sidronio henrique – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Velasco: “Me incomoda muito que o Brasil possa utilizar o Leal” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/07/velasco-me-incomoda-muito-que-o-brasil-possa-utilizar-o-leal/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/07/velasco-me-incomoda-muito-que-o-brasil-possa-utilizar-o-leal/#respond Mon, 07 May 2018 16:00:40 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13287

O argentino criticou o fato de um atleta como Leal, que defendeu uma seleção, poder jogar por outra (fotos: FIVB)

Considerado um dos grandes nomes da história do vôlei, o técnico da seleção masculina da Argentina, Julio Velasco, não gosta de ver atletas que defenderam um país jogando por outro. Ele criticou, ao citar alguns nomes, a possibilidade do ponta Yoandy Leal atuar pela seleção brasileira. De acordo com as regras da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), cada seleção pode contar com um jogador naturalizado.

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“Me incomoda muito que o Brasil possa utilizar o Leal, que já jogou por Cuba; que a Polônia tenha o León; ou o Juantorena no caso da Itália. Isso me parece antidesportivo. Não digo nada sobre jogadores como Zaytsev, Travica ou Lasko, que são culturalmente italianos, estudaram lá e não jogaram por outro país”, disse o treinador, em entrevista ao canal de TV argentino TyC Sports. “Em geral, isso (mudança de nacionalidade) se dá com jogadores de seleções mais pobres para mais ricas, nunca acontece o contrário”, completou Velasco.

O ponta Leal foi liberado pela FIVB para defender a seleção brasileira a partir de 2019

Restrições
Yoandy Leal, assim como os ponteiros Wilfredo León e Osmany Juantorena, a exemplo de outros astros cubanos, vide o central Robertlandy Simon, deixaram o país por causa de pesadas restrições que sofriam. Entre as limitações estava a impossibilidade de defender clubes estrangeiros e assim fazer valer seu peso no mercado.

O técnico argentino se equivocou ao mencionar Ivan Zaytsev entre atletas nascidos no estrangeiro – ainda que não reclame de sua presença na Azzurra por considerá-lo “culturalmente italiano”. O ponta/oposto, embora tenha pais russos, nasceu em Espoleto, na Itália – é filho do ex-levantador Viatcheslav Zaytsev, campeão olímpico e bicampeão mundial pela antiga União Soviética. A seleção italiana é, entre as potências do esporte, a que mais recorreu a atletas naturalizados no naipe masculino – no feminino já contou com Taismary Aguero, que veio de Cuba, e Carolina Costagrande, da Argentina.

Velasco não está sozinho em sua posição refratária à presença de jogadores naturalizados em seleções. Comentários assim são comuns nos bastidores dos grandes torneios, longe de gravadores e câmeras. No entanto, é raro que alguém, especialmente com a importância de Velasco na modalidade, diga algo publicamente.

O ponteiro em ação pela seleção cubana, contra o Brasil, no Mundial 2010

Laços
Ignorar os laços de Yoandy Leal com seu novo país parece estranho. Ele jogou pela seleção cubana até 2010 – foi vice-campeão mundial naquele ano, perdendo a final para os brasileiros. Deixou Cuba e veio morar em Belo Horizonte em 2011. No ano seguinte, cumpridos dois anos de afastamento das quadras desde o último jogo pela seleção, período imposto pela FIVB por ter desertado, fez sua estreia pelo Sada Cruzeiro.

Quem acompanhou Leal em ação pela seleção cubana no Mundial 2010 enxergava um atacante nato, mas via lacunas nos demais fundamentos. No time mineiro, o ponta deslanchou de vez. Ao longo dos anos, burilou seu jogo, melhorando ainda mais no ataque e tornando-se um grande sacador e bloqueador. Portanto, foi no Brasil que ele se desenvolveu até chegar ao nível que tem agora.

O mesmo ocorreu com Juantorena na Itália, que chegou por lá no final da década passada. Já León naturalizou-se polonês sem jamais ter jogado por nenhum clube do país – casou-se com uma polonesa, com quem tem uma filha. Simon, ídolo no Sada Cruzeiro, já procurou, sem sucesso, a Itália (desistiu quando soube que o processo de Juantorena estava mais avançado), o Canadá e a Argentina.

Wilfredo León jogou dos 14 aos 18 anos pela seleção adulta de Cuba

Seleção
Naturalizado brasileiro desde dezembro de 2015, Leal viu a Federação Cubana demorar a liberá-lo para a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Como a data de transferência foi 30 de abril de 2017, só poderá jogar pela seleção do Brasil a partir de 30 de abril de 2019, cumprindo dois anos de prazo exigidos pela FIVB após a mudança de federação.

Na próxima temporada, o jogador de 29 anos e 2,02m vai defender o Lube Civitanova, da Itália, que neste domingo (6) ficou com o vice-campeonato nacional. Pelo Sada Cruzeiro, ele se despediu conquistando seu quinto título da Superliga – no clube mineiro, foi tricampeão mundial e tetra sul-americano.

León também só poderá defender a Polônia a partir de 2019. Liberado desde 2013 para jogar pela seleção italiana, Juantorena foi convocado apenas em 2015, sendo peça fundamental nos vice-campeonatos na Copa do Mundo, naquele mesmo ano, e na Rio 2016.

Osmany Juantorena na seleção italiana durante a Rio 2016

Comparação
Durante a entrevista, concedida na semana passada, Velasco fez uma comparação com o futebol, esporte no qual o atleta que atuou em qualquer partida oficial por uma seleção fica impedido de integrar outra. O atacante Diego Costa, por exemplo, que defendeu a Espanha na Copa do Mundo 2014, havia jogado pelo Brasil apenas em amistosos. A Fifa, entidade que rege o futebol, diz que um jogador só pode defender um país em jogos oficiais pela seleção principal. Não são considerados neste caso amistosos nem jogos pelas categorias de base (times olímpicos, sub-20 ou sub-17).

O Saída de Rede procurou Julio Velasco, para que comentasse de forma mais detalhada suas restrições e explicasse a referência às seleções “pobres” e “ricas”, mas não foi atendido. Também fomos atrás da FIVB, responsável pela liberação de atletas naturalizados para atuar por seleções de outros países, porém a entidade não se manifestou sobre a posição do treinador, apenas reiterou que esses jogadores têm seu aval, desde que todos os trâmites tenham sido cumpridos. A CBV preferiu o silêncio. Yoandy Leal não quis comentar as afirmações do técnico da seleção argentina.

Julio Velasco orientando a seleção argentina durante pedido de tempo

Perfil
Velasco ganhou notoriedade ao conduzir ao estrelato a seleção masculina da Itália nos anos 1990, a chamada Generazione di Fenomeni, com a qual venceu dois Mundiais (1990 e 1994) e conquistou uma prata olímpica (Atlanta 1996). Também foi treinador da seleção feminina italiana, depois voltou ao voleibol masculino, passando por clubes da liga daquele país. Dirigiu outras seleções europeias e mais recentemente foi ao Oriente Médio, onde teve destaque no comando do Irã, antes de realizar o antigo sonho de comandar a Albiceleste – sua trajetória com o time argentino começou em 2014. Foi finalista na eleição da FIVB de melhor técnico de equipes masculinas do século XX – o prêmio ficou com o japonês Yasutaka Matsuidara.

A Argentina, tendo Julio Velasco à frente, mostrou que é capaz de incomodar qualquer time do mundo, mas também pode descer ao fundo do poço, como na semifinal do Sul-Americano 2017, quando cometeu a façanha de perder para a bisonha seleção da Venezuela.

Renan sobre Leal na seleção: “Tenho certeza de que será muito bem-vindo”

Reações anteriores
Por aqui, com diferentes argumentos, os jogadores Murilo e Lipe, além da ex-atleta Ana Moser, já disseram que não concordam com estrangeiros representando o Brasil. Mas quem convoca, no caso o técnico Renan Dal Zotto, demonstrou animação quando a FIVB anunciou no ano passado que Yoandy Leal estaria liberado em 2018 – na verdade uma gafe, esclarecida no dia seguinte.

“Foi uma surpresa bastante positiva para todos nós. A partir deste momento ele é forte candidato a uma convocação. Ele é um grande ponteiro, isso é inegável. Eu tive a oportunidade de bater um papo rápido com ele. Tenho certeza de que será muito bem-vindo. É um ótimo garoto, está aqui há muitos anos. Se naturalizou por serviços prestados ao Brasil. Então está tudo certo, não tem problema nenhum. É um grande jogador, um grande caráter”, afirmou Renan à época. Foi o próprio treinador da seleção quem ligou para dar a notícia a Leal – o atleta ficou abatido quando a FIVB explicou depois que ele deveria aguardar mais um ano.

