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Qual a melhor opção na saída de rede na seleção feminina?

João Batista Junior

22/06/2016 06h00

Sheilla ainda não mostrou, neste Grand Prix, seu melhor voleibol (fotos: FIVB)

O Saída de Rede já falou, en passant, do problema da seleção feminina na saída de rede. A matemática do vôlei diz que, com o passe estourado, a levantadora perde a opção de jogar com as centrais ou com velocidade e tem de empinar a bola para as pontas. E é aí que as opostas brasileiras – pelo menos, até agora – têm sido calo.

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Seja por ter atuado pouco na temporada do VakifBank, seja pelos 33 anos que completa no próximo dia 1º, Sheilla tem recebido menos bolas do que se espera de uma jogadora sem obrigações na recepção. Os números das duas primeiras semanas do Grand Prix depõem contra a dupla que ela tem feito com Dani Lins.

Sheilla foi titular em todas as seis partidas e 22 sets que o Brasil disputou, mas só em dois desses compromissos ela foi a jogadora que mais levantamentos recebeu – contra a Bélgica, atacou 36 vezes (Gabi, a segunda mais acionada, recebeu 27 bolas), e no 3-0 sobre as reservas da Sérvia, no Rio, efetuou uma cortada a mais do que Natália (26 a 25).

Três partidas ilustram bem a situação: na derrota para a Sérvia, ela foi menos acionada do que Fernanda Garay e do que Natália, contra a China, atacou o mesmo número de vezes que Jaqueline, que começou na reserva, e menos que Garay, a brasileira mais visada pelo saque adversário, e contra o Japão, recebeu menos bolas do que as duas ponteiras e do que Thaisa.

Outro aspecto é o aproveitamento de Sheilla no ataque. Ela fez 55 pontos nesse fundamento (média de 2,5 pontos por set) e teve eficiência de 36,9%. Esse percentual faz dela a 12ª melhor atacante da primeira divisão do Grand Prix e a segunda do Brasil – Natália é a melhor do time. Para comparar com atacantes de outras seleções olímpicas, a chinesa Ting Zhu tem 40,1%, a russa Goncharova, 44,3%, a norte-americana Karsta Lowe, 44,55%, a italiana Paola Egonu, 44,8%, e a holandesa Lonneke Slöetjes, primeira colocada nesse quesito, titular do VakifBank, pontuou em 45,8% das ocaisões que atacou.

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O problema na diagonal da levantadora não tem sido resolvido por Tandara. O técnico Zé Roberto Guimarães a colocou em quadra em cada uma das partidas da seleção, mas o rendimento dela foi de um único ponto (contra a Bélgica) em 23 ataques no GP.

Reserva imediata de Sheilla, Tandara marcou um ponto em seis jogos no GP

O curioso é que, apesar de só ter estreado na temporada em dezembro passado (deu à luz três meses antes), Tandara atuou mais pelo Camponesa/Minas do que Sheilla no VakifBank, mas parece estar com muito menos ritmo do que a bicampeã olímpica.

Isso até poderia abrir a disputa por uma das vagas de oposta do time, se Monique, que fez uma boa Superliga, não houvesse pedido dispensa da seleção há três semanas. Ou se Rosamaria tivesse tido uma temporada melhor no clube. Ou se Paula Borgo, que foi bem com a seleção B em Montreux, tivesse mais oportunidades – só para citar as que estiveram em Saquarema, este ano.

Do plantel que está disputando o GP, o Brasil deslocou duas atletas para testá-las como opostas. A central Adenízia, nas partidas no Rio, saiu do banco para atuar numa ou noutra passagem pela saída de rede, mas nada que entusiasmasse muito – fato que recorda Fabiana, nas finais do GP de 2008, atuando mais como oposta reserva de Sheilla do que como substituta de Walewska ou Thaisa. Já contra a China, sim, uma aposta que pode ganhar vulto: Natália.

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Em clubes, como no Osasco, há alguns anos, ou numa experiência de Bernardinho, ano passado, no Rexona-AdeS, Natália já foi escalada como oposta, mas, na seleção, isso é tão raro que, honestamente, não vou recordar nenhuma ocasião relevante em que ela tenha sido titular na saída de rede.

Ponteira, Natália jogou meio set contra a China como oposta

No duelo contra a China, ela foi escalada como ponteira passadora e deu lugar a Jaqueline, ainda no primeiro set. Depois de assistir a toda a segunda parcial do banco de reservas, Natália entrou em quadra na metade do terceiro set para substituir Sheilla. Na curta passagem que teve no domingo como oposta, assinalou quatro pontos de ataque. Parece pouco, mas foi o dobro do que a titular conseguiu na partida.

Ressalte-se que Natália foi uma das melhores jogadoras das duas últimas Superligas compondo a linha de passe do time do Rio e atacando pela entrada de rede – Bernardinho não demorou muito para trazê-la de volta à função original, no ano passado. E observe-se, também, que a entrada dela na partida, sem os devidos ajustes na recepção brasileira, não foi suficiente para que a seleção ameaçasse a fácil vitória da China.

No entanto, se o GP deve servir, também, como preparação para os Jogos Olímpicos, se Sheilla ainda não apresentou um voleibol à altura de sua história e qualidade, se Tandara tem menos de 5% de aproveitamento no ataque, não seria uma boa testar Natália outras vezes como oposta?

A seleção brasileira joga, neste fim de semana, pelo Grand Prix, em Ancara, na Turquia. Às 8h30 da manhã de sexta, pelo horário de Brasília, enfrenta a Itália. Sábado, no mesmo horário, encara a Bélgica, e encerra sua participação na primeira fase a partir das 11h30 do domingo, contra a Turquia.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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