seleção brasileira masculina – Blog Saída de Rede http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br Reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Tue, 31 Dec 2019 12:02:55 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Confiante após Copa do Mundo, Thales ainda não se vê em Tóquio http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/11/07/confiante-apos-copa-do-mundo-thales-ainda-nao-se-ve-em-toquio/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/11/07/confiante-apos-copa-do-mundo-thales-ainda-nao-se-ve-em-toquio/#respond Thu, 07 Nov 2019 09:00:48 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=18990

Questionado no início da temporada com a seleção brasileira, o líbero de Taubaté terminou o ano em alta (Foto: Rafinha Oliveira/EMS Taubaté Funvic)

Como um jogador que encarou a (difícil) missão de substituir – na maior parte deste ciclo olímpico – o icônico Serginho, considerado por muitos o melhor de todos os tempos, na seleção brasileira masculina de vôlei, o líbero Thales, titular do EMS Taubaté Funvic, acabou sendo, para o bem e para o mal, um dos principais alvos da torcida verde e amarela na temporada.

Nesta reta final de ciclo olímpico, o atleta, que encerrou o ano na seleção com chave de ouro ao se sagrar campeão da Copa do Mundo, sendo eleito o melhor líbero da competição, teve um começo de temporada conturbado. Na Liga das Nações, primeiro torneio do ano em que o Brasil terminou na quarta posição (a mesma do ano passado), Thales demonstrou enorme insegurança tanto na recepção – principalmente do saque balanceado – quanto na defesa. E foi muito contestado.

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“Para falar a verdade, eu nem sabia que estava sendo criticado. Não acompanho praticamente nada nas redes sociais e sites. Eu sei quando jogo mal e quando jogo bem. Mas procuro sempre ouvir as pessoas que estão ao meu redor, companheiros de time e técnicos para saber onde posso melhorar”, respondeu em entrevista exclusiva ao Saída de Rede, emendando que a evolução demonstrada na Copa do Mundo é fruto de muita dedicação.

“Isso é resultado da sequência de trabalho, bastante treinamento, confiança com o [Ricardo] Tabach, o Renan [Dal Zotto, técnico da seleção] e o [Renato] Bacchi. É muito tempo treinando. A minha família também foi importante, a minha esposa cuidando dos nossos filhos. O fato de estar tudo tranquilo na vida contribui para você jogar bem e ter um bom rendimento”, ressaltou.

Para o jogador, o Brasil é um dos candidatos ao ouro na Olimpíada de Tóquio, em julho de 2020. Entretanto, Thales acredita que a competição será extremamente difícil, já que “há muitas boas seleções em condições de ganhar”. Travando uma disputa direta pela titularidade com o líbero Maique, do Fiat Minas, ele destacou que a vaga para a participação na mais prestigiosa competição esportiva do planeta segue aberta.

Apesar de ter feito uma boa Copa do Mundo, Thales acredita que a vaga para os Jogos permanece indefinida (Foto: Divulgação/FIVB)

“Nessa Copa do Mundo eu acabei jogando mais. O Renan vinha falando com a gente que para a Olimpíada vai só um líbero e que, então, não adiantava ficar revezando. Que ele iria ter que optar por alguém. Naquele momento, na Copa, ele optou por mim por achar que eu estava melhor. Mas isso não quer dizer nada. Para a Olimpíada vai ser outro momento. Tem bastante tempo até lá. Por isso eu vou ter que estar bem naquele momento para ser escolhido”, frisou o líbero que trabalha com o treinador também em Taubaté, que acabou de ganhar o hexacampeonato paulista.

“Acho que preciso melhorar em todos os aspectos e fundamentos. Não adianta achar que está bom, é preciso evoluir sempre. Tenho que dar o meu melhor em todas as funções de um líbero”, disse, ciente da concorrência e de que a temporada 2019/2020 de clubes será fundamental para o fechamento da lista com os nomes que representarão a seleção masculina em Tóquio.

O atleta se prepara para começar a terceira temporada com a camisa de Taubaté (Foto: Rafinha Oliveira/EMS Taubaté Funvic)

Confiante, Thales acredita que a sua equipe é uma das favoritas na Superliga que começará no próximo sábado (9). O adversário da primeira rodada será o Apan Blumenau na quinta-feira (13), no ginásio do Abaeté. “Taubaté vem forte para essa temporada. Montou um grande time, contratou bastante gente, jogadores da seleção. Trouxe atletas de outras equipes. Sabemos do nosso potencial”.

E a temporada masculina de clubes será oficialmente aberta nesta quinta-feira (7), no ginásio do Sabiazinho, em Uberlândia (MG), com a disputa da Supercopa. Atual campeão da Superliga, o time do Vale do Paraíba encara o Sada Cruzeiro, que levou o troféu da Copa Brasil.

“Acho que a gente tem condição de ganhar. Sabemos que o Sada Cruzeiro é uma grande equipe e tem ótimos jogadores. Todos, inclusive, a gente já conhece. Então sabemos sabe o que fazer para marcá-los. Tomara que Taubaté tenha sucesso nessa partida”, finalizou.

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Leal, sobre a seleção brasileira: “Chegou o momento de mostrar a que vim” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/06/18/leal-sobre-a-selecao-brasileira-chegou-o-momento-de-mostrar-a-que-vim/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/06/18/leal-sobre-a-selecao-brasileira-chegou-o-momento-de-mostrar-a-que-vim/#respond Tue, 18 Jun 2019 09:00:56 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=17223

Leal ataca contra o bloqueio português enquanto é observado por Renan (Fotos: Divulgação/FIVB)

*Em entrevista concedida a Euclides Bomfim Neto

“Chegou o momento de eu jogar na seleção e mostrar a que vim”. Assim, expressando confiança e, ao mesmo tempo, respeito pelos seus companheiros, Yoandy Leal Hidalgo, ponteiro cubano naturalizado brasileiro, falou em entrevista exclusiva sobre o momento que vive hoje atuando, após quatro anos de espera, pela seleção brasileira masculina de vôlei. A estreia aconteceu na partida contra a Austrália na Liga das Nações, o primeiro torneio da temporada 2019.

Já em sua primeira temporada na Itália, Leal se sagrou campeão local pelo Lube Civitanova e ainda levantou o caneco da Champions League – o mais prestigioso torneio interclubes do mundo – ao lado de Bruno, levantador e capitão da seleção brasileira com quem criou uma relação de confiança e amizade.

O armador teve um papel fundamental para que as portas da seleção se abrissem para Leal. E, ao que tudo indica, o processo de adaptação do ponteiro à rotina pesada de treinamentos, jogos e viagens com a equipe verde-amarela está ocorrendo sem maiores dificuldades. O atleta tem sido um dos destaques do Brasil, que fechou a terceira semana de competição com 8 vitórias em 9 jogos.

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“O dia a dia com os jogadores está sendo muito bom. No primeiro dia foi um pouco difícil, mas agora estou me sentindo em casa. Estou muito feliz por fazer parte do grupo e espero que a gente consiga melhorar o nosso jogo”, afirmou o jogador, que já aparece entre os dez melhores do mundo nas estatísticas da Liga das Nações de ataque (9º colocado com o melhor aproveitamento na virada de bola – Lucarelli ocupa a 1ª posição) e de saque (7º melhor sacador da competição, com 11 aces), além de ser o 10º maior pontuador do torneio, somando 109 acertos.

Ele confessa, contudo, que vestir a camisa da seleção brasileira pela primeira vez não foi tão fácil. “A sensação é muito boa, mas fiquei um pouco nervoso no começo. É normal. Depois, pouco a pouco, fui me sentindo mais confiante. Quero seguir jogando e ajudando o time da melhor forma para a gente chegar à fase final”, destacou o ponteiro que, apesar do começo promissor no ataque, ainda tem sofrido bastante na linha de passe, especialmente na recepção do saque flutuante.

