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Saída de Rede

Seleção brasileira se classifica para semi com ótima vitória dos EUA

Carolina Canossa

27/09/2018 14h13

Levantador Christenson fez grande partida contra a Rússia (Foto: Divulgação/FIVB)

Por Janaina Faustino

A seleção brasileira masculina de vôlei está na semifinal do Campeonato Mundial. Após a catastrófica derrota para o Brasil de virada na estreia do Final Six ontem, em Turim, a tradicional Rússia entrou novamente em quadra no Pala Alpitour, nesta quinta-feira (27), para "matar ou morrer". O resultado desastroso contra a seleção verde-amarela fez com que os europeus precisassem vencer a até então invicta e pujante equipe dos EUA para não ser eliminada da competição. Só que, com uma exibição de gala, a seleção do técnico John Speraw bateu os russos por 3 sets a 0, com parciais de 25-22, 25-23 e 25-23. Foi a segunda vez que russos e norte-americanos se enfrentaram nesta edição do Mundial – na primeira fase, os americanos também levaram a melhor, ganhando por 3 sets a 1.

Fazendo um retrospecto de duas das maiores escolas do vôlei mundial, a Rússia participa pela 19ª vez do Campeonato Mundial, sendo a única seleção a estar presente em todas as edições da competição (contando, obviamente, com as participações ainda como União Soviética), e coleciona seis medalhas de ouro. Atual campeã europeia e da Liga das Nações, a equipe comandada pelo técnico Sergey Shlyapnikov passa por um processo de transformação na sua maneira de jogar voleibol e conta com muitos atletas que têm se destacado individualmente no torneio. Entre eles, os jovens ponteiros Egor Kliuka e Dmitry Volkov, que foi o maior pontuador de sua seleção no duelo contra o Brasil (com 23 acertos), o fantástico oposto Maxim Mikhaylov, melhor sacador do campeonato, o gigante central Dmitriy Muserskiy e o experiente líbero Alexei Verbov.

Os tricampeões olímpicos, por outro lado, não contabilizam tantos títulos no torneio. Ganhadora da medalha de bronze na recente Liga das Nações, a seleção de John Speraw conseguiu apenas uma medalha de ouro em Campeonatos Mundiais – foi na edição de 1986, em Paris. Também repleta de excepcionais jogadores, entrou no confronto contra a Rússia sem ter perdido nenhum dos oito jogos disputados até então. O excelente ponteiro/oposto Matt Anderson, maior pontuador de sua equipe, o ótimo central Max Holt, os talentosos ponteiros Aaron Russell e Taylor Sander e o badalado levantador Micah Christenson se sobressaem individualmente.

Mudanças de Renan marcam virada heroica dos brasileiros diante da Rússia

Assim, até então apontados como candidatos à medalha de ouro no Mundial, russos e norte-americanos protagonizaram um grande duelo nesta fase final do Campeonato Mundial. A seleção dos EUA entrou em quadra com Christenson no levantamento, Anderson na saída de rede, Holt e Smith/McDonnell no meio, Sander e Russell na entrada e o líbero Shoji. Já o técnico Shlyapnikov optou por iniciar com o levantador Grankin, o oposto Mikhaylov, os centrais Muserskiy e Kurkaev, os ponteiros Volkov e Kliuka e o líbero Verbov.

Em um jogo bastante disputado, ambas as equipes implementaram uma estratégia de saque forçado. Entretanto, a linha de passe norte-americana, contando com o eficiente Matt Anderson, funcionou muito bem, entregando quase todas as bolas nas mãos do levantador. Deste modo, Christenson, que fez uma excepcional partida, conseguiu realizar uma ótima distribuição, variando com as jogadas aceleradas pela entrada com Anderson e Sander, em excelente forma, pela pipe, com Russell, e pelos meios com McDonnell, Holt e Smith (o trio se revezou no meio). Os norte-americanos mostraram muita consistência na defesa, na virada de bola e nos contra-ataques. Para se ter uma ideia, a seleção norte-americana fez 16 pontos de ataque, enquanto que os europeus tiveram apenas 6 acertos.

O levantador norte-americano seguiu com brilhante desempenho em sua estratégia de variação de jogadas no segundo set. Com isso, ele desequilibrou o bloqueio russo, que não conseguia "achar" seus atacantes. É fundamental salientar aqui a performance de Taylor Sander no confronto: com uma fabulosa variação de golpes, o reforço do Sada Cruzeiro abusou das largadas, usando toda a sua habilidade. Além disso, colaborou na defesa e também no bloqueio, terminando o duelo como segundo maior pontuador, com 15 pontos, atrás apenas de seu companheiro Aaron Russell, que colocou 17 bolas no chão.