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Festa cruzeirense em mais uma temporada repleta de conquistas http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/06/festa-cruzeirense-em-mais-uma-temporada-repleta-de-conquistas/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/06/festa-cruzeirense-em-mais-uma-temporada-repleta-de-conquistas/#respond Sun, 06 May 2018 20:00:26 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13325

Ginásio Mineirinho lotado com 14,8 mil pessoas (foto: Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Quando o central Robertlandy Simon cravou aquela bola de xeque e liquidou a fatura no final da manhã deste domingo (6), confirmando para o Sada Cruzeiro o título da Superliga 2017/2018, o clube mineiro fechou mais um ciclo vitorioso. Ao bater o Sesi-SP por 3-2, o time treinado pelo argentino Marcelo Mendez chegou a quinta conquista na temporada. Desde 2010, o Sada Cruzeiro subiu 31 vezes ao lugar mais alto do pódio, com 35 finais em 39 campeonatos.

Dos seis torneios disputados pelo Sada no período 2017/2018, somente um título escapou: o Mundial de Clubes, disputado na Polônia, onde ficou com a medalha de bronze. A primeira taça erguida na temporada veio em outubro do ano passado, com o octacampeonato mineiro. Em seguida, ainda em 2017, foi a vez da Supercopa, vencida em Fortaleza. Já em 2018, o tricampeonato da Copa Brasil, em São Paulo, antes do pentacampeonato sul-americano, em Montes Claros. Finalmente, o hexacampeonato da Superliga, diante do Mineirinho lotado, com público de 14,8 mil pessoas.

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Na Superliga 2017/2018, o Sada Cruzeiro liderou todo o campeonato. Na fase classificatória, fez 57 pontos, após a campanha de 19 vitórias e três derrotas. Nas quartas de final, o time eliminou o Lebes Canoas. Na semifinal, levou a melhor sobre o EMS Taubaté Funvic, vencendo três partidas seguidas, após ter perdido os dois primeiros jogos. Na final, duas vitórias no quinto set contra o Sesi-SP, em duelos marcados pelo equilíbrio.

A vitória no Mineirinho foi ainda a despedida do ponta cubano naturalizado brasileiro Yoandy Leal, que na próxima temporada vai defender o Lube Civitanova, da Itália – o clube ficou com o vice-campeonato nacional neste domingo, ao perder a série melhor de cinco para o Perugia. Leal, um dos melhores jogadores do mundo, tornou-se símbolo do Cruzeiro, presente em cinco dos seis títulos na Superliga e no tricampeonato mundial, entre outros. O levantador argentino Nicolás Uriarte também está de partida, vai jogar pelo Taubaté.

Confira o que disseram os protagonistas do hexacampeonato do Sada Cruzeiro, logo após a vitória deste domingo:

“Tive a sorte de chegar em um clube que me permitiu fazer as coisas como eu gosto” (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Marcelo Mendez, técnico
“Contamos com uma diretoria forte, um clube que nos dá tudo e acho que esse é o grande segredo para a conquista de mais um título. Vivemos uma emoção diferente em um jogo tão difícil, no Mineirinho lotado. Já na semifinal foi uma grande emoção, depois de perdermos os dois primeiros jogos e virarmos a série para 3 a 2. Agora, na final, um jogo muito difícil em São Paulo e hoje também. Tive a sorte de chegar em um clube que me permitiu fazer as coisas como eu gosto, como eu acredito. Me permitiram escolher os jogadores e as coisas foram andando. Grandes atletas, grande comissão técnica e uma diretoria forte de um clube que dá tudo o que precisamos. Esse é o segredo. Foi essa combinação que permitiu estes grandes títulos”.

“Não tenho palavras para descrever o dia de hoje e essa despedida” (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Leal, ponteiro
“Eu acho que merecia muito este título. Foram seis anos aqui, ganhando tantos campeonatos, cinco Superligas, e acho que hoje tinha que ser assim, tinha que terminar minha jornada no Sada Cruzeiro desta maneira. Esta foi a final mais difícil que já jogamos, o Sesi jogou muito bem, mas soubemos suportar a pressão. Não tenho palavras para descrever o dia de hoje e essa despedida que o time e a torcida fizeram pra mim. Foi meu último jogo diante dessa torcida e junto com meus companheiros. Daqui a pouco vai bater a tristeza, mas uma coisa é certa: vou ter todos para sempre no meu coração. Saio muito feliz e, quem sabe, um dia eu possa voltar para encerrar minha carreira aqui”.

Capitão Filipe agradeceu o apoio da torcida (Agência i7/Sada Cruzeiro)

Filipe, ponteiro
“Nosso time é muito focado, nós passamos por dificuldades, mas nossa equipe tem maturidade. É um grupo que está acostumado a jogar junto há bastante tempo e a crescer nas decisões. É um orgulho enorme vestir essa camisa, representar uma instituição séria como a nossa e poder trazer alegrias para a nossa torcida, que sempre faz um espetáculo na arquibancada como fez hoje”.

Simon salva uma bola: meio de rede foi um dos destaques da Superliga (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Simon, central
“Eles (Sesi) jogaram muito bem e brigaram até o final, estão de parabéns pelo jogo que fizeram, valorizaram ainda mais a nossa conquista. Foi um duelo brigado do início ao fim e muito cansativo, acho que vencemos porque estávamos psicologicamente muito bem. Simplesmente tentamos fazer o melhor possível, conseguimos abrir quatro pontos no tie break e eles recuperaram, foi equilibrado até o final. Leal virou um contra-ataque muito importante e eu falei para os meninos lá fora: ‘Se eu for pra rede, vou fazer um bloqueio pra acabar com isso’. Não foi bloqueio, foi uma bola de xeque que funcionou, graças a Deus”.

Nico Uriarte recebendo o prêmio de melhor jogador da partida de hoje (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Uriarte, levantador
“Foi uma temporada incrível e estou muito agradecido a todos dessa equipe. Foi um ano de muito trabalho e dedicação de todo mundo, atletas, comissão técnica, e isso foi o mais importante para que eu pudesse jogar bem. Estou muito feliz. Poder acabar a Superliga assim, com o Mineirinho lotado, todo de azul, acho que não tem coisa melhor. E com a minha família e meus amigos aqui também, hoje é só felicidade”.

Isac: “Muito orgulho de estar aqui” (Agência i7/ Sada Cruzeiro)

Isac, central
“O sentimento é de dever cumprido. Uma equipe vencedora, que briga o tempo todo, por todos os pontos. Acho que a equipe toda está de parabéns. O projeto é muito bem feito, a gente sabe o quanto é difícil se manter lá em cima. Temos muitas competições e acho que é por isso que a gente se motiva, queremos ganhar todas porque é gostoso demais chegar nas finais. Estamos todos de parabéns. Muito orgulho de estar aqui hoje, por tudo o que fizemos”.

Oposto Evandro ressaltou o trabalho árduo do time (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Evandro, oposto
“Somos um grande time, com uma grande comissão técnica, a gente trabalha duro para enfrentar momentos como estes. O jogo foi decidido no detalhe e deu certo. Toda a nossa equipe está de parabéns por mais esta bela vitória. Eu não tenho muito claro na minha cabeça o que definiu o jogo, mas deu para ver que foi no detalhe”.

Líbero Serginho não se sentiu bem na noite anterior ao jogo (Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

Serginho, líbero
“Hoje foi difícil, fisicamente falando. Foi um jogo de superação e o time me abraçou. Eu passei muito mal durante a noite, achei que não ia conseguir jogar, estou até agora sem comer, tive febre e foi difícil. Mas o time me deu apoio o tempo inteiro, o Marcelo (Mendez) me passou tranquilidade no vestiário, o Sr. Vittorio (Medioli), o presidente, me viu chorando e me fez entender que isso aqui não é um time comercial. Tem muito amor, muita paixão. E o apoio da galera, que sabia que eu não estava 100%, e me disse ‘a gente precisa de você’. Isso tudo foi determinante para que eu entrasse e jogasse bem. E eu acho que fui bem. Escutei isso do chefe também, o Marcelo disse que foi a melhor final que eu fiz. Esses comentários positivos a gente tem que guardar pra sempre.

Premiação
Além do título de campeão, três cruzeirenses deixaram o ginásio com prêmios individuais. Simon foi o melhor sacador da competição, Nico Uriarte o melhor em quadra na decisão, enquanto Leal foi o melhor atacante e ainda o MVP da Superliga 2017/2018.

