Superliga feminina: quem decepcionou e quem foi além do esperado?
Carolina Canossa
26/04/2017 06h00
Ao mesmo tempo em que já começam a fazer projeções com os patrocinadores e propostas para as jogadoras que desejam manter ou contratar, as 12 equipes que participaram da recém-encerrada Superliga feminina de vôlei analisam o que funcionou e o que deixou a desejar na temporada. Quem cumpriu o que queria? Quem decepcionou? Quem foi além do imaginado?
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Nós, do Saída de Rede, também fizemos um balanço do desempenho dos clubes na competição levando em conta o que eles desejavam e aquilo que, de fato, conseguiram. Vejam abaixo nossas conclusões:
Terminam a Superliga em alta
Rexona-Sesc
O título este ano veio com mais dificuldades que em temporadas anteriores. Por outro lado, ao contrário da edição 2015/2016, não havia uma matadora como Natália para ser a bola de segurança da equipe. A solução foi se reinventar mais uma vez para conquistar a 12ª taça de sua história, a última ao lado do patrocinador que bancou o projeto 20 anos atrás.
Vôlei Nestlé
A queda no investimento que teve como consequência as saídas de Thaísa e Adenízia preocupou os torcedores de Osasco antes do início da Superliga. Cerca de 70% do elenco foi reformulado, mas a aposta em um misto de veteranas com atletas em busca de consolidação se revelou positiva para a equipe comandada por Luizomar de Moura. O próprio técnico admite que o grupo não estava entre os favoritos, mas ainda assim o time chegou perto da taça. Mais especificamente, a um set dela.
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Camponesa/Minas
Não se deixe enganar pela tabela de classificação: se por um lado a campanha do tradicional clube de Belo Horizonte foi pior que a da Superliga anterior (quarto contra terceiro lugar), por outro o time empolgou a torcida como há muito não acontecia e quase eliminou o papa-títulos Rexona na semifinal. O pecado foi só ter fechado o elenco com a competição em andamento (alô, Hooker! alô, Jaque!) , o que fez a equipe cair para o quarto lugar na tabela de classificação e antecipou um confronto na semifinal que poderia muito bem ter sido a decisão, contra as cariocas. Que fique a lição para a próxima temporada.
Genter Vôlei Bauru
Taí um projeto que tem tudo para dar frutos cada vez melhores nos próximos anos: depois de uma primeira temporada humilde na Superliga A, deu novo passo e, com mais investimento, alcançou os playoffs com facilidade. A quinta colocação reflete um trabalho bem feito, dadas as atuais possibilidades econômicas do projeto. Se continuar assim, não vai demorar muito para fazer parte do seleto grupo de candidatos ao pódio.
Campeão olímpico em 2004, Anderson foi uma grata surpresa como treinador (Foto: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)
Terracap/BRB/Brasília
Mais um projeto que soube gerir bem os recursos que tinha à disposição. Não por acaso, derrubou alguns favoritos ao longo da fase classificatória e ameaçou o Praia Clube nas quartas de final. A aposta no ex-jogador Anderson Rodrigues como técnico se revelou acertada e o trabalho dele à frente da equipe foi uma grata surpresa para os fãs de vôlei.
Permanecem no mesmo patamar
Fluminense
A iniciativa do clube carioca em voltar a investir no vôlei feminino após 25 anos é louvável por si só. A despeito de limitações orçamentárias, o Flu conseguiu pinçar boas peças no mercado, caso da ponteira Sassá, da oposta Renatinha e da central Letícia Hage – e a força do elenco apareceu na final do Campeonato Carioca, com uma vitória no tie-break e o fim da hegemonia do Rexona. Não foi ruim, mas os motivos citados acima deixam a sensação de que o time poderia ter ido mais longe…
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Pinheiros
A turbulência causada com a troca de técnico em dezembro de 2015 continuou com a saída de sua principal contratação, Suelle, antes mesmo do início da Superliga. Não ofereceu grande resistência aos principais candidatos ao título, exceto o Vôlei Nestlé, mas cumpriu o "feijão com arroz" contra os times mais fracos e ficou longe de qualquer possibilidade de rebaixamento.
São Cristóvão Saúde/São Caetano
Não é de hoje que está acomodado na elite do voleibol brasileiro, sem subir ou descer de patamar. É uma situação parecida com a do Pinheiros, outra fonte de talentos, com a diferença que a equipe do ABC Paulista não tem alcançado os playoffs recentemente. Uma pena, pois trata-se de um trabalho sério e que poderia aparecer mais na principal competição do Brasil.
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Gostinho de frustração
Dentil/Praia Clube
Sem dúvida, a grande decepção da temporada 2016/2017 do voleibol brasileiro. Depois de ser vice-campeão no ano passado, investiu alto para reforçar o elenco, com destaque para a chegada de Fabiana, ex-capitã da seleção brasileira feminina. Lesões à parte, o que se viu em quadra, porém, foi um time perdido, com raríssimos momentos de brilho e que psicologicamente desabava com facilidade. Fez uma Superliga que deve ficar como lição para que os erros não se repitam no futuro.
Rio do Sul/Equibrasil
Sensação do campeonato de 2015/2016, onde foi quase imbatível em casa sofreu uma forte queda com a saída do competente técnico Spencer Lee, que foi ser assistente do Vôlei Nestlé. Com apenas cinco vitórias em 22 partidas, sequer pôde sonhar em estar nos playoffs. Para piorar, sofreu com atrasos no pagamento das atletas.
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Sesi
A decepção por não ter passado pelas quartas com um elenco com Fabiana e Jaqueline na Superliga anterior fez a diretoria do Sesi promover um corte radical na verba destinada ao vôlei feminino nesta temporada. A aposta era em um time barato e jovem, tendo em vista a formação de talentos para os próximos anos. Objetivo nobre, sem dúvida, mas nem tal opção nem os gastos menores são justificativas para uma campanha tão fraca, com apenas sete pontos conquistados em 66 possíveis.
Renata Valinhos/Country
É um projeto esforçado, mas que precisa de ajustes para deixar de ser saco de pancadas e permanecer na elite do voleibol brasileiro. Caso contrário, uma hora os patrocinadores vão cansar de investir. Infelizmente, as performances nesta Superliga não ajudaram e o time do interior paulista voltou a ocupar a última posição da tabela. Trata-se de um resultado semelhante ao da temporada passada, com a diferença que em 2015/2016 houve uma vitória a mais.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.