Valeskinha – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Novato, Curitiba surpreende até a si mesmo com boa campanha na Superliga http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/12/20/novato-curitiba-surpreende-ate-a-si-mesmo-com-boa-campanha-na-superliga/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/12/20/novato-curitiba-surpreende-ate-a-si-mesmo-com-boa-campanha-na-superliga/#respond Thu, 20 Dec 2018 08:00:57 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=15394

Estreando na Superliga, equipe paranaense está em terceiro lugar na tabela de classificação (Fotos: James Helmfelt)

Debutante na elite do vôlei nacional, a equipe paranaense Curitiba Vôlei vem surpreendendo neste início de Superliga feminina. Originalmente, o projeto nasceu como Rexona na temporada 1997/1998, na cidade de Curitiba, se transferindo para a capital fluminense em 2002/2003. Já no Rio, o time se transformou no que hoje é o Sesc-RJ. Assim, o novo Curitiba Vôlei, surgido em agosto de 2016, tem como padrinhos o ex-ponteiro Giba, um dos maiores jogadores da história da modalidade, e a ex-tenista Gisele Miró. Liderado pelo técnico Clésio Prado, o time conseguiu a vaga ao se sagrar campeão da série B e, desde a estreia na competição principal, tem feito uma campanha regular com cinco vitórias em oito jogos.

Ocupando a terceira colocação na tabela de classificação, com 16 pontos, atrás apenas dos mineiros Dentil Praia Clube e Minas Tênis Clube – times de investimento bem superior –, o Curitiba Vôlei, que enfrentará o Hinode Barueri nesta sexta-feira (21), tem atuado de maneira bem competitiva. Em entrevista ao Saída de Rede, o técnico Clésio Prado e as centrais Valeskinha e Mariana Aquino falaram a respeito das potencialidades da equipe e ainda, sobre a alegria com o desempenho na principal competição do vôlei brasileiro.

Depois de onze anos fora, a central Mariana Aquino retornou ao país para defender o Curitiba Vôlei

Em relação à boa fase neste primeiro ano de disputa na série A, o treinador exaltou o comprometimento do grupo. “O fato de todos terem assimilado da melhor forma possível a proposta do projeto contribuiu muito. Todo empenho e dedicação estão fazendo a diferença”, observou. A meio-de-rede Mariana Aquino, que acaba de retornar ao Brasil após onze anos jogando fora, também enalteceu a força da equipe.

“Eu acho que a temporada aqui em Curitiba até agora não está apenas me surpreendendo, mas também causando surpresa a todos, né? Nosso time está jogando junto, todo mundo está participando, entrando e fazendo o seu melhor. A comissão está jogando junto, com alegria, indo para cima em todos os jogos e, como franco-atiradores, a gente está indo muito bem. Estamos em terceiro lugar na Superliga e isso é uma alegria imensa para nós. Não só com o time, mas com a torcida (…)”, festejou a central que atuou durante cinco anos na liga universitária norte-americana, se tornando campeã pela UCLA.

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Le Roux: “França merecia mais no Mundial e nas Olimpíadas”

A meio-de rede também teve passagens pelas ligas turca, francesa e romena. Aliás, atuando pelo Alba-Blaj, Mariana foi vice-campeã da Champions League na última temporada, perdendo a final para o multicampeão VakifBank. Traçando um paralelo com o Curitiba Vôlei, a equipe romena também não aparecia como favorita à conquista do título do mais importante torneio de clubes da Europa. Contudo, ainda que tenha se classificado automaticamente para a fase final por ter sido escolhido como sede, o time conseguiu avançar na competição obtendo bons resultados na primeira fase e, ainda, derrotando o turco Galatassaray na semifinal.

Deste modo, segundo a central, a oportunidade de jogar em sua cidade natal e a possibilidade de ampliar o mercado de trabalho aqui foram fatores determinantes para a volta. “O que me fez retornar ao Brasil foi a oportunidade de participar do projeto aqui. Eu sou de Curitiba. Então, só em poder jogar perto da minha família, dos meus amigos e em casa, já é uma grande vantagem (…). Eu estava onze anos fora de casa e quando o time subiu para a Superliga eu não pensei duas vezes. É um projeto que eu gosto muito, com uma comissão na qual eu confio bastante e com quem eu já havia trabalhado anteriormente. Então, não foi uma decisão tão difícil de tomar. E também o que me fez voltar foi a possibilidade de aparecer bastante aqui no Brasil. Para abrir oportunidades de carreira no futuro, me expandir aqui no meu país porque eu não havia jogado nenhuma Superliga antes. Por isso, foi o cenário perfeito”, destacou.

A experiente Valeskinha é um dos pilares do time

A mesma opinião é compartilhada por sua companheira de posição, a campeã olímpica em 2008, Valeskinha, uma das mais experientes do grupo, que ajudou o time a conquistar a vaga na elite. Aos 42 anos, a central, dona de uma extensa lista de troféus no vôlei, integra o projeto desde 2017. Para ela, estímulo é o que não falta. “A motivação vem do amor pelo esporte que eu pratico. Me sinto feliz em estar treinando e cada temporada é uma história nova a ser escrita. Ainda sinto ansiedade antes de cada partida”, revela a meio-de-rede que, além do ouro em Pequim com a seleção brasileira, ainda possui títulos do extinto Grand Prix e da Copa do Mundo, entre outros.

Em relação às perspectivas da equipe na temporada, o técnico Clésio Prado afirma que o grupo manterá o foco em busca de uma vaga na fase final. “As pessoas podem esperar do Curitiba Vôlei o mesmo empenho e dedicação. A entrega nos jogos e a participação de todos no projeto. As nossas ambições continuam sendo as mesmas do início da primeira rodada. Primeiro, claro, permanecer na divisão especial. E, sem dúvida, nos classificar entre os oito para disputar os playoffs. Isso já seria um grande passo para uma equipe vinda da série B”, comentou.

