Argentina fatura segunda vaga sul-americana para o Mundial 2018
Sidrônio Henrique
15/10/2017 23h20
É da Argentina a segunda vaga sul-americana para o Campeonato Mundial de vôlei feminino 2018 – a primeira ficou com o Brasil, em agosto. Las Panteras, como são chamadas em seu país, garantiram sua presença ao vencer o qualificatório continental, derrotando as peruanas na última partida, na noite deste domingo (15), por 3-1 (25-22, 25-20, 18-25, 25-16), em Arequipa, no Peru. O Mundial será realizado no Japão, de 29 de setembro a 20 de outubro do próximo ano (veja os participantes no final do texto). Será a sexta participação da Argentina no torneio – competiu em 1960, 1982, 1990, 2002 e 2014.
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Las Panteras entraram em quadra numa situação confortável. Em um qualificatório com apenas quatro seleções, a Argentina já havia vencido Colômbia e Uruguai, ambas por 3-0. Já o Peru, após bater as uruguaias em sets diretos na estreia, caiu pelo mesmo placar diante das colombianas. Com isso, as argentinas poderiam até perder por 0-3 das peruanas, desde que somassem pelo menos 60 pontos nas três parciais. Mas a vitória no primeiro set confirmou a vaga no Mundial.
Técnicos brasileiros fora do Mundial
A Colômbia, dirigida pelo técnico brasileiro Antônio Rizola, ficou em segundo lugar, com o Peru, comandado pelo também brasileiro Luizomar de Moura, treinador do Vôlei Nestlé, em terceiro. Ele foi contratado pela Federação Peruana de Vôlei (FPV) com o objetivo principal de classificar a seleção para a Olimpíada de Tóquio, em 2020. A última participação olímpica do Peru foi em Sydney 2000. No Mundial, foi em 2010. A equipe perdeu a vaga no Mundial 2014 e na Rio 2016 justamente para a Argentina. No entanto, este ano, peruanas e argentinas haviam se enfrentado três vezes, com vitórias do Peru em todos os confrontos. Esse retrospecto recente e o fato de jogar em casa deram ânimo ao time de Luizomar.
Há dois meses, no Sul-Americano vencido pela seleção brasileira, a Colômbia, jogando em casa, na cidade de Cali, obteve a melhor classificação da sua história na competição, terminando em segundo, com o Peru em terceiro. As argentinas, treinadas por Guillermo Orduna desde 2013, estavam sem Yas Nizetich e Elina Rodriguez, suas ponteiras titulares, ambas lesionadas, e com a central Mimi Sosa recuperando-se de uma contusão. Ficaram em quarto lugar.
Nizetich e Rizzo
A presença de Nizetich, atacante de 28 anos, 1,81m, que esta temporada jogará pelo Volley Pesaro, da Itália, estreante na primeira divisão, foi fundamental para o bom desempenho da Argentina em Arequipa. A ponteira, que atuou nos últimos quatro anos em equipes pequenas ou intermediárias do voleibol turco, teve papel essencial no ataque e no saque. Fora isso, irritou as adversárias com seus gritos nas comemorações – chegou a receber um cartão amarelo. Ela e Rodriguez haviam sido os destaques do time no Montreux Volley Masters, quando Las Panteras surpreenderam e terminaram em quarto lugar, com vitórias sobre as seleções B da China e da Holanda. Nas competições seguintes – Copa Pan-Americana, Grand Prix e Sul-Americano –, com as duas ponteiras contundidas, o nível da equipe caiu.
Outra figura importante na classificação para o Mundial 2018 foi a líbero Tatiana Rizzo, que jogou as duas últimas temporadas de clubes na Superliga, pelo Rio do Sul. Com boas atuações na Rio 2016 e líder nas estatísticas de recepção da Superliga 2016/2017 ao final do returno, ela tem, desde o ciclo olímpico passado, a ingrata tarefa de dar alguma regularidade à caótica linha de passe argentina – nenhuma das ponteiras é boa no fundamento, exceto a reserva Morena Martinez, de apenas 1,64m, que entra às vezes para reforçar o fundo de quadra e que nos clubes atua como líbero. Já estamos em meados de outubro e Rizzo está sem time para a temporada 2017/2018.
Infelizmente, a Confederação Sul-Americana de Vôlei (CSV) não informou as estatísticas das partidas do qualificatório em Arequipa, a exemplo do que havia ocorrido no Sul-Americano em Cali.
África e Norceca
Na sexta-feira (13) foram definidos os dois representantes da África e no sábado (14) as quatro vagas restantes das sete reservadas à Norceca (Confederação da América do Norte, Central e do Caribe) – os Estados Unidos ficaram com uma como atual campeão mundial, enquanto Canadá e Cuba haviam garantido presença no final de setembro.
Na África, as vagas foram disputadas no campeonato continental, que terminou sábado com a vitória inédita de Camarões. Jogando em casa, as camaronesas derrotaram o Quênia na final por 3-0. As duas seleções haviam confirmado presença no Mundial na véspera, ao vencerem as semifinais. Assim, Camarões vai ao torneio pela terceira vez na história, tendo participado em 2006 e em 2014. Quênia volta ao Mundial e será sua sexta participação, depois de competir pela última vez em 2010.
Na Norceca, foram realizados a partir de sexta-feira dois qualificatórios com quatro vagas em disputa e no sábado, um dia antes do encerramento das competições, estava definido quem iria ao Mundial 2018: Trinidad e Tobago, México, República Dominicana e Porto Rico. Os dois primeiros se classificaram jogando em Trinidad e Tobago, em um torneio que contou ainda com as presenças da Costa Rica e de Dominica. Será a estreia de Trinidad e Tobago no Campeonato Mundial. No outro qualificatório, na República Dominicana, as anfitriãs e as porto-riquenhas se classificaram ao superar Guatemala e Jamaica.
Com isso, estão definidos os 24 participantes do Mundial feminino 2018. Brasil e Argentina pela América do Sul; EUA, Canadá, Cuba, Trinidad e Tobago, México, República Dominicana e Porto Rico pela Norceca; Rússia, Sérvia, Turquia, Itália, Azerbaijão, Alemanha, Holanda e Bulgária pela Europa; Japão (sede), China, Cazaquistão, Tailândia e Coreia do Sul pela Ásia; Camarões e Quênia pela África. A data do sorteio das chaves ainda será divulgada pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB).
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.