Brasil cumpre obrigação, conquista o Sul-Americano e garante vaga no Mundial
Sidrônio Henrique
11/08/2017 23h03
Sem permitir que nenhum dos cinco adversários que enfrentou na competição passasse dos 21 pontos em um set, o Brasil conquistou, em Santiago, no Chile, na noite desta sexta-feira (11), o Campeonato Sul-Americano de vôlei masculino pela 31ª vez. O oponente na final foi a esforçada Venezuela, derrotada por 25-21, 25-6, 25-18. A seleção brasileira venceu todas as edições de que participou (não compareceu em 1964, ano em que a Argentina ganhou o torneio). Aliás, o Brasil jamais perdeu uma única partida na história do Sul-Americano, que começou a ser disputado em 1951. Com o título, a equipe campeã olímpica garantiu vaga no Mundial 2018, que será disputado na Itália e na Bulgária.
Siga @saidaderede no Twitter
Curta o Saída de Rede no Facebook
Esta conquista foi o primeiro ouro do treinador Renan Dal Zotto. O Brasil entrou em quadra com Bruno, Wallace, Lucarelli, Maurício Borges, Lucão, Maurício Souza e Tiago Brendle, a mesma base do vice-campeonato na Liga Mundial 2017 – à exceção da troca de Thales por Brendle na posição de líbero. Renan Buiatti e Raphael entraram ao longo do jogo na inversão do sistema 5-1. A Confederação Sul-Americana de Vôlei (CSV), assim como ocorreu durante todo o campeonato, não divulgou as estatísticas.
Após um primeiro set cheio de erros, quando permitiu que a Venezuela chegasse aos 21 pontos, o Brasil sufocou o jovem time adversário na segunda parcial, com uma relação equilibrada entre saque, bloqueio e defesa, além de muita eficiência no contra-ataque. No terceiro set, os brasileiros entraram desatentos e cederam vários pontos na primeira metade da parcial, mas se ajustaram o suficiente para ampliar a vantagem e fechar a partida.
O ponta Maurício Borges foi escolhido o melhor jogador do Sul-Americano. Outros brasileiros foram premiados como os melhores nas suas posições: Bruno (levantador), Wallace (oposto) e Lucarelli (ponteiro).
A próxima competição do Brasil será a Copa dos Campeões, de 12 a 17 de setembro, no Japão – torneio vencido pelos brasileiros nas três últimas edições.
Argentina fora da final
Se já havia favoritismo antes da competição, a final acabou sendo uma ducha de água fria. É que o esperado confronto com a ascendente Argentina não ocorreu. Depois de engrossar o jogo contra os brasileiros nas quartas de final da Rio 2016, quando os hermanos perderam por 1-3, eles derrotaram o Brasil este ano na Liga Mundial pelo mesmo placar. O técnico Renan Dal Zotto falava com cautela da Argentina, apesar da superioridade brasileira. O treinador Julio Velasco, que comanda a Albiceleste, estava confiante em repetir o triunfo e finalmente quebrar a hegemonia do Brasil no Sul-Americano.
Valentia venezuelana
Quem barrou os argentinos foram os valentes venezuelanos, num duelo de cinco sets na semifinal. Aos hermanos coube o bronze, depois de derrotar o Chile por 3-0 nesta sexta-feira. A Venezuela vinha sem muita expectativa para o torneio, pois a equipe passa por uma renovação, havia trocado de técnico e ainda sente o baque pela morte do seu principal jogador. Em novembro do ano passado, o oposto Kervin Piñerua, que tinha 25 anos e era capitão da equipe, foi vítima de um ataque cardíaco. Com poucos recursos, em um país assolado por uma crise política com efeitos devastadores sobre a economia, a federação venezuelana enviou 11 atletas em vez dos 14 permitidos. Nenhum dos problemas impediu a limitada mas aguerrida Vinotinto de brigar de igual para igual contra uma displicente Argentina.
Foi o retorno da Venezuela a uma final de Sul-Americano após 14 anos. A última vez havia sido em 2003, quando a geração liderada pelo oposto Ernardo Gómez perdeu também em sets diretos, mas oferecendo resistência à melhor seleção brasileira de todos os tempos. A mesma equipe que os venezuelanos haviam surpreendido e vencido por 3-2 na semifinal dos Jogos Pan-Americanos, num raro tropeço daquele timaço brasileiro. A volta ao segundo lugar mais alto do pódio em um Sul-Americano foi bastante comemorada pela Venezuela.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.