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Brasil estreia no Grand Prix de olho na Rio 2016

João Batista Junior

09/06/2016 06h00

Grand Prix é o último torneio oficial antes das Olimpíadas (foto: Gaspar Nobrega/Inovafoto/CBV)

Com 12 seleções participantes, oito das quais devidamente classificadas para as Olimpíadas, a primeira divisão do Grand Prix começa nesta quinta-feira, com uma rodada dupla no Rio de Janeiro. Às 14h10, Brasil e Itália entram em quadra e, às 17h15, Sérvia e Japão. As brasileiras encaram as japonesas na sexta-feira, às 14h10, e as sérvias no domingo, 10h05. As partidas serão disputadas na Arena Carioca 1, ginásio que abrigará todo o programa do basquete masculino e as finais do basquete feminino da Rio 2016.

Palco do basquete nas Olimpíadas, a Arena Carioca 1 vai receber os jogos do GP neste fim de semana
(Bruno Miani/Inovafoto/CBV)

Além do quarteto que disputa o quadrangular no Rio, Alemanha, Bélgica, China, EUA, Holanda, Rússia, Tailândia e Turquia estão no chamado Grupo I.

("Primeira divisão" ou "Grupo I" do Grand Prix, porque a segunda divisão, com Porto Rico, Argentina, Polônia, Rep. Dominicana, Bulgária, Rep. Tcheca, Quênia e Canadá, e a terceira, com Argélia, Cazaquistão, Peru, Croácia, Cuba, Colômbia, Austrália e México, segmentos criados no ano passado, já estão em atividade desde o último fim de semana.)

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O GP, assim como ocorre à Liga Mundial, é um torneio que tem perdido importância. Muito por conta do desgaste na temporada dos clubes, há quem opte pelas férias em vez de rodar o mundo para defender sua seleção. Ou, noutra perspectiva, há comissões técnicas que prefiram utilizar a competição anual da FIVB para dar rodagem a atletas com pouca oportunidade nas competições principais.

Um time misto representou o Brasil nas finais do último Grand Prix (FIVB)

Para ficar num exemplo próximo, o Brasil disputou as finais do ano passado, nos EUA, com um plantel que, se tinha Dani Lins, Gabi, Natália, Carol, também contava com a oposta Ivna, as centrais Mara e Mayhara, as ponteiras Ellen e Suelle, jogadoras que nunca disputaram Copa do Mundo, Mundial ou Olimpíada – isso, enquanto Fernanda Garay, Jaqueline e Camila Brait estavam no Pan de Toronto, e Sheilla e Fabiana, de férias.

Outro exemplo: também na edição de 2015, a China disputou a primeira fase com o time titular e as finais com um time B, poupando as principais jogadoras para a Copa do Mundo, que começaria dali a algumas semanas. Em 2012, os EUA fizeram parecido: as titulares tocaram o barco nas semanas classificatórias, as reservas atuaram nas finais – e ainda terminaram campeãs!

Por outro lado, o Grand Prix tem boas recordações para a ornar a parede da memória do voleibol brasileiro. Quem tem 30 anos ou mais deve recordar que uma vitória nas finais do GP contra Cuba foi o consolo da dolorosa derrota nas semifinais de Atlanta, dois meses antes. E não dá para esquecer que foi nas finais do torneio, em 2008, que o time do técnico José Roberto Guimarães mostrou que iria a Pequim para trazer o ouro.

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2016
Para a edição deste ano, o título deve estar longe de ser prioridade para a seleção brasileira. O mais provável é que a comissão técnica aproveite a competição para definir os últimos nomes da equipe olímpica.

Na reserva do VakifBank, Sheilla disputou poucas partidas na última temporada (Alexandre Loureiro/Inovafoto/CBV)

Se é tido e havido que Dani Lins, Sheilla, Tandara, Fabiana, Thaísa, Jaqueline, Natália, Gabi, Fernanda Garay e Camila Brait só não estarão nas Olimpíadas se não estiverem bem fisicamente, o torneio deverá servir para definição da segunda levantadora e da terceira central – e, também, para dar ritmo de jogo a Sheilla, que atuou pouquíssimo no VakifBank este ano.

A mesma lógica de observações deve ser obedecida pelas seleções que estarão nos Jogos.

