifinal e na disputa do título), Roberta (Sesc-RJ – tem melhorado cada vez mais a leitura de jogo) e Tifanny Abreu (sua presença melhorou demais o desempenho do Bauru)
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.