Um dos melhores do mundo no ataque, Leal tem oscilado na recepção

Leal tem consciência da forte concorrência que hoje existe na seleção pela titularidade. O ponteiro se integrou em um momento em que, diferentemente do ano passado, quando sofreu com enorme carência na entrada de rede e teve um desempenho abaixo do esperado na primeira edição da Liga das Nações, o grupo se fortaleceu principalmente com o retorno de Lucarelli. MVP da última Superliga e peça-chave na conquista do título inédito do EMS Taubaté Funvic, o jogador permaneceu quase um ano parado se recuperando de lesão.

O time ainda conta com o talento de Douglas Souza, jogador que mudou de patamar no cenário nacional e foi bastante útil na campanha que levou a equipe ao vice-campeonato mundial. Tanto que Leal vem se revezando com os dois nesta etapa classificatória da Liga das Nações. Além dessas peças, Renan ainda tem à disposição Lucas Lóh, ponteiro que cresceu técnica e fisicamente nesta temporada com o Sesi-SP, e Maurício Borges, que não foi convocado para estas primeiras semanas.

Jogador tem se revezado no time titular com Lucarelli e Douglas Souza

“Todos os ponteiros que estão aqui são bons jogadores e o Renan está fazendo uma coisa muito boa, que é rodar todo o time. Ele falou que em Brasília iria tentar definir um conjunto para a fase final da competição, então cada um tem que fazer o melhor quando estiver jogando. Concorrência tem, né? E não apenas entre os ponteiros, mas em todas as posições. Daí a importância de se jogar bem quando tiver a possibilidade de atuar. E a decisão é do Renan”, explicou.

Assim, em função da disputa acirrada, Leal foca no trabalho e se diz preparado para colaborar da melhor forma possível. “Foi demorado, mas tive que esperar. Consegui a naturalização em 2015 e fui liberado agora em 2019. Então foram quatro anos de espera. Mas não fiquei parado, tinha o que fazer. Tinha responsabilidade no Sada Cruzeiro [onde atuou por seis temporadas antes de se transferir para a Itália], então o tempo até passou rapidinho. Estou feliz porque deu certo, o que é o principal. Chegou o momento de eu jogar na seleção e mostrar a que vim”, concluiu.

Ouça o Voleicast, podcast de vôlei do Saída de Rede

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Por Tóquio-2020, ponteiro Camejo busca cidadania esportiva russa http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/02/28/por-toquio-2020-ponteiro-camejo-busca-cidadania-esportiva-russa/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/02/28/por-toquio-2020-ponteiro-camejo-busca-cidadania-esportiva-russa/#respond Thu, 28 Feb 2019 09:00:26 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=16009

Ponteiro naturalizado russo, Camejo espera pela decisão da FIVB, que deve sair em março (Foto: dm7sports)

O ponteiro cubano naturalizado russo Oreol Camejo apresentou recentemente toda a documentação necessária à Federação Internacional de Vôlei (FIVB), solicitando a mudança de sua cidadania esportiva. É o que informa Alexander Yaremenko, secretário geral da Federação Russa (RVF), à agência local TASS.

Ainda de acordo com a agência, a FIVB deverá responder ao pedido em março e, se a decisão for favorável, o atleta terá a cidadania esportiva russa, podendo atuar na equipe europeia.

Para Sergey Shlyapnikov, ex-técnico da seleção masculina, o ponteiro é um atleta de alto nível e pode dar uma enorme contribuição ao time. “Ter um jogador do nível de Camejo seria fantástico para a Rússia. Há uma carência de ponteiros com a sua capacidade e habilidade técnica”, avaliou o treinador, que deixou o cargo no início do mês para trabalhar novamente com a Federação local na formação de novos atletas com foco no Campeonato Mundial de 2022, que será disputado no país.

O atacante não joga por Cuba desde 2008 e teve que seguir as regras da FIVB, que exigem que o jogador espere por um período de dois anos até que possa defender outro país. Vale lembrar que Camejo está em sua quarta temporada na Rússia (a segunda no Zenit St. Petersburg). Antes, ele já havia atuado no Lokomotiv Novosibirsk em duas oportunidades. Assim, a expectativa do jogador e dos dirigentes da Federação Russa é que ele seja liberado a tempo de disputar a Olimpíada de Tóquio, em 2020.

Em entrevista à TASS, o ponteiro de 32 anos se mostrou otimista em relação à possibilidade de disputar os Jogos Olímpicos pela equipe. “A seleção russa é uma das mais fortes do mundo e, para mim, será uma honra se a comissão técnica demonstrar interesse e quiser me convocar. Ficarei muito feliz se puder fazer parte do time”, ressaltou.

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Se for liberado, Oreol Camejo engrossará uma lista de grandes talentos cubanos que, após deixarem a ilha caribenha para jogar nos principais centros do mundo, acabaram impedidos de atuar em sua seleção e procuraram a naturalização por outros países.

Somente no naipe masculino, Juantorena já defende a Azzurra desde 2015, Leal estará livre a partir de abril para ser convocado pela seleção brasileira e León fará sua estreia pela Polônia em agosto. Sem falar no central Simon que, em busca do sonho olímpico, já tentou se naturalizar brasileiro, canadense e, por último, búlgaro.

Não por acaso, são frequentes as discussões entre os amantes do vôlei sobre qual seleção seria capaz de bater Cuba se o time pudesse contar com todas estas estrelas. Contudo, apesar de a Federação Cubana de Vôlei (FCV) ter sugerido a possibilidade de retorno de atletas expatriados à seleção – o que não se aplica aos jogadores mencionados acima, uma vez que estes já mudaram de nacionalidade nos registros da FIVB –, a realidade é que a “diáspora cubana” acaba fortalecendo outras equipes no cenário internacional, enquanto que a seleção local coleciona fracassos em competições oficiais.

Tricampeã olímpica e mundial entre as mulheres, Cuba ainda possui duas medalhas de prata em Campeonatos Mundiais no naipe masculino. Entretanto, a grande potência da modalidade, que produziu alguns dos maiores jogadores da história do esporte, se tornou mera figurante.

Depois de ter ficado fora dos Jogos Olímpicos em três edições, foi eliminada ainda na primeira fase na Rio 2016 e saiu do último Mundial masculino na 18ª colocação. Com as mulheres, além de não participar de uma Olimpíada desde 2008, o país terminou o Mundial de 2018 em 22º lugar.

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“Meu sonho é ser campeão olímpico com a seleção”, diz Gabriel Vaccari http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/01/23/meu-sonho-e-ser-campeao-olimpico-com-a-selecao-diz-gabriel-vaccari/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2019/01/23/meu-sonho-e-ser-campeao-olimpico-com-a-selecao-diz-gabriel-vaccari/#respond Wed, 23 Jan 2019 08:00:31 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=15686

Jovem destaque do Vôlei Renata, Gabriel Vaccari busca crescimento para ajudar sua equipe e conquistar um lugar na seleção principal (Fotos: Divulgação/Vôlei Renata)

“O grande sonho da minha carreira é ser campeão olímpico com a seleção”. A frase, curta e direta, foi dita com firmeza pelo ponteiro Gabriel Vaccari Kavalkievicz, um dos destaques do Vôlei Renata na Superliga masculina de vôlei. Em entrevista ao Saída de Rede, ele respondeu todas as perguntas com a mesma objetividade, falando sobre a lesão no tornozelo que o afastou das quadras, a (grande) expectativa com a equipe de Campinas na temporada e o desejo de chegar à seleção principal.

Aos 22 anos, Gabriel Vaccari, nascido em Curitiba, capital paranaense, e criado em Goiânia, conta que iniciou sua história no vôlei aos 11. “Comecei a jogar com 11, 12 anos com os amigos na escola e no clube. Eles praticavam vôlei, me convidaram e eu comecei a jogar junto”, explica, ressaltando que se apaixonou rapidamente pela modalidade. Antes de chegar ao time de Campinas, entretanto, atuou no Clube Ferreira Pacheco, da capital goiana, e nas categorias de base do Sesi-SP, onde alcançou o profissional, mas teve poucas oportunidades para jogar.

