Entre renovação e oscilações, seleção brasileira vence o Grand Prix
João Batista Junior
06/08/2017 12h16
O décimo segundo título do Brasil no Grand Prix veio numa campanha em que esteve no fio da navalha mais de uma vez: classificou-se às finais apenas na última rodada da fase classificatória, passou às semifinais graças a uma virada chinesa num tie break em que perdia por 14-10 para a Holanda, e bateu a Itália, neste domingo, em Nanjing, numa final disputada em cinco sets.
Dessa forma, a seleção repete em 2017 os títulos das temporadas 2005, 2009 e 2013 – vitória no Torneio de Montreux e também na competição anual da FIVB, em ano de abertura de ciclo olímpico.
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Com apenas três jogadoras com experiência olímpica (Tandara, Natália e Adenízia), a seleção brasileira – como esperado – oscilou bastante durante o torneio. Em toda a competição, o time apresentou problemas nos elementos da virada de bola (passe, armação e ataque) e viu no revés para a Tailândia, na fase classificatória, o ponto máximo da falta de consistência que assombrou a equipe em vários momentos do campeonato. Esses aspectos, numa temporada em que a necessidade de renovar se sobrepõe à obtenção de resultados (já falamos sobre isso), não devem ser esquecidos pela conquista do título.
Por outro lado, há pontos positivos a ser exaltados, como o fato de Zé Roberto Guimarães encontrar no banco de reservas boas alternativas para o jogo da seleção, assim como o crescimento de Tandara no decorrer do GP: ela teve ótimo aproveitamento em três partidas decisivas da seleção no torneio – contra os EUA, na fase classificatória, e, na semana das finais, diante de Holanda e Sérvia.
O JOGO
Diante de uma equipe também em renovação, o Brasil apresentou voleibol instável. O time teve dificuldade no passe, na virada de bola e na defesa – com efeito, a Itália obteve 68 a 56 no placar do ataque.
Com um sistema defensivo montado para encarar a oposta Paola Egonu, o Brasil conseguiu vantagem nos momentos em que a levantadora Ofelia Malinov mais sobrecarregou a jovem atacante. Apesar de terminar o jogo com 29 pontos, sendo 25 em cortadas, o excesso de bolas empinadas para a saída de rede levou a seleção brasileira à vitória no primeiro e terceiro sets – parcial em que reverteu um placar de 13-19. No quinto set, ela foi definitivamente neutralizada.
Do lado brasileiro, Drussyla, que entrou no lugar de Rosamaria durante as semifinais e começou como titular neste domingo, não teve bom rendimento e acabou cedendo lugar à própria Rosamaria, que foi bem no saque e virou bolas importantes no tie break.
Com o passe complicado, Roberta teve dificuldade para acionar o meio – e quando o fez, buscou mais Bia do que Adenízia –, e acabou levantando 64% das bolas para Natália e Tandara, principais atacantes da equipe.
Natália, que muitas vezes teve participação discreta na competição, anotou 22 pontos, foi a bola de segurança da equipe em momentos complicados do duelo e terminou a partida com 50% de aproveitamento nas cortadas. Tandara, que teve ótima performance nas semifinais, demorou a engrenar, mas, quando entrou de fato no jogo, superou o sistema defensivo italiano e terminou também com 22 anotações.
A terceira posição do torneio ficou com a Sérvia, que venceu a China por 3 sets a 1 (25-22, 20-25, 25-23, 25-21).
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.