Final
Jogo 1
Dia 28 de abril – Sesi-SP 2-3 Sada Cruzeiro (23/25, 27/25, 24/26, 25/22, 12/15), em São Paulo
Jogo 2
Dia 6 de maio – Sada Cruzeiro 3-2 Sesi-SP (25/16, 17/25, 25/22, 23/25, 22/20), em Belo Horizonte

Os melhores da Superliga
Melhor sacador – Simon (Sada Cruzeiro)
Melhor atacante – Leal (Sada Cruzeiro)
Melhor bloqueador – Maurício Souza (Sesc-RJ)
Melhor levantador – William (Sesi-SP)
Melhor defensor – Tiago Brendle (Sesc-RJ)
Melhor passador – Thales (EMS Taubaté Funvic)
Maior pontuador – Wallace (EMS Taubaté Funvic)
MVP – Leal (Sada Cruzeiro)

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Sada Cruzeiro x Sesi: a hora da decisão http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/05/sada-cruzeiro-x-sesi-a-hora-da-decisao/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/05/sada-cruzeiro-x-sesi-a-hora-da-decisao/#respond Sat, 05 May 2018 09:00:22 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13258

O Cruzeiro venceu a primeira partida da final por 3-2 (foto: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

Depois de um jogo marcado pelo equilíbrio, em São Paulo, definido apenas no tie break, Sada Cruzeiro e Sesi-SP voltam à quadra, desta vez em Belo Horizonte, neste domingo (6), para decidir a Superliga 2017/2018. O time mineiro, que venceu a primeira partida, tem a chance de conseguir o sexto título na competição. Já a equipe paulista tenta sua segunda conquista, no mesmo local onde obteve a única no torneio. O jogo começa às 9h10, no ginásio Mineirinho, com transmissão da TV Globo e do SporTV. Os 14,8 mil ingressos colocados à venda se esgotaram nesta sexta-feira (4).

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Os dois times se enfrentaram três vezes na decisão, sempre tendo o Mineirinho como palco. Com uma história rica, mas precariamente mantido, sob a responsabilidade do governo estadual, eventualmente maquiado para um ou outro evento, esse ginásio inaugurado em 1980 viu o Sesi superar o então ascendente Sada Cruzeiro na decisão da Superliga 2010/2011 por 3-1. Nas temporadas 2013/2014 e 2014/2015, a final se repetiu, mas o resultado foi melhor para os mineiros: vitórias do Sada por 3-0 e 3-1, respectivamente.

Serginho: boas lembranças do Mineirinho (Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

Memórias
“O Mineirinho é emblemático, tem muita história. As lembranças que tenho dali são quase sempre boas, ganhei mais do que perdi. Aquele local me transporta até a minha infância. Conheci o ginásio pelas mãos do meu pai, que me levou para ver um jogo de vôlei entre Minas (Tênis Clube) e Pirelli, quando eu tinha oito anos. Eu ficava imaginando o que se passava na cabeça daqueles atletas, jogando num ginásio daquele tamanho, com aquele tanto de gente gritando. Anos mais tarde, tive a oportunidade de entrar ali de mãos dadas com a minha filha, antes de uma final que eu disputei pelo Sada Cruzeiro”, comentou o líbero Serginho, presente nos cinco títulos de Superliga da equipe mineira – três deles decididos ali.

O central Isac, também do Sada, destacou a participação do torcedor cruzeirense. “Foi lá, em 2013, que ganhei a minha primeira Superliga. É um ginásio do qual temos boas lembranças, jogando diante de uma torcida que faz a diferença”.

Para o também meio de rede Lucão, do Sesi, ter disputado a primeira partida da final no Ibirapuera, em São Paulo, ajuda na adaptação às dimensões do ginásio em Belo Horizonte. “O Mineirinho deve ser dez vezes maior do que onde mandamos nossos jogos, na Vila Leopoldina, em São Paulo. Foi bom ter jogado no Ibirapuera, que não é tão grande, mas já dá uma ideia legal sobre as referências que encontramos aqui”.

O Sada Cruzeiro, que durante a temporada tem como casa o Ginásio do Riacho, em Contagem, também teve que se adaptar ao local da decisão. “É preciso aproveitar cada treino ao máximo para se ajustar às referências do Mineirinho, que é bem diferente do que estamos acostumados”, observou Isac.

Lucão está preocupado com o rendimento do time na virada de bola (Divulgação/Sesi)

Preocupação
Treinando desde segunda-feira no local da final, o Sada Cruzeiro tem dado ênfase ao saque e às jogadas em velocidade. O rival paulista, que optou por viajar somente na quinta-feira e treinou no ginásio pela primeira vez nesta sexta-feira, está preocupado com a virada de bola, cujo aproveitamento ficou aquém da expectativa na partida inicial. “A nossa virada de bola foi pior do que vinha sendo apresentado ao longo da Superliga. Temos que focar nesse ponto, que é tentar fazer a nossa rotação mais eficiente. O bloqueio e a defesa funcionaram muito bem naquele jogo, mas é preciso melhorar o side out para ter chance de título”, afirmou Lucão.

Tarefa complicada
Caso o Sesi vença a partida deste domingo, empatando a decisão com uma vitória para cada lado, a Superliga 2017/2018 será decidida no super set, parcial extra, de 25 pontos. O time paulista tem a difícil missão de vencer quatro sets diante do rival em pleno Mineirinho. O único remanescente do título de 2010/2011 é o líbero Murilo, na época ponteiro.

Será o quinto confronto entre essas duas equipes na temporada. Só deu Sada Cruzeiro até aqui. Além do triunfo por 3-2 no primeiro jogo da final, havia vencido por 3-1 e 3-0 no turno e returno, e 3-2 na final da Copa Brasil.

A entrada dos torcedores no Mineirinho no domingo começará às 7h. Não há lugar marcado no ginásio.

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Vídeo: veja imagens raras da estreia da seleção feminina em Olimpíadas http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/03/video-imagens-raras-da-estreia-da-selecao-feminina-em-olimpiadas/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/03/video-imagens-raras-da-estreia-da-selecao-feminina-em-olimpiadas/#respond Thu, 03 May 2018 17:00:19 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13118

Imagens da seleção brasileira feminina de vôlei nos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, são escassas, até mesmo em fotografias. Este vídeo de pouco mais de dois minutos e meio, narrado em húngaro, traz os momentos finais da partida de estreia da equipe feminina do Brasil em Olimpíadas – derrota por 2-3 para a Hungria.

As europeias estavam atrás no placar no quinto set – ainda era necessário ter o saque para marcar um ponto. Quando o vídeo começa, o Brasil liderava a parcial por 11-9, mas cometeu erros seguidos e perdeu o jogo. Vitória das húngaras por 17-15, 9-15, 15-12, 6-15 e 15-12.

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Na época, somente oito seleções competiam no torneio de voleibol feminino. Graças ao boicote liderado pelos Estados Unidos, o Brasil e outros dois países – a própria Hungria e a Bulgária – foram a Moscou 1980. Os três ficaram na mesma chave, em substituição a alguns dos favoritos: EUA, Japão e China – esta, embora alinhada com a União Soviética, não foi a Moscou porque não ia aos Jogos Olímpicos desde 1956, em protesto ao reconhecimento de Taiwan pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). A Romênia também estava no grupo do Brasil. Na outra chave, mais forte, URSS, Alemanha Oriental, Cuba e Peru.

O voleibol passou a fazer parte do programa dos Jogos Olímpicos em 1964. A seleção masculina do Brasil participou de todas as edições. Já a feminina fez sua estreia em Moscou 1980. Para aquela Olimpíada, havia perdido a vaga sul-americana para o Peru e também não conseguiu se classificar no pré-olímpico, que dava uma vaga e foi disputado na Bulgária, sendo vencido pela Romênia.

Brasileiras e húngaras se enfrentaram na primeira rodada em Moscou 1980 (Reprodução/Internet)

Atletas
No vídeo é possível identificar a ponteira Fernanda Emerick (#5) e a central Eliana Aleixo (#8), além da levantadora Ivonete Neves (#2). Após três ralis, a armadora titular Jacqueline Silva (#10) volta à quadra.

Jackie Silva, que ainda disputaria Los Angeles 1984 e mais tarde se consagraria no vôlei de praia, sendo campeã olímpica em Atlanta 1996, tinha 18 anos em Moscou 1980.

A ponta Isabel Salgado, prestes a completar 20 anos, participou dos Jogos Olímpicos na antiga URSS, como titular. Outra ponteira conhecida daquela década e que fez parte do time, entre as reservas, foi Vera Mossa, então com 15 anos e 10 meses, a mais jovem a disputar um torneio de voleibol pelo Brasil numa Olimpíada. As duas estariam em Los Angeles 1984 e Vera iria também a Seul 1988.

Daquele time de 1980, Fernanda Emerick participaria da campanha em Los Angeles 1984 e Dora Castanheira, em Seul 1988.

O técnico do Brasil em Moscou era Ênio Figueiredo, que treinou a equipe de 1978 a 1984, período que englobou dois Mundiais e duas Olimpíadas. Ele viria a falecer em 2014 por causa de complicações cardíacas.

A seleção brasileira terminaria Moscou 1980 em sétimo lugar. O ouro ficou com a URSS, do técnico Nikolay Karpol, a prata foi da Alemanha Oriental e o bronze, da Bulgária.

