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Micah Christenson: talento e liderança de um dos melhores levantadores do mundo

Sidrônio Henrique

22/07/2017 06h00

Micah Christenson: "Minha autocrítica é sempre elevada. Às vezes, acho que até exagero" (Crédito: FIVB)

Apontado como um dos melhores levantadores do mundo, com apenas 24 anos, o americano Micah Christenson se viu num papel diferente este ano na seleção. A ausência de vários veteranos, aliada a sua postura em quadra, o transformou no líder de um grupo, a maioria novatos, que por pouco não beliscou uma medalha na Liga Mundial 2017. "Eu tento dar exemplo, procurando sempre fazer o meu melhor, me esforçando, dando apoio aos meus colegas. Tínhamos um time muito jovem, tivemos uma oportunidade incrível de aprender juntos, ganhar experiência vivendo situações em que não podíamos recorrer aos mais velhos porque não estavam ali", disse o levantador, em entrevista exclusiva ao Saída de Rede.

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Nomes de peso e com mais experiência na equipe, como o ponta/oposto Matt Anderson e o central Max Holt, voltam este semestre para a disputa do campeonato da Norceca (Confederação da América do Norte, Central e do Caribe) e da Copa dos Campeões – neste último enfrentam o Brasil. O ponta Aaron Russell, outro ausente na Liga Mundial, também retorna. Mas independentemente da presença desses titulares no ataque, o armador Christenson ressalta a importância da renovação, da aposta do técnico John Speraw em novos nomes, sempre pensando em ter mais opções.

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"Não é que tenhamos jogado um voleibol limpo, técnico, apurado, temos que melhorar, mas o espírito de luta esteve sempre presente", comentou sobre a equipe que terminou a Liga Mundial em quarto lugar. "O fato de termos sempre gente nova à disposição é muito importante para o time, motiva a todos a continuarem procurando evoluir", ressaltou o atleta, conhecido ainda pelo bom bloqueio, agilidade na defesa, saque consistente e pelo forte ataque na segunda bola com sua esquerda – ele é ambidestro.

O levantador durante partida contra o Brasil (Crédito: Guilherme Cirino/Saída de Rede)

Esforço
Diante da afirmação de que é um dos melhores do mundo, esse havaiano que estreou na seleção principal em 2013 e conquistou títulos como a Liga Mundial 2014 e a Copa do Mundo 2015, além de ter conseguido a medalha de bronze na Liga Mundial 2015 e na Rio 2016, fica desconcertado. "Quando dizem isso, me sinto lisonjeado. Gosto muito quando valorizam o meu jogo, pois me esforço bastante para ser o levantador que tenho sido. Uma das minhas maiores qualidades é que estou sempre tentando melhorar, nunca me dou por satisfeito. Minha autocrítica é sempre elevada. Às vezes, acho que até exagero, eu me critico demais".

Seguindo a cartilha da generosidade, ele atribui aos colegas, claro, grande parte do seu sucesso, afinal a modalidade é coletiva. "Tenho que pensar no time para poder falar do meu jogo. Muito do que eu faço vem da habilidade deles. São jogadores tão bons, facilitam o meu trabalho, me dão muitas opções no ataque. Fica mais fácil se sair bem assim, não é?".

Christenson faz questão de enfatizar o que chama de suas "fraquezas". "Tenho muito a melhorar, tenho minhas fraquezas. Queria ser mais consistente, melhorar nas escolhas. Tantas vezes depois de um jogo fico com uns lances martelando minha cabeça, pensando que eu deveria ter feito isso, não aquilo. Acho que todo levantador provavelmente faz isso porque é uma função muito difícil. Eu acredito que com o passar dos anos vou melhorar. Sempre que posso, trato de ver vídeos técnicos, quero que meu jogo seja o mais variado, preciso e limpo possível. Ser um levantador exige que você seja esperto, pense rápido".

Christenson elogiou o "espírito de luta" dos companheiros de time (Crédito: FIVB)

Marcação
Constantemente elogiado pela sua variação e precisão, o levantador americano ainda não se considera tão difícil de ser marcado. "Não sei se os adversários têm tanta dificuldade em fazer a leitura do meu jogo, talvez não, mas eu espero cada vez mais tornar a vida deles difícil. Mesmo que eu já seja um daqueles levantadores difíceis de marcar, espero melhorar muito ainda".

Questionado se teve algum levantador do passado como referência e quem são os seus preferidos na atualidade, ele evita nomes. "Há e houve tantos levantadores bons no mundo, seria até injusto citar alguém, mas discordo quando cravam que um determinado jogador é o melhor da posição, pois os times são diferentes, exigem estilos distintos. Não vou citar nomes, mas há alguns caras hoje que eu gosto muito de ver jogar, aprendo observando eles, o que estão fazendo, coisas novas que estão tentando. Eles me desafiam", afirmou ao SdR.

Ele procurar liderar pelo exemplo (Crédito: Guilherme Cirino/Saída de Rede)

Transição
Micah Christenson relembrou a transição do voleibol universitário nos Estados Unidos para a liga profissional italiana. Desde 2015, após se graduar em Biologia pela Universidade do Sul da Califórnia, ele defende o Civitanova. "A passagem do vôlei universitário nos EUA para o profissional na Itália foi difícil. É outra realidade, tudo diferente, desde a dinâmica do jogo, passando pela atmosfera e o treinamento. Eu cresci muito se somar o que aprendi jogando pela seleção e na liga italiana, foi tudo muito rápido. A liga italiana é tão forte, há tantos jogadores fantásticos das principais seleções. Para o meu desenvolvimento é muito importante porque o nível dos atletas lá é realmente muito alto".

Um dos objetivos dele é a medalha de ouro em Tóquio 2020, mas Christenson fala com carinho do bronze conquistado no ano passado nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A única memória amarga da Rio 2016, segundo ele, é a semifinal. "Começamos mal no torneio, mas logo nos recuperamos. Passamos bem pela Polônia nas quartas de final e estávamos muito perto de chegar à decisão, naquela semifinal contra a Itália. Mas aí o Zaytsev… Ah, o Zaytsev… Aquilo parece inacreditável, mas ele sempre apronta conosco", disse, fechando os olhos, ao recordar a sequência de saques do oposto adversário, que virou o quarto set e levantou o ânimo italiano para o tie break, vencido pelos europeus. "Ainda bem que conseguimos virar a disputa do bronze contra os russos. Tenho muito orgulho da minha medalha olímpica", completou.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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