Craque americano rasga elogios a Bruno: “Torna difícil enfrentar o Brasil”
Sidrônio Henrique
14/07/2016 06h00
Aos 29 anos, o oposto Matt Anderson é o maior nome da atualidade no voleibol masculino dos Estados Unidos. Depois de cair nas quartas de final em Londres 2012, ele vem para sua segunda Olimpíada disposto a ganhar não qualquer medalha, mas a de ouro. "É o nosso objetivo", afirma o atacante de 2,02m, integrante de uma seleção com um histórico de três ouros olímpicos (1984, 1988 e 2008), dois deles conquistados sobre os brasileiros. Habilidoso, Anderson participa da linha de passe em algumas rotações e até joga como ponteiro, se for preciso. É a principal arma ofensiva do técnico John Speraw.
Ele enfatiza que o Brasil, time que enfrentarão na primeira fase da Rio 2016, é um dos maiores obstáculos ao título e a principal razão tem nome: o levantador Bruno Rezende. "É muito complicado forçar a seleção brasileira a sair do seu sistema de jogo, é um time muito bem estruturado, principalmente por causa do levantador, o Bruno, que torna difícil enfrentar o Brasil, imprime muita velocidade, variação, coloca muita pressão sobre os nossos bloqueadores". As duas seleções se enfrentam nesta sexta-feira (15), às 15h30 (horário de Brasília), pelas finais da Liga Mundial, em Cracóvia, na Polônia.
Confira a entrevista exclusiva que o craque da seleção americana e do Zenit Kazan, da Rússia, concedeu ao Saída de Rede:
Saída de Rede – Desde Londres 2012 a seleção americana tem passado por várias mudanças, chegou como favorita ao Mundial 2014, mas não conseguiu sequer ir às finais. Depois, em 2015, venceu a Copa do Mundo. Por que tanta oscilação? O que falta ao time? Pode-se dizer que os Estados Unidos chegam à Olimpíada do Rio com seus problemas solucionados?
Matt Anderson – Em Londres tínhamos um time bem diferente, com personalidades bastante distintas das atuais, era uma situação muito diferente. O Campeonato Mundial foi uma competição muito difícil, começamos no "grupo da morte" e não acumulamos muitos pontos para a fase seguinte. No último jogo da segunda fase, contra a Argentina, eles estavam soltos, já sem chances, e nós tínhamos que vencer, então acho que sentimos a pressão (os EUA perderam por 3-2 e foram eliminados). Já na Copa do Mundo tínhamos outra mentalidade, nos preparamos durante dois meses para aquela competição. O título foi sensacional, nós pudemos confirmar que podíamos jogar várias partidas em alto nível, e aquela é uma competição longa. Mostramos que somos capazes de chegar ao topo. Olha, não acho que os nossos problemas estejam solucionados. Nosso time vai mudando, os outros times também, então existem sempre ajustes a serem feitos. Só espero que a gente consiga fazê-los de forma rápida, para dar tempo de atingir nossas metas.
Saída de Rede – O quanto o time evoluiu técnica e taticamente durante este ciclo olímpico?
Matt Anderson – Difícil dizer… Durante esses anos, sem dúvida, evoluímos, nosso jogo coletivo melhorou, há mais segurança na execução das jogadas, aquela confiança entre os atletas na quadra, sabe. Especialmente quando enfrentamos uma situação adversa, seja no começo ou no final de um set. Se o adversário abre quatro ou cinco pontos, nada de perder a cabeça. Hoje em dia somos capazes de manter a concentração e fazer o nosso jogo, tratar de colocar as coisas no lugar sem se desesperar. Taticamente eu destacaria o quanto somos capazes de nos prepararmos de forma específica para cada tipo de oponente, um trabalho duro da comissão técnica.
Saída de Rede – Como você avalia os principais adversários dos Estados Unidos na fase de grupos da Rio 2016?
Matt Anderson – Caímos em um grupo muito forte. Eu diria que qualquer adversário pode ser bastante difícil, até mesmo aqueles que costumam ser deixados de lado quando se fala em favoritos. Da forma como o voleibol é jogado hoje, você precisa estar 100% focado o tempo todo e prestar muita atenção aos detalhes. Nós temos que trazer para o Rio de Janeiro a mesma mentalidade, a mesma abordagem que aplicamos durante a Copa do Mundo 2015, de nunca perder o foco.
Saída de Rede – Você quer simplesmente subir ao pódio ou só o ouro importa?
Matt Anderson – Ouro. É o nosso objetivo. Não vamos chegar a lugar algum a não ser que isso esteja bem claro na nossa mente. E se algo acontecer e não pudermos mais disputar o ouro, temos que continuar dando o nosso melhor, sempre tentando evoluir.
Saída de Rede – Recentemente, na primeira semana da Liga Mundial, vocês perderam por 3-1 para o Brasil. O que notou de diferente na seleção brasileira em comparação com temporadas anteriores? É muito complicado enfrentar o Brasil?
Matt Anderson – É uma grande equipe, concorrente direta ao ouro. É muito complicado forçar a seleção brasileira a sair do seu sistema de jogo, é um time muito bem estruturado, principalmente por causa do levantador, o Bruno, que torna difícil enfrentar o Brasil, imprime muita velocidade, variação, coloca muita pressão sobre os nossos bloqueadores. A forma como o Brasil se posiciona na quadra coloca pressão também sobre o nosso saque e, como você viu, nem sempre sacamos bem, pelo menos não nos momentos decisivos naquele dia. Isso é algo que chama nossa atenção, pois uma falha dessas pode custar muito, pode não haver uma segunda chance numa competição como as Olimpíadas.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.