Isabel e Jacqueline, aqui em imagem de 1983, foram duas das maiores jogadoras daquela década (Reprodução/Internet)

Campanha do Brasil em Moscou 1980:
Fase inicial:
Brasil 2-3 Hungria (15-17, 15-9, 12-15, 15-6, 12-15)
Brasil 0-3 Bulgária (7-15, 9-15, 12-15)
Brasil 2-3 Romênia (15-10, 15-9, 6-15, 13-15, 6-15)
Cruzamento na disputa do 5º ao 8º lugar:
Brasil 0-3 Cuba (2-15, 5-15, 6-15)
Disputa do 7º lugar:
Brasil 3-0 Romênia (15-8, 15-12, 15-12)

As 12 jogadoras brasileiras que foram aos Jogos Olímpicos de Moscou (com a idade entre parêntesis):
Ana Paula Mello (18), Denise Mattioli (28), Dora Castanheira (20), Eliana Aleixo (26), Fernanda Emerick (21), Isabel Salgado (19), Ivonete Neves (19), Jacqueline Silva (18), Lenice Peluso (19), Regina Vilela (22), Rita Teixeira (20) e Vera Mossa (15)

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Desafios de um treinador de voleibol http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/02/desafios-de-um-treinador-de-voleibol/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/02/desafios-de-um-treinador-de-voleibol/#respond Wed, 02 May 2018 17:00:05 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12707

Técnico da seleção australiana masculina, Lebedew trabalhou na Itália e na Polônia (foto: Conny Kurth/CEV)

Ex-jogador, o australiano Mark Lebedew, 50 anos, trabalha há mais de 20 como técnico. Atual treinador da seleção masculina de seu país, ex-assistente da seleção alemã, com passagens por clubes da Itália e da Polônia, duas das principais ligas do mundo, Lebedew mantém um blog desde 2010. É um dos poucos profissionais da elite do voleibol a escrever regularmente sobre o tema. Ele é um entusiasta da preservação da história da modalidade, bem como do debate contínuo sobre questões táticas e técnicas.

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Com a ajuda do pai, Walter, um imigrante russo que em 1963 criou a Federação Australiana de Vôlei, e do irmão, Alexis, Mark Lebedew traduziu para o inglês o livro My Profession – The Game (“Minha Profissão – O Jogo”), do lendário técnico russo Viatcheslav Platonov, que conduziu a antiga União Soviética ao bicampeonato mundial e a um ouro olímpico. Em parceria com o treinador americano John Forman, Lebedew escreveu Volleyball Coaching Wizards (“Magos dos Treinos de Vôlei”, numa tradução livre), contendo entrevistas sobre o trabalho desenvolvido por oito técnicos de renome internacional.

O Saída de Rede traz algumas reflexões de Mark Lebedew, originalmente publicadas em seu blog e selecionadas por ele para o nosso. Confira:

Lebedew orienta atletas da Austrália durante um pedido de tempo (FIVB)

O equívoco mais comum sobre o papel de um treinador é que seu trabalho é o que ele faz durante uma partida – aquilo que é facilmente percebido pela imprensa e os fãs. Muitas vezes os técnicos são avaliados, sob a ótica do senso comum, pela quantidade de pedidos de tempo feitos durante um jogo ou pelo momento em que são realizados. Eles são julgados pelo que dizem para os atletas ou por eventuais alterações feitas na equipe.

A essência de treinar um time não está nessas intervenções, mas naquilo que é assimilado muitas vezes de forma implícita, porém exigindo foco dos atletas. Não há outra forma de aprender a andar de bicicleta senão praticando. Quando o processo de aprendizagem exige atenção na execução, em vez de simplesmente ficar ouvindo instruções, o ganho é muito maior. O papel do treinador é fazer com que seu time possa estar preparado a tal ponto que, na maioria das vezes, seja capaz de se antecipar nas ações, tendo informação suficiente, previamente assimilada, para a tomada de decisões. As intervenções durante uma partida são meros ajustes.

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O treinador trabalhou no clube polonês Jastrzebski Wegiel (PlusLiga)

Um técnico com quem trabalhei uma vez me disse que era responsabilidade do treinador saber tudo sobre cada técnica nos menores e melhores detalhes. Claro que eu concordo totalmente que os treinadores devem ser extremamente bem informados sobre técnica.

Outro colega afirma que as diferentes técnicas podem ser reduzidas, cada uma, a um máximo de três pontos-chaves. Concordo completamente que o treinador deve ser capaz de escolher o mais importante em meio as ferramentas que conhece.

A aprendizagem existe apenas se o atleta tiver algum retorno sobre o que está fazendo. Mas um técnico que dê explicações sobre todos os detalhes não vai chegar a lugar algum. Mesmo um treinador que se concentra em apenas três elementos dilui a atenção do jogador e, portanto, a eficácia do retorno.

A arte de dar uma resposta efetiva é encontrar o ponto específico que terá o maior efeito no todo. Existe um único elemento que melhorará todo o movimento em questão, o aspecto sendo treinado? Esse é o ponto em que devemos concentrar nosso feedback.

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Assumiu o comando da seleção australiana em 2017: o time foi bronze na segunda divisão da Liga Mundial (FIVB)

Ao longo de minhas inúmeras viagens, tive muitas e variadas experiências culturais, e todas contribuíram para o que sou agora. Algumas dessas situações me deram lições valiosas que vou utilizando no dia a dia.

Há 17 anos, tive meu primeiro contato com a língua polonesa, na casa de um jogador da Polônia que vivia na Itália. Durante a noite, a principal diversão entre os convidados foi acompanhar a minha tentativa de pronunciar o nome “Andrzej”. Eu me orgulho da minha capacidade de pronunciar nomes corretamente, mas não conseguia dizer “Andrzej” da forma correta. Várias vezes, escutei a mulher do atleta repetir o nome. Analisei o que ouvi e tentei dizer igual, mas não conseguia direito. Foi incrivelmente frustrante e nunca esqueci o episódio.

Sete anos mais tarde, eu estava trabalhando na Polônia e aprendendo a língua deles. Uma das primeiras lições foi sobre o alfabeto e os sons. Aprendi que, embora pareça o mesmo, o alfabeto é diferente e existem ainda algumas combinações de letras que têm sons específicos. Por exemplo, “rz”. Quando essas duas letras estão juntas formam um fonema (soa como “j” em português). Minha mente instantaneamente voltou àquele jantar. “Você não pronuncia o ‘r’”, pensei. Eu percebi, de repente, o erro que estava cometendo ao tentar dizer “Andrzej”. Quando eu ouvia a palavra, tentava localizar o ‘r’ e descobrir onde estava, mesmo que não houvesse ‘r’. O problema era que, independentemente de quantas informações novas eu recebesse, o conceito anterior em minha mente (sem saber que “r” e “z”, quando juntos, formam um fonema naquele idioma) não me permitia ouvir o que estava sendo dito.

Ex-técnico do Berlin Recycling, levou o clube ao tricampeonato alemão e ao bronze na Champions League (DVV)

Isso já aconteceu comigo na minha vida de treinador. Em diversas ocasiões, a informação que eu estava tentando dar aos jogadores era bloqueada por um conceito que eles já tinham. Uma vez, eu estava dando feedback a um jogador sobre sua plataforma durante a recepção, mas a minha incapacidade de me fazer entender foi tão frustrante quanto a primeira tentativa em polonês. Levei algum tempo para descobrir que, embora estivesse falando sobre sua plataforma, ele estava pensando no deslocamento, e os dois conceitos estavam trabalhando um contra o outro. Quando percebi o equívoco, finalmente progredimos.

A moral da história é que, na maioria dos casos, um treinador não é o primeiro técnico do jogador. Quanto mais treinadores um atleta teve, mais conceitos estão em sua mente. Ao tentar ensinar algo, o técnico deve estar ciente de que tudo o que diz está sendo adicionado à desordem existente na mente do jogador e, à medida que vai falando, o atleta está tentando racionalizar a nova informação diante daquilo que ele considera válido. Para que o retorno seja realmente eficaz, o treinador deve entender o que o jogador pensa e colocar o feedback no lugar certo da cadeia. Só então o atleta poderá dizer “Andrzej” (pronuncia-se Andjei) corretamente.

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Karpol, 80 anos de uma lenda do vôlei http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/01/karpol-80-anos-de-uma-lenda-do-volei/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/01/karpol-80-anos-de-uma-lenda-do-volei/#respond Tue, 01 May 2018 09:00:22 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13134

“Quando perguntam minha profissão, é com orgulho que digo ‘professor'” (fotos: FIVB e Reprodução/Internet)

Naquela noite de 29 de setembro de 1988, em Seul, Coreia do Sul, tudo parecia fora de controle para a seleção de vôlei feminino da União Soviética. Na disputa da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, o time comandado pelo técnico Nikolay Karpol estava perdido em quadra diante das aguerridas peruanas. As sul-americanas lideravam a partida por dois sets a zero e ganhavam o terceiro por 12-6 – as parciais iam até 15 pontos. Foi então que aconteceu o pedido de tempo mais comentado da história da modalidade e que marcou para sempre a imagem de Karpol. Ele exortou suas atletas a lutarem e deu início a uma das viradas mais incríveis na história do esporte.

Nikolay Karpol completa 80 anos neste 1º de maio e segue na ativa, à frente do Uralochka, em Ekaterimburgo, na Rússia, clube que treina desde 1969, quando começou uma carreira que soma 49 anos. Os berros para suas jogadoras em diversos torneios ecoam na memória dos fãs de voleibol, mas o técnico vai muito além de gritos e expressões faciais raivosas.

