Força mental foi a chave para vitória sobre o Brasil, diz treinador da França
Sidrônio Henrique
09/07/2017 11h45
Curitiba (PR) – O técnico da França, Laurent Tillie, respirava fundo e demonstrava um misto de alegria e alívio ao descer as escadas que o levavam ao vestiário na Arena da Baixada. Depois da eliminação precoce na Rio 2016, quando sua seleção não passou da primeira fase, na madrugada deste domingo (9) ele conquistou pela segunda vez a Liga Mundial – mais uma vez em solo brasileiro, após o título em 2015 no Rio de Janeiro. Na decisão da edição de 2017 os franceses derrotaram o time de Renan Dal Zotto por 3-2. "A chave para a vitória sobre o Brasil foi nossa força mental. Não nos deixamos abater pelos momentos ruins que tivemos no jogo. Nossa equipe é assim: pode até perder, mas não desiste, segue tentando. Às vezes, vem a recompensa. Hoje veio", comentou o treinador em entrevista ao Saída de Rede.
Tillie mencionou ainda a sorte que em um momento decisivo pendeu para o lado francês. "Contamos com a sorte também, naquele lance em que o Wallace atacou e o N'gapeth fez uma defesa que resultou em ponto, era um momento crucial do tie break. O Brasil poderia ter feito 12-10, mas ficou em 11-11 por causa de uma defesa. O (central Kevin) Le Roux seguiu no saque e fez aquela sequência, abrindo uma diferença que conseguimos manter".
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O técnico comemorou a volta de Earvin N'gapeth, que terminou a Liga Mundial 2017 como um dos ponteiros da seleção do campeonato e também MVP. O ponta, que ainda se recupera de um estiramento no abdômen ocorrido no final de maio, retornou ao time na última semana da fase classificatória. "Fomos muito pacientes com o N'gapeth porque ele vinha de uma lesão. Ele chegou aqui sem apresentar seu melhor voleibol, foi bem na semifinal e fantástico na final. É um atleta fora de série".
Ex-ponteiro talentoso, um dos melhores que a França já teve, com duas Olimpíadas (1988 e 1992) e dois Mundiais (1986 e 1990) no currículo, Laurent Tillie segue aperfeiçoando uma equipe que apresenta o voleibol mais bonito e consistente da atualidade.
"Eu gostei muito da forma como nosso sistema de bloqueio atuou nesse campeonato. O bloqueio está melhor do que no ciclo passado. Veja em quantas bolas a nossa equipe toca na defesa, mais do que em outras temporadas, isso é reflexo de um bloqueio muito bem estruturado, que dificulta a vida dos adversários. Nossos jogadores estão mais focados quando executam esse fundamento, treinamos isso bastante e estamos vendo o resultado", disse ao SdR.
N'gapeth: "Enfrentar o Brasil é difícil"
Para o MVP Earvin N'gapeth, os detalhes decidiram a final em Curitiba. "Acabamos ganhando nos detalhes. Muitas vezes isso funcionou para o lado do Brasil, outras para o nosso. Enfrentar o Brasil é sempre difícil. Os detalhes fazem a diferença, como salvar uma bola no chão, o bloqueio amortecer um ataque para que consigamos fazer a defesa. No tie break, o Le Roux conseguiu executar três saques que mudaram o jogo, algo que ele não tinha feito até ali".
O levantador francês Benjamin Toniutti, escolhido o melhor da posição no torneio, destacou a recuperação de N'gapeth. "Eu o acionei muito porque vi que a confiança dele estava alta, ele entrou ligado para essa final. Quando ele vem assim cheio de energia, a gente sabe que o time vai jogar bem. A cada jogo, ele foi melhorando e acabou sendo o MVP. Isso é impressionante porque há pouco mais de um mês ele estava lesionado e ainda não está em plena forma". N'gapeth foi o maior pontuador da partida, marcou 29 vezes, sendo 26 no ataque, onde teve aproveitamento de 60,5%.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.