Topo

Lang Ping diz que só há duas opções para seu futuro

Sidrônio Henrique

30/11/2016 06h00

Lang Ping conquistou o ouro olímpico como atleta e como treinadora, feito inédito no vôlei (foto: FIVB)

Aposentadoria ou seguir como técnica da seleção feminina da China. São essas as duas opções que Lang Ping, treinadora que levou as chinesas a conquista da medalha de ouro na Rio 2016, coloca para si mesma, reveladas esta semana numa entrevista à TV estatal CCTV, do seu país, e que teve seu conteúdo parcialmente reproduzido pelo site da Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

Confira o Saída de Rede no Facebook

Ping, que completará 56 anos no dia 10 de dezembro, contou que recusou diversas ofertas de equipes no exterior, inclusive a seleção italiana. Ela já treinou times estrangeiros. Começou no voleibol universitário dos Estados Unidos, passou por clubes da Itália e comandou a seleção americana no ciclo 2005-2008.

Bernardinho recusa convite para dirigir seleção do Irã

Lang Ping havia conduzido a seleção feminina chinesa no período 1995-1999, quando levou o time ao bronze na Copa do Mundo 1995, à prata olímpica em Atlanta 1996, além do vice-campeonato mundial em 1998 – nas três competições o ouro ficou com Cuba. À frente dos EUA, outra prata nos Jogos Olímpicos, desta vez em Pequim 2008, perdendo a final para o Brasil, do técnico José Roberto Guimarães. Oito anos depois, agora novamente treinando a China, deu o troco em pleno Maracanãzinho, calando quase 12 mil torcedores que lotavam o ginásio, nas quartas de final da Rio 2016 – vitória asiática sobre as sul-americanas por 3-2, com 15-13 no tie break.

No comando dos EUA em Pequim 2008 (foto: FIVB)

Primeiros grandes títulos
O ouro no Rio e a conquista da Copa do Mundo 2015 foram os únicos grandes títulos de Lang Ping como técnica de seleções. Ela persistiu e chegou lá. Em 2014, havia sido vice-campeã mundial com as chinesas mais uma vez, sendo derrotada na final pelos EUA, do treinador Karch Kiraly – a China quase caiu na terceira fase diante da República Dominicana, vencendo as caribenhas de virada por 3-2 para se manter viva.

A carreira de técnica de Ping começou logo depois de deixar as quadras como jogadora. No Mundial 1986, aos 25 anos, foi assistente da ex-colega no sexteto nacional Zhang Rongfang, que estava no comando quando a China conquistou seu segundo e último título do torneio. A partir do ano seguinte, foi auxiliar do time de vôlei feminino da Universidade do Novo México, nos EUA, onde estudou gestão esportiva. Dali foi para a Itália, assumindo a função de técnica da equipe da cidade de Modena. Voltou a jogar para tentar ajudar a seleção do seu país a conseguir, em casa, o tricampeonato mundial, em 1990, mas teve que se contentar com a prata, caindo na decisão contra a antiga União Soviética. Depois, retomou a carreira de treinadora, seguindo para a Universidade do Novo México.

Como atleta, MVP em Los Angeles 1984 (Reprodução/Internet)

Ícone chinês
Fez história como atleta, sendo considerada a maior jogadora do mundo nos anos 1980, uma ponteira completa, quase perfeita em todos os fundamentos, que esbanjava técnica, conhecida como Iron Hammer (Martelo de Ferro). Ícone em seu país, teve seu primeiro casamento transmitido ao vivo pela TV. O governo comunista a considerava um modelo para a juventude chinesa. Esses anos todos, nunca perdeu o status de ídolo, agora ainda mais forte após o ouro na Rio 2016.

Chegou à seleção adulta com apenas 17 anos, em 1978. Mas passou a brilhar mesmo a partir de 1981, quando a China começou um domínio absoluto que duraria até meados da década. Era a estrela principal de uma equipe repleta de grandes jogadoras. Seu currículo como atleta impressiona: venceu a Copa do Mundo 1981 e 1985, Mundial 1982 e a Olimpíada de Los Angeles 1984, onde foi a melhor jogadora da competição.

Mais uma vez escolhida MVP e prestes a completar 25 anos, anunciou aposentadoria precoce após a Copa do Mundo 1985, para desespero dos fãs, que só a veriam em ação num retorno sob encomenda para aquele Mundial 1990.

É a única, entre homens ou mulheres, a conquistar o ouro olímpico no voleibol como atleta e como treinadora. A seleção feminina chinesa tem três ouros olímpicos e Lang Ping só não participou da campanha de Atenas 2004. Ela entrou para o Hall da Fama do Vôlei em 2002.

Além da indecisão entre sair de cena ou continuar no comando do time que conta com Ting Zhu e cia, Ping precisa de um tempo para se recuperar de uma lesão no joelho que tem provocado fortes dores.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Lang Ping diz que só há duas opções para seu futuro - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

Mais Posts