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O que esperar em termos de renovação na seleção masculina no próximo ciclo?

Sidrônio Henrique

22/09/2016 06h00

Alguns dos jogadores campeões olímpicos na Rio 2016 deverão ser substituídos (fotos: FIVB)

A seleção masculina de vôlei encara um novo ciclo a partir de maio do próximo ano, começando com a Liga Mundial 2017 e terminando nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Boa parte dos atletas que passaram pela equipe no período 2013-2016 deverá continuar servindo ao time, que foi renovado em algumas posições, mas há a clara necessidade de reposição de certas peças, em razão do fator idade. A incerteza da continuidade do trabalho de Bernardo Rezende como treinador também deve ser considerada quando se pensa em alterações na equipe, afinal uma eventual mudança no comando implica na possibilidade de novos rostos em posições nas quais já havia referências.

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Uma renovação certa é na posição de líbero após a despedida de Serginho. O líbero bicampeão olímpico e mundial, MVP da Rio 2016, disse adeus à seleção. A escolha óbvia recai sobre Tiago Brendle, 30 anos, que fez parte do time em 2015 e 2016, tem a maturidade necessária para uma função tão crítica, apresentou bom rendimento, tinha voleibol inclusive para estar na Olimpíada e arrancou elogios de Bernardinho. Um nome no qual a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) está de olho é Felipe, 26, que foi um dos dois líberos que foram ao Mundial 2014. Ex-atleta de Rubinho, assistente de Bernardinho, o jogador continua em alta na visão do atual comando. Outro em observação, mas que tem como entrave a uma ascensão imediata a pouca experiência, é Rogerinho, 21 anos. Destaque nas categorias de base, na qual acumulou vários prêmios, ele integra a seleção sub23.

Nas finais do circuito mundial, festa dos campeões olímpicos da praia

No meio de rede, Sidão e Éder, que frequentaram a seleção nos últimos dois ciclos, devem provavelmente abrir espaço para os mais novos. Por problemas físicos, Sidão, 34 anos, titular de 2011 a 2014, ficou fora da Rio 2016. Éder, que ascendeu no ciclo passado, completa 33 em outubro. Lucão esteve no sexteto inicial nas últimas oito temporadas, tem 30 anos e físico para continuar – é uma das referências de Bernardinho na equipe. Surpresa da temporada, melhor central da Liga Mundial 2016 e atualmente um dos melhores bloqueadores do mundo, Maurício Souza, que disputou a Olimpíada longe da sua melhor condição física por causa de uma contratura muscular, completa 28 anos daqui a uma semana e é uma das grandes armas da seleção brasileira. Outro destaque do ciclo passado foi Isac, 25 anos, que ficou fora do Mundial 2014 e da Rio 2016 por problemas físicos – em forma, é nome certo na seleção. Fique atento a Leandro Aracaju, 23 anos, que vem treinando com a seleção principal desde 2015 e que deve ser convocado.

Tiago Brendle despontou no ciclo passado como sucessor de Serginho

Na saída de rede, Wallace, 29 anos, segue firme, mas novamente surge a dúvida sobre o seu reserva. Vários jogadores foram testados, especialmente Evandro, 35, Leandro Vissotto, 33, e Théo, 33. Os três já não são exatamente jovens para encarar mais um ciclo. O gigante Renan, de 2,17m, 26 anos, convocado desde o final do ciclo 2009-2012, até agora não decolou. Este ano, o oposto Franco, também de 26 anos, treinou com a seleção em Saquarema. Resta saber se Bernardinho o vê com perfil para jogar pela seleção, caso o técnico permaneça na função.

Entre os levantadores, Bruno Rezende, na equipe desde meados da década passada, atualmente com 30 anos, ainda tem muita estrada pela frente e está disposto a continuar com a equipe. O segundo armador é que passa a ser um problema, uma vez que os dois substitutos imediatos, William Arjona e Raphael Oliveira, têm 37 anos. Será que continuarão sendo chamados? Ainda que, em tese, Bruno consiga jogar mais dois ciclos olímpicos, é necessário encontrar outros jogadores da posição com nível para jogar na seleção, até porque o provável titular não está imune a uma contusão, por exemplo. Na seleção sub23, citada pelo próprio Bruno como natural referência na renovação, o titular é Fernando Cachopa, 20 anos, reserva no Sada Cruzeiro. Habilidoso, já foi elogiado por Bernardinho, treinou com a seleção B, mas tem como obstáculos o pouco tempo de quadra, uma vez que é o substituto de Arjona no clube, e também a baixa estatura, 1,85m – fator que certamente impediu voos mais altos de William Arjona.

Bruno e Lucarelli devem ser nomes certos nas próximas convocações

Na entrada a situação é menos crítica, com ressalvas ao nível da recepção dos remanescentes. Depois que Murilo Endres, um dos principais passadores do voleibol mundial, despediu-se da seleção na sequência do seu corte dias antes da Rio 2016, Ricardo Lucarelli passou a ser a principal referência na ponta, mas carece de bom passe, apesar do talento incontestável no ataque. Na Olimpíada carioca, Maurício Borges começou como titular e ao longo do torneio deu lugar a Lipe, que chegaria a Tóquio 2020 com 36 anos, ou seja, é bom provável que não esteja no próximo ciclo. Já Borges, que alterna momentos brilhantes e erros em sequência, parece nome certo, principalmente se polir seu jogo. Uma das apostas para o futuro é Douglas Souza, campeão olímpico, que teve atuação discreta no Rio de Janeiro (entrou em apenas uma partida), mas que desponta como um dos grandes talentos brasileiros. Entre os mais novos, Gabriel Vaccari, que completa 20 anos em dezembro e joga pela seleção sub23, vinha treinando com a principal e pode ser testado a partir de 2017. Mas a grande expectativa do torcedor é para a provável convocação do cubano naturalizado brasileiro Yoandry Leal, que poderá integrar o time a partir de 2018. Maior estrela do multicampeão Sada Cruzeiro, Leal seria uma arma importante na estratégia de ataque e de saque da seleção.

A princípio, entre os titulares, a equipe certamente manterá caras conhecidas, com protagonismo de jogadores que cresceram ao longo do ciclo 2013-2016, como o ponta Lucarelli, o oposto Wallace ou o central Maurício Souza. Sem o líbero Serginho, os mais experientes passam a ser o levantador Bruno e o central Lucão, e é pouco provável que, na hipótese de haver um novo treinador, deixem de ser convocados. Para os possíveis novatos, será o início de uma escalada que pode ser compensadora, vestindo a camisa de uma seleção que está quase sempre no pódio e que acaba de se sagrar campeã olímpica pela terceira vez na história.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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