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Poloneses correm para deixar tudo pronto para a abertura do Europeu

Sidrônio Henrique

23/08/2017 06h00

Ensaio da coreografia para a cerimônia de abertura no Estádio Nacional de Varsóvia (fotos: Sidrônio Henrique)

Varsóvia, Polônia – Correria para terminar de montar os assentos temporários perto da quadra, correria para preparar as credenciais dos jornalistas, para ajustar a coreografia da cerimônia de abertura e ainda para terminar de colocar o piso oficial para que as seleções que jogarão na abertura do Campeonato Europeu masculino possam finalmente treinar no local da partida. Na tarde desta terça-feira (22) era esse o cenário no Estádio Nacional de Varsóvia, palco da partida entre Polônia e Sérvia, que abrem às 15h30 (horário de Brasília, com transmissão da ESPN+), quinta-feira (24), o mais concorrido dos torneios continentais, reunindo 16 equipes, algumas delas favoritas em qualquer competição de relevo mundial. O campeonato vai até 3 de setembro, com a final em Cracóvia.

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Pelo menos o teto retrátil, que já apresentou problemas em partidas de futebol, já foi fechado para conter o vento e como precaução contra uma possível chuva – apesar da previsão de tempo bom para quinta-feira à noite (a partida começa às 20h30 no horário local), tem chovido bastante esta semana em Varsóvia. Mas quando a festa começar, os poloneses vão dar um show à parte, como é habitual. Do hino cantado à capela ao apoio incessante ao irregular selecionado local, a torcida polonesa virou lenda no mundo do vôlei. Não é para menos, os fãs, capazes de lotar ginásios (e estádio) e de apinhar fan zones com até 70 mil pessoas, foram o empurrão que faltava para que a Polônia vencesse o Mundial 2014, mesmo com evidentes limitações.

A apenas dois dias da abertura, era esse o cenário: estrutura ainda sendo montada

Esperança de título
Os organizadores apostam nessa força, nesse oitavo jogador, para quebrar um jejum que já levou o capitão da Polônia, o ponta Michal Kubiak, às raias do descontrole em contatos recentes com a imprensa do país. Desde aquele Mundial, há três anos, a Polônia não venceu mais nada, amargou algumas eliminações precoces e seu melhor momento desde então foi o bronze na Copa do Mundo 2015. A mídia polonesa não perdoa e continua exigindo que joguem fazendo jus ao título de campeões mundiais.

Haja torcida! Estão no páreo a Sérvia quase completa (o ponta Marko Ivovic, que vai jogar pelo Funvic Taubaté na temporada de clubes, está fora do Europeu por causa de uma torção no tornozelo), a Rússia com a volta de alguns veteranos e, principalmente, a França, campeã da Liga Mundial 2017. Além desses, pode pintar uma surpresa no caminho. Há dois anos, no último Europeu, a Polônia foi eliminada nas quartas de final pela surpreendente Eslovênia, que ainda bateu a Itália na semifinal e ficou com o vice-campeonato, perdendo a decisão para a França.

Com ar de favoritos, os franceses desembarcaram em Katowice, no sul do país. O técnico Laurent Tillie chegou chamando atenção para as dores lombares que têm incomodado o principal jogador do time, o ponta Earvin N'gapeth. Mas alguém duvida que o atacante vá aprontar para cima dos adversários?

O Estádio Nacional foi palco também da abertura do Campeonato Mundial 2014

Grupos
As 16 seleções estão divididas em quatro grupos: o A (Polônia, Sérvia, Finlândia e Estônia), o B (Itália, Alemanha, Eslováquia e República Tcheca), o C (Rússia, Bulgária, Eslovênia e Espanha) e o D (França, Bélgica, Holanda e Turquia). Enquanto os líderes de cada chave avançam direto às quartas de final, os segundos e terceiros colocados disputam um mata-mata para decidir sua sobrevivência na disputa. Além de Varsóvia, Cracóvia e Katowice, outras duas cidades receberão partidas do Europeu masculino, Gdansk e Szczecin.

Não faltam reclamações, claro. A delegação sérvia estava aborrecida com o fato de só poder treinar duas vezes no Estádio Nacional antes da abertura. A primeira sessão está marcada para esta quarta-feira (23), no final da tarde, e a outra será na manhã seguinte. Mas os poloneses não foram beneficiados, pois graças à bagunça eles farão seu primeiro treino logo depois dos sérvios, já no início desta noite, e também terão apenas mais uma oportunidade. Após o jogo inicial do torneio, poloneses e sérvios seguem para Gdansk, no norte do país.

Como foi comentado aqui no Saída de Rede durante as finais da Liga Mundial 2017, na Arena da Baixada, em Curitiba, as dimensões de um estádio de futebol atrapalham os jogadores de vôlei, que perdem as referências, o que pode comprometer o nível técnico da partida – para agravar o problema, a arena em Varsóvia é bem maior do que a da capital paranaense.

Os organizadores colocaram 65 mil ingressos à venda e apostam em casa cheia

Preços mais em conta
Nas finais da Liga Mundial 2016, realizadas em Cracóvia, o ginásio ficou quase vazio em todas as rodadas, mas os preços eram proibitivos para a realidade polonesa. Desta vez, a federação local maneirou na dose. Para a abertura, a exemplo da maioria das partidas, os valores vão de 40 a 400 zloty (de R$ 34,8 a R$ 348). Alguns jogos da primeira fase custam a partir de 30 zloty (R$ 26). Há um ano, os ingressos mais baratos começavam em 200 e chegavam a 1.000 zloty (de R$ 174 a R$ 870, em preços atuais).

Os organizadores acreditam que os 65 mil ingressos serão vendidos – 90% já teriam sido. Desta vez, em comparação ao jogo inaugural do Mundial 2014, foram instalados 3 mil assentos a mais perto da quadra. Naquele 30 de agosto de 2014, 62 mil pessoas lotaram o estádio e viram de perto a Polônia vencer a Sérvia em sets diretos. Muita coisa mudou desde então, seja na escalação das equipes ou no comando. Saiu o técnico francês Stéphane Antiga e entrou o italiano Ferdinando De Giorgi no lado polonês. Já a Sérvia despachou Igor Kolakovic após aquele decepcionante Mundial e em seu lugar entrou o ex-levantador Nikola Grbic, que no ano passado levou o time ao inédito título da Liga Mundial.

O público de 62 mil pessoas é o recorde mundial em uma partida oficial de voleibol. Se levarmos em consideração amistosos, a maior marca é a de 95 mil torcedores no Maracanã, em 26 de julho de 1983, para ver Brasil 3-1 União Soviética – desafio que inspirou os poloneses. O voleibol é o segundo esporte mais popular do país, atrás do futebol. Porém, a distância entre as duas modalidades é bem menor do que no Brasil em termos de popularidade.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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