Carol A. aceita reserva de Dani e revela plano abortado de voltar à seleção
Carolina Canossa
30/05/2016 19h15
Nem parece que faltam menos de dois meses para o aniversário de 39 anos de Carol Albuquerque, a maior parte deles dedicados ao vôlei: com um sorriso no rosto e uniforme novo, a jogadora chegou ao ginásio José Liberatti, em Osasco, com a motivação de uma novata diante da primeira grande chance da carreira. Reforço do Vôlei Nestlé para a próxima temporada, a levantadora campeã olímpica em Pequim 2008 concedeu entrevista exclusiva ao Saída de Rede para falar sobre a nova fase de sua carreira. Nem o fato de Dani Lins dominar a posição no time a preocupa: o importante é estar perto da família fazendo o que gosta.
Aliás, o gosto pelo vôlei é tanto que em janeiro Carol cogitou até mesmo suspender o ano sabático que vivia apenas para tentar voltar à seleção – mesmo com propostas de times brasileiros e estrangeiros no meio de 2015, ela decidiu ficar parada porque não queria deixar São Paulo. A mudança de planos viria através de uma proposta do Chemik Police, da Polônia, que não deu certo. De qualquer forma, em sua quarta passagem por Osasco, Carol quer provar que ainda tem muito talento a esbanjar.
Quer saber mais? Confira abaixo os principais trechos da conversa.
VOLTA À SELEÇÃO
Ah, não, para mim já deu: em Tóquio 2020 vou estar com 43 anos. Se eu tivesse jogado a Superliga esse ano, com certeza estaria disputando uma posição ali. Não como primeira levantadora, essa é a vaga da Dani Lins, mas acho que teria chances de ser convocada para ser a segunda.
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Na verdade, eu pensei nisso em janeiro, quando soube que a Fabíola estava grávida e recebi a proposta de jogar fora do Brasil. Até então, achava que a vaga era da Fabíola, que estava jogando, tinha feito todo o ciclo e é experiente, mas a transferência não deu certo. Acho que não era pra ser, paciência.
VÔLEI NESTLÉ
Me sinto muito empolgada, principalmente depois de ter ficado um ano parada. Estou voltando para um time com o qual eu me identifico muito, conheço quase todas as meninas e a comissão técnica. É uma combinação boa: estou descansada, motivada e feliz. É o que preciso para a gente fazer um ano bom.
Por estar essa crise muito grande no Brasil, todos os times diminuíram o patrocínio e a maioria perdeu suas principais jogadoras, caso da Thaísa, da Adenízia e da Natália. Quem não quis aceitar uma redução foi pra fora, pois o dólar está alto, mas Osasco sempre vem com um time competitivo. A ideia é entrar para brigar por tudo o que é título
DISPUTA COM DANI LINS
Aqui a Dani é a titular e eu vou ajudar. Não tenho problema nenhum com isso até porque já vou fazer 39 anos. A comissão já falou que não dá para eu treinar o mesmo que uma menina de 23 anos, então terei uma sessão mais intensa e curta pela manhã e à tarde trabalho normal com as meninas. Tenho que estar bem fisicamente para a hora que precisarem de mim. Até a Dani chegar eu vou jogar e pegar ritmo, mas para mim será ótimo se Osasco for para a final em tudo o que disputar (independentemente de quem jogue). É preciso pensar coletivo.
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TEMPO PARADA
Fazia academia todos os dias e tênis três vezes por semana. Eu estava sentindo falta da adrenalina de competição, então até entrei em campeonatos de tênis. Disputei quatro na Federação paulista e ganhei os todos. Quando assinei com o Vôlei Nestlé, até falei: "Vou para agora para parar invicta, no auge" (risos). Também peguei onda na praia, fiz corrida de 5 km…
CONTATO COM O VÔLEI
Pelo o que eu vi na Superliga deste ano, achei o nível fraco, sabe? Então eu falei: "Dá pra voltar!". Já tive proposta em fevereiro, mas a minha prioridade era ficar em São Paulo, então não aceitei.
Treinei com o Ângelo Vercesi (ex-assistente técnico da seleção, atualmente trabalhando no voleibol italiano) em dezembro, pois ele estava aqui e eu estava para ir pra fora naquela janela da Europa em janeiro. A proposta não se concretizou, mas a gente treinava no Parque Villa-Lobos e com os caras adultos do Clube Hebraica. Fiquei toda dolorida, mas me preparei na bola para voltar nessa janela da Europa.
Estou fazendo toque com a bola da Mikasa em casa, onde tem quadra de areia, para não chegar tão mal de volta. Acho que a volta vai ser tranquila, o que mais me preocupa é estar bem fisicamente para não me machucar.
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RIO 2016
Com certeza o maior desafio do Brasil será os Estados Unidos. É muito bom jogar em casa, mas a pressão será enorme e elas estão muito acostumadas a jogar pela seleção no exterior. O lado bom é que a maioria das titulares é bicampeã olímpica e está acostumada com a pressão, além do Zé Roberto, de quem não tem nem o que falar: sabe a hora de mexer, de dar uma dura, de falar com mais calma…. Todo mundo quer ganhar do Brasil e, querendo ou não, a pressão fica na cabeça, mas acho que a seleção estará preparada.
FABÍOLA
Se pegar uma jogadora novinha e botar na pressão, aí trava. Quanto mais bagagem, melhor nessas horas difíceis, de playoff, de uma semifinal olímpica, final… na nossa, em 2008, ninguém dormiu, nem mesmo jogadoras experientes. Se nessas horas até as experientes sentem um frio na barriga, imagine as novas. Conta muito isso aí e o Zé sabe disso.
A Roberta evoluiu muito, mas é a falta de experiência que está pegando. A Fabíola tem uma bagagem internacional e está correndo contra o tempo. Acho que vai conseguir, ainda mais porque ela se cuidou fisicamente e ainda teve parto normal, o que facilita. Não vou dizer que será fácil, ela terá que correr contra o tempo e ainda tem toda a parte de amamentação, mas a Fabíola sempre está bem fisicamente e tem a mão boa. Está todo mundo contando que dê
APOSENTADORIA
Se no final da Superliga eu estiver bem fisicamente, vou continuar jogando. Adoro esporte. Não vejo a hora de chegar um playoff, casa lotada, aquela pressão… Acho muito legal!
Não sei quanto tempo vou ficar (o atual contrato de Carol com o Vôlei Nestlé é de um ano), mas espero encerrar carreira por aqui mesmo, que é onde eu me sinto bem, em casa.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.