A experiente Valeskinha também acredita que o time tem potencial para progredir na temporada. “Depois de cada treino e jogo eu penso que podemos ir longe. Vejo a nossa evolução e percebo que temos muito a crescer ainda”, observou. Mariana Aquino corroborou: “Jogar aqui está sendo demais porque a torcida está lotando os nossos ginásios. Isso nos incentiva ainda mais a buscar melhores resultados. Nossa expectativa para a temporada é essa: a gente quer entrar nos playoffs (…)”, concluiu.

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Dez anos do ouro em Pequim: como o Brasil se superou e calou os críticos? http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/08/23/dez-anos-do-ouro-em-pequim-como-o-brasil-se-superou-e-calou-os-criticos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/08/23/dez-anos-do-ouro-em-pequim-como-o-brasil-se-superou-e-calou-os-criticos/#respond Thu, 23 Aug 2018 09:00:18 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=14149

Campanha brasileira na China teve apenas uma derrota em 25 sets disputados (Foto: Cameron Spencer/Getty Images)

O placar apontava 19 a 19 com o Brasil vencendo a final olímpica de Pequim 2008 por 2 sets a 1 quando o técnico José Roberto Guimarães colocou Sassá em quadra para sacar no lugar de Paula Pequeno. A reserva, porém, lançou a bola um pouco longe demais, comprometendo o movimento, acertando a rede e dando um ponto de graça para os Estados Unidos. A tensão, inerente a um jogo daquele quilate, era ainda maior por conta do histórico de “quases” que deu ao longo daquele ciclo olímpico a cruel alcunha de “amarelonas” à seleção brasileira feminina de vôlei.

Estar tão perto e não subir ao ponto mais alto do pódio havia sido a trajetória do time na final do Mundial de 2006, que terminou com vitória da Rússia no tie-break e nos Jogos Pan-americanos de 2007, quando diante de um Maracanãzinho lotado o time sucumbiu para Cuba novamente no quinto set. Isso sem contar a semifinal da Olimpíada de Atenas, em 2004, quando a virada veio mesmo após a equipe ter ficado a um ponto da vitória, com um 24 a 19 na quarta parcial. O fantasma da falha no momento decisivo perseguia as brasileiras, especialmente Mari, Fofão, Walewska, Sassá, Valeskinha e Fabiana, remanescentes da tragédia grega, além do treinador José Roberto Guimarães e sua comissão técnica.

Mas por que na China a história da seleção teve um outro final, bem mais feliz? “Parecia que estava todo mundo em estado alfa. Todo mundo ligado para não deixar escapar a nossa meta. Poucas vezes na minha carreira senti um grupo em tão grande sintonia”, relembra Paula Pequeno, eleita a melhor jogadora da competição. De fato, após o erro de Sassá em um momento estratégico, o grupo não se abalou e, com três bloqueios encaminhou a vitória sacramentada em um erro de ataque de Logan Tom, melhor jogadora americana na ocasião. Final: 3 sets a 1, parciais de 25-15, 18-25, 25-13 e 25-21.

Paredão: bloqueio foi um dos pontos fortes da seleção no torneio (Foto: Cameron Spencer/Getty Images)

A jogada que resultou em um dos bloqueios naquela reta decisiva de set, no 21 a 20, é emblemática para mostrar a superação do Brasil. Após saque de Walewska, a líbero Davis recepciona e manda na mão da levantadora Berg. A armadora aciona pela posição 4 Tayyiba Haneef-Park, gigante de 2,01m, que ataca em diagonal por cima do bloqueio. No fundo da quadra, a própria Walewska consegue fazer a defesa, mas sem o controle da bola, que escapa para fora. Ainda em quadra por uma decisão ousada de Zé Roberto (o esperado seria que Paula Pequeno, em grande forma, tivesse voltado), Sassá dá um pique de quatro metros e salva a jogada. Mari manda para o outro lado. O time se recompõe rapidamente e Fabiana consegue um bloqueio na china executada por Danielle Scott-Arruda.

Termômetro de um time bem treinado e focado, o bloqueio foi um dos pontos altos daquela campanha brasileira que teve apenas um set perdido, justamente o da final. E olha que o Brasil não teve facilidade no torneio: de todas as grandes seleções do mundo à época, a única que não esteve no caminho verde-amarelo foi Cuba, que terminaria na quarta colocação. “Essa geração foi muito resiliente, soube esperar a hora certa. Caiu várias vezes, mas sempre teve força para se levantar. Acho que resiliência resume bem o que passamos antes da conquista”, resume a central Walewska.

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Foi um daqueles raros momentos esportivos em que todo mundo de uma equipe joga muito bem – Sheilla, por exemplo, atacante de talento incontestável, destacou-se mesmo no bloqueio, formando um paredão ao lado de Fabiana. No ataque, as ponteiras Mari e Paula Pequeno viveram momentos sublimes, premiando o arrojo da comissão técnica em escalar as duas como titulares, ainda que ambas tivessem claras dificuldades no passe. Tamanha confiança pode ser explicada porque a levantadora e líder do time era Fofão, veterana habilidosa que sabia viver ali sua última grande chance de ganhar o ouro.

