NBB dá o dobro de audiência e ensina lição à Superliga
Carolina Canossa
10/11/2016 06h00
Na comparação com o basquete no Brasil, o vôlei costuma sair na frente: medalhas, mídia, fãs, trabalho de base… Não por acaso, o vôlei costuma ter vários de seus aspectos como um exemplo a ser seguido por demais esportes. Mas nem sempre é assim: na questão dos clubes, pouco a pouco estamos sendo superados pela competente gestão que comanda o NBB (Novo Basquete Brasil) nos últimos anos.
Tomemos como exemplo a abertura das atuais edições do torneios nacionais de cada modalidade. Enquanto a Superliga masculina começou com um escondido JF Vôlei x Brasil Kirin na noite de uma quarta (horário associado ao futebol), o NBB voltou à ativa com o melhor que poderia disponibilizar: Gocil/Bauru Basket x Flamengo, a reedição da final das últimas duas temporadas. O duelo, emocionante, teve duas prorrogações antes de terminar com vitória dos cariocas.
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Com todo respeito ao JF Vôlei e ao Brasil Kirin, que não têm nada a ver com isso, mas… será que a Superliga 2016/2017 não poderia ter começado com um jogo mais atraente para o público que não acompanha vôlei com frequência? Nada menos do que dez dos 12 campeões daquela campanha épica da Rio 2016 estão jogando o torneio, além do tricampeão mundial Sada Cruzeiro. Dava pra ser mais atraente, não?
Curioso notar que a partida de abertura sequer teve transmissão para a TV, seja aberta ou fechada. No feminino, a situação não foi diferente, com o Renata Valinhos/Country recebendo o promissor Dentil/Praia Clube, em jogo que, embora com transmissão do SporTV, teve pouco apelo. Difícil chamar atenção assim.
(Aproveito para fazer um adendo: algumas partidas do NBB que não são transmitidas contam com transmissão via Facebook, algo que não acontece na Superliga)
Abertura da Superliga: se você não foi ao ginásio, só viu por fotos (Crédito: Bruno Miani/Inovafoto/CBV)
Para piorar, os duelos programados para as primeiras rodadas da Superliga colocam os times mais fortes diante de equipes sabidamente mais fracas. Os favoritos Sada, Taubaté/Funvic, Sesi, Brasil Kirin, Rexona, Praia e Vôlei Nestlé só começam a jogar entre si a partir da sétima rodada. É muito tempo. Ao menos no primeiro turno, para "esquentar" a disputa, tais partidas deveriam acontecer mais cedo.
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O resultado desse deslize na hora de montar a tabela foi visto nos números: jogando ao mesmo tempo que Sada Cruzeiro e JF Vôlei no último sábado (5), Flamengo e Bauru conseguiram mais que o dobro de audiência na tela da Band do que a RedeTV! obteve passando o vôlei. Foi 0,9 contra 0,4 ponto de média, segundo o site TV Foco. Todos sabemos que promover esporte olímpico é uma tarefa complicada no Brasil (os números de audiência deixam isso claro), mas é preciso que os dirigentes do vôlei também façam a parte deles. Caso contrário, será cada vez mais difícil.
* Atualizado às 11h15
Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.