Favoritas a quase tudo o que disputaram nos últimos quatro ou cinco anos – embora confirmar essa condição tenha sido outros quinhentos –, os EUA terão no GP a última oportunidade de observar as jogadoras que devem compor o time olímpico. O único porém é que o torneio, que reserva três finais de semana à fase preliminar e uma semana para as finais, talvez seja insuficiente para que Karch Kiraly defina as 12 atletas para o Rio, tal é a quantidade e a qualidade de bons nomes que ele tem ao dispor. Por exemplo, para a eventual reserva da levantadora Alisha Glass, são candidatas Molly Kreklow, Carli Lloyd e Courtney Thompson, campeã da última Superliga com o Rexona-AdeS.

Kosheleva enfrenta o bloqueio holandês, na final do Europeu 2015 (CEV)

A Rússia não terá Gamova nem Sokolova. As duas não atuavam pela seleção já há algum tempo, é verdade, mas é a primeira vez que as russas se reúnem sem a expectativa (ou a sombra) das duas craques. O Grand Prix será uma oportunidade para a ponteira Tatiana Kosheleva, que, lesionada, mal entrou em quadra nos últimos três meses, voltar de fato às quadras. E ninguém se surpreenda se Nataliya Gonchavora, pelo que tem jogado na seleção e no Dínamo Moscou, levar o time de Yuri Marichev a interromper a sequência de títulos de Brasil e EUA no GP, que perdura desde 2008.

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Ruoqi Hui em ação pela China, no Mundial de 2014 (FIVB)

Asiáticas
Vice-campeãs mundiais e campeãs da Copa do Mundo, as chinesas disputam o torneio com um time bastante jovem – nenhuma jogadora inscrita tem mais do que 29 anos de idade. Além de Ting Zhu, destaca-se no time de Lang Ping a volta da ponteira Ruoqi Hui, titular em Londres e no último Mundial de 2014, ausente na Copa do Mundo.

Outra seleção asiática também classificada para o Rio, o Japão precisará do Grand Prix para apagar a má impressão que seu voleibol deixou no Pré-Olímpico, há algumas semanas. Mesmo com a conquista do bilhete para o Rio, as japonesas deixaram a sensação de que o destino e a arbitragem foram injustos com as tailandesas.

Europeias
Classificadas para a Rio 2016 desde setembro passado, com a segunda posição na Copa do Mundo, as sérvias não precisaram disputar nem o qualificatório europeu, em janeiro, nem o mundial, em maio. Assim, chegam ao GP num estágio físico e técnico diferente do das desgastadas italianas e holandesas. A relevância disso, além da coincidência continental? As três seleções estão no mesmo grupo das Olimpíadas e devem, sem maiores surpresas ou delongas, disputar duas vagas aos mata-matas na Maracanãzinho – claro, se tudo correr dentro do normal para EUA e China.

Oposta no clube, ponteira na seleção. O passe não é o forte da sérvia Mihajlovic (CEV)

A Sérvia compensa o passe ruim com um grande poder ofensivo de Mihajlovic, Boskovic e Milena Rasic, e deve dar trabalho às principais seleções do GP e das Olimpíadas. A menos, é claro, que a seleção, como costuma fazer nas horas em que tudo parece conspirar a favor, decepcione.

Sem Piccinini, que se aposentou da seleção depois de uma fraca atuação no Pré-Olímpico, a Itália tem o retorno da ponteira Carolina Costagrande. Além dela, volta a oposta Valentina Diouf, preterida por Marco Bonitta no qualificatório do Japão.

Em 2007, a Holanda surpreendeu e ficou com o título do GP (FIVB)

Já a Holanda, que vem de três importantes segundas posições – no Campeonato Europeu, no Pré-Olímpico Europeu e no Pré-Olímpico Mundial –, foi o time campeão da segunda divisão do Grand Prix passado. Em 2007, numa inusitada semana em Ningbo (China), as holandesas venceram tie breaks contra Brasil, China e Rússia para escreveram seu nome da galeria de campeões do torneio. A diferença do time de 2016 para aquele nove anos atrás é que a equipe de 2007 não chegou às Olimpíadas, o que cerca de expectativa o time de Slöetjes e Anne Bujis, recém-contratada pelo Rexona-AdeS.

As cinco melhores seleções da fase classificatória se juntam à Tailândia para disputar, entre os dias 6 e 10 de julho, as finais do Grand Prix.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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