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Canadenses da Superliga têm destinos opostos no Pré-Olímpico

Sidrônio Henrique

27/05/2016 16h00

Schmitt teve passagem rápida pelo Funvic Taubaté (fotos: FIVB)

O Canadá causou surpresa quando perdeu a chance de se classificar para a Rio 2016 ao ser derrotado por Cuba no Pré-Olímpico da Norceca (Confederação da América do Norte, Central e Caribe), em janeiro. Mas agora, mesmo diante de uma tarefa mais complicada no Pré-Olímpico Mundial, a equipe mantém a confiança em alta, especialmente pela volta do oposto Gavin Schmitt, que no início do ano passou por uma cirurgia devido a uma fratura por estresse na tíbia. Ele deveria ter sido titular do Funvic Taubaté na Superliga 2015/2016, mas teve de deixar o clube, em comum acordo, por causa do problema físico que o impedia de jogar. Já o ponteiro Fred Winters, que nas duas últimas temporadas era do multicampeão Sada Cruzeiro, foi cortado da seleção e não disputará o qualificatório.

"Estamos prontos, em melhor forma do que estávamos em janeiro. Gavin está de volta e Nicholas (Hoag, ponta) também, o que nos ajuda muito na estratégia de ataque e de saque", disse ao Saída de Rede o técnico Glenn Hoag.

Pela primeira vez desde que estreou no time nacional em 2003, o ponteiro Fred Winters está fora, ele que há um mês foi dispensado do Sada Cruzeiro, após o final do período 2015/2016. "Decidi não incluir Winters entre os 14 que vão jogar no Japão", completou o treinador, justificando a decisão por critérios meramente técnicos, mas sem revelar detalhes. O ponta era reserva na seleção havia alguns anos.

Winters jogou duas temporadas pelo Sada Cruzeiro

Outras ausências, essas devido a contusões, são do oposto reserva Dallas Soonias e do levantador Dustin Schneider. Veteranos, ambos integravam o time canadense desde a década passada. Sem Soonias ou outro atacante de saída de rede além de Schmitt na lista de 14 atletas, é fácil deduzir que a função, nas inversões, será feita por um dos cinco centrais convocados, mas Glenn Hoag desconversa. Schneider vinha se revezando na armação com Tyler Sanders nas competições mais recentes. Este último assume a condição de titular, com Jay Blankenau como suplente.

Bola de Segurança
O que realmente anima o técnico é a volta de Gavin Schmitt. Não à toa. Em uma equipe boa tecnicamente, com "jogadores interessantes" (como apontou Bernardinho durante o Mundial 2014), o oposto de 30 anos e 2,08m faz a diferença ao disparar mísseis de uma altura de até 3,72m, seu alcance máximo no ataque. É a bola de segurança. Sem ele, o time cai bastante ofensivamente.

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A falta de ritmo é a maior ameaça ao seu desempenho, uma vez que Hoag garante que a condição física de Schmitt não é mais problema. A última competição dele foi a Copa do Mundo, em setembro de 2015, quando o Canadá ficou em sétimo lugar entre 12 países. Na sequência ele se apresentou ao Funvic Taubaté, seria o grande reforço do clube paulista na Superliga 2015/2016. Ao longo da carreira Schmitt havia atuado em ligas de prestígio, como a da Rússia e a da Turquia, e na próxima temporada vai para o Resovia Rzeszow, da Polônia. Mas no Brasil, sem condições de jogo, entrou em quadra apenas uma vez na Superliga, no segundo set contra o Sada Cruzeiro, no primeiro turno. Marcou somente três pontos e não jogou mais. Dias depois, voltou para o seu país e então começou uma corrida contra o tempo, de olho nos Jogos Olímpicos.

Enquanto seus companheiros se preparavam para enfrentar Cuba, México e Porto Rico no Pré-Olímpico, o oposto estava numa contagem regressiva para sua cirurgia. A expectativa era que, mesmo sem Schmitt, o Canadá não tivesse problemas para conquistar a vaga. Assim, o atacante voltaria durante a disputa da Liga Mundial 2016 – o time está na segunda divisão.

Técnico Glenn Hoag orienta o time durante a Copa do Mundo

Expectativa frustrada, retorno antecipado
Porém, o pior aconteceu durante o qualificatório da Norceca. Mesmo jogando em casa, na cidade de Edmonton, perdeu em sets diretos a partida decisiva, na última rodada, para uma equipe cubana repleta de juvenis, a mesma que eles haviam derrotado cinco vezes consecutivas nos confrontos mais recentes.

O desastre exigiu uma recuperação mais rápida de Gavin Schmitt, para que pudesse estar pronto para jogar no Pré-Olímpico Mundial. Após a cirurgia, em janeiro, ele foi para uma clínica especializada na reabilitação de atletas de alto rendimento, em Vancouver, no oeste do Canadá. Ficou lá por três meses, para acelerar o processo. Quando deixou o local, em meados de abril, os colegas o aguardavam no centro de treinamento, em Gatineau, cidade vizinha à capital Ottawa, do outro lado do país.

Com Schmitt de volta ao time, resta a eles agora uma missão mais complicada, no entanto possível, de conseguir a vaga para a Rio 2016 no Pré-Olímpico Mundial, em Tóquio, Japão. A competição começa logo mais, na noite desta sexta-feira (27), pelo horário de Brasília (veja tabela). São oito seleções na briga por quatro vagas, sendo que ao menos uma terá de ficar com um país asiático. As partidas serão mostradas ao vivo no canal da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) no YouTube. O torneio termina no dia 5 de junho.

Confrontos no Japão
Os canadenses encaram a forte Polônia na estreia, o que não chega a preocupar a comissão técnica, uma vez que perder para os poloneses e os franceses, as duas equipes da elite que disputam o qualificatório, não seria problema. Mas depois, na segunda e na terceira rodada, eles vão enfrentar Irã e Austrália, respectivamente. São dois adversários diretos na briga pelas vagas remanescentes, considerando o favoritismo das potências europeias. O outro rival na corrida por um lugar no Maracanãzinho em agosto é o anfitrião – duelam contra o Japão na sexta e penúltima rodada. O Canadá não pode sequer pensar em perder para Venezuela e China, teoricamente os mais fracos.

Caso se classifique, será a quarta vez que a seleção canadense de voleibol masculino vai às Olimpíadas, a última delas há 24 anos, em Barcelona 1992. Havia feito sua estreia como país-sede em Montreal 1976. Oito anos mais tarde, em Los Angeles 1984, sua melhor campanha, ficou em um honroso quarto lugar – Glenn Hoag era meio de rede naquela equipe.

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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