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O que os cortes representam no time de Bernardinho?

Sidrônio Henrique

19/07/2016 06h00

O técnico Bernardo Rezende dirige a seleção masculina de voleibol desde 2001 (fotos: FIVB)

Definidos os nomes dos 12 jogadores que irão representar a seleção brasileira de vôlei masculino na Rio 2016, lista divulgada em primeira mão pelo Saída de Rede na manhã de segunda-feira (18), o leitor talvez se pergunte o que muda e o que perde a equipe comandada pelo técnico Bernardo Rezende.

Em relação ao que apresentou na Liga Mundial, do ponto de vista técnico e tático, observado o time titular na maioria das partidas, quase nada se altera. Dos três cortes, a única surpresa foi a dispensa do ponta Murilo Endres, que apesar de estar longe da sua melhor forma física representava uma opção importante para a linha de passe. Uma lesão na panturrilha esquerda, a mesma que atrapalhou a vida do oposto russo Nikolay Pavlov no Campeonato Mundial 2014, foi a causa da saída do experiente ponteiro brasileiro, campeão mundial em 2006 e 2010, prata olímpica em Pequim 2008 e Londres 2012. Já se esperava que o central Isac e o líbero Tiago Brendle fossem cortados.

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A ausência de Murilo não muda o panorama porque ele quase não vinha jogando e não porque ele fosse dispensável. Mesmo em condições físicas abaixo do ideal, como vimos ao longo deste ciclo, o ponta do Sesi seria importante. Uma linha de recepção com Murilo e Serginho representa um desafio maior para o sacador adversário, um passe potencialmente com maior qualidade para o levantador Bruno Rezende, consequentemente oferecendo mais opções no ataque e dificultando a vida do bloqueio do oponente. Ainda que na reserva, o simples fato de poder contar com ele seria um alento para Bernardinho, que deve ter ido ao limite antes de decidir pelo corte do veterano.

O ponteiro Murilo seria peça importante na linha de passe

Filme triste
Provavelmente ainda deve ecoar na memória do técnico brasileiro as duas últimas edições dos Jogos Olímpicos, quando ficou com a prata. Tanto nos Jogos de Pequim 2008 quanto em Londres 2012 as lesões atrapalharam a seleção brasileira. A situação mais dramática ocorreu há quatro anos, na final entre Brasil e Rússia. O ponta Dante, que sofria com dores no joelho havia alguns anos devido a uma artrose, não suportou a carga a partir do terceiro set. O outro ponteiro titular era Murilo, MVP da competição, que ficou sobrecarregado. Vindo do banco, Thiago Alves não rendeu o esperado, tecnicamente falando. Giba retornava após uma cirurgia na tíbia, devido a uma fratura por estresse, e apesar de clinicamente recuperado não alcançou o melhor da sua forma. Certamente Bernardinho não queria correr o risco de ver um filme repetido e com final triste.

Isac, de volta ao time após tratamento para reduzir as dores decorrentes de uma hérnia de disco, vinha atuando pouco e não apresentava o mesmo rendimento. Como explicamos na segunda-feira, o líbero Tiago Brendle teve um desempenho equiparável ao do experiente Serginho, mas o papel deste último como líder e sua segurança em momentos de pressão pesaram na decisão do técnico. Em ambos os casos, essas ausências serão menos sentidas, pois quem permanece pode jogar igual ou até melhor.

Time titular
A única dúvida no time titular é a do segundo ponteiro e é bem possível que vejamos uma alternância entre Maurício Borges e Lipe, ambos com rendimento bom no ataque, donos de saques potentes, mas com oscilações na recepção. O restante do time parece certo: o oposto Wallace, o levantador Bruno, os centrais Lucão e Maurício Souza, o ponta Lucarelli e o líbero Serginho. Não é o time ideal, mas é o possível. E foi com essa equipe, com a eventual troca do dispensado Brendle por Serginho, que o Brasil derrotou alguns dos seus principais adversários na Rio 2016 durante a recém-encerrada Liga Mundial.

Entenda os cortes na seleção feminina de vôlei

Espera-se que nessas duas semanas e meia até a estreia contra o fraco México, no dia 7 de agosto, o time esteja ainda melhor fisicamente, resultado da redução da carga de exercícios físicos, e que o passe não comprometa tanto, como nas duas únicas derrotas sofridas na Liga Mundial, ambas para a Sérvia, que estava no ápice da forma física e disputava sua última competição do ano, pois não virá ao Rio. Sem Murilo, permanece na seleção o jovem Douglas Souza, ponteiro de apenas 20 anos, o mais novo da equipe, uma aposta para o próximo ciclo que tem, desde já, a chance de sua primeira medalha olímpica.

Com todas as suas limitações na linha de passe e com o ataque pelas pontas concentrado em Wallace e Lucarelli, o Brasil será um dos times mais fortes no Maracanãzinho e ainda conta com a torcida a favor. De positivo, diga-se, vimos este ano um time que saca melhor do que nas temporadas anteriores e que defende mais. A derrota em sets diretos para a Sérvia na final da Liga Mundial talvez incomode o torcedor, mas é bom lembrar que a seleção brasileira superou poloneses, italianos, americanos e franceses. Em um cenário de equilíbrio como o do voleibol masculino isso é um bom sinal.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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