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E, desde o início, Vaccari comenta que uma de suas maiores influências no vôlei foi o ponteiro Giba. “Ele é um dos meus maiores ídolos no vôlei. Sempre gostei muito dele e na época que comecei eu o achava incrível. Vi os vídeos dele nas Olimpíadas de 2004 [em Atenas, onde o Brasil se sagrou bicampeão olímpico] e depois 2008 [nos jogos de Pequim, em que a seleção perdeu o ouro para os EUA]. Ele era fantástico”, diz, empolgado.

Sob o comando do argentino Horacio Dileo, ele assumiu a titularidade no Vôlei Renata e se destacou bastante no Campeonato Paulista – somente na partida contra o Corinthians-Guarulhos, ele anotou 29 pontos, um recorde em sua incipiente carreira – e vinha crescendo na Superliga. Até a entorse no tornozelo direito, ocorrida há duas semanas durante um treino de bloqueio logo após o retorno das férias, Vaccari era um dos principais atacantes da equipe campineira. O retorno, contudo, deve ocorrer em poucos dias. “Tive uma entorse de tornozelo quando estava bloqueando e caí no pé de outro jogador, mas acredito que dentro de mais uma semana eu comece a fazer quase todos os movimentos normais na quadra”, afirma, confiante.

O jogador acredita que estará de volta às quadras em poucos dias

Na mais importante competição nacional, o time – que atualmente ocupa a quinta colocação, com 20 pontos e 7 vitórias em 13 jogos –, contava com ele e seus companheiros Luiz Sene, o central Luizinho, que tem o segundo melhor aproveitamento de ataque na Superliga (com 64%), o passador Bruno Temponi e o oposto Daniel Cagliari. Contudo, a contusão atrapalhou sua evolução, assim como a de toda a equipe, que ainda perdeu Luizinho, com uma fratura no dedo da mão, e o ponta Bruno Canuto, que também se machucou e está fora da temporada.

Sobre a sua evolução pessoal e o crescimento com o time, ele responde, novamente, sem rodeios e com otimismo: “A experiência que eu tive no Paulista jogando mesmo, já que no Sesi-SP eu atuava muito pouco, foi incrível para ganhar experiência, ter essa vivência… E a minha expectativa é que a gente cresça ainda mais. Apesar dos desfalques, acho que logo a nossa equipe estará praticamente completa. E torço para que a gente consiga progredir bem na Superliga, podendo chegar a uma semifinal e, quem sabe, a uma final. É um objetivo alto”, destaca, ambicioso.

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Já pela seleção, Vaccari atuou nas categorias de base, conquistando um Campeonato Sul-americano e uma Copa Pan-Americana com a seleção sub-23. Além disso, já vinha participando dos treinamentos com a seleção adulta antes dos jogos do Rio. O grande sonho? Jogar efetivamente na equipe principal. “Já passei pelas categorias de base da seleção – da juvenil e da sub-23. Jogar na seleção principal é uma meta e um sonho de infância. Não tenho como descrever de outra maneira. (…) É um objetivo claro chegar lá”, conclui, ressaltando que a experiência que vem adquirindo pode ser fundamental para atingir seu maior propósito na carreira.

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Quais foram os melhores jogadores de 2018? http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/12/30/quais-foram-os-melhores-jogadores-de-2018/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/12/30/quais-foram-os-melhores-jogadores-de-2018/#respond Sun, 30 Dec 2018 08:00:57 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=15497

De jogador pouco confiável a MVP do Campeonato Mundial: 2018 foi o ano de Bartosz Kurek (Fotos: Divulgação/FIVB)

Como era de se esperar, 2018 foi um ano de fortes emoções para os fãs do vôlei. Afinal, foi ano de Campeonato Mundial, competição que, para a modalidade, só perde em relevância para os Jogos Olímpicos. Sua importância é tão grande que na escolha dos melhores jogadores nós levamos em consideração, entre outros critérios, não apenas o resultado, mas também o desempenho de cada atleta no torneio. O ponteiro Douglas Souza, por exemplo, que teve uma performance irregular na temporada 2017/2018 de clubes e na primeira edição da Liga das Nações, campeonato que abriu esta temporada de seleções, desencantou no Mundial e acabou entrando na lista como o único representante brasileiro.

Quer saber quem mais brilhou em 2018? Confira a lista do Saída de Rede em ordem alfabética nos naipes feminino e masculino.

Milena Rasic

Extremamente regular, Rasic é uma das melhores centrais do mundo e foi campeã em 2018 tanto em seu clube quanto na seleção

Milena Rasic é uma das mais prestigiosas (e discretas) centrais da atualidade. Eficiente tanto no bloqueio quanto no ataque, a experiente sérvia de 28 anos está acostumada a frequentar os pódios e ganhar prêmios individuais nos torneios dos quais participa. Pela Sérvia, entre outras conquistas, ela levou a prata na Copa do Mundo de 2015, foi vice-campeã na Olimpíada do Rio, em 2016 – entrando para a seleção dos Jogos Olímpicos como melhor central –, e ganhou a medalha de ouro no Campeonato Europeu do ano passado.

Já pelo VakifBank, clube que defende desde a temporada 2014/2015, a central vem conquistando todos os títulos que disputa. Contudo, Rasic viveu, provavelmente, o melhor ano de sua segura carreira em 2018. Além de ter sido novamente campeã da liga turca, da Champions League e do Mundial de Clubes com o time turco, a meio-de-rede ganhou pela primeira vez o Mundial do Japão com sua seleção.

Paola Egonu

Aos 20 anos, Paola Egonu é um fenômeno do vôlei mundial

Vista como a grande sensação do Mundial do Japão, a oposta Paola Egonu já integra, com apenas 20 anos recém-completados, a lista das melhores atacantes do mundo. Principal estrela da renovada e talentosíssima seleção italiana, Egonu tem um ataque extraordinário e incrível potencial de crescimento em sua incipiente carreira. Com a Azzurra, fez uma campanha espantosa e faturou o vice-campeonato, um resultado inesperado até para os fãs italianos que imaginavam que a jovem equipe fosse “explodir” somente nos jogos de Tóquio.

A Itália, entretanto, mostrou a que veio já nesse ano, batendo seleções experimentadas, como EUA e a China, com Egonu chegando a anotar inacreditáveis 45 pontos somente na semifinal que eliminou a campeã olímpica e levou a Azzurra à final. Com a marca, a jogadora quebrou o recorde de pontuação de todos os tempos nas competições FIVB.  Maior pontuadora do Mundial, com 324 acertos, Paola Egonu ainda saiu do torneio com o prêmio de melhor atacante da saída de rede.

Ting Zhu

Uma das mais valiosas jogadoras do mundo, Ting Zhu voltou a se destacar em 2018

Apontada por muitos como a melhor atleta do vôlei mundial, a chinesa Ting Zhu teve, novamente, um grande ano. Aos 24 anos, a ponta campeã olímpica foi o grande destaque de sua seleção na conquista do bronze no Mundial feminino. Com um ataque implacável – foi a terceira maior pontuadora do torneio, com 227 acertos, e ainda recebeu um dos prêmios de melhor ponteira –, Zhu também vem demonstrado evolução no passe, se tornando uma jogadora cada vez mais completa.

Já pelo seu clube, o multicampeão VakifBank, ela se destacou mais uma vez ao faturar outra Champions League e, no fim de 2018, o Mundial de Clubes batendo o brasileiro Minas Tênis Clube na final. Ignorando bloqueios e defesas adversárias, a atacante saiu do torneio como MVP e maior pontuadora (com 98 anotações).

