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Equipe sem expressão vai levar a última vaga do vôlei masculino na Rio 2016

Sidrônio Henrique

03/06/2016 13h00

O ginásio Juan de la Barrera recebeu as partidas de vôlei na Olimpíada do México 1968 (fotos: FIVB)

Lá vem ela, agora na versão masculina. Sim, a infame repescagem com seleções sem nenhuma expressão que dará a última vaga para a Rio 2016. Coisas da Federação Internacional de Vôlei (FIVB). A partir desta sexta-feira (3) até domingo (5), na Cidade do México, o time da casa se junta a Chile, Tunísia e Argélia em um quadrangular que oferece um lugar nos Jogos Olímpicos. Veja a tabela com os horários. Você poderá acompanhar o torneio no canal da FIVB no YouTube (confira em "próximas transmissões ao vivo").

A Federação Internacional nunca explicou o porquê desse pré-olímpico, que a entidade também trata como qualificatório mundial, a exemplo daquele que está sendo disputado no Japão. O bilhete de acesso às Olimpíadas que será dado no México foi tirado da Copa do Mundo, que de Atlanta 1996 a Londres 2012 distribuía três vagas, mas no ano passado ofereceu apenas duas. A repescagem reúne os terceiros colocados dos zonais da América do Sul e da Norceca (Confederação da América do Norte, Central e Caribe) e ainda o segundo e o terceiro da África.

Um europeu fora
Vamos lá, a terceira posição na Copa do Mundo 2015 ficou com a Polônia. Sem a classificação, Bartosz Kurek e Cia se viram obrigados a tentar de novo no Pré-Olímpico europeu, em janeiro. Não levaram – a Rússia venceu. Esta semana os poloneses, atuais campeões mundiais, garantiram presença no Maracanãzinho em agosto, numa briga com outras sete equipes em Tóquio – mais três times virão ao Brasil.

Se a Polônia tivesse carimbado o passaporte para a Rio 2016 logo na Copa do Mundo, as finais do qualificatório na Europa seriam diferentes, impossível determinar como seria o cruzamento sem os poloneses. Mas só para concluir nossa comparação, vamos dizer que a Alemanha, que terminou na quarta colocação, ficaria em terceiro e iria disputar o Pré-Olímpico no Japão. Haveria grandes chances do time do Panzer Georg Grozer ficar com uma vaga – lembre-se que os alemães foram medalha de bronze no Mundial 2014 e quase ganharam dos poloneses em janeiro deste ano, chegando a ter um match point a seu favor, na decisão do terceiro posto no classificatório europeu.

Então tá. Sai uma Alemanha da vida (ou Sérvia, ou Bulgária), entra uma… Tunísia ou México. É bem verdade que o formato das Olimpíadas provavelmente impediria o avanço alemão no Rio, ao contrário dos caminhos mais fáceis em um Campeonato Mundial, mas eles teriam condições de chegar ao menos às quartas de final. Qualquer uma das quatro equipes que vão entrar em quadra logo mais na Cidade do México será a mais fraca das Olimpíadas.

Quem é quem na repescagem

Hamza Nagga é destaque na Tunísia

A Tunísia é a mais experiente desse quadrangular e a favorita. Perdeu no zonal africano para o arquirrival Egito, que neste ciclo tem sido superior. Os tunisianos participaram dos Jogos Olímpicos seis vezes, a última delas em Londres 2012. O destaque é o ponta/oposto Hamza Nagga, 26 anos, que foi o principal jogador do time na Olimpíada passada. Na Copa do Mundo 2015, a Tunísia perdeu todos os 11 jogos, ganhando somente cinco sets. Caso se qualifique, será a segunda vez que haverá duas equipes africanas no torneio olímpico de voleibol. Egito e Tunísia foram a Los Angeles 1984 – os primeiros garantiram a classificação na quadra, enquanto os tunisianos se beneficiaram do boicote promovido pelos países comunistas. Uma curiosidade: a Tunísia tem um dos campeonatos nacionais mais antigos do mundo, com a primeira edição disputada em 1956.

Pedro Rangel é o levantador titular do México

Jogando em casa, no mesmo ginásio que foi palco do voleibol na Olimpíada da Cidade do México, em 1968, os mexicanos sonham em ir para o Rio de Janeiro. Seria sua segunda participação – a primeira foi como país-sede. O voleibol não tem tradição entre eles, mas a Federação Mexicana tem investido bastante nos últimos anos, sediando vários torneios. O mais recente terminou no final de maio, a Copa Pan-Americana 2016 masculina, no mesmo ginásio que será local do Pré-Olímpico. O time principal do México acabou na quarta colocação, abaixo das seleções sub23 de Cuba e Argentina, campeã e vice, respectivamente, e ainda da equipe B do Canadá. Preste atenção no levantador Pedro Rangel, 27 anos. Não, ele não é nenhum virtuose, longe disso, mas é esperto e tem um toque de bola bonito de se ver, daqueles limpos. Rangel até finta bem, mas na hora de finalizar os atacantes não são assim tão eficientes. Os mexicanos confiam no apoio da torcida, que deve lotar os 5,2 mil assentos do ginásio Juan de la Barrera, na capital do país.

Os argelinos ficaram em terceiro no zonal africano

A Argélia participou só uma vez dos Jogos Olímpicos. Foi há 24 anos, em Barcelona 1992. Desde então tenta voltar, sem sucesso. Conseguiu um lugar nessa repescagem ao terminar o qualificatório africano como terceiro, atrás de egípcios e tunisianos. Com apenas 23 anos, o levantador Ahmed Amir Kerboua é o capitão e a referência do time, além de bom sacador. Mas nenhum jogador, nem mesmo o próprio Kerboua, consegue ir além do razoável na seleção argelina. Porém, como o torneio está nivelado por baixo e são poucos os participantes, convém não descartar ninguém. Na semifinal do Pré-Olímpico africano, por exemplo, perdeu da Tunísia, bem mais rodada, no quinto set. Vai que…

O ponta Dusan Bonacic já jogou na liga italiana

O Chile nunca foi às Olimpíadas. É a equipe dos irmãos Parraguirre: Matias (28 anos), Tomas (25) e Vicente (21) – o do meio é oposto, enquanto os demais são ponteiros. E é justamente Tomas o melhor deles. Divide as atenções com o ponta Dusan Bonacic, que aos 20 anos acumula uma boa bagagem internacional. Aos 16, já jogava na liga argentina. Depois foi parar na Suíça e na Itália – foi reserva no Lube, então com sede em Macerata. Voltou à Argentina na temporada passada, como destaque no mediano Ciudad Vóley, sétimo colocado. Em 2015, no Campeonato Sul-Americano, o Chile conseguiu uma façanha: arrancou um set do Brasil, ainda que por descuido do time de Bernardinho. Chega a essa repescagem por ter ficado em terceiro no Pré-Olímpico da América do Sul, perdendo para argentinos e venezuelanos, superando somente a Colômbia em um apertado 3-2. Naquela mesma Copa Pan-Americana em que o México ficou em quarto, os chilenos terminaram na sétima posição, de um total de dez seleções. A Rio 2016 é um sonho distante.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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