E pensar que, por pouco, Fofão não esteve ali. Sentindo-se injustiçada pela opção de Zé Roberto em dar a titularidade de Atenas 2004 para Fernanda Venturini, a paulista havia decidido deixar a seleção após o quarto lugar naquela Olimpíada. O treinador, porém, pediu que ela voltasse e foi atendido. A exigência era que a situação não se repetisse, o que foi reforçado quando Fernanda, com o apoio da opinião pública e do então presidente da CBV, Ary Graça, se ofereceu para voltar à seleção a apenas quatro meses do início da Olimpíada chinesa. Ali Fofão foi clara: era ela ou Fernanda. Zé ficou do lado dela e certamente não se arrepende de sua escolha.

Semi contra a China foi complicado, apesar do 3 sets a 0 (Foto: Jeff Gross/Getty Images)

Em sua biografia, “Toque de Gênio”, Fofão lembra que o jogo mais decisivo da campanha em Pequim não foi a final, mas sim a semi contra a China. É que, não bastasse estar diante do forte time de casa, que estava em busca do bi, ainda havia o fato de a seleção feminina ter perdido nas quatro tentativas de chegar à decisão olímpica até então, em Barcelona 1992, Atlanta 1996, Sidney 2000 e Atenas 2004. “Aquele era o jogo mais importante das nossas vidas”, define Fofão. Nervosos, ambos os times erraram demais no primeiro set, mas a vitória por 27 a 25 deu a confiança necessária para o Brasil embalar e calar os 13 mil torcedores que lotavam o ginásio de Pequim com uma vitória por 3 sets a 0.

LEVANTAMENTO DE PESO E MENSTRUÇÃO

Os resultados obtidos em quadra são resultado direto da boa preparação física feita ao longo de todo o ciclo olímpico. Profissional responsável por essa área até hoje, José Elias de Proença conta que, após a derrota para a Rússia em 2004, a comissão técnica se reuniu e chegou à conclusão que faltava potência e força física às brasileiras. Iniciou-se então um trabalho de levantamento de peso intenso, semelhante ao executado pelos atletas que vão às Olimpíadas justamente para disputar o halterofilismo.

“Trabalhamos muito as técnicas de arranco, arremesso e agachamento. Algumas meninas suplantaram 130 kg de agachamento, o que é uma marca considerável para o peso corporal delas, por volta de 75 kg. Elas ficaram muito fortes e potentes”, conta Zé Elias. Junto com o departamento médico, passou-se também a monitorar o ciclo menstrual das convocadas, com o objetivo de aumentar o trabalho de força no período pós-menstruação contando com a ajuda dos hormônios.

Zé Elias trabalha com a seleção até hoje e auxilia na recuperação de jogadoras como Thaisa em sua clínica, a Dois Andares (Foto: Divulgação)

Por fim, os níveis de cortisol e testosterona também foram acompanhados e trabalhados via alimentação para que o stress não chegasse a um índice prejudicial às jogadoras. “Foi um trabalho conjunto sobre o qual o Zé Roberto costuma dizer que todas as variáveis foram favoráveis: elas estavam fortes fisicamente, mais seguras psicologicamente e havia um comprometimento do grupo. A gente notava na Vila Olímpica que era uma pessoa só andando enquanto grupo”, destaca.

Uma década depois, Paula Pequeno resume o sentimento gerado por aquele torneio: “Foi um momento especial para todas nós, que trabalhamos tanto e estávamos focadas na meta de conquistar a primeira medalha olímpica do vôlei feminino para o Brasil”. Já Walewska, que também tem o bronze em Sidney 2000 no currículo, lembra que a conquista pertence a muito mais atletas que as 12 convocadas na ocasião: “Esse ouro foi construído por muitas jogadoras. Por muitos anos, elas se sacrificaram sem nenhuma estrutura para que em 2008 toda essa dedicação e persistência fossem coroados. Todas merecem ser lembradas através desse símbolo de ouro”.

MVP da Olimpíada, Paula Pequeno voltará a defender o Osasco Audax nesta temporada(Foto; Cameron Spencer/Getty Images)

POR ONDE ANDAM AS CAMPEÃS OLÍMPICAS?

Carol Albuquerque – reserva no Osasco Audax, clube no qual vai para a terceira temporada seguida
Fabi – despediu-se das quadras ao término da última Superliga e virou comentarista da Globo/SporTV
Fabiana – Capitã do Praia, atual campeão brasileiro. Parou de jogar pela seleção com a derrota na Olimpíada do Rio
Fofão – Jogou até 2015, quando se aposentou das quadras aos 45 anos; tem participado de eventos sobre violência contra a mulher e lançou uma biografia este ano
Jaqueline – anunciou sua despedida da seleção em julho, mas ainda negocia com clubes para permanecer jogando
Mari – tirou 2017/2018 como temporada sabática e abriu uma loja de alimentação saudável em São Paulo
Paula Pequeno – depois de passagens discretas pelo Brasília e Bauru, volta ao Osasco nesta temporada
Sassá – Joga desde 2016 pelo Fluminense, onde passou a também exercer a função de líbero
Sheilla – grávida de gêmeas, não atua desde a Olimpíada do Rio 2016, mas não descarta voltar a jogar
Thaísa – única a seguir na seleção, tenta voltar à melhor forma após graves lesões no tornozelo e joelho
Valeskinha – foi campeã da Superliga B pelo Curitiba na última temporada e segue treinando com a equipe
Walewska – importante no título do Dentil/Praia na Superliga 17/18, transferiu-se para Osasco

CAMPANHA BRASILEIRA EM PEQUIM 2008

Primeira fase
Brasil 3 x 0 Argélia – 25-11, 25-11 e 25-10
Brasil 3 x 0 Rússia – 25-14, 25-14 e 25-16
Brasil 3 x 0 Sérvia – 25-15, 25-13 e 25-23
Brasil 3 x 0 Cazaquistão – 25-13, 25-06 e 27-25
Brasil 3 x 0 Itália – 25-16, 25-22 e 25-17