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Nikolay Vasiliyevich Karpol nasceu em 1938 em Brzeznica (hoje Bereznitsa), na época parte da Polônia, mas que na década seguinte seria incorporada pela União Soviética como uma cidade da Bielorrússia (atualmente Belarus). Adolescente, foi com a família para Nizhny Tagil, na Rússia, até se mudar de vez para Ekaterimburgo no início da vida adulta. Desde o fim da URSS, em 1991, tem dupla cidadania: bielorrussa e russa.

Praticava voleibol na juventude, mas ganhava a vida como professor. Lecionava matemática, física e astronomia no ensino médio. Antes, enquanto ainda era estudante, em 1959, criou um time de vôlei feminino que ele orientava na própria escola. Em 1966, ajudou a fundar o Uralochka, onde jogava sua futura esposa, Galina Duvanova, com quem se casaria naquele mesmo ano. Assumiria a função de técnico do clube três anos depois e o voleibol passou a ser sua única atividade profissional.

O técnico russo com a seleção durante a Olimpíada de Sydney, em 2000

Nada de palavrões
Ele garante que nesses anos todos como técnico nunca disse um palavrão e, bem humorado, costuma repetir que jamais soube de nenhum torcedor que tenha deixado o ginásio por causa de seus gritos. Na final de 1988 contra o Peru, no famoso pedido de tempo, Karpol se virou para a ponta Irina Smirnova, que havia sido criada pela avó e sempre falava nela, e perguntou, aos berros, o que a atacante faria quando voltasse para casa e encontrasse a avó depois de perder a final. Repetiu a pergunta. A ponteira caiu em prantos. Porém, passou a jogar muito melhor.

Karpol é reconhecido pela maioria das grandes atletas que, sob suas ordens, vestiram a camisa da URSS ou da Rússia, após a dissolução da União Soviética. A universal Lioubov Sokolova, que quase teve sua carreira encerrada por causa de uma disputa na justiça com o treinador em 2002, reconheceu depois que ele foi fundamental na sua vida de atleta.

A levantadora Irina Kirillova afirma que sem Karpol o voleibol feminino russo não teria mantido sua grandeza. A meio de rede Elizaveta Tishchenko faz questão de enfatizar que o treinador elevou o nível do seu jogo.

Karpol e o time da URSS durante pedido de tempo na final de Seul 1988

Críticos
Não faltam críticas ao estilo ortodoxo dele e há até quem minimize suas duas medalhas de ouro olímpicas. Karpol levou a URSS ao ponto mais alto do pódio em Moscou 1980 e em Seul 1988, duas edições dos Jogos Olímpicos marcadas pelo boicote. O da primeira, em massa, liderado pelos Estados Unidos. No segundo ouro, as soviéticas não tiveram que medir forças com Cuba, grande favorita, que não foi a Seul por discordar do tratamento dado pela Coreia do Sul à vizinha do Norte.

Os críticos também apontam falhas em seu sistema defensivo, com ênfase apenas no alto bloqueio e uma cobertura frágil que permitia muitas vezes que largadas fáceis de defender caíssem.

Reclamam até do fato de ele aceitar que suas levantadoras joguem com bolas altíssimas, sem muita criatividade. Disso Nikolay Karpol se defendeu dizendo que trabalha com o que tem. De fato, quando contava com Kirillova, a quem ele comparou diversas vezes a uma bailarina e chama de “a maior levantadora de todos os tempos”, sua equipe tinha mais variação e velocidade. Algo parecido, com menos brilhantismo, pôde ser visto quando ele contava com Elena Vassilevskaia como armadora. Fora isso, tome bola no teto com atletas medíocres na posição como Tatiana Gratcheva ou Marina Sheshenina.

Treinador teve problemas com algumas atletas, que inclusive se recusaram a jogar, como Vassilevskaia

Desentendimentos
Vassilevskaia entrou para o time das que se desentenderam com o técnico a ponto de não mais voltar – depois da prata em Sydney 2000. A ex-ponta/oposta Liudmila Malofeeva, com passagem pela seleção russa após a saída do treinador, jogou pelo Uralochka e não tem boas lembranças de Karpol. “Ele divide as atletas em três categorias: suas favoritas, as medíocres e as que ele despreza”, comentou Malofeeva à imprensa russa, dizendo ainda que ele a tratava como alguém do terceiro grupo.

A queda da URSS em 1991, o colapso do comunismo no leste europeu e o impacto dessa mudança no esporte irritavam o técnico. “Tudo mudou, até a motivação das atletas, agora é só dinheiro, dinheiro… Com a chegada do capitalismo, vieram os empresários. Há muita interferência, tivemos que mudar tudo, até a forma de nos aproximarmos das jogadoras, agora é muito diferente dos tempos da URSS e não mudou para melhor”, contou numa entrevista concedida na década passada.

Sokolova e Gamova foram atletas essenciais para Nikolay Karpol

Jogo ortodoxo
Nikolay Karpol admite que gosta de ter uma ou duas jogadoras como referência nas equipes que treina. Em mais de uma oportunidade, contou que costuma trabalhar com atacantes desde quando ainda são jovens e encaixá-las em seu plano de jogo. Foi assim, por exemplo, na seleção russa de Atenas 2004, que girava em torno da oposta Ekaterina Gamova e da ponteira Lioubov Sokolova, talhadas durante anos pelo irascível treinador.

É possível fazer uma longa lista de grandes atacantes cujo desenvolvimento teve a participação de Karpol. Além de Gamova e Sokolova, estiveram sob sua batuta Elena Godina, Evgenia Artamonova, Tatiana Menshova, Elizaveta Tishchenko, Irina Smirnova, Tatiana Sidorenko e Valentina Oguienko, entre outras. Ele ajudou também a formar a levantadora Irina Kirillova, que começou a ser treinada por ele quando tinha apenas 14 anos.

Professor
Karpol não pensa em parar. Em 2019 completa meio século de carreira. Ele diz que 50 anos de atividade profissional parece um número bom, mas deixa no ar que pode ir além disso.

Quando querem saber qual é a profissão dele, nunca responde técnico de voleibol. “Eu sou um professor. Foi assim que comecei a trabalhar e ainda é assim que me vejo. Além disso, ser professor é algo muito nobre. Por isso, quando perguntam minha profissão, é com imenso orgulho que digo ‘professor’”.

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Momentos de Nikolay Karpol:

Mari na fatídica semifinal de Atenas 2004: bloqueando Gamova e chorando ao final

Defendendo Zé Roberto e Mari
Além da virada na final de Seul 1988, Karpol também ficou conhecido por outra, 16 anos mais tarde, na semifinal de Atenas 2004. A vítima desta vez foi o Brasil. Depois do jogo, durante a entrevista coletiva, o técnico José Roberto Guimarães era massacrado pela imprensa brasileira, que tentava entender o inexplicável: a derrota após sete match points desperdiçados.

Karpol pegou o microfone e pediu que tivessem mais respeito por Zé Roberto, pois ali estava um campeão olímpico (já havia conquistado o ouro com a seleção masculina em Barcelona 1992). O russo também rebateu as críticas à oposta Mari, que vinha sendo injustamente apontada como a grande responsável pelo resultado. “O voleibol é um esporte coletivo e essa menina jogou absurdamente bem numa semifinal olímpica, não é justo criticá-la”, enfatizou Karpol. Uma das raras vezes em que saiu em defesa de adversários.

Dançando com Márcia Fu
Forli, Itália, 1988. URSS e Brasil haviam ficado com as duas vagas do pré-olímpico, superando as donas da casa, as canadenses e as neozelandesas. A organização do torneio promoveu uma festa numa boate após o encerramento. Lá estavam as equipes. A então central Márcia Fu, 19 anos, decidiu chamar o carrancudo técnico soviético para dançar. Karpol aceitou, sob os olhares atônitos de suas atletas. Dizem que a dupla Karpol e Fu fez sucesso na pista.

“Sim, cometi erros, mas não grandes erros”

Karpol e o bom senso
A Rússia enfrentava a Holanda pelas quartas de final em Atlanta 1996. Quase no final da partida, que as russas venceriam por 3-1, a ponteira Evgenia Artamonova desmaiou, exausta com tantos ataques. Apreensão em quadra, Karpol chama uma substituta, mas o segundo árbitro queria que Artamonova, que estava desacordada, viesse para segurar a placa. O treinador começou a rir do juiz auxiliar e a bater palmas. No final, prevaleceu o bom senso.

Sobre os equívocos
“Sim, cometi erros, mas não grandes erros. Talvez alguns pequenos. Eu certamente apostei em jogadoras (sem citar nomes) que não deveria. Errei na preparação para alguns jogos, mas tenho orgulho em dizer que jamais errei ao tentar preparar alguém para ser uma boa pessoa”.