Os fatos que marcaram o vôlei brasileiro e mundial em 2018

Aaron Russell

Aos 25 anos, o norte-americano Aaron Russell é titular absoluto de sua seleção e teve papel decisivo na conquista do pentacampeonato do Trentino no Mundial de Clubes

Um dos mais técnicos ponteiros da atualidade, o norte-americano Aaron Russell, de 25 anos, vê o seu prestígio crescer a cada nova temporada. Titular absoluto de sua seleção, o atacante da entrada de rede mostrou este ano grande evolução tanto no passe, fundamento em que costumava deixar a desejar, quanto no ataque onde sempre demonstrou um arsenal de golpes que vem sendo cada vez mais aprimorado.

Russell terminou sua participação no Mundial como o quarto maior pontuador, com 153 acertos. Todo o esforço, contudo, não foi suficiente para levar os EUA ao lugar mais alto do pódio, já que, mais uma vez, a equipe fracassou ganhando apenas a medalha de bronze. No entanto, pelo Trentino, sua mais nova “casa”, o norte-americano chegou e já justificou a contratação. Além de ter levado o prêmio de MVP, ele foi o jogador com melhor aproveitamento de ataque (59.62%) no Mundial de Clubes, tendo participação essencial na conquista do penta da equipe de Trento.

Bartosz Kurek

Podemos afirmar que 2018 foi um ano de consolidação da carreira do experiente oposto polonês Bartosz Kurek. Grande estrela de sua seleção, ele nunca desfrutou de um prestígio irrefutável no cenário internacional. É que apesar de bom atacante, Kurek era considerado instável e pouco confiável. Assim como a sua equipe, o atacante teve uma trajetória marcada por oscilações, falhando em momentos decisivos tanto nas competições de clube quanto de seleção. No campeonato polonês, por exemplo, quando foi anunciado como o mais importante reforço do Resovia Rzeszow na temporada 2015/2016, terminou na segunda colocação. Já na Liga dos Campeões da Europa, levou o time a um quarto lugar com uma fraca atuação na fase final.

Pela Polônia, o retrospecto era o mesmo: nas duas Olimpíadas das quais participou (Londres 2012 e Rio 2016), jamais chegou sequer a uma semifinal. Além disso, foi cortado do Mundial de 2014 por indisciplina pelo então técnico da seleção, o francês Stephane Antiga, perdendo a chance de se tornar campeão em casa. Neste ano, entretanto, Kurek não titubeou. Aos 30 anos, ele não apenas assumiu o protagonismo na conquista do tri mundial da Polônia ao terminar o torneio como o maior pontuador – com 171 acertos –, como ainda levou o prêmio de MVP da competição.

Douglas Souza

Criticado em função de sua irregularidade, Douglas Souza deu a volta por cima em 2018 e desencantou no Mundial com a seleção brasileira

Único representante brasileiro na lista do Saída de Rede dos atletas que mais se destacaram no ano, Douglas Souza viveu, aos 23 anos, um ano de afirmação. Ou, como ele mesmo ressalta, o melhor ano de sua carreira. Justamente criticado pelo seu fraco desempenho na temporada 2017/2018 de clubes, quando ainda atuava pelo Sesi-SP, e na seleção durante a Liga das Nações, o hoje ponteiro do EMS Taubaté Funvic superou toda a pressão e desencantou no Campeonato Mundial.

Foi o quinto maior pontuador da competição – com 150 anotações – e se tornou um dos grandes responsáveis pela conquista do surpreendente vice-campeonato mundial da seleção brasileira. Para coroar seu amadurecimento, o jogador campeão olímpico em 2016 foi escolhido o melhor atacante da entrada de rede do Mundial, ao lado do polonês Michal Kubiak, e foi eleito pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) o destaque do vôlei nesse ano, recebendo o Prêmio Brasil Olímpico.

Você concorda? Discorda? Na sua opinião, quem foram os melhores jogadores do ano? Deixe seu recado na caixa de comentários!

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Agora capitão, levantador Thiaguinho busca se firmar no Sesc e na seleção http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/02/agora-capitao-levantador-thiaguinho-busca-se-firmar-no-sesc-e-na-selecao/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/11/02/agora-capitao-levantador-thiaguinho-busca-se-firmar-no-sesc-e-na-selecao/#respond Fri, 02 Nov 2018 09:00:59 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=14885  

Além de se consolidar no time carioca, levantador Thiaguinho também busca construir sua história na seleção brasileira (Foto: Divulgação/Sesc-RJ)

“Conduzir uma equipe tão competitiva como a do Sesc-RJ me dá a oportunidade de me firmar entre os grandes levantadores”. A frase, dita por Thiago Veloso, levantador e hoje capitão da importante equipe carioca, resume bem as aspirações do jogador para a temporada 2018/2019. Aos 25 anos, após passar pelo Sesi-SP e pelo voleibol italiano, onde atuou no Exprivia Molfetta, o paraibano Thiaguinho vê nessa edição da Superliga a possibilidade de se consolidar como um dos grandes de sua posição. Em entrevista ao Saída de Rede, ele fala sobre a responsabilidade de ser novamente o “regente” do Sesc e o desejo de vestir a camisa da seleção brasileira principal.

Disputando a Superliga pela segunda vez no time comandado pelo técnico Giovane Gávio, o agora capitão Thiaguinho estreou com vitória na competição, no sábado (27), por 3 sets a 1 sobre o Copel Telecom Maringá Vôlei, na casa do rival, e ajudou a manter a invencibilidade do Sesc na recém-criada Copa Libertadores de Vôlei ao bater a equipe argentina Ciudad Voley por 3 sets a 0 nesta quarta-feira (31).

Apresentando um bom desempenho já neste início de temporada, o jogador não sente o peso da braçadeira e imagina que a liderança dentro da quadra pode favorecer o aprimoramento do seu jogo. “Eu encaro com naturalidade. Pra falar a verdade, gosto de assumir essa responsabilidade. Já desempenhei outras vezes essa função na base e essa é a primeira vez em um time da Superliga. Acredito que ser capitão vai me ajudar a crescer como levantador”, afirma. “Conduzir uma equipe tão competitiva como a do Sesc-RJ me dá a oportunidade de me firmar entre os grandes levantadores. Acho que tenho uma característica de jogo rápido que pode fazer a diferença. E, claro, quero melhorar em todos os fundamentos para ajudar ainda mais o time nessa temporada”, complementa.

Superliga tem início nesta quarta com hegemonia do Sada Cruzeiro ameaçada

“Amarrado” com a Globo, vôlei busca se adaptar às mudanças nas transmissões

A respeito das pretensões de sua equipe no torneio nacional, o levantador sustenta que o time tem condições de ir longe. “Temos chances de brigar por uma vaga na final. Sabemos das dificuldades da Superliga. É uma competição que tem times tão qualificados quanto o Sesc-RJ, mas nosso objetivo é chegar à decisão e brigar pelo título”, salienta. Depois da ótima participação na Superliga passada, quando terminou em terceiro lugar, o grupo carioca manteve a base com a maioria de seus atletas e anunciou a contratação do oposto Wallace e do ponteiro búlgaro Rozalin Penchev, nomes de peso que prometem fortalecer e tornar ainda mais competitivo o time de Giovane Gávio.

Ao citar William e Bruninho, além do norte-americano Micah Christenson como os principais nomes de sua posição na atualidade, ele também menciona Ricardinho, Rapha, Marlon e Marcelinho como referências importantes em seu aprendizado. “É difícil citar só dois ou três. Tento observar um pouco de cada um para formar o meu próprio estilo”, aponta. Em recente entrevista ao blog, William Arjona ressaltou a importância da renovação, de testar e dar rodagem a novos levantadores na seleção brasileira principal. E, assim como fez o “mago”, Thiaguinho também deseja construir uma história de sucesso com a camisa verde e amarela. “Esse é o meu objetivo, mas tento não pensar diretamente nisso. Sei que, se eu chegar lá, será fruto de um trabalho diário. Foco no meu dia a dia e em melhorar meu jogo em todos os aspectos, para quando chegar a oportunidade eu possa estar preparado”, finaliza.

