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Antiga é demitido na Polônia; cinco estão na corrida pelo cargo de técnico

Sidrônio Henrique

11/10/2016 06h00

 

Depois da conquista do Mundial 2014, Antiga não conseguiu outro título para a Polônia (fotos: FIVB)

Já era esperado. O francês Stephane Antiga foi despedido do cargo de técnico da seleção masculina de vôlei da Polônia. A Federação Polonesa de Vôlei (PZPS) anunciou nesta segunda-feira (10) uma demissão que era aguardada desde a eliminação da equipe pelos Estados Unidos nas quartas de final da Rio 2016.

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O substituto de Antiga será conhecido, segundo a PZPS, em meados de novembro. Cinco nomes estão na corrida: Ferdinando De Giorgi, Angelo Lorenzetti, Lorenzo Bernardi, Raul Lozano e Radostin Stoychev – três italianos, um argentino e um búlgaro. Nenhum polonês está cotado. A última vez que a seleção masculina da Polônia foi dirigida por alguém do próprio país foi nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, quando Stanislaw Gosciniak comandou a equipe.

Do céu ao inferno
Antiga foi o treinador da Polônia por dois anos. Assumiu o time em 2014, após um período turbulento da equipe nas mãos do italiano Andrea Anastasi. Foi seu primeiro trabalho como treinador, ele que havia terminado a temporada de clubes como ponteiro do Skra Belchatow. Ao seu lado, como assistente, tinha Philippe Blain, seu ex-técnico, da época em que jogava na seleção francesa. Depois de uma campanha irregular na Liga Mundial naquela temporada, Antiga conduziu a seleção polonesa ao título do Campeonato Mundial, disputado em casa, numa final diante do Brasil. Desde então, a equipe não venceu mais nada, o que foi desgastando o treinador, tanto com os jogadores como com a PZPS.

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A queda nas quartas de final da Rio 2016 (a quarta vez consecutiva que a Polônia foi eliminada nesta fase nas Olimpíadas) foi a gota d'água para a saída do técnico. Durante o torneio no Maracanãzinho, o oposto Bartosz Kurek chegou a afirmar, na zona mista (área em que os atletas atendem a imprensa), que o time não estava sendo bem conduzido. Mais tarde, já na Polônia, o levantador reserva Fabian Drzyzga pediu a cabeça do treinador numa entrevista ao portal Przeglad Sportowy.

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Fritura
Foram quase dois meses na fritura antes da demissão, um desgaste desnecessário diante de uma dispensa óbvia. Ao resistir, Stephane Antiga abala um pouco o prestígio e o valor de mercado obtidos com o título mundial de 2014. A conquista consolidou a fama do então novato treinador entre os poloneses – ele já estava no país havia sete anos como jogador.

A vitória no Mundial 2014 deu a Antiga o status de gênio, conferido pela deslumbrada imprensa polonesa. A conquista foi embalada por manobras de bastidores e contusões dos principais adversários, mas também com muita garra do time polonês e a presença de uma torcida apaixonada. O ouro foi sua glória e também o começo do fim. Nos torneios seguintes, sem a atmosfera do Mundial, as limitações da equipe ficaram evidentes. Mas as cobranças, tanto dos torcedores quanto da mídia, não cessavam. A Polônia chegou ao Rio sem inspirar muita confiança. Ao perder para os EUA em sets diretos, nas quartas de final, ninguém no Maracanãzinho ficou surpreso.

Sucessão
O italiano Ferdinando De Giorgi, que na temporada passada foi campeão polonês com o Zaksa Kedzierzyn Kozle e segue à frente do clube, é o queridinho da vez da PZPS e tem grandes chances de assumir o cargo de técnico da seleção. Não é a primeira vez que ele é cotado para o posto, porém, trabalhando no país desde o ano passado e detentor do título nacional, ele tem mais cacife agora. Como jogador, De Giorgi era levantador reserva na lendária Generazione di Fenomeni, o time que nos anos 1990 foi tricampeão mundial.

De Giorgi dirige o clube Zaksa Kedzierzyn Kozle (Reprodução/Internet)

Outro forte candidato é o também italiano Angelo Lorenzetti, que após quatro anos dirigindo o Modena transferiu-se esta temporada para o Trentino, ambos da liga da Itália. Os rumores em torno do nome de Lorenzetti cresceram a partir de meados de setembro.

Mais um italiano, Lorenzo Bernardi, aparece como um potencial sucessor de Antiga. A diferença aqui é que o lobby é mais forte do que os predicados. Uma fonte ligada à PZPS ouvida pelo Saída de Rede informou que o treinador se movimenta nos bastidores para conseguir o cargo, "mas poucos o querem treinando a seleção". De 2010 a 2014, Bernardi comandou o clube polonês Jastrzebski Wegiel, sem muito sucesso. Depois seguiu para a Turquia, onde dirige o estelar Halkbank Ankara, com resultados modestos para um elenco de peso. A carreira irregular como técnico contrasta com a de atleta: o ponteiro Lorenzo Bernardi jogou pela seleção italiana de 1987 a 2001, era estrela de primeira grandeza da Generazione di Fenomeni e é considerado por muitos o maior jogador do século passado depois do americano Karch Kiraly.

Radostin Stoychev fez história à frente do clube italiano Trentino

O búlgaro Radostin Stoychev plantou seu nome na mídia polonesa logo após as Olimpíadas. O treinador, que deixou o Trentino este ano, clube com o qual colecionou inúmeros títulos, faz campanha para suceder outro treinador. É que apesar da prata na Copa do Mundo 2015 e na Rio 2016, o competente Gianlorenzo Blengini não é unanimidade na Itália. Bem relacionado por lá, Stoychev está de olho numa eventual vaga. Com trânsito em outros países, o búlgaro aposta algumas fichas junto a PZPS, mas corre por fora. De qualquer forma, a prioridade dele é mesmo a Itália. Stoychev já treinou a seleção da Bulgária, de 2011 a 2012, deixando a equipe antes da Olimpíada de Londres devido a uma briga com a federação do seu país.

Surpresa mesmo seria a volta do argentino Raul Lozano ao comando da seleção polonesa. Ele esteve à frente do time no ciclo 2005-2008, levou a equipe a um surpreendente vice-campeonato no Mundial 2006, mas ao cair nas quartas de final em Pequim 2008, em um duelo dramático contra a Itália, foi massacrado pela PZPS e deixou o país brigado com boa parte dos dirigentes. Oito anos é bastante tempo e houve mudanças na Federação Polonesa, mas uma parcela daqueles que se desentenderam com Lozano ainda está por lá. A mais recente função do argentino foi treinar a seleção do Irã em 2016 – o time foi eliminado nas quartas de final dos Jogos Olímpicos. O contrato com os iranianos acabou. Será que ele volta a ser o técnico da Polônia? Antes de ir para o Irã, ele estava no modesto Czarni Radom, da liga polonesa. Contatos no país ele tem, resta saber se ainda consegue agradar a PZPS.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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