Os fãs
“Hoje em dia os fãs vão a um jogo como quem vai a um show. Muitos sequer entendem voleibol. Tem gente que nem sabe quantos toques são permitidos por time. Muitas pessoas que estão trabalhando nas federações ao redor do mundo não são profissionais e isso resulta em falhas na atração de novos fãs e de fazer o jogo acessível a quem já tem interesse. Os japoneses já foram muito bons em atrair fãs, hoje em dia nem tanto. Brasil e China estão fazendo um trabalho muito bom nesse sentido. A Rússia até que vai bem. A melhor nisso é a Polônia, que faz algo fenomenal”.

Com Kirillova (esquerda) e Tishchenko, em evento realizado em 2014

Hall da Fama
“Estar ali (ele entrou em 2009) é o reconhecimento pelo que tenho feito no voleibol. Eu diria que 99% das pessoas que merecem estar no Hall da Fama já estão ali. Fazer parte desse universo é uma honra muito grande para mim”.

Estragando a despedida de Lang Ping
Além de técnica campeã olímpica, Lang Ping foi uma das maiores jogadoras de todos os tempos. Acostumada com o alto do pódio, já estava aposentada quando, em 1990, para a disputa do Mundial na China, o governo daquele país pediu que voltasse. Heroína nacional, ela seria o grande trunfo numa seleção que vinha patinando.

Lang Ping retornou. As cubanas Mireya Luis e Magaly Carvajal estavam contundidas, mas os chineses não contavam com a URSS de Karpol, que colocou água no chope das anfitriãs. Diante de um ginásio lotado em Pequim, as comandadas de Nikolay Karpol fizeram 3-1 sobre a China, deixando Ping com a prata em sua despedida definitiva.

Biografia
Em 2010, o croata Tomislav Birtic lançou, em inglês, a biografia Karpol: Lunatics – That’s what I need (“Karpol: Lunáticos – É disso que preciso”, numa tradução livre). O livro conta a história do técnico e traz algumas das ideias de Karpol sobre o esporte que o consagrou.

Derrotas de virada em finais olímpicas
“Em Sydney foi difícil fazer algo depois que as cubanas entraram no jogo. Já em Atenas a FIVB trabalhou contra a gente, não queria que ganhássemos”, disse Karpol sobre as duas derrotas de virada, por 2-3, nas finais olímpicas de Sydney 2000 (contra Cuba) e de Atenas 2004 (diante da China). Ele não explicou por que ou quem queria a derrota russa na Grécia. Na época, a FIVB era presidida pelo mexicano Ruben Acosta.

Morte do filho
Em 1993, seu único filho, Vasily, 25 anos, morreu ao lado da esposa em um acidente de carro. Nikolay Karpol e sua mulher, Galina, passaram a criar o neto, que tinha 4 anos.

Karpol sendo condecorado por Vladimir Putin, em Moscou

Condecoração
Na semana passada, Nikolay Karpol foi condecorado pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, como “Herói do Trabalho”. A honraria é concedida aos cidadãos que se destacam em atividades públicas, elevando o nome do país. O técnico recebeu outras cinco condecorações ao longo da carreira, incluindo a Ordem por Mérito à Pátria.

Colecionador de títulos
Karpol é bicampeão olímpico (1980 e 1988) e três vezes medalha de prata (1992, 2000 e 2004), tendo sido treinador em seis edições dos Jogos Olímpicos – saiu sem medalha apenas em Atlanta 1996, quando a Rússia ficou na quarta colocação. Campeão mundial em 1990, foi sete vezes campeão europeu e tricampeão do Grand Prix.

Comandou a URSS de 1978 a 1982 (demitido após um decepcionante sexto lugar no Mundial) e de 1987 a 1991. Seguiu à frente da seleção feminina em 1992 com a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e depois com a Rússia de 1993 a 2004. Foi ainda técnico da Belarus no período 2009-2010, mas esbarrou na escassez de material humano.

Com o clube Uralochka, conquistou mais de duas dezenas de títulos nacionais e oito edições da Champions League.

Colaborou Ekaterina Semenova

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Sada Cruzeiro bate Sesi e larga na frente na decisão da Superliga http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/28/sada-cruzeiro-bate-sesi-e-larga-na-frente-na-decisao-da-superliga/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/28/sada-cruzeiro-bate-sesi-e-larga-na-frente-na-decisao-da-superliga/#respond Sat, 28 Apr 2018 21:30:04 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13069

Com 21, Leal foi o maior pontuador, ao lado do colega de time Evandro (fotos: Gaspar Nóbrega/Inovafoto/CBV)

O Sada Cruzeiro largou na frente na decisão da Superliga 2017/2018. Em busca do sexto título na competição, a equipe mineira foi a São Paulo e venceu o time local, o Sesi-SP, por 3-2 (25-23, 25-27, 26-24, 22-25, 15-12) na primeira partida da final, na tarde deste sábado (28).

A Superliga masculina será decidida no dia 6 de maio (domingo), no ginásio Mineirinho, em Belo Horizonte, às 9h10, com transmissão da TV Globo e do SporTV. Caso o Sesi vença o jogo, o campeonato será definido no super set, parcial extra de 25 pontos. A equipe paulista tenta sua segunda conquista na competição.

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Os dois finalistas já se enfrentaram três vezes na decisão da Superliga. Vitória do Sesi na temporada 2010/2011 e duas do Sada em 2013/2014 e 2014/2015.

Foi o quarto triunfo mineiro sobre o Sesi na temporada. O Sada Cruzeiro havia vencido por 3-1 e 3-0 no turno e returno, e 3-2 na final da Copa Brasil.

O levantador argentino Nicolas Uriarte foi o melhor jogador da partida

O jogo
A partida foi marcada pelo equilíbrio, com muitas oscilações dos dois lados. O saque foi o principal termômetro do jogo, que teve o levantador do Cruzeiro, o argentino Nicolas Uriarte, como o melhor em quadra. Mesmo quando o Sesi alterava sua tática no serviço, o que quase sempre complicou a linha de passe do time mineiro, Uriarte conseguia manter uma boa distribuição, com eventuais falhas, mas sem comprometer o ritmo em um confronto tão longo. Pelo Sesi, o ponta Lipe foi o mais regular no ataque de bolas altas, mas errou bastante no saque, com sete bolas para fora ou na rede.

O ponta Yoandy Leal e o oposto Evandro, do Sada Cruzeiro, foram os maiores pontuadores da partida, com 21 cada. No ataque, especificamente, os dois marcaram 18 pontos, mas Leal teve aproveitamento ligeiramente superior: 50% ante 46% de Evandro. Um detalhe curioso: o levantador Uriarte terminou o jogo com sete pontos, sendo três de ataque (um deles o lance mais bonito da partida), três de bloqueio e um ace.

O maior pontuador do Sesi foi Lipe, com 16, sendo 15 no ataque (43% de aproveitamento). O central Lucão foi importante no bloqueio, com seis pontos no fundamento e várias bolas amortecidas (número não informado na estatística), mas teve rendimento inferior ao habitual no ataque, virando oito em 18 tentativas (44%).

O ponta Lipe foi o mais regular no ataque de bolas altas no Sesi

Prévia
Para quem se acostumou a ver o Sada Cruzeiro nadar de braçadas no voleibol brasileiro nos últimos anos, a atual temporada ofereceu a perspectiva de que tamanho domínio finalmente pudesse ter um fim. Na série semifinal, a equipe chegou a estar perdendo a série melhor de cinco por 2 a 0 diante do EMS Taubaté Funvic, mas reagiu, de forma extraordinária, e chegou a mais uma final na Superliga.

O Sesi, que começou esta edição sem chamar a atenção, cresceu a partir dos playoffs. Na semifinal, demonstrou consistência para superar o Sesc-RJ em três jogos seguidos.

A partida deste sábado foi decidida nos detalhes, mostrando dois times parelhos. No tie break, por exemplo, o Sada chegou a abrir 8-4, viu o Sesi virar em 9-8, mas a partir dali o lado mineiro teve melhor rendimento na relação saque-bloqueio-defesa.

Sada comemora mais um ponto: Leal enfrentou julgamento na véspera

Julgamento de Leal
Na véspera do jogo, o ponta Yoandy Leal foi julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Voleibol, no Rio de Janeiro, acusado pelo EMS Taubaté Funvic de fazer gestos obscenos durante a quarta partida da série semifinal. O jogador, que esteve no Rio para o julgamento, foi absolvido, mas o imbróglio causou apreensão na sua equipe.

RedeTV volta a cortar transmissão
Algumas falhas no ginásio do Ibirapuera mancharam a primeira partida da final, como o apagão no placar na primeira metade da parcial decisiva. Mas a nota realmente negativa vai para a RedeTV, que interrompeu a transmissão do jogo no meio do tie break. Um problema recorrente ao longo do torneio e que se repetiu na decisão. Vergonhoso. Quem não é assinante do SporTV ficou sem assistir o final do confronto.

