Ele ainda não ganhou nenhum jogo, mas é destaque da Superliga
Carolina Canossa
27/11/2016 06h00
Se você gosta de vôlei, preste atenção nesse nome: Gabriel Soares. Aos 23 anos, o ponteiro de 1,98m é um dos destaques individuais da Superliga masculina, ainda que seu time, o Lebes/Gedore/Canoas, tenha perdido todos os seis jogos que já fez na competição. Até o momento, o atacante soma 99 pontos, uma ótima média de 16,5 por partida, fazendo-o competir pelo posto de maior pontuador do torneio com nomes conhecidos como o do campeão olímpico Wallace e do gigante Renan Buiatti, de 2,17m.
Gabriel, que começou a jogar vôlei por influência de um professor ao perceber que não tinha talento no futebol, decidiu virar atleta na categoria de base do Sesi. No time da Vila Leopoldina, porém, não teve espaço na hora de fazer a transição para o profissional. Ficou seis meses sem clube e acabou indo parar no Hypo Tirol, da Áustria, alternativa que evitou o encerramento precoce de sua carreira. "Os times daqui têm preconceito com jovens e só tive a chance de jogar Superliga B no Brasil", contou o atleta com exclusividade ao Saída de Rede.
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Jogar em um país frio, distante e longe dos principais centros de voleibol no planeta parecia uma decisão desesperada, mas acabou sendo o grande acerto na carreira de Gabriel até agora. Na Áustria, foi campeão nacional duas vezes e teve a oportunidade de jogar a Champions League, o mais importante torneio de voleibol de clubes do mundo. Aprendeu bastante e conquistou o interesse de um time da elite nacional. "Voltei com um estilo um pouco diferente. Lá, eles deixam a gente bem solto para sacar, enquanto aqui é mais tático. Ganhei também experiência e amadureci bastante, dentro e fora da quadra", afirmou.
De fato, o saque é um dos pontos fortes do jovem, que faz questão de dividir os méritos das boas atuações individuais com os companheiros de equipe. "Meu desempenho também é coletivo, pois as jogadas só saem quando alguém faz um bom passe e o levantador me aciona em bons momentos", comentou Gabriel. Ele sonha alto: "Quero aparecer no cenário nacional, pois ninguém ainda me conhece".
O acúmulo de resultados negativos incomoda, mas o fato de Canoas já ter levado três partidas para o tie-break, inclusive diante dos favoritos Funvic/Taubaté e Vôlei Brasil Kirin, o anima. "Falta ainda maturidade para fechar o jogo, aproveitar as oportunidades. Também pegamos uma tabela difícil", lembrou o ponteiro, se referindo ao fato de Canoas também já ter enfrentado o Sesi e o Sada Cruzeiro nessas primeiras semanas de disputa. Ele, inclusive, sonha alto. "Nosso objetivo é chegar na semi. Somos um time jovem e todo mundo aqui acredita nisso", garantiu.
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As dificuldades do começo da carreira, no entanto, ainda não saíram da memória de Gabriel. Na dúvida se vai dar certo ou não no esporte, cursa o primeiro semestre da faculdade de design gráfico como "plano B". Conta com o auxilio dos professores para que os compromissos profissionais não prejudiquem as notas. "Se eu conseguir terminar, vou ficar muito feliz, nem que seja fazendo pouco a pouco", comentou.
Gabriel terá uma nova chance de finalmente vencer na Superliga no próximo sábado (3), quando o Canoas recebe em casa o Caramuru Vôlei/Castro, outro time que vive a mesma situação.
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.