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Velasco: “Me incomoda muito que o Brasil possa utilizar o Leal” http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/07/velasco-me-incomoda-muito-que-o-brasil-possa-utilizar-o-leal/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/05/07/velasco-me-incomoda-muito-que-o-brasil-possa-utilizar-o-leal/#respond Mon, 07 May 2018 16:00:40 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=13287

O argentino criticou o fato de um atleta como Leal, que defendeu uma seleção, poder jogar por outra (fotos: FIVB)

Considerado um dos grandes nomes da história do vôlei, o técnico da seleção masculina da Argentina, Julio Velasco, não gosta de ver atletas que defenderam um país jogando por outro. Ele criticou, ao citar alguns nomes, a possibilidade do ponta Yoandy Leal atuar pela seleção brasileira. De acordo com as regras da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), cada seleção pode contar com um jogador naturalizado.

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“Me incomoda muito que o Brasil possa utilizar o Leal, que já jogou por Cuba; que a Polônia tenha o León; ou o Juantorena no caso da Itália. Isso me parece antidesportivo. Não digo nada sobre jogadores como Zaytsev, Travica ou Lasko, que são culturalmente italianos, estudaram lá e não jogaram por outro país”, disse o treinador, em entrevista ao canal de TV argentino TyC Sports. “Em geral, isso (mudança de nacionalidade) se dá com jogadores de seleções mais pobres para mais ricas, nunca acontece o contrário”, completou Velasco.

O ponta Leal foi liberado pela FIVB para defender a seleção brasileira a partir de 2019

Restrições
Yoandy Leal, assim como os ponteiros Wilfredo León e Osmany Juantorena, a exemplo de outros astros cubanos, vide o central Robertlandy Simon, deixaram o país por causa de pesadas restrições que sofriam. Entre as limitações estava a impossibilidade de defender clubes estrangeiros e assim fazer valer seu peso no mercado.

O técnico argentino se equivocou ao mencionar Ivan Zaytsev entre atletas nascidos no estrangeiro – ainda que não reclame de sua presença na Azzurra por considerá-lo “culturalmente italiano”. O ponta/oposto, embora tenha pais russos, nasceu em Espoleto, na Itália – é filho do ex-levantador Viatcheslav Zaytsev, campeão olímpico e bicampeão mundial pela antiga União Soviética. A seleção italiana é, entre as potências do esporte, a que mais recorreu a atletas naturalizados no naipe masculino – no feminino já contou com Taismary Aguero, que veio de Cuba, e Carolina Costagrande, da Argentina.

Velasco não está sozinho em sua posição refratária à presença de jogadores naturalizados em seleções. Comentários assim são comuns nos bastidores dos grandes torneios, longe de gravadores e câmeras. No entanto, é raro que alguém, especialmente com a importância de Velasco na modalidade, diga algo publicamente.

O ponteiro em ação pela seleção cubana, contra o Brasil, no Mundial 2010

Laços
Ignorar os laços de Yoandy Leal com seu novo país parece estranho. Ele jogou pela seleção cubana até 2010 – foi vice-campeão mundial naquele ano, perdendo a final para os brasileiros. Deixou Cuba e veio morar em Belo Horizonte em 2011. No ano seguinte, cumpridos dois anos de afastamento das quadras desde o último jogo pela seleção, período imposto pela FIVB por ter desertado, fez sua estreia pelo Sada Cruzeiro.

Quem acompanhou Leal em ação pela seleção cubana no Mundial 2010 enxergava um atacante nato, mas via lacunas nos demais fundamentos. No time mineiro, o ponta deslanchou de vez. Ao longo dos anos, burilou seu jogo, melhorando ainda mais no ataque e tornando-se um grande sacador e bloqueador. Portanto, foi no Brasil que ele se desenvolveu até chegar ao nível que tem agora.

O mesmo ocorreu com Juantorena na Itália, que chegou por lá no final da década passada. Já León naturalizou-se polonês sem jamais ter jogado por nenhum clube do país – casou-se com uma polonesa, com quem tem uma filha. Simon, ídolo no Sada Cruzeiro, já procurou, sem sucesso, a Itália (desistiu quando soube que o processo de Juantorena estava mais avançado), o Canadá e a Argentina.

Wilfredo León jogou dos 14 aos 18 anos pela seleção adulta de Cuba

Seleção
Naturalizado brasileiro desde dezembro de 2015, Leal viu a Federação Cubana demorar a liberá-lo para a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Como a data de transferência foi 30 de abril de 2017, só poderá jogar pela seleção do Brasil a partir de 30 de abril de 2019, cumprindo dois anos de prazo exigidos pela FIVB após a mudança de federação.

Na próxima temporada, o jogador de 29 anos e 2,02m vai defender o Lube Civitanova, da Itália, que neste domingo (6) ficou com o vice-campeonato nacional. Pelo Sada Cruzeiro, ele se despediu conquistando seu quinto título da Superliga – no clube mineiro, foi tricampeão mundial e tetra sul-americano.

León também só poderá defender a Polônia a partir de 2019. Liberado desde 2013 para jogar pela seleção italiana, Juantorena foi convocado apenas em 2015, sendo peça fundamental nos vice-campeonatos na Copa do Mundo, naquele mesmo ano, e na Rio 2016.

Osmany Juantorena na seleção italiana durante a Rio 2016

Comparação
Durante a entrevista, concedida na semana passada, Velasco fez uma comparação com o futebol, esporte no qual o atleta que atuou em qualquer partida oficial por uma seleção fica impedido de integrar outra. O atacante Diego Costa, por exemplo, que defendeu a Espanha na Copa do Mundo 2014, havia jogado pelo Brasil apenas em amistosos. A Fifa, entidade que rege o futebol, diz que um jogador só pode defender um país em jogos oficiais pela seleção principal. Não são considerados neste caso amistosos nem jogos pelas categorias de base (times olímpicos, sub-20 ou sub-17).

O Saída de Rede procurou Julio Velasco, para que comentasse de forma mais detalhada suas restrições e explicasse a referência às seleções “pobres” e “ricas”, mas não foi atendido. Também fomos atrás da FIVB, responsável pela liberação de atletas naturalizados para atuar por seleções de outros países, porém a entidade não se manifestou sobre a posição do treinador, apenas reiterou que esses jogadores têm seu aval, desde que todos os trâmites tenham sido cumpridos. A CBV preferiu o silêncio. Yoandy Leal não quis comentar as afirmações do técnico da seleção argentina.

Julio Velasco orientando a seleção argentina durante pedido de tempo

Perfil
Velasco ganhou notoriedade ao conduzir ao estrelato a seleção masculina da Itália nos anos 1990, a chamada Generazione di Fenomeni, com a qual venceu dois Mundiais (1990 e 1994) e conquistou uma prata olímpica (Atlanta 1996). Também foi treinador da seleção feminina italiana, depois voltou ao voleibol masculino, passando por clubes da liga daquele país. Dirigiu outras seleções europeias e mais recentemente foi ao Oriente Médio, onde teve destaque no comando do Irã, antes de realizar o antigo sonho de comandar a Albiceleste – sua trajetória com o time argentino começou em 2014. Foi finalista na eleição da FIVB de melhor técnico de equipes masculinas do século XX – o prêmio ficou com o japonês Yasutaka Matsuidara.

A Argentina, tendo Julio Velasco à frente, mostrou que é capaz de incomodar qualquer time do mundo, mas também pode descer ao fundo do poço, como na semifinal do Sul-Americano 2017, quando cometeu a façanha de perder para a bisonha seleção da Venezuela.

Renan sobre Leal na seleção: “Tenho certeza de que será muito bem-vindo”

Reações anteriores
Por aqui, com diferentes argumentos, os jogadores Murilo e Lipe, além da ex-atleta Ana Moser, já disseram que não concordam com estrangeiros representando o Brasil. Mas quem convoca, no caso o técnico Renan Dal Zotto, demonstrou animação quando a FIVB anunciou no ano passado que Yoandy Leal estaria liberado em 2018 – na verdade uma gafe, esclarecida no dia seguinte.