Quartas-de-final
Brasil 3 x 0 Japão – 25-12, 25-20 e 25-16

Semifinal
Brasil 3 x 0 China – 27-25, 25-22 e 25-14

Final
Brasil 3 x 1 EUA – 25-15, 18-25, 25-13 e 25-21

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Novo time de Curitiba tem Giba nos bastidores e quer chegar à Superliga http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/07/12/novo-time-de-curitiba-tem-giba-nos-bastidores-e-quer-chegar-a-superliga/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/07/12/novo-time-de-curitiba-tem-giba-nos-bastidores-e-quer-chegar-a-superliga/#respond Wed, 12 Jul 2017 09:00:45 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=8286

Junto com Clésio Prado e Gisele Miró, Giba volta ao vôlei como “padrinho” do Madero CWB (fotos: Valterci Santos)

Desde a mudança do então Rexona para o Rio de Janeiro, no final da temporada 2003/2004, o Paraná não teve mais nenhuma equipe na disputa da Superliga feminina de Vôlei. Em abril deste ano, o Curitibano chegou à decisão da Superliga B, mas foi batido pelo Hinode Barueri. Agora, através da Taça Ouro, o recém-criado Madero CWB tentará levar o estado de volta à competição máxima do voleibol nacional.

Coordenado pela ex-tenista Gisele Miró, o projeto herdou a vaga do Curitibano na seletiva promovida pela CBV e conta com o apoio de Giba. Foi por intermédio do ex-craque da seleção que o patrocinador máster – uma rede de restaurantes paranaense que dá nome à equipe – chegou ao representante do estado na Taça Ouro. “A última coisa que eu pensava era me enfiar num time de voleibol”, brincou o MVP dos Jogos de Atenas 2004, que tem se dedicado a projetos sociais.

Além do Madero, o time tem patrocínio da Copel Telecom e da UEG Araucária. CWB, que compõe o nome de fantasia da equipe, é a sigla atribuída pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) ao aeroporto de São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, o Afonso Pena, e também é adotada como sinônimo da capital paranaense pela população.

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Mescla
Treinando desde o início de junho, o Madero CWB lutará contra Sesi e Renata/Valinhos Country, em agosto, pela 12ª e última vaga na Superliga. Nesse torneio triangular, o time contará com jovens jogadoras e também com nomes bastante conhecidos do público do vôlei, como a ponteira Fofinha e as campeãs olímpicas Fernandinha e Valeskinha.

“Temos uma mescla de experiência com juventude, de atletas consagradas com atletas jovens de potencial físico e técnico muito bom. Estamos com um grupo já fechado de 16 jogadoras. Havia até a possibilidade de trazer uma estrangeira, mas ficou inviável”, lamentou o técnico Clésio Prado.

O time chegou a inscrever na competição a oposta porto-riquenha Karina Ocasio, que defende o Cáguas, de seu país, e está com sua seleção nacional na disputa do grupo II do Grand Prix. Contudo, fora da realidade financeira do projeto, a atacante acabou não fechando contrato.

Recém-criado, projeto do Madero CWB almeja quartas de final da Superliga

Playoffs como meta
Para esse período de treinamento para a disputa da Taça Ouro, o Madero CWB possui uma verba de R$ 250 mil. Considerado modesto para os padrões do vôlei nacional, o orçamento deve receber mais aporte financeiro, seja para disputar a Superliga, em caso de classificação, seja para competir na Superliga B. “O mais bacana desse projeto da Gisele (Miró) é a sustentabilidade”, frisou o treinador.

“Os parceiros estão sinalizando que, independentemente do sucesso ou do insucesso na Taça Ouro, o time terá uma estrutura maior e melhor, para que a gente consiga o acesso, mesmo que seja pela Superliga B”, afirmou Clésio. “A conversa que a gente está tendo com o empresariado de Curitiba é que a gente não quer que o projeto dure (apenas) um, dois, três anos, a gente quer um projeto a longo prazo”, assinalou.

Pensando num crescimento gradativo de investimento no projeto, o treinador diz que não quer “pular etapas”. Para Clésio, caso a equipe se classifique à divisão de elite do voleibol nacional, a meta é chegar às quartas de final.

“A gente sabe que pra (jogar) uma Superliga, o investimento dos quatro primeiros (colocados da edição passada) é um pouco fora da nossa realidade”, reconheceu. “Com um upgrade de investimento e uma ou duas peças a mais, eu tenho plena convicção de que a gente chegaria aos playoffs”, projetou o técnico.

A Taça Ouro será disputada entre os dias 2 e 5 de agosto, no Ginásio do Sesi, em Santo André.

Colaborou Sidrônio Henrique

* Corrigido às 10h16

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Aos 41, Valeskinha quer continuar jogando: “Ainda não penso em parar” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/30/aos-41-valeskinha-quer-continuar-jogando-ainda-nao-penso-em-parar/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/30/aos-41-valeskinha-quer-continuar-jogando-ainda-nao-penso-em-parar/#respond Sun, 30 Apr 2017 09:00:34 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=6842

Mesmo com o vice, Valeskinha era só sorrisos na premiação da Superliga B (Foto: William Lucas/Inovafoto/CBV)

Versatilidade é a marca da carreira de Valeskinha. Com apenas 1,80 m de altura, a carioca superou as limitações físicas para constituir uma carreira de respeito no voleibol. Jogou como central e ponteira, mas diz que poderia até ser líbero, se precisasse. Tamanha dedicação se reflete em longevidade: com 41 anos recém-completados no último 23 de abril, ela ainda pretende continuar atuando.

