Aclamado no mundo, técnico argentino diz que “ganhar do Brasil é um sonho”
Sidrônio Henrique
23/11/2016 06h00
"Ganhar do Brasil é um sonho, uma meta. Temos os brasileiros como referência para saber o quanto nos aproximamos deles, o quanto melhoramos". A declaração, que revela um desejo e ao mesmo tempo reflete a realidade, foi feita ao Saída de Rede pelo técnico da seleção masculina da Argentina, Julio Velasco. "Vencer o Brasil é uma aspiração que a Argentina tem e não vamos ceder. Nem eu nem qualquer argentino. Mas sabemos reconhecer a superioridade dos brasileiros. É uma equipe que está na final de todos os torneios, acabou de ganhar as Olimpíadas. Os brasileiros são os melhores do mundo, isso é indiscutível", completa.
Vôlei argentino ameaça hegemonia do Brasil
Velasco, reconhecido mundialmente por sua trajetória com a seleção da Itália nos anos 1990 e que recentemente colaborou com a ascensão do Irã, entre os anos de 2011 e 2013, assinou nesta terça-feira (22) a renovação do seu contrato com a Federação do Voleibol Argentino (FeVA) até as Olimpíadas de Tóquio, em 2020. A manutenção do trabalho iniciado pelo treinador em 2014 já era conhecida desde maio, como o SdR informou à época, mas somente agora, passada a Rio 2016 e tendo a chance de vir da Itália, onde ele mora com a família, para a Argentina, foi possível formalizar a renovação.
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Esta temporada, a Argentina demonstrou um bom voleibol desde a Liga Mundial, mas foi na Olimpíada que surpreendeu ao terminar a fase de classificação como primeira do seu grupo, à frente de Polônia e Rússia. Teve a má sorte de encarar o Brasil nas quartas de final e, mesmo diante do Maracanãzinho lotado, jogou de igual para igual contra os futuros campeões olímpicos, perdendo por 1-3 em um duelo que quase foi decidido no tie break. Segundo Velasco, na Rio 2016 a Argentina teve o melhor aproveitamento da competição nos ataques com bolas altas, o que causa espanto em razão da baixa média de estatura da equipe e por não ter tanta potência, indicando técnica apurada.
Desafio
"Vamos avançando, mas seguimos perdendo dos brasileiros. No próximo Campeonato Sul-Americano vamos nos medir ante eles mais uma vez", diz o treinador. Segundo a Confederação Sul-Americana de Vôlei (CSV), o torneio será disputado em agosto, no Brasil. A cidade e as datas ainda serão definidas.
A Argentina não vence a seleção brasileira principal desde o 3-1 nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. Outra vitória memorável para eles foi a que lhes deu o bronze em Seul 1988, quando um Brasil montado às pressas depois de uma crise levou o jogo para o quinto set, mas caiu.
Euforia
No ano passado, nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, os hermanos entraram em êxtase ao conquistar o ouro – com direito a mensagem de parabéns do ex-craque de futebol Diego Maradona pela vitória sobre o Brasil na final –, mas jogaram contra uma seleção brasileira B, cheia de juvenis. A imprensa local, por desconhecimento ou pelo simples prazer de comemorar o "feito", foi ao delírio.
Para o ciclo olímpico 2017-2020, Julio Velasco quer colocar de vez a sua seleção na elite. "Temos que começar a ganhar mais partidas do que vemos fazendo nas temporadas até aqui. Chegar, por exemplo, às finais da Liga Mundial. Queremos ganhar do Brasil na final do Sul-Americano", enfatiza. Aliás, derrotar seus maiores rivais numa final do campeonato continental seria algo histórico. Nos 31 Sul-Americanos realizados, o Brasil ficou com o título em 30 edições. No único vencido pela Argentina, em 1964, a seleção brasileira não participou.
Colaborou Sol Didiego, do site argentino Somos Vóley
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.