“Foi uma surpresa bastante positiva para todos nós. A partir deste momento ele é forte candidato a uma convocação. Ele é um grande ponteiro, isso é inegável. Eu tive a oportunidade de bater um papo rápido com ele. Tenho certeza de que será muito bem-vindo. É um ótimo garoto, está aqui há muitos anos. Se naturalizou por serviços prestados ao Brasil. Então está tudo certo, não tem problema nenhum. É um grande jogador, um grande caráter”, afirmou Renan à época. Foi o próprio treinador da seleção quem ligou para dar a notícia a Leal – o atleta ficou abatido quando a FIVB explicou depois que ele deveria aguardar mais um ano.

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Dante, André e Fabi: o adeus de três ídolos que engrandeceram o Brasil http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/23/dante-andre-e-fabi-o-adeus-de-tres-idolos-que-engrandeceram-o-brasil/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/04/23/dante-andre-e-fabi-o-adeus-de-tres-idolos-que-engrandeceram-o-brasil/#respond Mon, 23 Apr 2018 09:00:46 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12945

Dante, André Nascimento e Fabi: craques anunciaram aposentadoria neste fim de semana (fotos: FIVB)

Ver um ídolo deixar as quadras é inevitável com a passagem do tempo. Quando três deles dizem adeus no mesmo fim de semana, é impossível não lamentar a despedida ou lembrar suas conquistas, mas também perceber a grandiosidade do voleibol brasileiro. O ponta Dante Amaral, 37 anos, o oposto André Nascimento, 39, e a líbero Fabi Alvim, 38, encerraram a carreira de atleta. Cada um ressaltou o quanto a modalidade proporcionou a eles. A recíproca é verdadeira: os três deram muito ao vôlei, ajudando o Brasil a tornar-se ainda maior no cenário internacional.

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Em comum entre eles, além do talento e das conquistas, o perfil discreto. Mesmo vivendo parte da carreira em meio ao furor das redes sociais, jamais pediram atenção. Não precisavam. Craques, reluziam dentro de quadra. A torcida certamente não os esquecerá. Não há como.

Fãs poloneses dizem que Dante é o melhor. Alguém discorda?

Dante: uma joia lapidada
Quando aquele menino magrelo, de 19 anos, chegou à seleção brasileira adulta, em 1999, era improvável pensar que estava ali alguém que seria um dos melhores ponteiros de todos os tempos. Central na época de infantojuvenil, havia se tornado oposto. No ano seguinte, na Olimpíada de Sydney, era titular da equipe comandada por Radamés Lattari.

O Brasil perdeu nas quartas de final – uma inesperada derrota para a Argentina – e o treinador caiu. Mas estava ali a base de uma geração que seria uma das mais vencedoras de todos os tempos. Dante era um deles.

Quando o técnico Bernardinho assumiu a seleção masculina em 2001, tratou de deslocar o jogador de 2,01m para a entrada de rede. Via nele muito potencial como ponteiro. Dante não sabia passar. Veio o ultimato: “Aprende ou não fica”. E como ele aprendeu. Virou exímio passador. Tinhas deficiências no bloqueio, a ponto de Bernardinho brincar, dizendo que o atacante tinha medo de levar bolada. Com a ajuda do assistente Chico dos Santos, tornou-se um excelente bloqueador.

O ponteiro no ataque contra a Rússia na Liga Mundial 2013

Dante parecia jogar sem esforço. Sua pipe era uma pintura. Na hora de passar, sequer dobrava direito os joelhos, mas a bola quase sempre ia até o levantador. Não era muito fã de treinos, assim como outro gênio das quadras, a russa Lioubov Sokolova. Coisa de quem esbanja talento.

Pela seleção, foi campeão olímpico (Atenas 2004) e conquistou três mundiais (2002, 2006 e 2010). Foi ainda prata nas Olimpíadas de 2008 e 2012. Tinha vários admiradores nas seleções adversárias, entre eles o levantador americano Lloy Ball, o técnico russo Vladimir Alekno e o ponta polonês Michal Kubiak. Este último, em entrevista ao Saída de Rede, disse que o brasileiro foi uma de suas referências. “O Dante era aquele cara que fazia tudo muito bem”, afirmou Kubiak.

Disputou sua última temporada pela seleção em 2013, despedindo-se como vice-campeão da Liga Mundial. No ano seguinte, logo após a derrota para a Polônia na final do Campeonato Mundial, ainda no ginásio, Bernardinho lamentava não poder contar com o ponteiro, às voltas com uma lesão no joelho direito. O treinador até cogitou seu retorno, porém isso não ocorreu.

Dante brilhou, além do Brasil, nos campeonatos da Itália, da Rússia, do Japão e da Grécia. Encerrou a carreira no EMS Taubaté Funvic, na sexta-feira (20), após a derrota para o Sada Cruzeiro no quinto e último jogo da série semifinal da Superliga. Havia sido contratado para ser o primeiro reserva na entrada de rede. Com a lesão de Lucarelli, virou titular e correspondeu à altura.

O canhoto André Nascimento se prepara para decolar

André Nascimento: velocidade na saída de rede
O oposto canhoto André Nascimento foi mais uma cria do Minas Tênis Clube, agremiação que há décadas alimenta o voleibol brasileiro com talentos.

Quando em 2001 Bernardinho chamou para a seleção aquele oposto, de 1,95m, houve quem torcesse o nariz. “Quem é esse?”, perguntavam os céticos. Canha, como é chamado pelos colegas, respondeu logo – na bola.

Seu entrosamento com o então levantador titular Maurício Lima ocorreu rapidamente. Mas foi a partir de 2003 que o mundo viu uma das duplas mais fantásticas num esporte disputado por seis de cada lado. A sintonia entre André e o levantador Ricardinho (que virou titular na reta final do Mundial 2002) era estupenda – como você pode conferir no vídeo abaixo.

Canha fugia do perfil tradicional do oposto. Tinha explosão, claro, mas a velocidade era sua grande arma. Seu saque potente era citado como exemplo por Bernardinho às vésperas da Rio 2016 – oito anos depois de André ter deixado a seleção.

No entanto, havia quem desdenhasse, mesmo na década passada, quando o brasileiro estava no auge da forma. Foi o caso do central americano Ryan Millar: “O Brasil tem um grande time, os resultados comprovam, mas não tem atacante definidor na saída de rede”. Anota aí, Millar: Canha foi melhor atacante em diversas competições, incluindo a Liga Mundial 2001 e o Campeonato Mundial 2002, além de MVP na Copa dos Campeões 2005.

Com passagens pelas ligas da Itália, da Grécia e do Japão, André Nascimento despediu-se sábado (21) das quadras na Superliga B, como vice-campeão pelo Vôlei UM Itapetininga, ajudando o clube a ascender à elite para a próxima temporada.

Fabi em lance memorável contra a Coreia do Sul na Olimpíada de Londres, em 2012

Fabi: gigante em quadra
Fabiana Alvim de Oliveira foi peça fundamental nas duas maiores conquistas do vôlei feminino brasileiro: o bicampeonato olímpico (Pequim 2008 e Londres 2012). Muitos atletas sonham em participar dos Jogos Olímpicos. Fabi pertence ao seleto grupo dos que foram mais de uma vez e só conheceram o sabor do ouro.

Seu minguado 1,69m jamais foi empecilho para se destacar como uma gigante numa modalidade cada vez mais dominada por mulheres altas. Líbero, ela pertence ao nicho em que os pequenos (ou não tão grandes) comandam.