O último desafio foi na Superliga B: principal estrela do BRH-Suflex/Curitibano, foi vice-campeã da competição à frente de um grupo formado essencialmente por jovens atletas. Questionada se pararia de jogar, deixou clara sua decisão, sem data para mudar: “Ainda não, mas daqui a pouco…”.

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Como é ver o Final Four da Liga dos Campeões de vôlei?

A ideia é permanecer no time paranaense pelo menos para a Taça Ouro, disputa que dará uma vaga na divisão principal da Superliga a ser jogada provavelmente em agosto. Sabe, porém, que nem sempre as coisas acontecem como o planejado, especialmente no instável mundo do esporte. “Vamos ver o que vai acontecer com essa equipe e com o voleibol para a minha pessoa”, comentou.

Foi justamente essa imprevisibilidade que fez Valeskinha parar no Curitibano. Depois de uma passagem pela equipe de Bauru, ela pretendia jogar no exterior, mas o convite da equipe comandada pela ex-jogadora Cristina Pirv a convenceu a ficar no Brasil.  “Quando me ligaram e perguntaram se eu estava a fim de entrar neste projeto, cheio de jovens, não pensei duas vezes: eu gosto de desafios, coisas novas!”, lembrou.

Valeskinha foi ouro com o Brasil em Pequim 2008

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Como líder da equipe não conseguiu evitar que o nervosismo minasse as chances na final diante do Hinode/Barueri, de José Roberto Guimarães. Ainda assim, o sentimento de todas era de alegria ao receber a premiação pelo segundo lugar no torneio.

“Elas sentiram a final, então não é legal ficar triste ou chorando. Temos que ter orgulho do que nós fizemos, de onde chegamos e saber que só isso não basta, é preciso querer mais e mais. Que sirva de lição pra gente”, destacou a atleta.

Falando em “mais e mais”, Valeskinha não sente o lado físico pesar depois de tanto tempo jogando em alto nível? “Doer faz parte, não tem jeito. As artrites, tedinites e todas “ites” da vida sempre vão acompanhar a gente mesmo depois de parada”, sorriu, bem humorada.

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Brasil Kirin resiste, mas Sada Cruzeiro faz a lógica prevalecer http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/09/brasil-kirin-resiste-mas-sada-cruzeiro-faz-a-logica-prevalecer/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/04/09/brasil-kirin-resiste-mas-sada-cruzeiro-faz-a-logica-prevalecer/#respond Sun, 09 Apr 2017 09:00:40 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=6281

Sada Cruzeiro venceu a primeira partida da semifinal por 3-1 (foto: Renato Araújo/Sada Cruzeiro)

O Brasil Kirin fez o que estava ao seu alcance, resistiu o quanto pôde, jogou uma de suas melhores partidas esta temporada, mas do outro lado da quadra estava simplesmente o time tetracampeão nacional e tri mundial, Sada Cruzeiro, uma máquina de jogar voleibol comandada pelo argentino Marcelo Mendez. Vitória mineira por 3-1 (25-20, 18-25, 25-22, 25-21) na primeira partida de uma das séries semifinais da Superliga 2016/2017, em Contagem (MG), na noite deste sábado (8). Foi apenas o 12º set perdido pelo Sada em 26 jogos disputados nesta edição.

Em jogo repleto de erros, arbitragem confusa ofusca vitória do Taubaté
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Reedição da final da última Superliga, a partida no ginásio do Riacho teve quase duas horas de duração e o grande número de erros pode ser creditado a agressividade das equipes no saque. As falhas, embora muitas, não ocorreram em uma proporção tão elevada quanto a de quinta-feira (6), pela outra série, em que o Taubaté venceu o Sesi por 3-0 no primeiro confronto.

Leal marcou 17 pontos diante do Brasil Kirin neste sábado (foto: Washington Alves/Inovafoto/CBV)

O serviço foi arma essencial para o Brasil Kirin tentar equilibrar o duelo diante de um adversário do porte do Sada. O time comandado pelo também argentino Horacio Dileo sabia que teria de forçar o erro da recepção cruzeirense para que a bola ficasse longe das mãos do habilidoso levantador William Arjona. Conseguiu ótimas passagens no saque, principalmente com o veterano ponta Diogo e com o central campeão olímpico Maurício Souza – este fechou o segundo set com uma sequência de três aces.

O problema para a equipe de Campinas (SP) é que manter o saque em um nível tão alto por um período longo é missão quase impossível e, além disso, teria de contar com o relaxamento do oponente. É que o Sada havia vencido a primeira parcial com relativa facilidade, apesar de ter cometido 11 erros – foram 35 no jogo. Escaldado após a derrota no segundo set, o time multicampeão tratou de acelerar a partir do terceiro. Não que o Brasil Kirin tenha desistido da partida, pelo contrário, continuou lutando, mas a superioridade cruzeirense era nítida.

Ponta Filipe cresceu na quarta e última parcial (foto: Renato Araújo/Sada Cruzeiro)

Destaques
O oposto Evandro e o ponta cubano naturalizado brasileiro Leal, que recebeu o troféu Viva Vôlei, foram os maiores pontuadores do Sada Cruzeiro e do jogo, tendo marcado 21 e 17 vezes, respectivamente. Evandro virou 18 de 27 tentativas no ataque (66,6%). Pelo adversário, o oposto Rivaldo foi quem mais pontos fez, somando 14. Segundo a assessoria de imprensa do Sada, o ponteiro Filipe teve 71% de aproveitamento no ataque, fundamento no qual marcou 10 pontos – fez ainda dois de bloqueio e um de saque. A estatística na página da competição, fornecida pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), infelizmente não traz informações mais detalhadas.

