No sobe e desce da semana, Brasil e Sérvia em alta, EUA e Polônia em alerta
João Batista Junior
18/07/2016 06h00
Na gangorra desta semana, vencedor e vencido na Liga Mundial aparecem do mesmo lado, enquanto duas candidatas ao ouro no Rio precisam acender o alerta. É claro que as finais em Cracóvia, na Polônia, dominariam a cena, e o público presente às partidas também entrou na conta do balanço do vôlei.
SOBE
SÉRVIA – Eliminada da Rio 2016 ainda na segunda partida do Pré-Olímpico Europeu, em janeiro, a Liga Mundial era o que restava para salvar o ano da seleção sérvia. O time dos Bálcãs começou bem a competição, venceu os seis primeiros jogos que disputou e conquistou a vaga às finais com certa antecedência. Nesta semana, a decisiva do torneio, passou às semifinais, superou a Itália e, no jogo do título, não deu a menor chance à seleção brasileira.
A Sérvia compensou a ausência da estrela do time nas finais, o oposto Atanasijevic, lesionado, com um saque destruidor e com os ponteiros Uros Kovacevic e Marko Ivovic – eleito melhor jogador da competição – carregando o time no ataque. Foi o primeiro troféu que os sérvios levantaram na Liga Mundial em seis finais que disputaram.
Saque sérvio impede Brasil de quebrar jejum de títulos
BRASIL – O deca não veio e o jejum de seis anos chateia. Ok. Mas o mau resultado no domingo não apaga a boa atuação brasileira na fase classificatória da Liga nem na semana em Cracóvia. Dá até para dizer que o voleibol apresentado no torneio foi o melhor que a seleção masculina jogou em todo este ciclo olímpico.
Os ponteiros Lucarelli e Mauricio Borges se destacaram na competição, especialmente este último, que parece ter virado o jogo e conquistado, com qualidade, um lugar no time das Olimpíadas. O central Mauricio Souza, se era nome certo para o corte, quando convocado em abril, termina o torneio como titular absoluto graças, sobretudo, à enorme eficiência no bloqueio. E Wallace foi um oposto bastante seguro no ataque, teve ótimo aproveitamento nas cortadas e terminou como maior pontuador da semifinal contra a França e da final, apesar da derrota.
Quem acompanhou as três Ligas Mundiais anteriores e o Campeonato Mundial da Polônia 2014 talvez não imaginasse que a seleção brasileira, às vésperas das Olimpíadas, voltasse a jogar bem e devolvesse ao torcedor a confiança de que pode encarar e vencer as grandes rivais – como fez, nas últimas semanas, contra EUA, Itália, Polônia e França.
DESAFIO ELETRÔNICO – E não é que a revisão de vídeo funcionou bem nas finais? Ágil e eficiente, o mecanismo dirimiu satisfatoriamente as dúvidas de toque da bola no bloqueio ou do jogador na rede, e, na hora de determinar se a bola caiu dentro ou fora, chegou a lembrar, pela rapidez de decisão, o sistema utilizado no tênis, no qual o vôlei se inspirou para implantar o desafio. A evolução já pôde ser notada nas finais do Grand Prix, semana passada.
Pensando nas marcações equivocadas do video challenge no início da Liga Mundial, o avanço do sistema eletrônico é uma grande notícia para o vôlei às vésperas das Olimpíadas.
DESCE
ESTADOS UNIDOS – É claro que os EUA chegarão ao Rio na condição de fortes candidatos ao ouro, e é óbvio que um time com um oposto como Matt Anderson e ponteiros como Taylor Sander, Thomas Jaeschke, Aaron Russell e o veterano William Priddy tende a crescer. Isso é óbvio, ninguém vai descartar a seleção norte-americana do baralho olímpico. Mas o voleibol que jogou nas finais da Liga Mundial deixou muito a desejar.
Primeiro, o time perdeu para a Itália – na única vitória da Azzurra em quatro jogos nesta semana – e ficou em situação difícil para chegar às semis. Então, precisando de uma vitória sobre um time brasileiro recheado de reservas, foi eliminado e perdeu no tie break.
Levando em conta que o time não ficou nem entre os quatro primeiros nos dois últimos Campeonatos Mundiais e caiu nas quartas em Londres 2012, o lado bom das derrotas em Cracóvia é que serviram de alerta.
POLÔNIA – Certo que, nessas finais da Liga, não haveria grupo fácil e que os rivais poloneses – Sérvia e França – foram, nada menos, que o time campeão do ano passado e o vencedor desta edição. Contudo, depois de uma frustrante primeira fase, em que ganhou apenas três de nove partidas e terminou na décima posição entre 12 participantes, os campeões mundiais disputaram dois tie breaks, venceram um, perderam outro e decepcionaram o público de Cracóvia.
Com a necessidade de poupar o elenco para as Olimpíadas, já que o time precisou disputar o Pré-Olímpico de Tóquio, há um mês e meio, pode ser que o treinador Stephane Antiga tenha perdido um tempo precioso de preparação para a Rio 2016.
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PÚBLICO NAS FINAIS DA LIGA MUNDIAL – Sem o time da casa em quadra, o torcedor de Cracóvia esqueceu o fim de semana decisivo da Liga Mundial. Mas, se serve de "consolo", já nas partidas dos grupos que definiram os semifinalistas, o público foi bastante aquém da paixão polonesa pelo voleibol.
Num ginásio com capacidade para 15 mil pessoas, a Polônia venceu a França na quarta-feira diante de 4,2 mil espectadores e, na quinta, caiu para a Sérvia com 5,3 mil torcedores presentes. Nas semifinais, o público foi ainda menor, com apenas 3,7 mil presentes à vitória brasileira sobre os franceses. Na final, 4,5 mil torcedores assistiram ao primeiro título sérvio na Liga. Vale ressaltar, no entanto, que o preço dos ingressos para a final podia chegar a 1.000,00 zloty, equivalente a R$ 820 pela cotação da sexta-feira, dia 15/7.
A título de comparação, em 2015, num Maracanãzinho sem jogos do Brasil, a semifinal entre EUA e Sérvia teve público de 6 mil pessoas e a final contou com a presença de 7,3 mil espectadores, com preço máximo de R$ 120.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.