Ainda nesta parcial, Mikhaylov passou a jogar como ponteiro (Poletaev assumiu a posição na saída de rede), estabilizando razoavelmente a linha de passe europeia e melhorando a virada de bola. Contudo, os norte-americanos mantiveram o seu ritmo de jogo, combinando perfeitamente o sistema de bloqueio, saque e defesa que prejudicou o time russo. Como na primeira parcial, o set se manteve equilibrado e foi encerrado com um erro de saque do levantador Grankin.

Assim como nas parciais anteriores, o equilíbrio se manteve entre as duas seleções até a metade do set. O central Volvich, também companheiro de Anderson no Zenit Kazan, entrou como titular no lugar de Kurkaev. Os russos persistiram investindo na estratégia de não permitir que a equipe adversária abrisse uma grande vantagem, mas o time dirigido por John Speraw não deu chances para o azar. A partir do 16o ponto, os americanos foram pouco incomodados pelo ataque rival e assumiram a liderança no placar. Os europeus, certamente já abatidos e cansados em função do desgaste da partida de ontem contra o Brasil, cederam 23 pontos aos adversários, enquanto que os EUA cometeram menos erros (18 ao total). Outro dado relevante foi a diferença expressiva de pontos de ataque: 47 para os EUA e 34 para a Rússia. Deste modo, é importante enfatizar a grande partida da seleção norte-americana, sobretudo dos ponteiros Taylor Sander, Aaron Russell e do levantador Micah Christenson. A equipe chega jogando em altíssimo nível para o duelo contra o Brasil nesta sexta-feira (28). Veremos como a seleção brasileira irá se sair no confronto.

Logo após o cotejo, quando questionado em entrevista coletiva sobre o jogo de amanhã contra o Brasil, Sander afirmou estar animado e fez elogios à seleção. "Estamos animados. O Brasil jogou muito bem ontem, apesar de ter perdido os dois primeiros sets. É sempre um grande confronto contra os brasileiros porque a equipe é sensacional. Nós queremos jogar, fazendo o trabalho duro que realizamos hoje. Estamos entusiasmados para enfrentá-los em outra partida que deverá ser difícil". A respeito da suspensão do técnico Renan Dal Zotto pela FIVB, por conduta imprópria no jogo contra a Rússia, o ponteiro comentou que a ausência do comandante no banco de reservas não terá efeito algum. "Acho que essa suspensão não vai afetar em nada. Ele é um ótimo treinador e todos os jogadores vêm atuando profissionalmente há muito tempo. Temos que focar na partida, que certamente será dura", salientou.

O ponteiro/aposto Matt Anderson, por outro lado, enalteceu seu próprio grupo e sustentou que a vitória por 3 a 0 contra a seleção russa vai proporcionar mais tempo de descanso à equipe para o duelo contra o Brasil. "Com esse resultado, nós podemos retornar ao hotel e relaxar. Ter vencido a partida contra a Rússia por 3 sets a 0 nos dá satisfação e confiança para o nosso jogo de amanhã". Em relação à suspensão do técnico brasileiro, Anderson minimizou: "Alguns times requerem que o treinador dê uma injeção de ânimo durante a partida. As melhores seleções e os melhores jogadores são motivados pelo seu técnico. (…) O importante é que com ou sem treinador no banco, nós precisamos ir lá e fazer o nosso trabalho".

Pelo grupo J, a Polônia derrotou a equipe Sérvia por 3 sets a 0 (parciais de 28-26, 28-26 e 25-22). Este resultado deixa a seleção italiana em situação muito delicada na competição. Suas chances de classificação são bastante remotas.

O SporTV2 transmite todos os jogos da reta final do Mundial masculino. Confira os dias e horários (de Brasília):

Sexta (28)
12h00 – Brasil x Estados Unidos
16h15 – Itália x Polônia

Sábado (29)
12h00 – Semifinal 1
15h30 – Semifinal 2

Domingo (30)
12h00 – Disputa pelo terceiro lugar
15h30 – Final

No Mundial feminino do Japão, o canal transmitirá os seguintes jogos:

Sábado (29)
1h40 – Porto Rico x Brasil

Domingo (30)
1h40 – Brasil x República Dominicana
7h20 – Turquia x China

Segunda (1)
7h20 – Sérvia x Brasil

Terça (2)
7h20 – EUA x Coreia do Sul

Quarta (3)
7h20 – Quênia x Brasil

Quinta (4)
7h20 – Brasil x Cazaquistão

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Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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