Minas coloca hegemonia do Rexona em xeque e Tandara sepulta Praia

É difícil imaginar que o time de Dileo possa tirar o Sada Cruzeiro de mais uma final, mas está de parabéns, mesmo se deixar a competição uma etapa antes da edição anterior. Para quem não se lembra, o Brasil Kirin esteve ameaçado de desmanche e perdeu atletas importantes, que ajudaram o time a chegar ao vice-campeonato no ano passado, como o ponta Lucas Lóh e o levantador argentino Demián González. O patrocinador segurou Maurício Souza e o líbero Tiago Brendle, entre outros, e apesar das oscilações a equipe terminou a fase de classificação em quarto lugar.

Favoritismo
O fato de a final ser em jogo único – marcado para o ginásio Mineirinho, em Belo Horizonte, no dia 7 de maio – parece ser o maior problema para o pentacampeonato do Sada. É que em um dia ruim o time poderia (veja bem, “poderia”) cair diante de Sesi ou Taubaté, que duelam na outra semifinal. Em condições normais de temperatura e pressão, o título vai para o Cruzeiro de Evandro, William, Leal, Filipe, Simon, Isac e Serginho. Esta temporada, a equipe sofreu apenas duas derrotas – 2-3 para o Sesi na semifinal da Copa Brasil e 0-3, com os reservas em quadra, para o Taubaté na décima rodada do returno da Superliga.

Dani Lins fala sobre a briga com a CBV: “Só recebemos apoio até agora”

Brasil Kirin e Sada Cruzeiro fazem a segunda partida da melhor de cinco nesta quinta-feira (13), às 22h, no ginásio Taquaral, em Campinas, com transmissão da RedeTV e do SporTV. No sábado (15), às 21h30, no ginásio Lauro Gomes, em São Caetano (SP), com SporTV, Sesi e Taubaté se enfrentam pela segunda vez na série – o jogo não será na quadra do time da capital paulista, na Vila Leopoldina, porque o local conta apenas com 800 assentos, quando a competição exige número mínimo de 2 mil lugares a partir das semifinais.

SUPERLIGA FEMININA B

Campeã olímpica, Valeskinha defende o Curitibano (Foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

O SporTV confirmou a transmissão da final da Superliga B feminina nesta segunda-feira (10), às 20h. A decisão será entre Hinode/Barueri, equipe treinada pelo tricampeão olímpico José Roberto Guimarães, e o BRH-Sulflex/Curitibano, que tem como técnico Jorge Edson, ex-central campeão olímpico em Barcelona 1992 sob o comando daquele que agora é seu adversário. O time de Zé Roberto, que teve a melhor campanha na fase de classificação, jogará em casa, no ginásio José Corrêa. A equipe paranaense tem como dirigente a ex-ponta romena naturalizada brasileira Cristina Pirv.

A campanha dos finalistas não poderia ser mais distinta. Enquanto o Barueri está invicto no torneio, o Curitibano precisou de superação: depois de perder os primeiros seis jogos, ganhou as quatro partidas do mata-mata e chegou à final.

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Bernardinho: “Time nasceu competitivo e seguirá sendo por outros 20 anos” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/03/15/bernardinho-time-nasceu-competitivo-e-seguira-sendo-por-outros-20-anos/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2017/03/15/bernardinho-time-nasceu-competitivo-e-seguira-sendo-por-outros-20-anos/#respond Wed, 15 Mar 2017 09:00:34 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=5684

“Foram 20 anos incríveis, quem vai tocar o processo agora é o Sesc” (foto: Divulgação)

O momento parecia de turbulência com a saída do patrocinador Unilever, parceiro desde 1997, mas Bernardo Rezende garante que a equipe de vôlei feminino sob seu comando segue firme. “O time vai continuar sendo competitivo. Nasceu competitivo e seguirá sendo por outros 20 anos. Não há nenhuma descontinuidade, é um processo ajustado e quem vai tocar agora é o Sesc”, disse o técnico multicampeão ao Saída de Rede.

Esta é a primeira parte de uma entrevista que o treinador concedeu ao SdR. Nesta o foco é o voleibol feminino. Além da transição no Rexona-Sesc, equipe que conquistou a Superliga 11 vezes e que encerrou a fase classificatória da atual edição na liderança, com 10 pontos de vantagem sobre o segundo colocado, Bernardinho fala sobre a dificuldade de enfrentar “seleções” no Mundial de Clubes, relembra que o arquirrival Osasco (atual Vôlei Nestlé) venceu a competição tendo “uma verdadeira seleção” e que depois perdeu a final da Superliga para o Rexona.

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Ele aponta o Camponesa/Minas, liderado pela oposta americana Destinee Hooker e pela ponteira Jaqueline Carvalho, como favorito na Superliga e alega que vencê-lo três vezes numa eventual semifinal é uma tarefa complicada.

Fala de talentos do voleibol brasileiro, como a central Bia, as pontas Rosamaria, Gabi e Tandara, as opostas Lorenne e Paula Borgo, além das levantadoras Roberta, Naiane, Juma e Macris.

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Sobre a estrangeira de sua equipe, a ponta holandesa Anne Buijs, Bernardinho afirma que “aos poucos ela está começando a mostrar mais consistência na atuação de alto nível”.

Confira a primeira parte da entrevista que Bernardo Rezende nos concedeu:

Saída de Rede – Como fica a equipe com a saída da Unilever após 20 anos de parceria?
Bernardinho – O time vai continuar sendo competitivo. Nasceu competitivo e seguirá sendo por outros 20 anos. Foram 20 anos incríveis e não há nenhuma descontinuidade, é um processo ajustado, combinado, de prosseguimento e quem vai tocar o processo agora é o Sesc. Esse processo foi conduzido por nós, junto com o Sesc, nessa transição. A Unilever jamais nos abandonou, muito pelo contrário, sempre foi uma parceira orientadora, muito preocupada com a consistência do projeto, tanto na parte competitiva quanto nas frentes sociais.