Surgiu na seleção adulta na conturbada passagem de Marco Aurélio Motta. Disputou o Mundial 2002, numa equipe boicotada pelas antigas estrelas e que, recheada de jovens talentos, ficou em um modesto sétimo lugar. José Roberto Guimarães assumiu o time em 2003 e Fabi seguiu sendo convocada, mas como segunda opção, depois de Arlene, que foi a Atenas 2004. A partir de 2005, ela se consolidou como dona da posição na seleção e se acostumou a ficar no pódio.

A líbero em quadra pelo então Rexona Sesc na Superliga 2016/2017 (Wander Roberto/Inovafoto/CBV)

Numa posição cogitada a partir de meados dos anos 1980, testada em 1996 e oficializada em 1998, Fabi é menção obrigatória. Uma das melhores da história, ela pode até não ter tido a técnica mais refinada, mas carregava um componente que conquista qualquer treinador, seja qual for a modalidade: autoconfiança. Nos momentos mais críticos, Fabi nunca se apequenou. Isso fez a diferença muitas vezes na seleção e nos clubes.

Além de bicampeã olímpica, foi cinco vezes campeã do Grand Prix, duas vezes da Copa dos Campeões e ainda ouro nos Jogos Pan-Americanos, entre outros títulos. Vestiu a camisa da seleção pela última vez na Copa dos Campeões 2013. A partir de 2005 foi contratada pela equipe de Bernardinho (atual Sesc), onde somou dez títulos de Superliga e quatro sul-americanos.

Fabi fez sua despedida neste domingo (22), na derrota do Sesc para o Dentil/Praia Clube na final da Superliga. A exemplo de Dante e André Nascimento, ela não disse adeus com uma vitória, mas o resultado da derradeira partida desses craques pouco importa diante do muito que fizeram pelo voleibol. Todos eles têm lugar garantido na história da modalidade e na memória do torcedor.

Nós, que tivemos o privilégio de vê-los em ação, dizemos muito obrigado.

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Leal chega a acordo com Civitanova, mas Sada Cruzeiro não joga a toalha http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/03/27/leal-chega-a-acordo-com-civitanova-mas-sada-cruzeiro-nao-joga-a-toalha/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/03/27/leal-chega-a-acordo-com-civitanova-mas-sada-cruzeiro-nao-joga-a-toalha/#respond Tue, 27 Mar 2018 19:00:18 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12559

Leal, 29 anos, 2,02m, é considerado um dos melhores jogadores do mundo (foto: FIVB)

O ponta Yoandy Leal está apalavrado com o Lube Civitanova, atual campeão italiano e vice-campeão mundial, mas não assinou com o clube, o que ainda dá esperança ao Sada Cruzeiro de manter seu principal atacante de bolas altas. Se você é torcedor da equipe mineira, tricampeã mundial e penta sul-americana e nacional, ou simplesmente gostaria de seguir vendo o cubano naturalizado brasileiro em ação na Superliga, saiba que a mudança de time não foi fechada.

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A informação foi confirmada ao Saída de Rede por uma fonte próxima ao jogador e ao clube mineiro. O namoro entre Leal e o Civitanova, noticiado pelo SdR no dia 11 de fevereiro, ganhou contornos mais sérios quando a equipe italiana aumentou sua proposta inicial. O ponteiro disse sim, mas pediu um tempo antes de assinar. Leal, disse a fonte, ainda avalia quatro ofertas, incluindo uma do próprio Sada.

Medioli (ao centro) é o presidente do Sada Cruzeiro (Renato Araújo/Divulgação/Sada Cruzeiro)

Palavra do presidente
O presidente do Sada Cruzeiro, Vittorio Medioli, afirmou ao blog que Leal continuará no clube. Já a fonte ouvida pelo SdR garantiu que o atleta está mais para lá do que para cá, até porque gostaria de disputar a liga italiana. Mas lembrou que na temporada passada, quando Leal tinha mais um ano de contrato a cumprir, recebeu proposta de um clube da Itália (cujo nome não revela) disposto a pagar a multa pela quebra de contrato e assim levar o jogador, porém o Sada cobriu.

Ter chegado a um acordo significa muito, mas não é garantia alguma no mundo do esporte. No voleibol mesmo já vimos casos assim. Antes da temporada 2013/2014, o ponta cubano naturalizado italiano Osmany Juantorena, astro do Trentino nas quatro temporadas anteriores, tinha um pré-contrato com o time russo Zenit Kazan. Sem dar explicações, desistiu e foi jogar no Halkbank Ankara, da Turquia, o que deixou o técnico do Zenit, Vladimir Alekno, enfurecido. Atualmente, Juantorena defende o Civitanova.

Leal recebe um saque, ao lado do líbero Serginho (FIVB)

Histórico
Leal, 29 anos, 2,02m, jogou pela seleção cubana até 2010, quando foi vice-campeão mundial, perdendo a final para o Brasil. Deixou Cuba e veio morar em Belo Horizonte em 2011. No ano seguinte, cumpridos dois anos de afastamento das quadras desde o último jogo pela seleção, período imposto pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) por ter desertado, fez sua estreia pelo time mineiro no Mundial de Clubes disputado no Qatar – o Sada foi vice-campeão.

Desde 2012, seu contrato tem sido renovado a cada dois anos. Leal tornou-se um dos símbolos do vitorioso Sada Cruzeiro. Entre outros títulos, o ponteiro conquistou quatro vezes a Superliga, quatro sul-americanos e três mundiais.

Naturalizado brasileiro desde dezembro de 2015, viu a Federação Cubana demorar a liberá-lo para a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Como a data de transferência foi 30 de abril de 2017, só poderá jogar pela seleção do Brasil a partir de 30 de abril de 2019, cumprindo dois anos de prazo exigidos pela FIVB após a mudança de federação.

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Fronckowiak vê acomodação nos atletas brasileiros http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/03/23/fronckowiak-ve-acomodacao-nos-atletas-brasileiros/ http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/2018/03/23/fronckowiak-ve-acomodacao-nos-atletas-brasileiros/#respond Fri, 23 Mar 2018 09:00:47 +0000 http://saidaderede.blogosfera.uol.com.br/?p=12478

Atualmente na Itália, Marcelo Fronckowiak já trabalhou na França e na Rússia (foto: Divulgação/Vibo Valentia)

Aos 50 anos, Marcelo Fronckowiak tenta construir um novo capítulo na sua já rica história no voleibol. Dono de três títulos da Superliga como jogador e dois como treinador – foi o último a derrotar o Sada Cruzeiro numa final do campeonato nacional, com o extinto RJX na temporada 2012/2013 –, no ano passado foi convidado a integrar a comissão técnica na seleção brasileira masculina, como assistente de Renan Dal Zotto. Dispensado do Canoas antes do início da atual temporada, assumiu em janeiro passado o modesto Vibo Valentia, tendo assim a chance de vivenciar aquela que é, em suas palavras, a liga mais forte do mundo: a italiana.

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Trabalhar na Europa não é novidade para o gaúcho Fronckowiak, que na carreira de treinador atuou por seis anos na França e meia temporada na Rússia. “Sempre mantive contato com a Europa após a minha passagem na França e na Rússia. Recebi outras sondagens, mas acreditei que trabalhar na Itália, nesse que é o melhor campeonato de clubes do mundo, iria acrescentar muito na minha carreira”, disse ao Saída de Rede.

Perrengue e filha de Ida: a participação do Minas no Mundial de clubes
Histórias contadas em cliques: os fotógrafos do vôlei

Ele considera que a experiência no exterior é essencial para o desenvolvimento dos atletas brasileiros, mas crê que nem todos pensam em atuar fora por questões relacionadas a uma cultura de trabalho diferente, à necessidade de apresentar resultados rapidamente e a barreira da língua. “Acaba sendo cômodo ficar no Brasil, principalmente para atletas que possuem um bom nome”, afirmou.

