Em jogo repleto de erros, arbitragem confusa ofusca vitória do Taubaté
Sidrônio Henrique
07/04/2017 06h00
Lucarelli voltou a jogar após se recuperar de uma fascite plantar (fotos: Bruno Miani/Inovafoto/CBV)
Mais uma vez os erros de arbitragem roubaram a cena na Superliga 2016/2017. Na primeira partida da série semifinal entre Funvic Taubaté e Sesi, na noite desta quinta-feira (6), a vitória relativamente tranquila da equipe do oposto Wallace e do ponta Lucarelli ficou em segundo plano por causa das falhas dos juízes, algo recorrente no torneio. Jogando em casa, Taubaté ganhou em sets diretos (25-20, 25-22, 25-21), num confronto repleto de erros. Tanto das equipes, em um jogo de baixo nível técnico, quanto da dupla de arbitragem formada por Anderson Caçador (principal) e Luiz Coutinho de Oliveira (segundo juiz). As semifinais são decididas em melhor de cinco – Sada Cruzeiro e Brasil Kirin começam a outra série neste sábado (8), às 20h30, em Contagem (MG), com transmissão do SporTV.
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No final da primeira parcial, liderada com folga por Taubaté, o ponteiro Alan, do Sesi, foi para o saque e engatou uma boa sequência. No último lance, o ponteiro Murilo atacou, a bola bateu no braço do central adversário Otávio, depois na rede e o Sesi fez a cobertura. Porém, o árbitro Anderson Caçador achou que a bola não havia passado e o set terminou ali, em 25-20. Era pouco provável que o Sesi empatasse, afinal a vantagem era grande, mas o erro foi grosseiro.
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No terceiro set, quando o placar marcava 15-15, outra falha da arbitragem gerou uma forte discussão na rede, que resultou em dois cartões vermelhos: um para Lucarelli e outro para Murilo. Após um ataque do Sesi, o time da casa havia dado quatro toques, o que foi ignorado pela dupla de juízes. Mais adiante, Gérson Amorim, assistente técnico do Sesi, xingou um fiscal de linha e recebeu um cartão vermelho. O time da capital paulista, além de não conseguir engrenar seu jogo, estava visivelmente descontrolado, dentro e fora da quadra.
O último erro dos árbitros sequer foi notado. O oposto Theo atacou, a bola tocou no bloqueio e saiu, mas Caçador deu o ponto para Taubaté, que abriu 24-21. Veja bem, o anfitrião teria 23-22 se o juiz tivesse marcado corretamente.
É inaceitável que a Superliga, um dos campeonatos mais importantes do mundo, ainda não utilize o videocheck. Mesmo com o sistema, erros como a não marcação dos quatro toques não seriam evitados. Mas, de qualquer forma, os demais teriam sido corrigidos.
Falhas em excesso
Outro aspecto que chamou a atenção foi a quantidade absurda de erros das duas equipes: 32 do Sesi e 28 do Taubaté. Em uma partida de 138 pontos, os erros, fossem de ataque, saque, passe ou alguma infração, resultaram em 43,5% do total. Outro exemplo, para efeito de comparação, é que Taubaté marcou no ataque o mesmo número de pontos em erros cometidos pelo Sesi.
Agora imagine qualquer uma dessas duas equipes, com um desempenho assim, tendo que enfrentar o Sada Cruzeiro jogando em alta rotação. Claro que o tetracampeão da Superliga e tri mundial ainda precisa confirmar seu favoritismo diante do aguerrido Brasil Kirin, mas o baixo nível técnico visto nesta quinta-feira em Taubaté serviu também para evidenciar o quanto o time de Leal, Simon e William é superior aos demais.
Destaques
Pela equipe do Funvic Taubaté, os destaques foram o oposto Wallace, o central Éder, os pontas Lucas Lóh e Lucarelli. Este último, embora pouco acionado pelo levantador Raphael, virou bolas importantes – sete em nove tentativas. Lucarelli volta à ativa depois de se recuperar de um estiramento na planta do pé (fascite plantar) direito. Lóh, que virou apenas seis em 31 no ataque (dados do SporTV, não disponíveis nas estatísticas da CBV), mas teve participação relevante no fundo de quadra, ficou com o troféu Viva Vôlei, inicialmente dado por engano a Lucarelli. O meio de rede Éder fez cinco dos oito pontos de bloqueio do Taubaté (o adversário marcou quatro). Coube a Wallace o melhor desempenho ofensivo na partida, com 13 pontos em 23 cortadas. A pontuação dele, toda em ataques, foi a maior do jogo.
Do lado do Sesi, vale menção ao ponta reserva Gabriel Vaccari, que começou no banco, substituiu Alan e, mesmo sendo bombardeado pelo saque do Taubaté, seguiu firme na recepção, além de ter sido o maior pontuador da sua equipe – marcou oito vezes. O levantador Bruno foi impreciso na armação várias vezes, fazendo uma partida abaixo da média.
No turno e no returno da Superliga 2016/2017, os duelos entre Taubaté e Sesi também haviam terminado em três sets. O primeiro com vitória para o time da capital e o outro para o do interior. O Funvic Taubaté tem a vantagem de disputar três dos possíveis cinco jogos da semifinal em casa por ter sido segundo colocado na fase de classificação, enquanto o Sesi foi terceiro.
As duas equipes se encontram novamente daqui a oito dias, sábado (15), às 21h30, desta vez no ginásio Lauro Gomes, em São Caetano (SP). É que o espaço do Sesi na Vila Leopoldina, na capital paulista, com apenas 800 lugares, não atende a uma exigência da competição para partidas a partir das semifinais, que é ter no mínimo 2 mil assentos.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.