Gabi volta à seleção: “Ninguém tem vaga garantida”
Sidrônio Henrique
14/08/2017 06h00
Com apenas 23 anos, ela já pode ser chamada de veterana na seleção brasileira. Gabriela Guimarães, 1,80m, a ponteira que desde 2012 defende o antigo Rexona, atual Sesc-RJ, está de volta, depois de concluir o tratamento de uma inflamação no joelho. Sua primeira convocação foi em 2012, ainda prestes a completar 18 anos, para ganhar experiência, e a partir da temporada seguinte, início do ciclo passado, ela se firmou. Se até 2016 era reserva, difícil imaginá-la fora da equipe titular agora, porém Gabi politicamente rebate. "Ninguém tem vaga garantida", disse ao Saída de Rede. A seleção tem como foco a Copa dos Campeões, de 5 a 10 de setembro, no Japão. Antes o time disputa, de 15 a 19 de agosto, na Colômbia, o Campeonato Sul-Americano, valendo uma vaga para o Mundial 2018.
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Ela faz questão de ressaltar o desempenho das colegas ponteiras na recente conquista do 12º título brasileiro no Grand Prix. "A Rosamaria e a Drussyla foram bem demais. A Natália, todo mundo viu, não é preciso dizer muito, jogou em alto nível. Não há vaga cativa na seleção, joga quem estiver melhor". Nos bastidores, o técnico tricampeão olímpico José Roberto Guimarães não esconde sua admiração por Gabi.
Retorno aos poucos
Ainda recuperando a forma e retornando à seleção num torneio tecnicamente fraco como o Sul-Americano, Gabi acredita que deve ser pouco acionada esta semana. "Acho que vou jogar pouco nesse campeonato, talvez entre para ganhar ritmo".
Após o Sul-Americano, a seleção brasileira fará dois amistosos contra os Estados Unidos, na casa do adversário, em Anaheim, nos dias 27 e 29 de agosto, como preparação para a Copa dos Campeões. "Ali eu espero estar mais solta", comentou.
Equipe renovada
Reserva no período 2013-2016, a atleta evita comentar seu papel na seleção no ciclo iniciado este ano rumo a Tóquio 2020, em que jogadoras antes coadjuvantes ganharam papel de protagonista e novos nomes vão se integrando ao time. "Temos que ver como a equipe vai ficar, até porque algumas veteranas estão fora por enquanto, mas voltam ano que vem", afirmou.
Para ela, foi uma "tortura" ter apenas que torcer e não poder jogar na conquista do Grand Prix 2017. "Torcer é muito sofrido, jogar é mais fácil. De longe você não pode fazer nada". A atacante enfatiza o orgulho que sentiu pela recuperação da seleção no torneio. "O time correu o risco de não ir à fase final, quase não foi para a semifinal, de repente foi campeão, aquilo foi demais. Queria muito ter estado ali, falava com as meninas o tempo todo, ficava ansiosa. Há uma lição importante a ser tirada desse GP, que é não se deixar abater nunca, saber dar a volta por cima. Foi uma vitória linda desse grupo todo. A Itália tem a Egonu, a Sérvia tem a Boskovic, a China tem a Zhu, mas nós temos um conjunto".
Dores e recuperação
Diagnosticada com uma tendinite patelar (inflamação que afeta o joelho devido ao esforço repetitivo) na reta final da Superliga 2016/2017, ela suportou as dores para poder ajudar a equipe do Rexona-Ades a chegar ao 12º título da competição e depois ao vice-campeonato no Mundial de Clubes. "A partir da semifinal da Superliga, eu tive que diminuir a intensidade da minha participação nos treinamentos, deixava para saltar somente durante as partidas. Já no Mundial eu praticamente nem treinava, me guardando para os jogos", explicou. Durante uma partida de cinco sets, por exemplo, uma ponteira salta em média 120 vezes, entre ataques, bloqueios, fintas e saques.
Para tentar escapar de uma cirurgia, Gabi optou pelo tratamento com ondas de choque. A terapia consiste no uso de ondas mecânicas (pulsos sônicos) produzidas por um equipamento de pequenas dimensões. A intensidade das ondas é aumentada gradualmente, de acordo com a tolerância do paciente. Os efeitos das ondas de choque são baseados na produção do óxido nítrico, que é uma substância que estimula o surgimento de vasos sanguíneos, e também no estímulo das células-tronco e outras células que regeneram os tecidos. Após voltar do Japão, em setembro, a atleta vai passar por uma nova avaliação do departamento médico do seu clube para ter certeza se uma intervenção cirúrgica pode ser realmente descartada.
Clube e Superliga
Ela começou a treinar, de forma leve, há pouco mais de um mês, no Sesc-RJ. "Tive que maneirar. Agora que o Bernardinho não está mais com a seleção masculina, ele vem com gás em dobro para treinar a gente", brincou Gabi.
Para a próxima temporada da Superliga, ela vê mais dificuldades e joga a responsabilidade para os adversários. "OK, estamos acostumadas a ganhar, mas não nos vejo como favoritas agora. Olha os times que o Praia Clube, o Vôlei Nestlé e o Minas montaram. Se a última edição já foi complicada para vencer, diria que a próxima vai ser ainda mais difícil".
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.