O público no ginásio do Ibirapuera foi de 10 mil pessoas, segundo a assessoria de imprensa do Sesi. A capacidade do local é de 10,2 mil. Aproximadamente 300 torcedores vieram de Belo Horizonte numa caravana organizada pelo Sada Cruzeiro, informou a assessoria do clube mineiro.

Colaborou Vanessa Kiyan

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Leal vai a julgamento e pode ficar fora da final da Superliga http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/24/leal-vai-a-julgamento-e-pode-ficar-fora-da-final-da-superliga/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/24/leal-vai-a-julgamento-e-pode-ficar-fora-da-final-da-superliga/#respond Wed, 25 Apr 2018 02:00:07 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13004

Principal atacante de bolas altas do Cruzeiro corre risco de não jogar a decisão (foto: Divulgação/Sada Cruzeiro)

A polêmica envolvendo o ponta Yoandy Leal, do Sada Cruzeiro, na quarta partida da série melhor de cinco da semifinal da Superliga masculina 2017/2018 pode custar caro ao atleta e ao seu clube. Nesta sexta-feira (27), Leal vai a julgamento, às 13h30, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do Voleibol, no Rio de Janeiro, acusado pelo EMS Taubaté Funvic de fazer gestos obscenos. Se for condenado, pode ficar de fora dos dois ou pelo menos de um jogo da final da Superliga, contra o Sesi-SP. A decisão do torneio começa neste sábado (28).

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A denúncia foi acatada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), com base na súmula da partida, realizada no dia 17 de abril e que terminou com a vitória do visitante Sada Cruzeiro sobre o EMS Taubaté Funvic por 3-0, empatando a série em 2 a 2 – o time mineiro venceria o quinto jogo em Contagem (MG) e avançaria à final.

Leal, aqui em outro momento, fez esse gesto durante a polêmica partida contra o Taubaté. Adversários dizem que ele mostrou também o dedo médio (Divulgação/Sada Cruzeiro)

Acusação
Atletas e comissão técnica do Taubaté acusaram Leal de fazer gestos obscenos. Não foram apresentadas, pelo menos ao público, imagens que corroborem tal versão. O Sada Cruzeiro disse que seu atleta fez um gesto apenas em alusão a vitória por 3-0 – sinal que havia realizado antes, em outras ocasiões. A acusação do Taubaté foi registrada na súmula pelo delegado da partida, Luiz Marques Salvajoli, que anotou também a tentativa de agressão sofrida por Leal, atacado por torcedores do time local na saída para o vestiário.

A CBV encaminhou ao STJD do vôlei o relatório do delegado e os vídeos disponíveis. O Tribunal decide se arquiva a denúncia ou se leva a julgamento. No caso, a opção foi a segunda. Leal foi denunciado com base no artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata sobre conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva. Se condenado, a pena é de suspensão de uma a seis partidas.

Por causa do julgamento, ele não participará do treino de sexta-feira, véspera da primeira partida contra o Sesi, que será realizada no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, às 15h (com SporTV e RedeTV). A segunda e decisiva, com golden set (parcial extra, de 25 pontos), se necessário, será disputada em Belo Horizonte, no Mineirinho, no domingo (6), às 9h10 (com Globo e SporTV).

A equipe do Sada Cruzeiro chega a São Paulo nesta quinta-feira (26), data em que faz seu primeiro treino no Ibirapuera. Leal viaja na manhã de sexta-feira para o Rio de Janeiro, onde será julgado.

Sada venceu cinco das seis últimas edições da Superliga (Divulgação/Sada Cruzeiro)

As partes
O Saída de Rede procurou Leal, que por determinação do clube não comenta o caso. O Sada Cruzeiro informou que vai se manifestar, por meio de nota, na manhã desta quarta-feira (25). O blog também procurou a CBV, mas não obteve retorno.

Uma fonte disse ao blog que o EMS Taubaté Funvic também será julgado, nesse caso o clube, pela tentativa de agressão de um grupos de torcedores a Yoandy Leal.

Cubano naturalizado brasileiro, liberado pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para defender a seleção do Brasil a partir do ano que vem, ele vive no país desde 2011 e está no Cruzeiro desde 2012. Principal atacante de bolas altas do time e um dos melhores do mundo, Leal, 29 anos, 2,02m, ajudou o Sada a conquistar, entre outros títulos, o tricampeonato mundial de clubes. O ponteiro está de partida para o Lube Civitanova, da Itália, cuja negociação você conferiu em primeira mão aqui no SdR.

Torcedores do Taubaté durante confusão após o término da partida (Reprodução/SporTV)

Desolação
Pessoas próximas ao jogador disseram que Leal está desolado com a possibilidade de não disputar a final da Superliga. Mesmo que seja absolvido, o imbróglio tem afetado o ambiente na equipe, contou uma fonte do time mineiro, que pediu anonimato.

O Sada Cruzeiro busca o sexto título da Superliga. Os dois finalistas já se enfrentaram três vezes na decisão da competição. Vitória do Sesi na temporada 2010/2011 e duas do Sada em 2013/2014 e 2014/2015. Nesta edição do torneio, duas vitórias mineiras, por 3-1 e 3-0, no turno e returno. O Sada também derrotou o rival paulista na final da Copa Brasil, por 3-2.

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Dante, André e Fabi: o adeus de três ídolos que engrandeceram o Brasil http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/23/dante-andre-e-fabi-o-adeus-de-tres-idolos-que-engrandeceram-o-brasil/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/23/dante-andre-e-fabi-o-adeus-de-tres-idolos-que-engrandeceram-o-brasil/#respond Mon, 23 Apr 2018 09:00:46 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12945

Dante, André Nascimento e Fabi: craques anunciaram aposentadoria neste fim de semana (fotos: FIVB)

Ver um ídolo deixar as quadras é inevitável com a passagem do tempo. Quando três deles dizem adeus no mesmo fim de semana, é impossível não lamentar a despedida ou lembrar suas conquistas, mas também perceber a grandiosidade do voleibol brasileiro. O ponta Dante Amaral, 37 anos, o oposto André Nascimento, 39, e a líbero Fabi Alvim, 38, encerraram a carreira de atleta. Cada um ressaltou o quanto a modalidade proporcionou a eles. A recíproca é verdadeira: os três deram muito ao vôlei, ajudando o Brasil a tornar-se ainda maior no cenário internacional.

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Em comum entre eles, além do talento e das conquistas, o perfil discreto. Mesmo vivendo parte da carreira em meio ao furor das redes sociais, jamais pediram atenção. Não precisavam. Craques, reluziam dentro de quadra. A torcida certamente não os esquecerá. Não há como.

Fãs poloneses dizem que Dante é o melhor. Alguém discorda?

Dante: uma joia lapidada
Quando aquele menino magrelo, de 19 anos, chegou à seleção brasileira adulta, em 1999, era improvável pensar que estava ali alguém que seria um dos melhores ponteiros de todos os tempos. Central na época de infantojuvenil, havia se tornado oposto. No ano seguinte, na Olimpíada de Sydney, era titular da equipe comandada por Radamés Lattari.

O Brasil perdeu nas quartas de final – uma inesperada derrota para a Argentina – e o treinador caiu. Mas estava ali a base de uma geração que seria uma das mais vencedoras de todos os tempos. Dante era um deles.

Quando o técnico Bernardinho assumiu a seleção masculina em 2001, tratou de deslocar o jogador de 2,01m para a entrada de rede. Via nele muito potencial como ponteiro. Dante não sabia passar. Veio o ultimato: “Aprende ou não fica”. E como ele aprendeu. Virou exímio passador. Tinhas deficiências no bloqueio, a ponto de Bernardinho brincar, dizendo que o atacante tinha medo de levar bolada. Com a ajuda do assistente Chico dos Santos, tornou-se um excelente bloqueador.

O ponteiro no ataque contra a Rússia na Liga Mundial 2013

Dante parecia jogar sem esforço. Sua pipe era uma pintura. Na hora de passar, sequer dobrava direito os joelhos, mas a bola quase sempre ia até o levantador. Não era muito fã de treinos, assim como outro gênio das quadras, a russa Lioubov Sokolova. Coisa de quem esbanja talento.

Pela seleção, foi campeão olímpico (Atenas 2004) e conquistou três mundiais (2002, 2006 e 2010). Foi ainda prata nas Olimpíadas de 2008 e 2012. Tinha vários admiradores nas seleções adversárias, entre eles o levantador americano Lloy Ball, o técnico russo Vladimir Alekno e o ponta polonês Michal Kubiak. Este último, em entrevista ao Saída de Rede, disse que o brasileiro foi uma de suas referências. “O Dante era aquele cara que fazia tudo muito bem”, afirmou Kubiak.

Disputou sua última temporada pela seleção em 2013, despedindo-se como vice-campeão da Liga Mundial. No ano seguinte, logo após a derrota para a Polônia na final do Campeonato Mundial, ainda no ginásio, Bernardinho lamentava não poder contar com o ponteiro, às voltas com uma lesão no joelho direito. O treinador até cogitou seu retorno, porém isso não ocorreu.