O técnico durante Mundial de Clubes 2016, nas Filipinas (foto: FIVB)

Saída de Rede – O Rexona vai para o Mundial de Clubes em maio, no Japão. Diante dessa situação, de transição, o time já havia se programado para contratar algum reforço?
Bernardinho – Nós não temos nenhuma verba neste momento para poder buscar alguém. E também não seria justo chegar num momento como esse e sacar uma jogadora para, de repente, colocar outra. Seria muito bacana poder reforçar, tentar trazer alguém que nos desse uma condição a mais. Osasco, quando foi ao Mundial, tinha uma verdadeira seleção.

Sobre o arquirrival Osasco e seu título mundial: “Tinha uma verdadeira seleção” (foto: FIVB)

Saída de Rede – Você fala da edição de 2012, quando Osasco ganhou?
Bernardinho – Exatamente… E depois nós ganhamos delas na final aqui (na Superliga). (Osasco) Era uma seleção com das quatro titulares: Garay, Jaqueline, Thaisa e Sheilla. Tinha ainda duas reservas imediatas da seleção: Fabíola e Adenízia. O time chegou ao Mundial em condições de brigar. Hoje, as equipes turcas são verdadeiras seleções do mundo. Eczacibasi, por exemplo, o VakifBank, o Fenerbahce… Esses times são all-star, com jogadoras de várias seleções do mundo, se torna mais difícil vencê-los. No último Mundial a gente estava meio despreparado e perdeu duas vezes por 3-2, pro Eczacibasi e pro Casalmaggiore, campeão europeu. Esses dois foram os finalistas. Então faltou pouco. Quem sabe a gente não consiga depois da Superliga, mais preparado, um pouco mais? (Nota do SdR: o Rexona-Sesc terminou o Mundial 2016 na quinta colocação.)

Saída de Rede – O fato de o torneio agora ser no fim da temporada de clubes, pouco depois do encerramento da Superliga, ajuda o time? Embora esses adversários também estejam com bom ritmo.
Bernardinho – Para nós, que não temos a quantidade de talentos individuais a nível mundial que esses times têm, a questão do sistema funcionar é a única chance que a gente tem. Não dá para brigar na individualidade. Sob esse ponto de vista, a consistência de uma temporada talvez nos dê uma possibilidade a mais. Claro que esses grandes times continuam sendo os favoritos, mas talvez a gente tenha uma pequena condição a mais.

Bernardinho orienta o time durante partida da Superliga (foto: Alexandre Arruda/Divulgação)

Saída de Rede – Falando agora de Superliga, as outras equipes no top 4, Minas cresceu no segundo turno, Praia Clube caiu um pouco ao longo da competição e Osasco está se ajustando. Desses três adversários, qual seria o mais perigoso?
Bernardinho – O Minas com certeza é o mais perigoso. Na minha opinião, o Minas se tornou o favorito.

Saída de Rede – Por quê?
Bernardinho – Uma coisa é ter o Minas sem uma Hooker e sem uma Jaqueline. A Hooker é uma das grandes opostas do mundo. Veja bem, não falo só da Superliga, falo do mundo, e ela ataca como poucas. A Jaqueline é completa, arma o time de uma maneira… Que jogadora tem condições de passar como ela passa, arrumar o time, defender, fazer o jogo como ela faz? Aí você tem Rosamaria, Carol Gattaz fazendo excelente temporada, a Naiane… Pelas jogadoras que tem hoje, o Minas se tornou favorito na Superliga.

Saída de Rede – Enfrentá-las numa melhor de cinco jogos em uma possível semifinal facilita para vocês, não? Afinal, ganhar três vezes do Rexona…
Bernardinho – (Interrompendo) É, mas ganhar três vezes desse Minas aí é tão complicado quanto ganhar três vezes do Rexona.

Saída de Rede – Se você diz… E quanto ao Praia e ao Osasco?
Bernardinho – Acho que o Praia vive um momento de insegurança emocional, mas é um time com muito potencial. Na final, no ano passado, por muito pouco a coisa não fugiu da gente. Foi uma final muito dura. E Osasco é sempre Osasco, uma equipe de tradição, que vai chegar, mudou um pouco a forma de jogar: no último ano tinha mais força no meio, a cubana na ponta, agora tem a Tandara, duas estrangeiras, com muita força ali. A Bia tem jogado em altíssimo nível.

A central Bia, do Vôlei Nestlé, foi bastante elogiada por Bernardinho (foto: João Pires/Fotojump)

Saída de Rede – Você acha que a Bia subiu muito de produção em relação ao ano anterior?
Bernardinho – Ela já tinha jogado muito bem no Sesi com a Dani Lins. O fato de ter uma grande levantadora do lado dela, e ela sempre foi uma grande bloqueadora, deu uma condição… Me lembro que ganhamos grandes competições com a Dani e as centrais eram a Valeskinha e a Juciely, que são mais baixas, e a Dani as fazia jogar, mesmo sendo jogadoras fisicamente menos capazes de jogar com atletas grandes. A Dani faz isso muito bem e a Bia está se beneficiando disso. Para o voleibol é muito importante ter uma jogadora como ela, que naturalmente já é uma grande bloqueadora. É um belo trabalho feito lá e ter a Dani por perto dá uma condição ainda melhor.

