EUA espanta rumores: Destinee Hooker sequer foi cogitada
Sidrônio Henrique
08/05/2016 12h20
Ela está de volta ao noticiário, mas continua fora da seleção americana. Este final de semana a oposta Destinee Hooker, 28 anos, ex-estrela do Osasco (na época Sollys) e dos EUA no ciclo olímpico passado, voltou a ser notícia por causa de um rumor espalhado a partir de um grupo de discussão na internet no estado americano do Texas, replicado pelo site europeu "World of Volley".
O texto, desmentido pela USA Volleyball (organização que administra o vôlei naquele país), dizia que Hooker voltaria à seleção sob uma série de condições impostas pelo diretor executivo da USAV, Doug Beal. As imposições eram espartanas e havia até data-limite para a apresentação da atacante, 21 de maio. O rumor foi apimentado com uma postagem enigmática de Hooker no Twitter na sexta-feira, em que ela dizia "God is working" (Deus está trabalhando).
O Saída de Rede procurou a USA Volleyball e recebeu a seguinte informação: "Destinee Hooker sequer está sendo considerada para os Jogos Olímpicos". Ao SdR, a federação americana disse ainda que, embora 22 jogadoras tenham sido inscritas para o Grand Prix, a lista total do técnico Karch Kiraly contempla mais de 40 nomes, sem Hooker. Qualquer atleta da lista, que é mantida em segredo, pode ser chamada até agosto.
Talento e indisciplina
Revelada na Universidade do Texas, pela qual disputou campeonatos na NCAA (entidade que organiza competições nacionais em mais de 30 esportes nos EUA), Destinee Hooker praticava voleibol e salto em altura, destacando-se nas duas modalidades. Ela foi campeã da NCAA em salto em altura em quatro oportunidades, chegando a quebrar recordes.
No vôlei, apesar de ter sido no máximo vice-campeã, foi MVP da temporada 2008/2009 da NCAA. Antes mesmo já havia chamado a atenção da comissão técnica da seleção feminina dos EUA, tendo sido convocada pela primeira vez, pela então técnica Lang Ping, para o time adulto americano no início de 2008. Com apenas 20 anos, Hooker não ficou entre as 12 jogadoras que foram aos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, mas no ciclo seguinte firmou-se na seleção, conquistando a titularidade na saída de rede a partir de 2010.
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Era a maior estrela dos EUA em Londres 2012. O time chegou até a final olímpica com status de favorito disparado, mas perdeu de virada para o Brasil por 1-3 – quatro anos antes, as brasileiras também haviam derrotado as americanas na final.
Com impulsão e força impressionantes, Destinee Hooker marcou época em sua breve passagem pela seleção, ainda que não tenha conquistado nenhum título de peso – além da prata olímpica, os EUA foram quarto colocados no Mundial 2010.
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Ficou conhecida pelos fãs e pela imprensa não apenas devido a suas potentes cortadas, mas também pelo histórico de indisciplina. Jogou pelo clube italiano Pesaro na temporada 2010/2011 e colecionou desafetos. No Brasil, na temporada seguinte, viveu momentos turbulentos. Chegou a ficar fora de algumas partidas por ter machucado a mão após esmurrar uma mesa, aborrecida depois de uma discussão ao telefone. O então técnico dos EUA, Hugh McCutcheon, veio ao Brasil para conversar com sua principal atacante. O Sollys/Osasco venceu aquela edição da Superliga e até hoje Hooker é lembrada pelos torcedores do clube paulista.
Os rumores sobre sua volta à seleção não são novidade, mas nenhum havia ganhado contornos tão sérios como o deste final de semana, envolvendo inclusive os nomes de Doug Beal e do técnico Karch Kiraly.
Treinador da seleção americana neste ciclo, com contrato renovado até as Olimpíadas de Tóquio em 2020, Kiraly montou seu time sem Hooker e revelou opostas menos atléticas, mas com técnica mais apurada, como Karsta Lowe e Nicole Fawcett.
Depois de Londres 2012, Destinee Hooker decaiu. Os casos de indisciplina reapareceram. Duas gravidezes também ocorreram no período. E ela, que no ciclo anterior era estrela de primeira grandeza, chegou a assinar com um clube da inexpressiva liga de Porto Rico. Na temporada passada estava na razoável liga da Coreia do Sul.
Com a negativa da USA Volleyball, o sonho olímpico de Hooker parece ter chegado ao fim.
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Sobre a autora
Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.
Sobre o blog
O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.