Confira a entrevista que o técnico concedeu ao SdR:

O treinador orienta o time durante um pedido de tempo (Divulgação/Vibo Valentia)

Saída de Rede – Como surgiu a proposta para treinar o Vibo Valentia? Você teve outras sondagens?
Marcelo Fronckowiak –
Sempre mantive contato com a Europa após a minha passagem na França e na Rússia. Já havia recebido contatos em outros anos para trabalhar novamente por aqui. Com uma situação delicada na classificação, o Vibo Valentia me procurou por intermédio de um agente europeu e tudo aconteceu muito rapidamente. O período de final de ano acaba promovendo mudanças em muitas equipes e recebi também outras sondagens, mas acreditei que trabalhar na Itália, nesse que é o melhor campeonato de clubes do mundo, iria acrescentar muito na minha carreira. Creio que o fato de estar trabalhando na seleção brasileira também ajudou muito nesta transferência.

Saída de Rede – Por que teve de deixar o Brasil? Tendo sido campeão da Superliga como treinador e sendo assistente na seleção, não havia espaço para você no mercado?
Marcelo Fronckowiak –
Eu acreditei, confiei e trabalhei durante a pré-temporada por um projeto onde estava inserido (no Canoas) e que havia produzido um grande resultado com poucas condições financeiras. Existia um novo modelo sendo construído onde 13 de 16 atletas e eu estudávamos em cursos superiores. A produção científica, por meio do Guilherme Berriel (preparador físico), era de reconhecimento internacional, com artigos publicados em revistas de alto nível. Um trabalho com uma comissão técnica de altíssimo gabarito, que colocou vários jogadores coadjuvantes como protagonistas no voleibol brasileiro. Rejeitei propostas no Brasil e, quando o mercado estava fechado, fui informado da decisão do clube.

Queria continuar na região Sul também por questões familiares e pela situação de saúde do meu pai. Tenho uma forte identificação com o voleibol gaúcho, sou o único a ter participado de todas as quatro conquistas de Superliga deste estado. Nosso mercado no Brasil não é grande, alguns clubes preferem contar com treinadores que estejam livres desde o início do trabalho. Neste sentido, estar na seleção pode ter sido um pequeno entrave, embora eu não acredite nisso, pois contava com uma excelente comissão que tranquilamente poderia levar adiante o trabalho.

Temos excelentes profissionais no Brasil. Tem também uma questão relacionada ao sucesso do excelente trabalho do Marcelo Mendez (técnico do Sada Cruzeiro) e da promoção da escola argentina. Hoje, temos três treinadores argentinos entre as seis melhores equipes do país, duas delas com os maiores orçamentos. Mas creio, sim, que tenho mercado no Brasil.

Sobre a seleção: “Tivemos um primeiro ano bastante correto” (FIVB)

Saída de Rede – Que avaliação você faz da presença dos técnicos argentinos na Superliga? Por que o país vizinho, sem tanta tradição no voleibol, tem mais treinadores nos principais mercados do que o Brasil?
Marcelo Fronckowiak –
Em relação aos argentinos, eu conheço o trabalho do Mendez e do (Horacio) Dileo (técnico do Vôlei Renata), que considero muito bons. Não conheço o trabalho do (Daniel) Castellani (técnico do Funvic Taubaté), mas ouvi falar bem dele na Europa. Creio que os resultados dos anos 1980 (bronze no Mundial 1982 e na Olimpíada 1988) foram determinantes para formar uma geração de treinadores. O (Julio) Velasco (técnico da seleção masculina da Argentina) abriu muitas portas na Europa para seus conterrâneos. Além disso, a escola argentina produz uma formação muito boa. Também creio que os treinadores argentinos, por terem menos mercado no país de origem, acabam se aventurando mais.

Saída de Rede – Quais as principais diferenças na estrutura da liga italiana e da Superliga?
Marcelo Fronckowiak –
O profissionalismo, a tradição dos clubes e das cidades que fazem o voleibol. O campeonato italiano volta a ser o mais competitivo do mundo sem sombra de dúvida. O nível dos confrontos é muito alto e não é incomum que os times menos fortes e com investimento menor consigam resultados importantes e vitórias contra os favoritos. Há anos a estrutura se profissionaliza mais e mais a cada temporada. Em 2018/2019, por exemplo, haverá quatro divisões profissionais na Itália. Várias equipes da A2 têm orçamentos até maiores do que alguns times da A1.

Comissão técnica da seleção durante execução do hino nacional na Liga Mundial 2017 (FIVB)

Saída de Rede – Você chegou à Itália com o campeonato em andamento, numa equipe que estava na parte de baixo da tabela. Que tipo de cobrança os dirigentes fizeram?
Marcelo Fronckowiak –
A situação este ano é difícil, ficamos de fora dos playoffs (12º lugar entre 14 equipes) e continuamos agora na luta por uma vaga na Challenge Cup (terceira divisão do torneio continental), uma disputa que envolve do quinto ao décimo quarto colocado na liga italiana. A cobrança foi no sentido de fazer o time mostrar uma nova cara e preparar algo para o próximo ano. Com certeza, as condições oferecidas por aqui pressupõem um resultado melhor no futuro.

Saída de Rede – Quais os seus compromissos na Itália agora, além de tentar uma vaga na Challenge Cup?
Marcelo Fronckowiak –
Espero que a gente continue na briga pela vaga na Challenge, uma disputa eliminatória que pode durar até o final de abril. Se sairmos antes, pretendo observar os playoffs pelo título, definir meu futuro profissional e prestar serviços de informação ao Renan e à seleção brasileira.

Saída de Rede – Você vai permanecer no Vibo Valentia na próxima temporada?
Marcelo Fronckowiak –
Existe essa possibilidade, mas ainda não defini nada.

Fronckowiak conversa com seus atletas durante treino (Divulgação/Vibo Valentia)

Saída de Rede – Que avaliação você faz do seu primeiro ano na comissão técnica da seleção brasileira?
Marcelo Fronckowiak –
Sou muito grato ao Renan e a CBV pela oportunidade. Temos uma responsabilidade muito grande pela dimensão da seleção brasileira na história esportiva recente, e pelo comando e liderança inquestionáveis que o Bernardinho exerceu na modalidade. Imagina, que herança temos… O grupo comandado pelo Renan está muito imbuído de fazer bem e buscar o melhor possível. Tivemos um primeiro ano bastante correto, com três pódios em três competições, sendo dois ouros. Eu espero ajudar, estudar, participar como fiel escudeiro daquilo que sempre foi para mim um sonho, representar meu país.

Saída de Rede – Há algum aspecto em que a seleção brasileira esteja em desvantagem em relação aos principais adversários?
Marcelo Fronckowiak –
Creio que na temporada nacional os europeus estão em vantagem pelo nível de paridade dos principais campeonatos no continente. Uma característica da seleção mais espetacular de todos os tempos, a do ouro olímpico em Atenas 2004, era a participação de todos aqueles ícones brasileiros no campeonato italiano. Temos um excelente nível na Superliga brasileira, mas existe um abismo de investimento e de performance entre as equipes de cima da tabela e da parte de baixo. Veja os americanos. Da atual equipe dos Estados Unidos, apenas o oposto (Matt) Anderson não está na Itália, mas joga um campeonato também muito duro na Rússia. Claro que eles ainda não têm a chance de atuar no país deles, mas escolhem com cuidado aonde vão jogar.

Saída de Rede – O atleta brasileiro é mal assessorado ou simplesmente se contenta em disputar apenas a Superliga?
Marcelo Fronckowiak –
Temos um excelente mercado para os brasileiros fora do país, temos bons procuradores que inclusive trabalham em sociedade com procuradores europeus, mas acredito que nem todos os atletas brasileiros pensam em jogar fora em função de questões relacionadas à pressão, a uma cultura de trabalho diferente, à necessidade de apresentar resultados rapidamente e a barreira da língua. O estrangeiro sempre terá a obrigação de apresentar resultados imediatos. Acaba sendo cômodo ficar no Brasil, principalmente para atletas que possuem um bom nome.

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