“Natália foi uma jogadora fundamental” (foto: FIVB)

Saída de Rede – O Rexona sempre teve muito volume de jogo e você procura fazer o time jogar de forma acelerada na virada de bola e no contra-ataque. No ano passado, quando o passe não saía, era bola para a Natália, que descia o braço. Como está isso hoje? Conversando outro dia com o Anderson Rodrigues (técnico do Brasília Vôlei), ele dizia que o Rexona está bem, porém errando mais do que no ano passado. Você também acha isso? O que está faltando para o time?
Bernardinho – É exatamente isso. O Anderson enxerga um pouco com os meus olhos, até por termos convivido tanto tempo. Nós ainda não temos a consistência… Olha, a Natália foi uma jogadora fundamental nos últimos dois anos, dava um equilíbrio muito grande, pra gente se permitir ter um passe pior às vezes. Era uma jogadora que resolvia, ela foi excepcional. Não tê-la este ano requer um time que cometa menos erros, que desperdice menos, mas ainda estamos em busca disso, dessa consistência maior. Nos momentos importantes estamos tendo boas atuações, mas o time ainda oscila. A Anne (Buijs) tem altos e baixos, mas teve momentos muito bons, como na Copa Brasil, a final do Sul-Americano, mas não posso atribuir a ela a responsabilidade que a Natália já tinha condições de assumir. Eu tenho que ter também a calma de fazer com que ela tenha a tranquilidade de jogar sem um excesso de peso sobre ela. Quem está assumindo uma responsabilidade maior é a Gabi, o que é muito bom para ela, para o amadurecimento.

Saída de Rede – Mas ela não tem característica de força, tem outro perfil, não dá para comparar com a Natália.
Bernardinho – Não, mas você pode jogar de outra maneira. A ideia é um pouco essa, que ela jogue de uma forma com mais velocidade, para que ela consiga criar situações de dificuldades para o outro time.

O treinador orienta Anne Buijs: “Está começando a mostrar mais consistência” (foto: Marcelo Piu/Divulgação)

Saída de Rede – Quando a Brankica Mihajlovic (ponta sérvia, vice-campeã na Rio 2016), que tem um perfil parecido com o da Anne, com deficiências no passe e no fundo de quadra, jogou aqui, ela deslanchou a partir das quartas de final. Você está preparando a Anne para crescer na reta final?
Bernardinho – Aos poucos ela está começando a mostrar mais consistência na atuação de alto nível. É o que a gente espera dela: crescer fisicamente e conseguir lidar com uma situação de pressão que a Superliga exige o tempo todo.

Saída de Rede – Atualmente, no cenário internacional, temos a impressão de que existe uma carência de ponteiras passadoras. Você diria que o vôlei no Brasil reflete isso também?
Bernardinho – A Gabi é uma jovem ponteira excepcional. A Natália tem pouco tempo nessa função… Então, nós temos duas ponteiras. São pontas que às vezes não são tão boas passadoras, como a Tandara também não é, mas que você pode compor. Veja, a Sérvia jogou a Olimpíada com a Brankica na ponta, a Tandara não é pior passadora do que ela. Você tem como compor e o Zé Roberto vai saber montar isso. No Brasil há um pouco dessa carência, não só no feminino também há no masculino, mas eu diria que não estamos tão mal posicionados neste sentido. Temos algumas jogadoras interessantes para surgir, como a Rosamaria.

Saída de Rede – Nós conversamos com ela, que admitiu que não dava para ser oposta em nível internacional, até por sua altura (1,85m), mas sim ponteira. Ela pensou exatamente nisso.
Bernardinho – Ela pensou e os treinadores dela também. Na minha opinião é uma solução excepcional, ela tem plenas condições de jogar nessa posição.

Ele diz que Macris “taticamente joga muito” (foto: CBV)

Saída de Rede – Que outros destaques você vê entre as jogadoras mais jovens aqui no Brasil?
Bernardinho – Levantadoras você tem a Roberta, a Naiane, a Juma, que são jovens e boas jogadoras. A Macris é uma atleta que taticamente joga muito, ela é diferente e entra nesse rol. A Dani Lins continua sendo a principal e melhor jogadora da posição. Mas temos um leque de jogadoras interessantes para trabalhar, com boa estatura. Olhando pro futuro, eu vejo boas levantadoras. Sobre opostas, não sei se a ideia é a Tandara jogar um pouco ali, a Natália jogar eventualmente, mas eu tinha uma crença muito grande em uma menina que é a Paula Borgo, que fez duas boas temporadas e este ano está jogando menos. Claro que isso é momentâneo e é uma jogadora que tem potencial. Não temos uma quantidade grande, talvez seja o caso de pensarmos em uma estrutura um pouco híbrida.

Saída de Rede – E a Lorenne, sua jogadora até a temporada passada, foi ideia sua ela ir para o Sesi, sob o comando do Juba, que tinha sido seu assistente, para ela jogar mais?
Bernardinho – Sim, ela tinha que sair pra jogar.

“Lorenne talvez necessite mais tempo” (foto: Sesi)

Saída de Rede – Está muito verde ainda para se pensar em seleção principal?
Bernardinho – Ela está galgando, agora já joga a Superliga, tem potencial. Lorenne talvez necessite um pouco mais de tempo, assim como a Paula Borgo. Elas precisam passar por um processo de amadurecimento internacional para poder jogar.

Saída de Rede – A Lorenne joga de uma forma diferente do que historicamente as nossas opostas fazem, mais lenta, porém com mais alcance e com mais potência. Como você vê isso?
Bernardinho – É, ela vai mais alto, pega uma bola mais lenta. Temos que ver, pois a forma de jogar do Brasil não é muito esta e, lá fora, jogar com uma bola tão lenta talvez não seja o mais recomendável. Mas é uma jogadora de potencial, tem que ser trabalhada para ter condição de jogar internacionalmente. É preciso testá-la lá fora. Já jogou Mundial sub23, ou seja, está começando a ganhar essa experiência.

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