Fraco tecnicamente, Camarões deve ser aplaudido pelo espírito olímpico
Carolina Canossa
06/08/2016 06h00
Após confronto no Mundial de 2014, camaronesas pediram para tirar fotos com as brasileiras (Fotos: FIVB)
Quando Brasil e Camarões entrarem em quadra às 15 horas (de Brasília) deste sábado (6) para iniciarem suas respectivas participações no vôlei feminino da Rio 2016, o que veremos em quadra é uma seleção de alto nível diante de um time semi amador. Ainda muito longe da elite mundial, as camaronesas não devem oferecer resistência nem mesmo se o técnico José Roberto Guimarães optar por colocar o time reserva em quadra. Apesar de desconhecida, a equipe africana foi derrotada em sets diretos até mesmo para a seleção sub23 do Brasil nos amistosos preparatórios para os Jogos.
Para Camarões, o simples fato de estar na Olimpíada é uma vitória. Ganhar um set no Rio será um sonho realizado. O técnico Jean-René Akono tem tanta ciência das limitações de suas jogadoras que trouxe o time para o Brasil cedo, já no fim de maio. A intenção era aprender o máximo possível aqui no país do vôlei para se firmar como a maior força do continente e, assim, desenvolver a modalidade no país. Mais do que torcer, o público que for ao Maracanãzinho deve aplaudir as camaronesas pela coragem de encarar alguns dos melhores times do mundo mesmo sem ter nível técnico para isso.
O que esperar da seleção brasileira feminina na Rio 2016?
Ponto forte
Com apenas cinco jogadoras que atuam no exterior, Camarões tem como principal ponto forte forte e o entrosamento, já que o time joga junto há muito tempo e as jogadoras que estão no exterior defenderam o mesmo time, o VBC Chamalieres (França). Foi assim que as "Leoas", como o time é chamado, superou o Egito por 3 a 2 na dramática decisão do Qualificatório Africano, em fevereiro. Simpáticas, elas também devem chamar a atenção pela empolgação com que comemoram os pontos que fazem
Ponto fraco
Apesar de todo o esforço, ainda falta muita técnica para o time e o nervosismo de estar em um ginásio lotado contra as donas da casa deve fazer efeito. Erros de fundamento são frequentes e o jogo se concentra na oposta Christelle Nana. Anulando a atacante, não há muito mais com o que se preocupar.
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Qual a chance de ganhar do Brasil?
Zero. Ou melhor: uma derrota para Camarões na Olimpíada seria um vexame sem precedentes para o voleibol brasileiro.
Fique de olho
Atuando no voleibol francês desde 2010, a oposta Christelle Nana é a atleta com maior rodagem internacional. Forte e dona de uma técnica razoável, pode fazer estrago contra defesas desatentas
Elenco (em negrito, o provável time titular)
Levantadoras: Koulla (camisa 7) e Guigolo (14)
Oposta: Nana (2)
Centrais: Mogoung (1), Mbeza (5), Ntame (11) e Zessi (15)
Ponteiras: Bassoko (6), Bikatal (10), Abdoulkarim (12) e Bodo (13)
Líbero: Nasser (4)
Técnico: Jean-René Akono
Desempenho no ciclo olímpico
Estreante na Olimpíada, a seleção de Camarões nunca conseguiu sequer vencer o Campeonato Africano. No atual ciclo olímpico, ficou com um vice e um terceiro lugar no torneio continental. Participou também do Mundial de 2014, na Itália, quando só conseguiu vencer um set (contra o Canadá) e foi facilmente superado por um Brasil cheio de reservas por 3 a 0. Daquele jogo, aliás, a maior lembrança foi a tietagem das camaronesas que pediram muitas fotos para as bicampeãs olímpicas após o jogo
Na praia e na quadra, quem é pedra no caminho do vôlei brasileiro no Rio?
O que mais rola no dia?
As partidas que mais prometem nessa estreia do voleibol feminino na Rio 2016 estão nos extremos do dia: logo cedo, às 9h30, Japão e Coreia do Sul fazem um duelo cheio de rivalidade e boas defesas, que também contará com a ponteira Kim Yeon-Koung, uma das melhores atletas do mundo. Já às 22h35, a tradicional Itália tentará fazer frente ao poder de fogo da Sérvia. China (vs Holanda, às 11h35), Estados Unidos (vs Porto Rico, às 17h05) e Rússia (vs Argentina, às 20h30) são favoritas em seus duelos.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.