Dante brilhou, além do Brasil, nos campeonatos da Itália, da Rússia, do Japão e da Grécia. Encerrou a carreira no EMS Taubaté Funvic, na sexta-feira (20), após a derrota para o Sada Cruzeiro no quinto e último jogo da série semifinal da Superliga. Havia sido contratado para ser o primeiro reserva na entrada de rede. Com a lesão de Lucarelli, virou titular e correspondeu à altura.

O canhoto André Nascimento se prepara para decolar

André Nascimento: velocidade na saída de rede
O oposto canhoto André Nascimento foi mais uma cria do Minas Tênis Clube, agremiação que há décadas alimenta o voleibol brasileiro com talentos.

Quando em 2001 Bernardinho chamou para a seleção aquele oposto, de 1,95m, houve quem torcesse o nariz. “Quem é esse?”, perguntavam os céticos. Canha, como é chamado pelos colegas, respondeu logo – na bola.

Seu entrosamento com o então levantador titular Maurício Lima ocorreu rapidamente. Mas foi a partir de 2003 que o mundo viu uma das duplas mais fantásticas num esporte disputado por seis de cada lado. A sintonia entre André e o levantador Ricardinho (que virou titular na reta final do Mundial 2002) era estupenda – como você pode conferir no vídeo abaixo.

Canha fugia do perfil tradicional do oposto. Tinha explosão, claro, mas a velocidade era sua grande arma. Seu saque potente era citado como exemplo por Bernardinho às vésperas da Rio 2016 – oito anos depois de André ter deixado a seleção.

No entanto, havia quem desdenhasse, mesmo na década passada, quando o brasileiro estava no auge da forma. Foi o caso do central americano Ryan Millar: “O Brasil tem um grande time, os resultados comprovam, mas não tem atacante definidor na saída de rede”. Anota aí, Millar: Canha foi melhor atacante em diversas competições, incluindo a Liga Mundial 2001 e o Campeonato Mundial 2002, além de MVP na Copa dos Campeões 2005.

Com passagens pelas ligas da Itália, da Grécia e do Japão, André Nascimento despediu-se sábado (21) das quadras na Superliga B, como vice-campeão pelo Vôlei UM Itapetininga, ajudando o clube a ascender à elite para a próxima temporada.

Fabi em lance memorável contra a Coreia do Sul na Olimpíada de Londres, em 2012

Fabi: gigante em quadra
Fabiana Alvim de Oliveira foi peça fundamental nas duas maiores conquistas do vôlei feminino brasileiro: o bicampeonato olímpico (Pequim 2008 e Londres 2012). Muitos atletas sonham em participar dos Jogos Olímpicos. Fabi pertence ao seleto grupo dos que foram mais de uma vez e só conheceram o sabor do ouro.

Seu minguado 1,69m jamais foi empecilho para se destacar como uma gigante numa modalidade cada vez mais dominada por mulheres altas. Líbero, ela pertence ao nicho em que os pequenos (ou não tão grandes) comandam.

Surgiu na seleção adulta na conturbada passagem de Marco Aurélio Motta. Disputou o Mundial 2002, numa equipe boicotada pelas antigas estrelas e que, recheada de jovens talentos, ficou em um modesto sétimo lugar. José Roberto Guimarães assumiu o time em 2003 e Fabi seguiu sendo convocada, mas como segunda opção, depois de Arlene, que foi a Atenas 2004. A partir de 2005, ela se consolidou como dona da posição na seleção e se acostumou a ficar no pódio.

A líbero em quadra pelo então Rexona Sesc na Superliga 2016/2017 (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Numa posição cogitada a partir de meados dos anos 1980, testada em 1996 e oficializada em 1998, Fabi é menção obrigatória. Uma das melhores da história, ela pode até não ter tido a técnica mais refinada, mas carregava um componente que conquista qualquer treinador, seja qual for a modalidade: autoconfiança. Nos momentos mais críticos, Fabi nunca se apequenou. Isso fez a diferença muitas vezes na seleção e nos clubes.

Além de bicampeã olímpica, foi cinco vezes campeã do Grand Prix, duas vezes da Copa dos Campeões e ainda ouro nos Jogos Pan-Americanos, entre outros títulos. Vestiu a camisa da seleção pela última vez na Copa dos Campeões 2013. A partir de 2005 foi contratada pela equipe de Bernardinho (atual Sesc), onde somou dez títulos de Superliga e quatro sul-americanos.

Fabi fez sua despedida neste domingo (22), na derrota do Sesc para o Dentil/Praia Clube na final da Superliga. A exemplo de Dante e André Nascimento, ela não disse adeus com uma vitória, mas o resultado da derradeira partida desses craques pouco importa diante do muito que fizeram pelo voleibol. Todos eles têm lugar garantido na história da modalidade e na memória do torcedor.

Nós, que tivemos o privilégio de vê-los em ação, dizemos muito obrigado.

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Bernardinho: “Ganhar duas partidas decisivas do Praia é tarefa complicada” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/21/bernardinho-ganhar-duas-partidas-decisivas-do-praia-e-tarefa-complicada/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/21/bernardinho-ganhar-duas-partidas-decisivas-do-praia-e-tarefa-complicada/#respond Sat, 21 Apr 2018 14:00:56 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12879

Bernardinho: “O Praia é favorito, tem um time mais alto, mais forte” (foto: Marcos de Paula/Sesc-RJ)

O Sesc-RJ está perto do 13º título na Superliga. Na primeira partida da final da temporada 2017/2018, disputada no Rio, o time carioca fez 3-1 sobre o Dentil/Praia Clube e agora a competição termina em Uberlândia. “Ganhar duas partidas decisivas seguidas do Praia é uma tarefa complicada”, afirmou o técnico Bernardinho, do Sesc-RJ.

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A decisão será neste domingo (22), a partir das 9h10. O Praia Clube, vice-campeão da Superliga 2015/2016, perdendo justamente para o Sesc (na época Rexona Ades), tenta seu primeiro título nacional. Já a equipe comandada por Bernardo Rezende subiu 12 vezes ao lugar mais alto do pódio no torneio – disputa a 14ª final consecutiva, de um total de 17. Caso o time mineiro vença o jogo, o campeão será definido no golden set – parcial extra, de 25 pontos.

Sistema defensivo do time carioca foi elogiado por seu treinador (Marcos de Paula/Sesc-RJ)

Favoritismo
“O Praia é favorito, tem um time mais alto, mais forte. Jogando em Uberlândia, elas vão colocar muito mais pressão, certamente vão sacar melhor do que no domingo passado. No Rio, algumas jogadoras importantes delas caíram de rendimento, mas devem se recuperar. Nas semifinais (contra o Vôlei Nestlé), perderam fora de casa, mas jogaram muito bem em Uberlândia”, comentou Bernardinho, jogando o favoritismo para o adversário, como de praxe.

Numa avaliação do desempenho do Sesc na primeira partida, o treinador multicampeão elogiou o sistema defensivo, mas fez ressalvas ao side out. “Nosso sistema de bloqueio e defesa funcionou muito bem, fomos consistentes nesse aspecto. Nossa virada de bola nem foi tão eficiente, mas conseguimos nos manter na partida”.

Bernardinho contou que, por causa do desgaste das atletas, reduziu a carga de treinos após o primeiro confronto. “Treinamos pouco esta semana porque algumas jogadoras sentiram muito cansaço depois da partida de domingo, então diminuímos o ritmo. Nós analisamos os melhores momentos do Praia e estamos trabalhando em cima dos pontos fortes delas, para minimizá-los. Não é que vamos anulá-los, não vamos conseguir fazer isso, mas tentar minimizar de alguma forma”.

Drussyla: “É o último jogo da temporada, temos que dar tudo dentro de quadra” (Alaor Filho/Sesc-RJ)

Drussyla
Um dos principais nomes na vitória do Sesc no último domingo, a ponteira Drussyla espera uma partida mais difícil desta vez. “Elas vão nos estudar melhor, vão procurar nossos pontos fracos, focar nisso. Jogando em casa, torcida a favor, isso vai favorecer bastante ao Praia. Mas não podemos deixar que isso nos incomode durante a partida. É o último jogo da temporada, temos que dar tudo dentro de quadra”.

Até aqui, na temporada, vantagem de 2 a 1 para o Sesc nos confrontos. Antes da primeira partida da final, uma vitória para cada lado. Jogando como visitante, o time mineiro conseguiu um contundente 3-0 no primeiro turno. O Praia levou o troco no returno, em casa, quando o Sesc marcou 3-2 – a equipe de Uberlândia estava sem a central Walewska, com uma inflamação no joelho, e a ponta Fernanda Garay foi pouco acionada, recuperando-se de uma lesão na panturrilha.

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Jogo 2 da final da Superliga 2017/2018 (com golden set, se necessário)
Dia 22 (domingo) – Dentil/Praia Clube vs. Sesc-RJ, às 9h10, no ginásio Sabiazinho, em Uberlândia (MG) – TV Globo e SporTV

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