Se você é um daqueles torcedores que ainda mal se recuperaram das emoções trazidas pelo vôlei brasileiro na Olimpíada, pode se preparar: vem mais por aí! A partir do dia 7 até 18 de setembro, a Paralimpíada do Rio de Janeiro tem tudo para trazer outras boas notícias para os praticantes da modalidade no país, agora com o vôlei sentado.

Criado em 1956, o vôlei paralímpico tem muitas similaridades com a formatação convencional do esporte. De diferente, a quadra com dimensões reduzidas (10 m de comprimento por 6 m de largura), a rede mais baixa (1,15 m no masculino e 1,05 m no feminino) e a possibilidade de bloquear o saque.

Como se saíram os favoritos no vôlei masculino da Rio 2016?

Os praticantes do esporte são pessoas que tiveram amputações de membros inferiores, lesões na coluna vertebral, paralisia cerebral ou outros tipos de dificuldades motoras, mas há atletas com deficiências quase imperceptíveis, como pequenas amputações ou problemas de articulação leves – cada time, porém, só pode ter dois jogadores nessa categoria e ambos não podem estar em quadra ao mesmo tempo.

O Brasil nunca subiu ao pódio do vôlei sentado em uma Paralimpíada, mas esse tabu tem tudo para cair agora. "Nossa expectativa é disputar medalha, inclusive a de ouro, tanto no masculino como no feminino", afirma Amauri Ribeiro, presidente da Confederação Brasileira de Vôlei para Deficientes (CBVD). Membro da Geração de Prata, o ex-jogador conheceu o vôlei sentado na Paralimpíada de Atenas e se apaixonou. "É um esporte de alto rendimento que não deixa nada a dever em termos de emoção para qualquer jogo que estamos acostumados a ver", conta.

Conheça abaixo um pouco mais das seleções brasileiras:

Masculina
Sexta e quinta colocada nas duas últimas edições paralímpicas (as duas únicas que participou), a seleção brasileira chega ao Rio como favorita ao pódio gabaritada pelo vice-campeonato mundial em 2014. Treinado por Fernando Guimarães, irmão de José Roberto Guimarães, o time conta com três ex-jogadores profissionais do vôlei convencional: Anderson Ribas (bicampeão da Superliga em 2009 e 2010 pela Cimed, que teve que trocar de carreira devido a problemas nos joelhos), Fred Dória (Rei da Praia em 2000, que ficou com instabilidade articular após colocar um parafuso no joelho esquerdo) e Levi Gomes (duas vezes vice-campeão da Superliga, cujo tornozelo ficou com mobilidade reduzida devido a lesões).

Como cada um dos três possui mais de 2 metros, a chegada deles representou um salto de qualidade para o Brasil, já que no vôlei sentado o bloqueio é especialmente importante. "O time ficou mais alto. Os investimentos também aumentaram e isso se refletiu também na parte técnica. Aí as coisas foram acontecendo", explica o levantador Renato Leite, um dos pioneiros da modalidade no país, com mais de 400 jogos pela seleção, onde também já atuou como líbero.

Para Camila Brait, Zé Roberto se decidiu por Léia ainda no Grand Prix

Ex-jogador de futebol, Renato precisou amputar a perna esquerda em 2002 devido a um acidente de moto. Hoje, também trabalha em um banco e atua como presidente da Federação Paulista. Para ele, uma medalha de ouro significaria maior visibilidade e, assim, a possibilidade de viver só do vôlei paralímpico. "Estou disposto a dar minha vida na Rio 2016 e com certeza vamos conseguir o melhor resultado", garante.

Os maiores rivais do Brasil serão a Bósnia, que conta com muitos jogadores mutilados durante a guerra, e o Irã, cuja seleção é formada por atletas que sofreram com um surto de poliomelite no país. Como incentivo, o líbero Serginho recentemente participou de um treino com os compatriotas e sentiu na pele o desafio de jogar vôlei sentado. "A velocidade é maior e o gasto energético também. Usa-se muito mais os braços, por isso os atletas do vôlei em pé sentem-se mais cansados", conta Renato.

Atacantes: Daniel Silva, Gilberto Silva, Levi Gomes
Levantadores: Renato Leite, Vagner Silva, Wellington Anunciação
Líbero: Rodrigo Mello
Ponta: Anderson Ribas, Carlos Glemboski, Frederico Souza
Meio-de-rede: Wescley Oliveira
Oposto: Fabricio Pinto
Técnico: Fernando Guimarães

Feminino
Finalistas nos dois últimos Jogos Pan-Americanos, as brasileiras do vôlei sentado estão em evolução e recentemente acumularam vitórias sobre China e Holanda, duas das potências da modalidade ao lado dos Estados Unidos. Em busca de um bom resultado no Rio, o time está desde o dia 21 treinando em Volta Redonda com as chinesas, atuais bicampeãs paralímpicas.

Ainda há desafios para Bernardinho na seleção?

"Para a gente está sendo muito importante, especialmente na parte defensiva, de volume de jogo", explica a atacante Janaína Cunha, que também esteve na Paralimpíada de Londres, em 2012, quando o Brasil ficou em quinto lugar. "Nosso ponto forte é o bloqueio e também a vontade de ganhar uma medalha aqui dentro do nosso país", emenda.

Destaque na seleção juvenil convencional, Janaína perdeu força muscular na panturrilha e no quadríceps aos 18 anos, quando foi atropelada.

"Foi muito difícil, pois na época eu era uma promessa do vôlei convencional. Foi um baque bem forte ter a carreira interrompida. Voltei pra Varginha, minha terra-natal, estava estudando e namorando pra casar. Redescobrir o vôlei foi maravilhoso. É uma realização no vôlei, só que sentado", destaca.

Curta o Saída de Rede no Facebook!

A seleção feminina ainda conta com outras duas jogadoras que jogaram vôlei convencional: Camila Castro e Laiana Batista.

Atacantes: Camila Castro, Janaína Cunha, Jani Batista, Nathalie Silva, Pâmela Pereira, Paula Herts, Suellen Lima
Levantadoras: Adria da Silva, Edwarda Dias*, Gizele Dias
Líbero: Nurya Silva
Oposta: Laiana Batista
Técnico: José Dantas

* Também joga como ponta

O vôlei paralímpico será disputado de 9 a 18 de setembro no Riocentro. No masculino, o Brasil está no grupo A ao lado de Egito, Alemanha e Estados Unidos. No feminino, também na chave A, as adversárias serão Ucrânia, Canadá e Holanda. Os ingressos, que custam de R$ 20 a R$ 60, podem ser comprados no site oficial.