Murilo quebra o silêncio sobre doping, mas pouco esclarece
Carolina Canossa
16/05/2017 15h27
Prestes a virar líbero no Sesi, Murilo Endres vive momento delicado na carreira (foto: William Lucas/Inovafoto/CBV)
Menos de uma semana após a informação de doping positivo ter sido divulgada pelo jornal O Globo, Murilo Endres quebrou o silêncio que mantinha desde então. Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (16), em São Paulo, o jogador do Sesi disse estar com a consciência tranquila de que não fez nada de errado e acrescentou ter chamado os jornalistas para conversar porque achou "importante olhar no olho de vocês".
A atitude de Murilo, sem dúvida, foi nobre – tecnicamente falando, o caso dele sequer é considerado doping neste momento, o que só acontece depois da abertura da amostra B, algo que ainda deve demorar pelo menos uma semana. Porém, a verdade é que esse primeiro bate-papo pouco ajudou a esclarecer o que de fato aconteceu.
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Blindado pelo advogado Marcelo Franklin, Murilo não respondeu a todos os questionamentos da imprensa, inclusive alguns importantes, como se acreditava que o vazamento do resultado positivo antes do tempo pudesse ter relação com as críticas públicas feitas à FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Questionado por Demetrio Vecchioli, colega do UOL, se todos os suplementos que toma já foram enviados para análise a fim de constatar uma possível contaminação, ele olhou para o advogado em busca de aprovação antes de responder que não.
De novidade mesmo, somente o fato de Murilo jamais ter sido procurado em casa antes, nem mesmo quando viveu o auge, para fazer um teste-surpresa, como ocorreu agora. Até então, o máximo que havia ocorrido eram exames em hotéis ou durante treinos no CT de Saquarema.
A estratégia da defesa será a de que a substância detectada no corpo do atleta, a furosemida, não implica em aumento de performance. Quem acompanha vôlei sabe que, nesta temporada, Murilo de fato não apresentou nenhuma melhora técnica, o que poderia levantar suspeitas sobre o uso de substâncias proibidas. O problema é que nem sempre os tribunais levam isso em consideração e a furosemida também pode servir para outros fins, como facilitar o emagrecimento.
Independentemente disto, é fato que o jogador está bem assessorado: para quem não sabe, Franklin já conseguiu evitar que nomes como o nadador Cesar Cielo, a corredora Ana Claudia Lemos e a jogadora de vôlei de praia Maria Elisa fossem severamente punidos em casos semelhantes. É esperar para ver o que vai acontecer e torcer para que o caso de Murilo seja tratado com toda a seriedade a que ele tem direito.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.