Campeão na Rio 2016 recebe dinheiro de clube russo dois anos após calote
Sidrônio Henrique
09/12/2016 17h10
A longa briga entre o ponteiro brasileiro campeão olímpico Maurício Borges e o clube russo Fakel Novy Urengov, que se arrastava havia pouco mais de dois anos, finalmente chegou ao fim. O atleta processou e ganhou a causa contra o time, que o havia contratado para a temporada 2014/2015, mas o dispensou antes mesmo da apresentação, alegando que devido a perda de alguns patrocinadores não poderia manter os estrangeiros na equipe. Na época, setembro de 2014, Borges estava com a seleção brasileira na Polônia, na disputa do Campeonato Mundial. Nesta quinta-feira (8), o ponta recebeu integralmente o valor que havia pedido, correspondente àquela temporada em que foi dispensado pelo Fakel.
O ganho de causa já havia sido dado pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB), que é quem arbitra esses casos, em agosto deste ano. Faltava receber o dinheiro. Não mais. "Estou muito satisfeito com o desfecho, foi muito importante para mim, pois não vou ficar no prejuízo", disse Borges, campeão na Rio 2016, ao Saída de Rede.
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Jogadores ou técnicos que deixam de receber o valor definido em contrato não são raros no voleibol. Na liga russa, então, isso tem ocorrido com mais frequência nas últimas três temporadas. Nem sempre as partes chegam a um acordo e a disputa vai parar na FIVB. Os casos são avaliados por um tribunal da entidade que analisa disputas financeiras. Se a FIVB decidir que o clube deve pagar e este não o fizer, a saída é recorrer à justiça comum do país onde há o imbróglio. Como ficaria impedido pela FIVB de contratar outros estrangeiros e de disputar competições fora da Rússia, o Fakel pagou ao brasileiro.
Atualmente, por exemplo, um levantador, um líbero e um técnico brasileiros tentam receber salários atrasados de outro clube russo, numa situação que se alonga há quase dois anos e se repete com diferentes profissionais que passaram pela liga daquele país. O SdR opta por não divulgar nomes de casos em disputa para não atrapalhar eventuais acordos. Em relação a Borges, com a situação já definida, o valor é mantido em sigilo em respeito ao atleta.
Após a dispensa
Com os principais clubes do Brasil e do exterior tendo seus elencos já definidos quando foi comunicado da dispensa pelo Fakel Novy Urengov, Maurício Borges ainda conseguiu fechar com o Sesi para o período 2014/2015, mas por um valor bastante inferior ao contrato com a equipe russa. Desde a temporada passada, o ponteiro da seleção brasileira está no Arkas Izmir, clube turco treinado pelo canadense Glenn Hoag e que atualmente conta com o também ponta brasileiro João Paulo Bravo. Borges renovou com o clube para esta temporada e disputa, além do campeonato turco, a Liga dos Campeões da Europa.
Cronologia do caso
Em setembro de 2014, Maurício Borges deu entrada, por meio de seu agente e de seu advogado, ao processo na FIVB. Em junho de 2015, a Federação publicou a decisão, dando ganho de causa ao atleta, exigindo que o clube russo pagasse o valor integral do contrato pela temporada 2014/2015. O Fakel Novy Urengov recorreu. O advogado do brasileiro apresentou as contrarrazões. Em agosto de 2016, a FIVB divulgou a decisão definitiva a favor de Borges, obrigando o time russo a pagá-lo.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.